Bolha de sabão

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Charge do Elvis

 

Com o anúncio dos novos aumentos nas contas de luz e de IPTU, fica fácil demonstrar que, na equação que combina estatismo mais sanha arrecadatória, os números não fecham nem hoje, nem amanhã. Na verdade, tendem a ficar insustentáveis. A ex-primeira ministra britânica Margaret Thatcher já havia resumiu adequadamente esse nosso dilema: “o problema do socialismo é que, cedo ou tarde, você fica sem o dinheiro dos outros”. A frase com o peso de um elefante por sua realidade cruenta era comum nos seus discursos dos anos 1970/80, e era uma crítica direcionada aos Estados inchados, que dependem de tributar cada vez mais para manter gastos crescentes de uma máquina inchada e improdutiva.

Von Mises (1881-1973), economista austríaco, foi mais fundo nessa análise: sem preços de mercado (e com incentivos distorcidos), o planejamento central não consegue alocar recursos com eficiência; a conta aparece como desperdício, estagnação e, por fim, necessidade de arrecadar infinitamente mais.

Depois de cair para 32,44% do PIB em 2023, a nossa carga tributária bruta subiu de forma relevante em 2024: estimativa oficial do Tesouro aponta 32,32% do PIB (metodologia “governo geral”), +2,06 p.p. em relação à métrica comparável do ano anterior nessa série. Ou seja, mais peso de tributos sobre a economia num ciclo curtíssimo.

No plano federal, houve reforço de receita com novas bases e fechamento de brechas, por exemplo, a Lei 14.754/2023, que tributa offshores e fundos exclusivos a 15% a partir de 2024; além de reonerações em combustíveis e outras medidas que elevaram a arrecadação recorde de 2024 e mantêm 2025 em trajetória ascendente. Isso melhora o caixa no curto prazo, mas também pressiona o contribuinte formal. O que o contribuinte enxerga é que, na área de arrecadação, há sempre um mecanismo de aperfeiçoamento no arrocho dos tributos, mas que não é acompanhado por uma melhora na forma como esses recursos são gastos. Pelo contrário: quanto mais se arrecada, piores se tornam a qualidade nos investimentos do governo.

Uma das ideias mais provocativas da economia tributária, a Curva de Laffer, ganhou notoriedade nos anos 1980, quando o então presidente americano Ronald Reagan a usou como justificativa para cortes de impostos. De maneira simples, a curva mostra que existe um ponto ótimo de tributação. Na ponta esquerda, com alíquotas muito baixas, a arrecadação é pequena porque o governo cobra pouco. Já no extremo direito, quando a alíquota se aproxima de 100%, a arrecadação também despenca: se tudo o que alguém ganha vai para o Estado, não há incentivo para trabalhar, investir ou produzir. Entre esses dois extremos, há um ponto de equilíbrio em que a carga tributária é suficiente para garantir receita ao governo sem sufocar a economia.

Quando os impostos ultrapassam esse nível, o efeito é perverso: empresas reduzem investimentos, trabalhadores desistem de formalizar renda, cresce a sonegação e, em casos mais graves, ocorre a fuga de capitais para outros países. O resultado é paradoxal: alíquotas mais altas podem levar a menos dinheiro no caixa do governo.

No Brasil, a discussão sobre a curva de Laffer volta à tona sempre que estados elevam o ICMS ou quando o governo federal busca novas fontes de receita. Economistas lembram que, em um país onde a carga tributária já supera os 32% do PIB, aumentos adicionais podem empurrar mais gente para a informalidade ou estimular a saída de investidores, reduzindo a própria arrecadação no médio prazo. Com isso, fica claro que a arrecadação não cresce indefinidamente junto com os impostos. Existe um ponto em que insistir em mais tributação significa, na prática, cavar o próprio buraco fiscal. É nesse ponto em que estamos agora. E vem aumentos por aí. Na energia, a ANEEL autorizou reajustes tarifários médios em 2025 (ex.: 5,83% na Enel SP, 3,59% na Light RJ, 4,41% na Cemig MG). Mesmo com bandeira verde em agosto/2025, o efeito estrutural dos reajustes pesa na “conta de luz”.

No imóvel, IPTU é municipal e varia por cidade; São Paulo corrigiu 4,3% em 2025 (sem tocar na planta genérica), um exemplo do movimento de atualização que aumenta a conta do contribuinte urbano. A ideia do governo é cobrar o IPTU com base no valor venal ou de mercado do imóvel, numa aritmética que pode elevar esse imposto em quase 50%. Por outro lado, copiando o que faz o governo federal, muitos governos estaduais subiram as alíquotas modais do ICMS em 2024 e 2025 (RJ para 22%; BA 20,5%; PR 19,5%; e novos aumentos em 2025 como MA 23%, PI 22,5%, RN 20%). Isso eleva preços ao consumidor e custos das empresas, mais um canal de “extração” tributária.

Para se ter uma ideia dessa loucura em impor tributos, o chamado impostômetro (ACSP) registrou que, até 20 de agosto de 2025, os brasileiros já haviam pago R$ 2,5 trilhões em impostos no ano, ou seja, um novo patamar simbólico da imensa carga tributária sobre a economia e sobre os brasileiros. A tática parece ser acabar primeiro com a classe média, depois com os mais ricos. Os mais pobres vão de roldão no fim das contas.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Uma moeda sólida é condição sine qua non para uma sociedade próspera.”
Arthur Laffer

Arthur Laffer, assessor do presidente Ronald Reagan, recebeu a Medalha da Liberdade de Trump. Foto: Bloomberg

 

História de Brasília.
A origem do emprego é interessante. Trata-se de um rapaz da Bahia, residente em Goiás, que não tinha trabalho. O deputado Anísio Rocha recomendou-o a Geraldo, dono do restaurante e foi assim que surgiu o emprego mais original dos últimos tempos. (Publicada em 09.05. 1962)

Rumo ao futuro

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Charge do Carlos

 

Nesta altura dos acontecimentos, não chega a ser segredo para ninguém que o Brasil caminha ao encontro de uma encruzilhada decisiva, onde terá que escolher figurar entre as nações do mundo com a maior carga tributária bruta, superior a 32% do PIB, ou virar totalmente as costas para a atual política econômica. Para um país do tipo emergente, como somos, temos uma carga tributária extremamente alta, vis a vis o retorno desses impostos em forma de serviços básicos para a população.

Na velocidade em que vamos distorcendo os primados da economia, como no caso da relação entre receitas e gastos, logo seremos um país a exibir a maior carga tributária do planeta. O problema aqui, além da insistência do governo em seguir gastando além das possibilidades reais do país, é que nossa nação adentrou em um processo perigoso e rápido de envelhecimento da população, numa transição demográfica mais veloz ainda, com pessoas vivendo mais tempo e com um pequeno número de crianças nascendo.

Essa defasagem é perigosa não só para o Brasil, mas para qualquer outra nação, pois esse desequilíbrio acaba por pressionar a Previdência e a saúde pública, que representam os dois gastos mais importantes e volumosos do governo. Para aqueles que conhecem esses cálculos a fundo, chama a atenção o fato de que cada 1% no nível de envelhecimento da população está associado diretamente a um aumento maior do que 1% na carga tributária. Trata-se de uma pressão para lá de preocupante. É o caso clássico do indivíduo que envelheceu antes de garantir seu sustento na velhice, quando sua força de trabalho diminui.

A carga tributária tende a ser mais elevada em países que envelheceram mais. E isso, no nosso caso, pode ser um desastre sem precedentes. Some-se ao envelhecimento da população o fato de que apresentamos também um elevado nível de desigualdade social e econômica. Postos juntos na balança, esses problemas estruturais se transformarão no maior desafio a
ser enfrentado neste século e com sérias consequências para as futuras gerações. A grande questão, quando se pensa em equacionar toda essa aritmética enviesada do Estado, é que não se pode confiar cegamente nos dados fornecidos por qualquer instituto de pesquisa.

O que se sabe e se sente na pele é que a carga tributária consome mais de um terço de toda a riqueza produzida e segue aumentando em ritmo veloz. Com isso, a dívida bruta já ultrapassa 76% do Produto Interno Bruto (PIB). A inflação mensal e anual é o que as donas de casa sentem ao irem ao mercado. Meio quilo de café a R$ 40. Não bate com o que divulga o governo, como sendo 5,23% nos últimos 12 meses.

A taxa de fecundidade, em torno de 1,55 a 1,57 filho por mulher, está bem abaixo do nível de reposição, o que pode ser interpretado como um aviso de que os jovens não se sentem seguros com relação ao futuro, o que, naturalmente, faz cair a taxa de natalidade. Com cada vez menos pessoas contribuindo para a Previdência e com a população envelhecendo rapidamente, o Brasil tem, obrigatoriamente neste século, que resolver essa equação, sob pena de vermos a estagnação total do país a médio prazo.

Em algumas décadas, caso essa situação não se reverta, teremos mais idosos do que jovens, o que provocará a falência da Previdência tal qual a conhecemos, assim como do sistema de saúde pública. Para governos que têm como horizonte político apenas as próximas eleições, todo esse conjunto de problemas estruturais do país acabam sempre empurrados para um futuro distante.

Diante de um quadro tão complicado como o nosso, qualquer exercício de futurologia conduz-nos sempre ao pessimismo. Quer queira, quer não, toda a preparação para o futuro começa a ser feita ainda no passado, e isso é o que não temos feito. Projetos de Estado e de longo prazo não são levados a sério. Caso sigamos persistindo nessas condições, com crescimento fraco, inflação resiliente, Selic elevada por mais tempo, postergação de ajustes previdenciários/saúde, judicialização de despesas, desaceleração da execução da reforma e outros contratempos, simplesmente não há que se falar em futuro para o país e para os brasileiros, pois o que temos em mãos é a velha e conhecida vanguarda do atraso.

 

A frase que foi pronunciada:
“O Brasil não perde a oportunidade de perder oportunidades.”
Roberto Campos

Roberto Campos. Foto: Bia Parreiras/EXAME

 

História de Brasília
Na quadra 26 da W3 no último bloco dando para a W4, o proprietário de uma casa alugou sua residência a um guarda-móveis, e os caminhões de transporte tomam toda a rua durante quase todo o dia. (Publicada em 8/5/1962)

Para frente, Brasil!

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Charge: reprodução da internet

 

A história não perdoa os que dormem enquanto o tempo corre. O Brasil, em suas últimas quatro décadas, parece ter cochilado no banco do passageiro enquanto outras nações aceleravam na estrada do desenvolvimento. Enquanto o mundo engatava marcha rumo ao crescimento com médias globais beirando os 117%, o Brasil avançava um tímido 45%, como quem tem pressa, mas tropeça nos próprios sapatos. Países como o Chile, por exemplo, avançaram quase 200% no mesmo período. Não se trata apenas de perder velocidade, mas de perder o rumo.

Tornamo-nos espectadores da própria estagnação. Em 1980, ocupávamos a 48ª posição no ranking de PIB per capita (em paridade de poder de compra) do FMI. Quarenta e cinco anos depois, caímos para a 87ª colocação. Um declínio silencioso, quase imperceptível no dia a dia da população, mas gritante, quando se observam os números. Em 1985, nosso PIB per capita (PPP) era de cerca de US$ 5.890. Em 2019, alcançamos US$ 25.150. Um aumento que parece expressivo à primeira vista, mas que empalidece diante da performance dos países da OCDE.

Enquanto isso, o Chile, que nos seguia de longe no século passado, ultrapassou-nos com folga. Seu PIB per capita (PPP), que era de US$ 3.412 em 1980, saltou para quase US$ 15 mil. Um crescimento de 339%, ante 327% do Brasil. A diferença? Menos retórica, mais ação. Menos Estado interventor, mais liberdade econômica. A Venezuela, por outro lado, serve como espelho sombrio: uma queda de mais de 68% no mesmo indicador, lembrando-nos de que o retrocesso não é apenas possível, é provável quando se insiste em fórmulas falidas.

No Brasil, o Estado continua crescendo em peso, mas não em eficiência. Nossa dívida pública, entre 2024 e 2025, oscilou entre 76% e 83% do PIB, uma das maiores da América Latina, cuja média ronda os 54%. A isso se soma a carga tributária elevada para quem paga, ineficaz para quem administra. Embora o índice geral tenha ficado em torno de 14,7% em 2022, a informalidade distorce a realidade. Para a classe média formalizada, o peso é sufocante. Os juros, por sua vez, orbitam em torno de 15%, consumindo 7 a 8% do PIB apenas com o serviço da dívida. Essa engrenagem emperrada transforma o Brasil em um país que trabalha muito para entregar pouco.

Ainda assim, insiste-se em políticas que acentuam o controle estatal, inibem a produtividade e desestimulam o investimento privado. A abertura comercial segue tímida, quase envergonhada, enquanto as reformas estruturais, tributária, previdenciária, administrativa, parecem eternamente proteladas. A hesitação custa caro: o capital foge, o emprego esmorece, a confiança desaba. E o país? Este continua correndo no mesmo lugar, como hamster em roda enferrujada.

A retórica de que “o Estado deve cuidar de tudo” perdeu fôlego até mesmo entre os países que a inventaram. Mas aqui, ressurge com sotaque populista, embalado por promessas que desconsideram a matemática e o tempo. O resultado é um ciclo vicioso: mais impostos para cobrir mais gastos, menos crescimento, mais dívida, menos liberdade econômica. Um país sufocado sob o peso de sua própria estrutura.

A projeção para 2025 é desalentadora. Com PIB per capita nominal estimado em US$ 11.200, estamos abaixo da média mundial (US$ 14.200). Não é apenas uma questão de número — é uma questão de destino. Não crescemos o suficiente sequer para manter nossa posição relativa no mundo. O risco não está apenas na estagnação, mas no retrocesso, como alertam os economistas e como ilustram nossos vizinhos bolivarianos.

Repetem-se discursos sobre “desigualdade”, “justiça social” e “redistribuição de renda”. Mas sem crescimento, não há o que redistribuir. Sem produtividade, não há riqueza a ser compartilhada. Sem eficiência, o Estado torna-se um buraco negro que suga recursos, esperança e tempo. A equação não fecha.

Há saídas, sim. Mas elas exigem coragem, visão de longo prazo e compromisso com o futuro, não só com a próxima eleição. Reverter essa trajetória exige reformas estruturais, responsabilidade fiscal, estímulo à competitividade e desburocratização real da economia. Não é ideologia. É sobrevivência.

O país que quer ser protagonista no século XXI precisa abandonar os vícios do século XX. Não há como construir o futuro com ferramentas do passado. O bonde do desenvolvimento pode até ter partido, mas ainda é possível correr atrás dele, desde que paremos de discutir quem puxa o freio.

 

 

A frase que foi pronunciada:
⁠”O erro dos Países emergentes é pensarem que o seu desenvolvimento reside nos programas dos seus Governos, quando na verdade o progresso comunitário e a educação cívica coletiva são determinantes para o progresso social, político e econômico de uma Nação.”
Edgar Fonseca

Charge: humorpolitico.com

 

História de Brasília
A Universidade de Brasília solicitou ao IAPI e êste à Novacap para que sejam abertas fossas “provisórias” para os blocos 4 e 7 da superquadra 305. Nada mais absurdo. Ou muda tudo ou não deve haver privilégio em detrimento de outros. (Publicada em 08.05.1962)

O cordão umbilical com o dólar

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Cherge do NEF

 

           É sabido que as reservas internacionais do Brasil, muito mais do que uma medida monetária e obrigatória, servem para ocasiões em que a economia começa a dar sinais de colapsar. Atualmente, as reservas brasileiras em moeda ou ativos estrangeiros giram em torno de US$ 362 bilhões. Esse tipo de poupança serve ainda para o pagamento de dívidas e para o cumprimento de obrigações estrangeiras. De acordo com técnicos do Banco Central, essas reservas internacionais podem ser utilizadas para assegurar maior estabilidade em caso de crises cambiais e nas mudanças de fluxo de capital. No caso das crises cambiais, o BC vendeu recentemente mais de US$ 21 bilhões para segurar a alta do dólar. Trata-se da maior intervenção já feita pelo BC desde 2020.

         Desde 2022, o BC vem realizando seguidos leilões de dólar para conter a subida constante da moeda americana. Com o dólar já ultrapassando a casa dos 6 reais, as intervenções do BC tem sido quase que uma rotina. Muito além do que propaga o governo, a alta do dólar não tem ocorrido por ações ou ataques especulativos contra o Real. A questão é mais séria e tem sido motivo de várias narrativas por parte do Executivo. O problema não está fora, mas dentro do governo, sobretudo, com relação à trajetória crescente de endividamento, a desconfiança do mercado quanto à má gestão das finanças públicas, os gastos excessivos, além das medidas tímidas apresentadas no pacote de gastos anunciado nesses dias pelo governo.

         Ocorre que, para estancar a sangria da economia nacional, a maioria dos analistas previam um conjunto de cortes superior a R$ 250 bilhões. O governo apresentou um conjunto de menos de R$ 30 bilhões para estabilizar a relação dívida/PIB. Com isso, o equilíbrio fiscal ficou a menos de meio caminho. O governo, como é de praxe, colocou a culpa na especulação do mercado e nos memes que corriam pelas mídias sociais. Nada mais fantasioso. O que existe de fato é uma crise econômica derivada de incertezas na política. Os investidores sabem disso melhor até que o próprio governo. O governo nessa questão segue insistindo na construção de narrativas, como se esse tipo de recurso pudesse ser absorvido pelo mercado.

         O Palácio do Planalto chegou, inclusive, a falar em perseguição política para justificar a situação deplorável da economia do país. O mercado, obviamente, não acredita e nem aposta um centavo nas políticas econômicas do atual governo. Há sim uma crise de credibilidade e isso é ruim para a economia. O mercado e os investidores não prestam a atenção no que é dito, mas no que é realizado de concreto. Discursos, nessa altura dos acontecimentos, de nada adiantam. O único fator externo ao governo e no qual ele nada pode interferir, vem dos Estados Unidos e do banco central de lá, o FED, que anunciou alta nas taxas de juros e com isso reforçou ainda mais o poder do dólar.

         Não fossem esses problemas já de enormes consequências para o futuro da estabilidade econômica do país, a insistência do governo em misturar, na contabilidade fiscal do Brasil, ingredientes de natureza puramente ideológicos, impostas tanto pelo partido no poder como pelo próprio voluntarismo do presidente, vai empurrando o Brasil para uma espécie de recessão igual à herdada no governo Dilma. Exemplo desses impulsos irracionais e totalmente orientados pela política partidária pode ser conferido no alinhamento automático do nosso país ao governo de Pequim, mais precisamente ao Partido Comunista Chinês (PCC), para se contrapor aos Estados Unidos.

          Não por outra razão, nossas reservas internacionais já contabilizam mais de 124 bilhões de Yuans, a moeda daquele país. Segundo dizem, foi o próprio presidente Lula que teria insistido na adoção da moeda chinesa nas transações entre o Brasil e aquele país do outro lado do globo. Para alguns economistas, essa é uma aposta pra lá de arriscada. Há quem fale, inclusive, que essas são moedas podres, cujo lastro é dado pelo o que decide o PCC chinês e não com relação à situação real e econômica daquele país. Essa preocupação se prende ao fato de que ninguém sabe ao certo o que acontece na China e quais os projetos que esse país alimenta para o futuro. Essa ideia fixa das esquerdas de cortar o cordão umbilical com o Dólar significa, unicamente, alinhar o Real às manobras políticas de Pequim, cuja amizade pelo Ocidente é apenas uma fachada. Já chega a 20% ou mais o volume de Reservas Internacionais com moedas outras que não o dólar.

         O fato é que nem mesmo em locais como a Feira dos Importados de Brasília, onde já se observam grande quantidade de lojistas chineses, o Yuan é aceito. Basta observar que figura histórica está estampada nas notas chinesas. Na nota de 1 Yuan, está a figura de Mao Tse-Tung (1893-1976), que, segundo os historiadores, é responsável direto por cerca de 70 milhões de mortes de chineses, num período de grande sofrimento na história da China, quando mandava assassinar todo e qualquer oposicionista. Ter uma única nota com a estampa desse ditador, não pode ser um bom sinal de civilidade.

 

A frase que foi pronunciada:

“A ante economia chinesa tem como meta principal derrubar todos os grandes lucros de todos os monopólios internacionais. Não para baratear os custos dos produtos e serviços, mas para expandir o caos e desestabilizar os conceitos de todo o mundo globalizado.”

Ricardo V. Barradas

Charge de Jean Galvão

 

História de Brasília

A carreira do sr. Sette Câmara na vida pública e na vida dplomátca tem sido um exemplo a ser seguido. A pecha de carreirista, que lhe foi dada pelo sr. Hélio Fernandes merece apenas uma resposta, para quem conhece os dois: a gargalhada.

Salvadores da pátria

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Imagem: gov.br

 

          Dos pequenos aos grandes empresários e produtores, a crença geral é de que ideologia não enche barriga, não ajuda a pagar as contas e muito menos contribui para o crescimento da atividade laboral privada. Pelo contrário. Premido pelas circunstâncias e modus operandi próprios da esquerda, o governo se vê, cada vez mais, enredado por um emaranhado de impostos e tributos, cuja tendência é sempre de alta.

          A regulamentação excessiva imposta, pelo atual governo, sobre a iniciativa privada, tem sido causa de uma sequência assustadora de falências e fechamento de muitos negócios. Alguns com décadas de existência e luta contra a burocracia estatal. Para o grosso da população, os empresários são os novos heróis do país. Obviamente que estão fora desse rol aqueles grandes empresários – já apresentados um a um a toda a população, durante a vigência da Operação Lava Jato – e que se tornaram costumeiros e generosos doadores de campanha, aderindo, sem pudor, às teses e artimanhas dos mandatários. Para esses, todas as bençãos e indulgências da lei. Para os demais, apenas a operosidade da lei fria.

          Com uma estrutura como essa, feita para gáudio de uns e desassossego de muitos, chega a ser um milagre que o agronegócio tenha, sozinho e, mais uma vez, conseguido a proeza de alavancar o Produto Interno Bruto (PIB) para um patamar de 2,9%. Por certo, essa façanha pegou o mercado e o governo de surpresa. Certo também é que, sem modéstia e sem se avexar, o governo atribuiu esse desempenho positivo apenas a si próprio. Nada mais falso, quando se sabe que o setor do agronegócio mantém distância de um alinhamento com o atual governo. Não custa lembrar que, por diversas vezes, o atual governo taxou o agronegócio de fascista. Aliás, não fosse o agronegócio, o primeiro ano do atual governo seria um desastre ainda muito maior do que foi. Mesmo assim custa a acreditar,  que  como gesto de gratidão, por ter salvado o país da bancarrota, o governo ainda açule o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e outros desocupados contra os produtores, quer incentivando-os no esbulho de terras privadas, quer fechando os olhos para esses atentados.

         O problema aqui, como já esperavam alguns economistas é que o agronegócio não pode sozinho, continuar a ser o patrocinador do crescimento do PIB brasileiro. Para esse ano, e por interferência negativa do próprio governo, o crescimento do agronegócio poderá sofrer alguns reveses, já que existe uma previsão de leve queda no Valor Bruto da Produção Agropecuária, em torno de 2,5%. Para aqueles que fingem não saber, o agronegócio responde hoje por mais de 25% do nosso PIB. Ou seja, a cada R$ 4,00 que o país produz, R$ 1,00 vem do agronegócio. Também 20% de todas as vendas feitas pelo Brasil são de bens produzidos pelo agronegócio.

         É importante desatacar que mais de 30 milhões de brasileiros estão envolvidos, direta e indiretamente, nas atividades do agronegócio. Tivesse juízo, o governo mandaria estender, não um tapete vermelho, mas um tapete verde e amarelo para receber, com todas as pompas e circunstâncias, incluindo banda de música, os  agropecuaristas brasileiros no Palácio do Planalto. Afinal, eles salvaram a pátria, inclusive a pátria petista.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Todos os nossos problemas procedem da injustiça. O privilégio foi o estigma deixado pelas circunstâncias do povoamento e da colonização, e de sua perversidade não nos livraremos, sem a mobilização da consciência nacional.”

Ulysses Guimarães

Ulysses Guimarães. Foto: agenciabrasil.ebc.com.br

 

Robótica

Sucesso no Parque da Cidade. Estudantes de todo o país participaram do Festival Sesi de Educação, promovido pelo Serviço Social da Indústria. Essa foi a etapa classificatória para o mundial dos Estados Unidos, em abril. O Sesi atende a criançada de 9 a 14 anos que gosta de robótica com duas aulas por semana à tarde. Os valores devem ser consultados na unidade da matrícula.

Foto: José Cruz/Agência

 

Momentos brilhantes

Outra oportunidade para alunos de todo o país é a inscrição no programa Jovem Senador. Até o dia 30 de abril, o Senado receberá os textos das redações com o título: “Os 200 anos do Senado e os desafios para o futuro da democracia.” O primeiro passo começa na escola pública. Todas as redações serão enviadas para a Secretaria de Educação do estado que selecionará os três melhores textos que irão para o julgamento do Senado. Os estudantes que vencerem o concurso participam de todo o processo na construção de uma lei, indo inclusive ao plenário.

Banner publicado na página oficial do Senado Federal

 

História de Brasília

Quando a gente acha absurda uma coisa destas, e vai ver, os dois carros são chapa branca, o que quer dizer mais ou menos isto: carro do govêrno é prá bater. (Publicado em 03.04.1962)

Não é carta, estúpidos. É a economia

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Foto: wikipedia.org

         De acordo com o Banco Central, o mais credenciado porta-voz das finanças deste país, há sinais fortes e consistentes de que a economia nacional está entrando em espiral de crescimento, com o Produto Interno Bruto (PIB) experimentando uma variação positiva, saindo de uma previsão pessimista de zero para uma nova projeção em torno de 2,05%. Trata-se de um salto para frente que vem surpreendendo muitos economistas, mesmo do governo. Quem, no entanto, parece desanimado com esses novos números é o pessoal que cuida dos programas econômicos dos candidatos da oposição. A recuperação econômica caiu sobre essas equipes como um balde de gelo e já provoca reflexos também nos números apresentados pelas pesquisas de opinião, que mostram, agora, um crescimento acentuado na confiança do atual presidente.

         Há muito, os historiadores e outros sociólogos constataram que o povo ou a vontade popular imanente só é abalada, de fato, pelo fator fome. A fome e suas irmãs siamesas, a miséria e a escassez, têm sido, ao longo da existência humana, o moto-perpétuo das revoluções, tudo dentro de uma antiga noção fatalista: se vamos morrer mesmo de fome, lenta e dolorosamente, melhor então morrer logo por um ferimento de bala, instantâneo e decisivo. Em outras palavras, o que leva o povo a lutar nas ruas é seu instinto mais selvagem de preservação, herdado ainda dos tempos da caverna. Nesse caso, se a recuperação da economia continuar nesse passo ascendente, com a diminuição nos preços dos alimentos, as chances de retorno ao passado, configurada na figura do Minotauro de Garanhuns, são bem menores.

          Em 1993, George Bush, então presidente dos Estados Unidos, era o favorito, quase absoluto para se reeleger. Sua recondução ao cargo era quase certa. Havia apenas um detalhe entre sua nova vitória e a realidade. Nesse período, os EUA enfrentavam uma preocupante recessão econômica, agravada ainda pela guerra do Golfo. Foi, num cenário assim, que o marqueteiro, James Carville, trabalhando para um desconhecido e pouco popular candidato do Arkansas, de nome Bill Clinton, instigou-o a bater em seu adversário, tendo como mote a recessão, que inquietava os americanos. Com a frase: “É a economia, estúpido”, dirigida a Clinton, Carville ensinou o caminho das pedras que levara seu cliente para a Casa Branca.

         De fato, não há como negar, a população brasileira, assim como outras e em outras partes do planeta, enxerga as eleições como uma feira, onde os clientes acabam sendo atraídos para a banca onde o feirante promete mais vantagens e preços melhores. O Resto é prosa ou prosopopeia. Nesse sentido, cabe ainda a discussão sobre a chamada Carta em Defesa da Democracia, um libelo que serviu como elemento aglutinador das oposições ao atual governo e acabou se transformando em propaganda das oposições.

          Os marqueteiros desse documento esqueceram de substituir as frases de efeito e de retórica por um programa econômico e realista, capaz de empolgar as massas. O povo não se interessa por libelos, sejam de esquerda ou direita. O libelo do povo está nas gôndolas dos supermercados, recheados de produtos de boa qualidade e a preços honestos, acessíveis e baixos. Fica aqui o lembrete: “É a economia, estúpidos!”.

A frase que foi pronunciada:

“Tenho paciência e penso: todo o mal traz consigo algum bem.”

Ludwig van Beethoven

Ludwig van Beethoven. © Photos.com/Thinkstock

Peça rara

Andando por uma livraria, nossa sugestão é que compre Faíscas Verbais, de Márcio Bueno. O jornalista faz um compilado histórico surpreendente a cada linha. Diverte e instrui.

 

Cidadania

Sugestão da leitora Petra Fortes é humana e de importância vital. Não é justo que o pessoal da reciclagem, responsáveis por uma cidade ecologicamente correta, fique abrindo sacos de lixo para retirar entre restos de comida, as garrafas PET, papelões ou latas de alumínio. A cena corriqueira poderia ser evitada se os cidadãos tivessem compaixão no momento de separar o lixo.

Arte: sema.df.gov

 

Sem condições

Também sobre recicláveis, escreve-nos, de Águas Claras, o leitor Renato Mendes Prestes, que observou o estado crítico dos veículos coletores de lixo reciclável transitando naquela região administrativa. Diz o leitor: “sem as mínimas condições de segurança, sem lanternas, pneus carecas e reboques impróprios para cargas. Sua maioria, praticamente sem condições de trafegar. Afora, que os catadores usam o teto e a parte traseira externa do veículo para o acondicionamento de volumosas cargas, colocando em risco os carros que transitam atrás, ao lado ou à frente. Cadê o Detran?”

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

História de Brasília

Jânio no Brasil. Deus que ilumine os nossos líderes e que nos proteja contra dias de revolução, de agitação. O país já progrediu demais. Falta progredir politicamente. (Publicada em 08.03.1962)

Bolsonaro tenta evitar que Brasil seja levado à pobreza extrema

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto Aditya Aji/AFP

 

Chama a atenção o relatório anual intitulado “Panorama Social da América Latina 2020”, elaborado pelos técnicos da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) e publicado há pouco. Não apenas pelas previsões pessimistas que dão conta de que a pandemia de Covid-19 irá aprofundar, ainda mais, o quadro de pobreza generalizada em toda a América Latina, mas pela grandeza nos números que mostram que esse continente já abriga uma população superior a 209 milhões de pessoas vivendo em condições de extrema penúria.

Trata-se, segundo consta nesse documento, de um fenômeno que já vinha crescendo, mas que, nos últimos anos, experimentou um aumento sem precedentes. No espaço de um ano apenas, houve um aumento de 22 milhões de pessoas em condições de pobreza extrema, o que mostra que esses índices podem conduzir todo o continente para uma situação de calamidade, com reflexos negativos em todas as áreas.

Por extrema pobreza, entende-se como sendo a forma mais intensa de escassez de bens básicos, como alimentos, moradia, remédios, roupas e outras necessidades básicas. De acordo com a CEPAL, um em cada oito latino-americanos vive na pobreza, sendo que esse contingente tem aumentado significativamente desde o ano 2000, principalmente pelo recrudescimento de fatores que já existiam nessa região e que foram catalisados agora pela pandemia que corrói os índices de crescimento do continente há mais de um ano e sem perspectiva para terminar no médio prazo.

Trata-se de um cenário que agora ganhou uma complexidade nunca vista, envolvendo, ao mesmo tempo, aspectos sociais, políticos e econômicos numa mistura explosiva, cujas consequências dramáticas podem emergir na forma de convulsões e agitações sociais imprevisíveis. Além disso, diz o relatório, “essa situação expõe as desigualdades estruturais que caracterizam as sociedades latino-americanas e os altos níveis de informalidade e desproteção social, bem como a injusta divisão sexual do trabalho e a organização social do cuidado, que comprometem o pleno exercício dos direitos e a autonomia das mulheres.”

Nesse contexto, o documento aponta a possibilidade de uma queda de -7,7% no Produto Interno Bruto da região, com uma taxa de extrema pobreza em torno de 12,5% e de pobreza em 33,7%, o que resulta num contingente de mais de 78 milhões de sul-americanos vivendo em penúria total.

É preciso destacar que, não fossem os programas de transferência emergencial de renda, que atenderam cerca de 49,4% da população do continente, essa situação seria ainda mais alarmante, elevando o percentual dos que vivem em extrema pobreza para quase 16% da população. “A pandemia, salienta a técnica da CEPAL, Alícia Bárcena, evidenciou e exacerbou as grandes lacunas estruturais da região e, atualmente, vive-se um momento de elevada incerteza em que ainda não estão delineadas nem a forma nem a velocidade da saída da crise. Não há dúvida de que os custos da desigualdade se tornaram insustentáveis e que é necessário reconstruir com igualdade e sustentabilidade, apontando para a criação de um verdadeiro Estado de bem-estar, tarefa há muito adiada na região”.

Se os brasileiros não se unirem agora, enquanto há tempo, o destino do país será um túnel onde a única luz no final será se curvar a países que nos tirarão dos trilhos.

 

A frase que foi pronunciada:

Tudo o que é preciso para o triunfo do mal é que nada façam os homens de bem.”

 Edmund Burke,1729-1797. Filósofo, teórico político e orador irlandês, membro do parlamento londrino pelo Partido Whig.

Foto: Studio of Joshua Reynolds – National Portrait Gallery (wikipedia.org)

Positiva

Em todos os Shoppings de Brasília, a Claro disponibilizou serviço com atendimento em drive thru. O cliente liga primeiro e, quando passar pelo local escolhido, pode pegar o produto ou desembaraçar o serviço. A intenção é resguardar os clientes. Quem conseguir um atendente proativo, com certeza, vai gostar da iniciativa. Veja a lista de telefones para solicitar esse serviço a seguir.

 

Trágico

Veja, também, as fotos da situação do conjunto 5, na Qi 1, quando chove, divulgadas pelo morador Doralvino. Sem planejamento nos assentamentos e eliminação do cerrado, é isso o que ocorre.

Divulgação

Atenção Brasília! Operação tapa buracos e outras solicitações de serviços em sua região devem ser feitas pelo número 156 ou no portal da ouvidoria do GDF.

Foto: ouvidoria.df.gov

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

E foi precisamente este esgoto quem causou o desastre. Foi feito uma canalização por baixo do asfalto, mas as enxurradas, ultimamente, minaram o terreno e aconteceu o esperado. Arreou a pista. (Publicado em 27/01/1962)

Que venham os touros

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: DF Legal/Divulgação

 

Ao mesmo tempo em que o Governo do Distrito Federal anuncia, de forma até tímida, a lista contendo as novas medidas de flexibilização das medidas restritivas, a capital assume a liderança como a de maior taxa de mortes por Covid-19 do país. Trata-se de uma posição que, até o momento, não foi oficialmente assumida pelas autoridades de saúde do governo local, mas que caminha para essa possibilidade.

A questão com essa triste estatística é que o Distrito Federal, ao contrário do que acontece em muitos estados brasileiros, é a unidade da federação que, historicamente, mais recebe pacientes encaminhados por outras regiões do entorno e até de outros estados, o que altera, sensivelmente, esses dados. Para a Secretaria de Saúde, o cálculo de mortalidade leva em conta, tradicionalmente, apenas o número de residentes locais, dividido pela população total da região em análise, o que reduziria o número de óbitos de forma visível.

Para as autoridades, o que está havendo é uma discrepância entre o número absoluto de óbitos locais contra óbitos de residentes. Citar números e outras estatísticas e porcentuais, numa época em que esses valores sofrem variações diárias significativas, nada acrescentaria ao fato de que a maior taxa de óbitos por Covid-19, na capital, já resultou num número de mortes que ainda oscila para cima e já ceifou a vida de mais de 3.100 brasileiros com residência em nosso pequeno quadrilátero.

Tão grave quanto esses números funestos, e jamais observados em tempo algum, é o fato de que, mesmo sob a sombra e as ameaças constantes da morte, a maioria dos brasilienses são obrigados, pelas circunstâncias adversas, a enfrentar todos esses riscos onipresentes para não morrerem com a pior de todas as pragas que é a fome. Se, até pouco tempo, os riscos para os que saíam para trabalhar eram a violência diária dos assaltos e do trânsito, hoje, somados a essas realidades de cidade grande, todos têm que enfrentar os riscos dessa virose pandêmica.

De fato, para os que aqui permanecem com saúde e disposição, há ainda outros desafios que necessitam ser enfrentados no dia a dia, como a permanência dos empregos e da renda. Não fossem esses cidadãos que enfrentam de frente essas batalhas cotidianas, muitos produtos, nas prateleiras dos supermercados, simplesmente, teriam desaparecido de vista. Tão preocupante quanto essa doença, que vamos conhecendo melhor com o tempo, e cuja a vacina definitiva já desponta no horizonte, preocupa-nos a situação da economia, não só do país e do mundo, mas da própria capital. Como não poderia ser diferente, dados recentes, levantados pelo Boletim de Conjuntura Econômica do DF, apontam que na capital do país, embora registre índices negativos menores que outras regiões, a Covid-19 tem feito estragos também na economia local, principalmente no segundo trimestre deste ano.

O fechamento de comércios de variados ramos de atividade segue em alta, assim como o número de falências. A economia encolheu 4,2% no segundo trimestre. O chamado Índice de Desempenho Econômico (Idecon) também recuou esse ano, atingindo o menor patamar desde 2015.

Um giro pela cidade mostra bem o grande número de estabelecimentos fechados, de salas e lojas vazias, com anúncios nas vidraças para aluguel ou venda, assim como uma grande quantidade de atividades que sumiram de vista. Mesmo assim, alguns economistas dizem que o DF, diante do que vem acontecendo no resto do Brasil, é a unidade da federação que menos tem sofrido com a pandemia. Os números anunciam o que pode ser um dos maiores efeitos negativos dessa pandemia, com a retração histórica do Produto Interno Bruto, que deve ser o menor desde o início do século passado.

Na verdade, não fosse a renda do funcionalismo público, a queda na renda e na economia da capital teria acompanhado o que acontece em outras regiões. Há ainda muita repercussão dessa pandemia que virá pela frente e que nem conhecemos ainda. Mas que venham os touros.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“É estranho, -mas verdade; pois a verdade é sempre estranha;/Mais estranho que a ficção: se pudesse ser contado,/quanto os romances ganhariam com a troca!/Quão diferente o mundo veria os homens! ”

George Gordon Byron, poeta inglês, em Don Juan

Imagem: Byron, 1813, por Phillips

 

Wally

Praias lotadas, piscinão de Brasília lotado, festas nos fins de semana cheias de gente até a madrugada. Mas o perigo está só onde o presidente Bolsonaro estiver. Muito estranho…

Foto: Sérgio Lima/Poder360 – 15.mar.2020

 

Eleitores

Senador Randolfe Rodrigues apoiou a ideia do senador Reguffe, que elaborou a PEC 8/2016. Essa Proposta de Emenda à Constituição sugere que as pautas do Senado e da Câmara sejam trancadas quando algum projeto de iniciativa popular não for analisado em até 45 dias. Em março de 2010, a PEC foi retirada da pauta e, até hoje, aguarda inclusão na Ordem do Dia.

Senador Randolfe Rodrigues. Foto: Rodrigo Viana/Senado Federal

 

Passeio

Veja, a seguir, que beleza a capela São Francisco de Assis, no Gama. Já abriram as inscrições para casamentos em 2021. Esse é um dos lugares prediletos dos motociclistas para assistirem a missa. Volta e meia, acontece a procissão sob duas rodas até lá.

Foto: comunidade.casamentos.com

 

Escassez

Em média, nove litros de leite materno são distribuídos para alguns hospitais do DF. Na pandemia, esse número diminuiu preocupando principalmente Ana Cláudia Barros, chefe do Núcleo de Banco de Leite Humano do Hmib, onde a demanda é maior.

Foto: saude.df.gov

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um dia não está, outro dia está no Rio, outro dia está ocupado, e assim por diante. Nem pró, nem contra, falou o Ministro mais elegante. (Publicado em 17/01/1962)