Cérebros distantes

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Ilustração: Cemile Bingol/Getty

 

Num mundo em que as tecnologias e as ciências se converteram no mais importante capital de um país, fica evidente que quanto mais desenvolvida for uma nação, mais e mais cientistas e pesquisadores ela necessita para manter alto seu padrão de desenvolvimento humano.

Só para se ter uma ideia da importância das ciências para o desenvolvimento de um país, os Estados Unidos investiram aproximadamente R$ 500 bilhões em pesquisas no ano de 2021 e vêm aumentando gradativamente esses valores a cada ano. Lá, a maioria das centenas de universidades investem em pesquisa, pois sabem que esse é o modelo de ensino que mais atrai investimentos, além, é claro, de conferir prestígio a essas instituições.

O governo federal americano investe pesado em pesquisas acadêmicas por meio de agências como o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, Departamento de Defesa; Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço; Departamento de Energia; e o Departamento de Agricultura. Os governos estaduais também investem em pesquisas, bem como os fundos próprios das instituições, organizações sem fins lucrativos ou apoiadores privados entre outros negócios. Esses investimentos em pesquisas são avaliados de forma séria e servem para medir o grau de atividade de pesquisa de uma universidade. Essas instituições são avaliadas ainda por indicadores como publicações, citações, comercialização de descobertas, além de prêmios acadêmicos recebidos. Apenas no ano de 2022, 21 universidades ultrapassaram a marca de U$ 1 bilhão em pesquisas e desenvolvimento. Somente a Universidade de Johns Hopkins investiu U$ 3,18 bilhões em pesquisas e desenvolvimento.

Com relação ao Brasil, no mesmo ano de 2021, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação, foram investidos em pesquisa algo como 1,2% do PIB, mas esse valor vem diminuindo ano a ano. Também o setor empresarial, que no passado chegou a investir grandes somas em pesquisas, passou a reduzir esse tipo de investimento, em decorrência das más condições econômicas do país, agravada pela elevação sem precedentes da carga tributária e de outros encargos.

O Brasil segue na contramão dos países desenvolvidos quando o assunto é investimento em pesquisas. Não por outra razão, os cientistas e pesquisadores brasileiros, assim que alcançam um patamar de conhecimento respeitável, tratam logo de sair do país em busca de outras instituições e empresas estrangeiras, dispostas a bancar, o quanto for, por pesquisas que levem a descobertas valiosas. O fato é que, sem dinheiro, não há ciência, nem coisa alguma. A cada novo corte nos gastos do governo, as áreas das ciências e educação são as mais penalizadas. Desde sempre, nosso país assiste calado a uma verdadeira diáspora científica, com milhares de pesquisadores abandonando o Brasil, quer por vontade própria, quer por motivo de convite de empresas e universidades interessadas em seus trabalhos. Em termos de financiamento em pesquisa, não há como competir com países como os Estados Unidos, Alemanha ou China. Por outro lado, também não existe, por parte do governo, uma crença ou convicção sedimentada na importância das pesquisas para o progresso do país.

No último mês de julho, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq), por pressão dos próprios acadêmicos do país, anunciou que fará a abertura de um processo de seleção para o Programa de Repatriação de Talentos – Conhecimento Brasil. Pelo edital do Programa haverá a escolha de até mil projetos de pesquisadores que trabalham hoje no exterior e que, porventura, desejam retornar ao Brasil. A ideia é oferecer uma bolsa mensal, mais verbas para pesquisa, viagens e outros benefícios, como contratação de plano de saúde para a família e previdência.

Um dos empecilhos, além do dinheiro oferecido lá fora, é que as ciências hoje experimentam um novo modelo, em que a mobilidade é parte integrante da própria ciência, já que os pesquisadores precisam trocar informações, conhecer novos métodos de pesquisa, novos equipamentos e um mundo de outros meios para a realização de pesquisas.

Atualmente, há aproximadamente 1.200 pesquisadores brasileiros espalhados por cerca de 42 países, embora o número exato de cientistas que deixaram o Brasil ainda seja desconhecido e pode ser ainda muito maior. A fuga de cérebros em nosso país é antiga e persiste ainda hoje, sendo um indicativo de que estamos distantes ainda do ideal de pesquisa e portanto do ideal de desenvolvimento.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O mercado de ações está cheio de indivíduos que sabem o preço de tudo, mas o valor de nada.”

Philip Fisher

Philip Fisher. Foto: reprodução da internet

 

Desrespeito

O marketing agressivo das operadoras de celular não permite que o cliente manifeste sua vontade. Até permite. Mas não há treinamento para aceitá-la. Depois de responder que não há interesse na promoção, é apresentada outra oferta. A seguir uma negativa e outra promoção. E a conversa se desenrola presa em um script lido por alguém desprovido de respeito e empatia. Os idosos são os que mais sofrem.

Charge do Miozzy

 

História de Brasília

Em vista dos últimos acontecimentos o prefeito Sette Câmara mandará publicar no “Diário Oficial” todos os pagamentos efetuados pela Novacap. A Comissão entrará em funcionamento imediatamente não se sabendo, entretanto, do afastamento ou não do dr. Laranja Filho. (Publicada em 18.04.1962)

Brasil em constante luta para sair do passado

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Charge do Amarildo

 

        Duas podem ser as hipóteses que explicariam o favoritismo do ex-presidente Lula em muitos institutos de pesquisa de opinião. Há nesse caso um fato curioso a ser observado, quando se verifica que o ex-presidente petista, por todos os acontecimentos que redundaram em sua prisão e também na de seus mais próximos colaboradores, transformaram Lula numa espécie de candidato invisível, que só é visto por iniciados da sua seita, em ambientes especiais e fechados e pelas redes virtuais da internet.

        Tem-se aqui um autêntico candidato fantasma à brasileira, fabricado, sob medida, pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, através de um polêmico processo, antijurídico, que trouxe consigo até um neologismo estranho: “descondenação”, ainda não tratado nos dicionários tradicionais. Não por outra, as eleições de 2022 vão se configurando num pleito inusitado, digno das ficções do tipo surrealistas. As duas hipóteses capazes de explicar o favoritismo do ex-presidente são os já desacreditados institutos de pesquisa, por suas metodologias acrobáticas, e um caráter que considera a corrupção e roubo dos recursos públicos atos sem grandes importâncias para a vida política e para o próprio sentido de cidadania.

        A acreditar nessa hipótese, estamos num caminho sem volta, rumo ao brejo. A outra explicação para a vantagem nas pesquisas do ex-presidente e ex-presidiário é a de que o esquecimento dos fatos pretéritos, numa espécie de alzheimer político severo e coletivo, afeta a maioria dos eleitores neste país. Vale lembrar que não é o que se vê nas ruas. Mas, em qualquer das duas hipóteses, estamos no sal, desidratados de saúde e de caráter.

        O simples fato de os brasileiros, como também atestam pesquisas recentes, classificarem o tema “combate à corrupção” como um projeto para o país menos importante do que fatores como a inflação e o desemprego demonstra que, a má formação ou a ausência total desta faz de nossos cidadãos presas fáceis para a engabelação desses profissionais da política.

        O que se poderia esperar de um cidadão minimamente atento é que negasse perdão a gestor público ladrão. A explicação para o favoritismo nas próximas eleições de pessoas que dilapidaram os cofres públicos e empurraram o Brasil para a mais profunda crise de todos os tempos não pode ser debitada a sentenças do tipo que nos classificam como um país sem seriedade. Tampouco pode ter sua explicação no conluio estabelecido, de forma sorrateira, entre os eleitores e os eleitos.

        Há aqui uma explicação que parece fugir aos alfarrábios de psicologia ou mesmo à hipótese do inconsciente coletivo, tudo isso com pitadas e propensões à autoflagelação e até à parafilia. Há, caso se confirmem as previsões dos institutos de pesquisa, um fenômeno, de ordem psíquica, a ser estudado no comportamento dos eleitores ou dos que publicam as pesquisas. Basta coletar as previsões das eleições passadas para compreender os índices bizarros de preferência e os votos recebidos.

        Caso não exista mesmo essa doença mental, as probabilidades mais aceitas para explicar o comportamento do tipo esquizofrênico dos eleitores só poderão ser buscaas em tratados sociológicos como o de Sérgio Buarque de Holanda em “Raízes do Brasil”, de 1936, ou Casa Grande e Senzala de Giberto Freyre, de 1933. O mais certo e talvez mais popular seria buscar explicações do tipo antropológicas e sociais para essas preferências do eleitorado em obras como Pedro Malasartes ou “Macunaíma”, de Mário de Andrade, publicada em 1928. Até que o eleitor possa entender, definitivamente, que a corrupção antecede a males como inflação e desemprego e está na raiz de todos os nossos problemas como nação, muitas eleições terão passado, mantendo o Brasil onde sempre esteve: no passado.

 

A frase que foi pronunciada:

Os institutos de pesquisa estão percebendo que as pessoas mentem.”

Luiz Felipe Pondé

 

Luiz Felipe Pondé. Foto: Divulgação

Exposição

A partir do dia 22 deste mês, Lidia Daze e Ricardo Frade participam da Mostra Expressões Contemporâneas. Veja a programação a seguir.

 

Abuso

Tão inocente um kinder ovo. Geralmente comprado para satisfazer a criança gastando pouco. Mais do que a gasolina, mais do que o feijão, mais do que a carne. Um kinder ovo já chegou a R$ 50,00.

Publicação nos histories de João Paulo Florêncio, no seu perfil oficial no Instagram

Como se tornar pior

Por falar em abuso, dessa vez sexual e livre. A Netflix está provocando a ira de quem não tem preguiça de educar os filhos. São pais que acompanham os menores e monitoram a forma de entrada de eletrônicos em casa. Só que, dessa vez, a Netflix apostou em um filme produzido por Danilo Gentili com atuação de Fábio Porchat, criticando adolescentes que não se prestam à lascívia. Veja a seguir.

Foto: divulgação

História de Brasília

Dá nesses vexames, as promessas que os candidatos fazem em nome da Prefeitura. A ligação da luz na Asa Norte não pode ser garantida por ninguém. É um problema técnico, e tem seu tempo. (Publicada em 20.02.1962)