Improviso e surpresas

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Lula. Foto: Ricardo Chicarelli – 19.mar.22/ AFP

 

         Tivesse, como seria lógico, econômico e estratégico, apresentado um plano de governo, consistente e coerente, antes mesmo das eleições, antecipando o que seria ou não possível realizar em quatro anos, o atual chefe do Executivo e sua equipe não estariam, como se vê agora, correndo de um lado para outro, buscando reunir projetos soltos em busca de alguma racionalidade de gestão, ao fim desses cem dias no comando do país. Razões diversas fizeram o governo dispensar um mínimo de projetos, dentre elas creditadas a total descrença de que sua campanha sairia vitoriosa no pleito de outubro. A pouca audiência e a incapacidade visível do candidato andar livremente pelas ruas do país, o que é um dos pré-requisitos para todo e qualquer candidato, levavam todos a acreditar que sua eleição seria um fracasso. A seu favor, além do sistema é claro, estavam apenas boa parte da mídia e sua claque mais radical, movimentada de um canto para outro para fazer número e figuração.

         Diante desse pessimismo interno, a formulação de propostas de alto calibre parecia perda de tempo, resumindo-se, nos bastidores, a reuniões, onde eram formuladas propostas genéricas e requentadas, todas elas já testadas e reprovadas, mas que podiam fazer algum sentido num país que, terminadas as eleições, parecia ter perdido o rumo e o prumo.

         Numa situação como aquela vista depois de outubro, qualquer plano, mesmo aqueles que nada continham de racional, serviriam para dar início ao governo. Pena que a legislação eleitoral não obrigue os candidatos a apresentarem, previamente, planos de governo consistentes e adequados. O mais correto nesse quesito, onde seriam apresentados os projetos executivos de cada candidato, era cada um desses planos serem estudados e aprovados por uma junta de especialistas isentos, que dariam, ou não, o aval para o registro da candidatura.

          Candidato sem plano de governo consistente não teria permissão para concorrer. Com isso seria evitada a perda de tempo e de recursos com governos, já em pleno exercício do mandato, e ainda remendando propostas soltas em busca de um plano mínimo de administração. Mas isso é querer demais, ainda mais num país onde nem mesmo o pré-requisito de uma ficha limpa é exigido dos candidatos. O que temos como resultado desse desdém por planos executivos de ação governamental é a comemoração de cem dias de poder, sem que medida alguma de alcance fundamental tenha sido tomada.

         Para piorar uma situação de total improviso e de incertezas, o atual governo tem pela frente ainda um Congresso que, à primeira vista, não parece muito disposto a validar de imediato suas propostas, sendo que, nesse ponto, a abdução de parlamentares em troca de favores, como ocorreu lá atrás no mensalão, está mais difícil e mais complicada. O governo nem tem nem uma base política, nem propostas bem costuradas para apresentar ao parlamento, o que faz prever que todas as suas medidas que sejam enviadas ao Congresso irão sofrer uma intensa revisão, sendo poucas as chances de que seus planos saiam do Legislativo como pretendiam os grupos políticos ligados ao Palácio do Planalto.

         Não fez antes e não fará bem agora à toque de caixa e na undécima hora. O problema com o improviso, em funções como a do Poder Executivo, que exige tempo de maturação de ideias, é que ele vem sendo acompanhado de imprevistos e de surpresas, nem sempre agradáveis.

A frase que foi pronunciada:

“Um bom plano é como um mapa rodoviário: mostra o destino final e geralmente o melhor caminho para chegar lá.”

Stanley Judd

 

Antes

Condomínios, prédios, empresas, todos começam a se mobilizar em campanhas proativas de proteção a roubos e furtos. Até a UnB recomeça as aulas com mais câmeras de monitoramento, botões espalhados pelo campus para acionar a segurança, além de um manual com dicas de proteção contra furtos e protocolos em casos de crimes.

Foto: fd.unb.br

 

Deu Brasil

Recorde mundial na F1 in Schools batido pelo mineiro Pedro Silva da equipe Speed Lions. Trata-se de um projeto mundial apoiado pelos mandachuvas da Formula 1, que estimula a meninada de 9 a 19 anos a implementar o software CAD/CAM para colaborar, projetar, analisar, fabricar, testar e, em seguida, competir em miniaturas de carros movidos a ar comprimido feitos de blocos modelo F1. Os carros são lançados pela rapidez entre a luz verde e o toque do competidor que aciona o motor.

 

Cultura

Na realidade, o gancho para a matéria que informa sobre a reforma da sala Martins Pena não é a geração de empregos. É a geração do conhecimento e exercício do pensamento, que são valores essenciais para o desenvolvimento da sociedade. É esse o valor dado pelo governador Ibaneis.

Foto: Sergio Amaral/CB/D.A Press

 

História de Brasília

Mas o assunto não é bem êste, e está mais ligado ao dr. Pimenta. É necessário que a captação de águas pluviais seja feita também nas superquadras, mesmo as inacabadas, como o Iapfesp. (Publicada em18.03.1962)

Os sem-programas

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Charge do Cazo

 

         Faltando menos de um mês para a realização do segundo turno das eleições, permanece ainda a lacuna relativa à apresentação de programas de governo. No primeiro turno, essa exigência básica e fundamental, para todo e qualquer governo que assume, passou batida e nem mesmo o eleitorado sentiu sua falta. Pouco ou nada foi falado ou discutido sobre programas de governo.

         Para uma democracia, que ruma para o amadurecimento, esse vácuo é inadmissível e até mesmo contrário aos mais insignificantes requisitos básicos. Trata-se de uma situação anômala e que se assemelha a um piloto que assume o comando de um avião ou navio de grandes portes, com as imensas responsabilidades que essas funções exigem e mesmo assim confessa que não possui plano de voo ou navegação. Depois de zarpar ou decolar, é que se vê o que se irá fazer e como, resume.

         Caso isso persista, estamos todos nós a bordo de uma nau ou nave, sem bússola, cegos e sem destino. Nessa situação surrealista, vale dizer também que, se não sabemos para onde vamos, qualquer caminho vale ser seguido, mesmo aquele que ruma direto para o precipício.

         O Tribunal Superior Eleitoral, que nessa eleição passou a ganhar um protagonismo pra lá de vistoso, deveria colocar, como condição básica, a apresentação, por parte dos candidatos inscritos, de um amplo e minucioso plano de governo, com detalhes em todas as áreas do país, prevendo ações em cada uma, ou seja um calhamaço consistente e exequível de medidas, todas elas devidamente analisadas e aprovadas pelo Tribunal.

         Aceitar candidatos apenas para fazer volume ou por pressão dos partidos, de nada resolve. E não se trata aqui de programas de governo feitos de qualquer maneira, copiando de outros ou inventando medidas que jamais serão implementadas. Muito mais importante do que qualquer candidato é seu programa de governo, que, uma vez apresentado e aprovado nas urnas, deverá ser obrigatoriamente posto em prática, sob pena de ações penais de fraude eleitoral e estelionato.

         Sem medidas dessa natureza, as eleições se transformam exatamente no que infelizmente se tem visto. Já que instrumentos jurídicos, como a Lei da Ficha Limpa, não são mais requeridos dos candidatos, tampouco a Lei de Improbidade Administrativa, todas elas, propositalmente descartadas ou descaracterizadas, ao menos poderiam cobrar, dos pleiteantes ao comando do Executivo, a apresentação de um documento contendo o programa de governo. Sem esse instrumento, o que se tem é a repetição dos mesmos erros e descaminhos tomados pelos chefes do Executivo, que vão agindo à medida em que surgem os problemas, com estratégias, todas elas, feitas em cima do laço, como bem fazem aqueles que vivem da improvisação, levando o governo de um lado para outro e nunca saindo do mesmo lugar.

         Fosse o Brasil uma grande empresa, do tipo multinacional, com todas as exigências de governança e critérios técnicos de alta performance para a escolha de seus diretores, que chances teriam os atuais candidatos, quando se verifica que muitos deles sabem apenas desenhar o próprio nome, e de forma ilegível, numa folha de papel?

 

A frase que foi pronunciada:

“Cresce o poder do narcotráfico. Esse poder ameaça, alicia, mata. Onde consegue chegar ao governo, destrói a democracia”.

(Trecho do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito do Narcotráfico, da Câmara dos Deputados, de 1991).

Ilustração: reprodução da internet

 

Alô, Alô responde!

Chega o 5g ao Brasil, mas a conversa entre senadores, por videoconferência, não está lá de se elogiar. Os senadores Wellington Fagundes e Jean Paul Prates, durante reunião da Comissão justamente de Ciência e Tecnologia, quando falavam em radiodifusão, sofreram com várias falhas no áudio e a comunicação ficou entrecortada.

Foto: Albert Gea/Reuters

 

Missão cumprida

Um bom passeio passa pela Chapada dos Guimarães, no Parque Nacional, onde o Lago do Manso se expande entre 40 mil hectares. Quando há enchente no rio Cuiabá, é o Lago do Manso quem dá o suporte à vazão da água. Geração de energia, incremento do turismo, da pesca e preservação do Pantanal.

Foto: Divulgação

 

Curiosidade

O governo da Indonésia recebeu o aval, da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, para o Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Indonésia, assinado em Jacarta. Falando em Pantanal e Jacarta, há na província de Papua, no leste da Indonésia, uma floresta onde só mulheres são autorizadas a entrar.

 

História de Brasília

O fato de aproveitar a Legislação Trabalhista para impor às professôras o que convier à Fundação, fugindo aos interêsses das mestras, é, além de antipático, irregular e injusto. (Publicada em 11.03.1962)

Vaidade é tudo vaidade

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Congresso Nacional. Foto: EBC

 

         Um dos maiores problemas decorrentes da polarização política extremada é que aqueles que se encontram equidistantes desses pontos, e que representam a grande maioria da população, são, justamente, os que mais sofrem com os efeitos dessas radicalizações irracionais. Primeiro, porque, seja quem for o vencedor do pleito, não haverá, por birra política, continuidade de programas e projetos, interrompendo, muitas vezes, projeto vitais e de interesse exclusivo da população.

         Esse tem sido um dos principais motivos pelos desperdícios e pelos prejuízos bilionários acarretados com obras e programas sociais, abandonados ou empurrados para um futuro incerto. Por ouro lado, o que se verifica, como consequências dessas radicalizações de posições é que a prepotência faz com que os novos governantes comecem do zero, como se o Brasil fosse redescoberto, depois de cinco séculos, refazendo o que está feito e desfazendo o que não foi concluído ainda. É nesse vai e vem que o país não sai do lugar.

         Estamos metidos ainda, em pleno século XXI, em disputas ideológicas, enquanto o resto do mundo avança em novas tecnologias, investindo pesado em pesquisas e planejamento para o futuro. No meio da polarização insana e improdutiva das disputas políticas pelo controle da máquina do Estado, o que sobra para a sociedade são as balas e os obuses perdidos, vindos de uma parte e de outra, a atingir, indiscriminadamente, a todos.

         Vaidade das vaidades, tudo é vaidade e aflição de espírito. “Aquilo que é torto não se pode endireitar”, (Eclesiastes 1). É com ensinamento como este, vindo de um passado milenar, que devemos pôr nossos sentidos. Ao longo de toda a história humana, que proveitos tiveram aqueles povos colocados ao meio do caminho, entre disputas bárbaras, senão a destruição?

         É justamente nessa aflição de espírito que vamos ao encontro de outubro, certos de que, depois dessa data, não cessarão as agonias, e por uma razão simples: os extremos nessa disputa estão, cada um, ao seu modo e com seus vícios, de um lado do precipício. Não se enxerga no horizonte nenhum programa consistente de governo. Tudo são xingamentos e acusações. Há, sim, um programa de ódio, armado, como uma bomba que irá detonar na hora certa, sobre a cabeça de todos, sobretudo daqueles que nada têm haver com essas pelejas e que nada esperam delas.

          Uma Justiça Eleitoral, digna do epiteto, capaz de conduzir esse e outros pleitos, dentro do que estabelecem as mais básicas regras do respeito e da ética, seria capaz de colocar ordem na disputa, conduzindo todos para o vale da harmonia, da transparência e do equilíbrio das partes. Talvez, assim essa campanha conseguisse alcançar um nível de racionalidade e utilidade pública que a sociedade almeja e merece.

         Ao invés disso, o que se observa, flagrantemente, é o posicionamento desses árbitros em benefício de uma das partes, emperrando a balança da justiça e da ordem para um lado, numa clara demonstração de que há um tribunal que veio para complicar um pleito que, por si só, já é bastante confuso, improdutivo e belicoso.

A frase que foi pronunciada:

“Nunca se mente tanto como antes das eleições, durante uma guerra e depois de uma caçada.”

Otto von Bismarck

Otto von Bismarck. Foto: wikipedia.org

Pratas da Casa

David Chatelard, da Engenharia Mecatrônica da UnB, representa Brasília e o Brasil com toda a turma de Divisão de Robótica Inteligente em exposições e competições.

Foto do perfil de David Chatelard no linkedin.com

 

Tão simples

Passear a pé pela Asa Norte é diferente de passear no Lago Norte por uma razão. O bem comum. Para os donos de cães do Lago Norte, recolher as fezes do animal é uma cena impossível. Por isso, ao longo das calçadas, os excrementos compõem a paisagem de uma das áreas mais “nobres” de Brasília. Já na Asa Norte, saquinhos para esse fim estão disponíveis para a colaboração como cidadãos.

Imagem: dfaguasclaras.com

 

Brasília

Um fenômeno social acontecendo perto da colina, na L3, residência dos professores da UnB. Uma cena totalmente bizarra. De um lado, barracos de lona ao longo da pista, com crianças descalças brincando na terra vermelha. De outro, uma mesquita luxuosa, de arquitetura refinada. Os barracos que invadem a avenida são a moradia de carroceiros que juntam todo tipo de material reciclável. Mereciam viver em um lugar decente, legalizado, para que exerçam essa importante atividade.

Reprodução do Google Maps

 

Preparação

Poucos no mundo sabem que, na Amazônia, acontece um carnaval genuinamente raiz, onde o folclore amazonense se mistura com a tradição local. É hora de o  ganhar os continentes.

História de Brasília

Já foi iniciado o combate às invasões no Plano Pilôto. A Secretaria do Interior e o DFLO da Prefeitura estão retirando os barracos, e já limparam as superquadras 301, 302 e 303. (Publicada em 01.03.1962)