Cobrança de royalties sobre sementes compromete soberania de nossa agricultura

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: marcelodamico.com
Charge: Bessinha (marcelodamico.com)

         Karl Kraus, considerado um dos maiores escritores satíricos da língua alemã no século XX, costumava dizer que o progresso técnico deixaria apenas um problema: a fragilidade da natureza humana. É dele também outra frase que traduz a natureza ambígua do desenvolvimento humano: o progresso é o avanço inevitável da poeira.

         No caso específico dos progressos técnicos obtidos por nossa agricultura e a consequente transformação do país num dos maiores produtores agrícolas do planeta, o que se pode aferir dessa revolução, até o momento, é que esses avanços, ao mesmo tempo em que têm gerado grandes fortunas para os proprietários desses latifúndios de monocultura, têm produzido, como subproduto direto, a destruição da cobertura natural de milhões de hectares, o assoreamento de rios, a contaminação e o esgotamento do solo, além, é claro, do envenenamento progressivo dos consumidores.

         O preço a ser pago pela geração instantânea de grandes capitais é infinitamente maior do que quaisquer lucros imediatos, sendo que os juros dessa dívida imensa serão cobrados, de forma cruel, de gerações futuras.

       Depois da aprovação do pacote do veneno e da proibição da venda de produtos orgânicos em supermercado, como forma de restringir e encarecer esse tipo de produto, tornando a concorrência com os produtos oriundos do agronegócio impossível, as investidas desse poderoso setor, apoiado pela bancada ruralista, prosseguem de forma sistemática.

Charge: asabrasil.org.br
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        Trata-se de parte de uma grande estratégia que vem sendo meticulosamente montada pelas grandes corporações transnacionais que operam no setor e que enxergam, em nosso país, possibilidades de lucros extremamente maiores do que os obtidos pelos grandes produtores nacionais.

      Nessa nova investida, o alvo seria, segundo quem acompanha o assunto de perto, a Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), por meio do Projeto de Lei 5.243/2016, criando a EmbrapaTec, que abriria à iniciativa desses grandes aglomerados o patrimônio genético desenvolvido por essa empresa ao longo de mais de quatro décadas de pesquisa.

       Ao mesmo tempo em que se assiste a essa tomada de controle de nossa agricultura por poderosas empresas multinacionais em conluio com a bancada do agronegócio, outros projetos, feitos sob medida para esse intento, vão sendo costurados um a um, visando transformar radicalmente a agricultura brasileira numa espécie de colônia baseada no sistema de plantation.

       Merece destaque aqui também o, que obriga o pagamento de royalties aos proprietários intelectuais das sementes denominadas cultivares, passando para as grandes empresas o controle sobre o uso de sementes, plantas e mudas modificadas, obrigando o agricultor tradicional a utilizar também os agrotóxicos produzidos por esses grandes conglomerados. Para os especialistas ouvidos sobre o assunto, a proposta representa uma ameaça não só a segurança alimentar, mas a segurança e soberania nacional do país, ampliando o controle e o domínio delas na própria política da agricultura brasileira.

        Depois de episódios como o mensalão, que comprovou a venda de apoio para as propostas de governo, chega a vez da venda também dos direitos que os brasileiros possuem sobre o pão de cada dia.

A frase que foi pronunciada:

“Nós não herdamos a Terra de nossos antecessores, nós a pegamos emprestada de nossas crianças.”

Provérbio Índio Americano

Charge: geolibertaria2.blogspot.com
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Dívida

Quem nos envia o convite é Maria Lucia Fattorelli. Está pronta a programação do 1º Encontro Mineiro sobre Dívida Ecológica. Será no dia 19 desse mês, das 8h às 17h, no auditório da AFFEMG, na Savassi, em Belo Horizonte. Mais informações no blog do Ari Cunha.
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Assistam

É possível pedir na TV Câmara o debate sobre o Pacote do Veneno, com Rogério Dias, ex-coordenador de Agroecologia do Ministério da Agricultura.

UnB

Depois de tanta discussão, foi decidido pelo Conselho de Administração da UnB: a política de subsídios ao Restaurante Universitário manterá a gratuidade, em todas as refeições, para estudantes com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio.

Foto: facebook.com/dce.unb
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Atenção

Só até amanhã as inscrições para o Programa Brasília + Jovem Candango poderão ser feitas. São 750 vagas. Quem tiver de 14 a 18 anos poderá cursar o ensino fundamental ou médio na rede pública ou ainda receber bolsa de estudos para a rede particular de ensino.

Foto: jovemcandango.org.br
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CNB

O primeiro shopping da cidade, que fica perto da Rodoviária, tem um sistema sensacional para os motoristas que preferirem proteger o carro. Há um dispositivo mostrando o número de vagas desocupadas, uma luz verde apontando para a vaga disponível, além de uma marca no chão estabelecendo o local onde apenas pedestres podem transitar. Em relação aos outros shoppings, o preço é bem mais em conta.

Foto: conjuntonacional.com.br
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HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A oficina da Disbrave está situada no Setor Comercial Residencial, de maneira imprópria. O serviço de lanternagem é feito no meio da rua, e, em muitos casos, o trânsito na W2 fica interrompido. (Publicado em 25.10.1961)

Alimentar o país com saúde é o que deveria importar

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

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Charge: Duke (domtotal.com)
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            Segundo a Lei nº 10.831, sancionada em 2003, “sistema orgânico de produção agropecuária é todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente.”

         O mercado de produtos orgânicos no Brasil vem chamando a atenção dos consumidores, à medida em que aumenta na população, o temor de que a agricultura comercial, empreendida nos moldes do agronegócio, é produzida em larguíssima escala com objetivos estritamente econômicos e, pior, sem levar em consideração aspectos como o uso intensivo de agrotóxicos, sementes modificadas e expostas à radiações ionizantes, destruição do meio ambiente com envenenamento progressivo não só daqueles que trabalham diretamente no plantio, mas dos consumidores e de todo o bioma ao redor.

      A aprovação do chamado pacote do veneno, feita agora por pressão da bancada ruralista e dos setores agroindustriais na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, reforça a convicção geral de que o caminho a ser seguido pelos consumidores vai em direção totalmente oposta ao agronegócio.

         O incremento das informações sobre essa questão tem feito com que a população vá se afastando, cada vez mais, de consumir produtos que sabidamente potencializam diversas formas de câncer, mutações genéticas, desregulações endócrinas e malformações fetais entre outros males.

          Não é por outra razão que, por todo o país, tem se verificado um crescimento significativo da agricultura que valoriza a saúde das pessoas e do meio ambiente. Uma agricultura que possua, além de preocupações com a saúde das pessoas, valorize também a responsabilidade social. Para um número crescente de brasileiros é preciso rechaçar as ideias baseadas apenas no lucro a qualquer custo.

       O que se anuncia e muitos já percebem é que, cada vez mais, consumidores e produtores estão tomando consciência e se preocupando com a política de terra arrasada feita pelo agronegócio. Para muita gente é chegado o momento de se preocupar sobretudo com as próximas gerações.

          O crescimento, da ordem de 30% esse ano do mercado de produtos orgânicos tem desagradado os ruralistas que temem perder espaço não só no mercado interno, mas também em muitas partes do mundo, onde os aspectos da compliance e das boas práticas na agroindústria vêm ganhando terreno.

          De olho nessa possibilidade, a mesma Comissão de Agricultura, que dias atrás aprovou o pacote do veneno, acaba de sancionar também a Lei 4576/2016, que veta a comercialização de produtos orgânicos nos supermercados, varejões e sacolões. Pela nova Lei, só os pequenos produtores da agricultura familiar, vinculados a organizações de controle social cadastradas nos órgãos fiscalizadores do governo poderão comercializar os orgânicos. Trata-se aqui de uma proposta, no mínimo, polêmica, mas que parece esconder, nas entrelinhas, uma tentativa de sabotar o setor de orgânicos que já começa a fazer sua pequena sombra sobre o gigante do agronegócio.

A frase que foi pronunciada:

“Em se plantando tudo dá! Plante!”

Dona Dita feliz da vida com sua horta suspensa.

Foto: vivadecora.com.br
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Independência

Com dois dias de antecedência, a embaixada americana comemorou o 4 de julho. A Copa do Mundo se misturou ao evento e a embaixada recebeu mais de 1.300 convidados. O embaixador, Michael Mc Kinley, e sua esposa, Fátima, brindaram a data agradecendo aos brasileiros e elogiando a comida local, “Adoramos pão de queijo, queijo mineiro, e várias comidas brasileiras, gostamos muito do Brasil.”

Foto: brasiliainfoco.com
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Positivo

Merece elogios o estacionamento coberto do Conjunto Nacional. É moderno, flui bem, tem espaço reservado para os pedestres e o valor não extrapola o razoável.

Foto: conjuntonacional.com.br
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Release

Maurício Lopes, presidente da Embrapa, busca subsidiar discursos e o próprio conhecimento dos candidatos a cargos no legislativo e executivo nas eleições desse ano. Intitulado “A Pesquisa Agropecuária e o Futuro do Brasil – Propostas para o Sistema Brasileiro de Ciência, Tecnologia e Inovação”, o documento cita megatendências e desafios prospectados pela Embrapa com potencial de impactar as atividades agrícolas do Brasil nos próximos anos. Renato Rodrigues, Secretário da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa, explica que a principal fonte de informações foi o estudo “Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira” (www.embrapa.br/futuro), lançada em abril deste ano, e que sugere ações necessárias para serem tomadas pelo Governo e pela iniciativa privada para melhor enfrentar esses desafios.

Vergonha

Não é de agora que a máfia dos concursos reina em Brasília. Basta ver os sobrenomes que apareceram há décadas em outras apurações. Não bastou mudar o nome da empresa. Subestimaram a inteligência da polícia.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Na verdade, os ministros preferem o Rio, não porque estejam lá as repartições importantes de seu ministério. É que em Brasília ele se torna um funcionário comum, enquanto no Rio, pela tradição, é endeusado. (Publicado em 25.10.1961)