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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Por mais espantoso e surrealista que possa parecer, os ainda cidadãos brasileiros estão, de forma lenta e gradual, aplainando, com as próprias mãos, o terreno para a construção do que pode vir a ser o mais eficaz e moderno Estado ditatorial que se tem notícia. Toda essa distopia vai, a cada dia, ganhando forma e conteúdo, por meio de um mega sistema que vai permeando todo o Estado, contaminando suas instituições, ao mesmo tempo em que prepara todo um arcabouço legal para legitimá-lo, em caso de oposição ou questionamentos.
Trata-se, aqui, não de uma teoria da conspiração, como alegam seus beneficiários, mas de uma realidade que vai se concretizando a olhos vistos, diante de todos. De um lado, vamos assistindo inertes, o enfeixamento de super poderes nas mãos do Judiciário, com juízes e outros operadores desse Poder, ganhando relevância sobrenatural, operando e interferindo em outras instâncias, legislando e interpretando as leis como bem lhes aprazem, investigando, julgando e punindo, tudo num mesmo pacote, intimidando governadores, prefeitos e até o presidente da República abertamente e, enfim, impondo um clima de medo geral, ameaçando inclusive todos aqueles que ousarem antepor dúvidas sobre seu comportamento. Há aqui uma visível hipertrofia do Judiciário, prejudicial ao que ainda acreditamos ser o Estado Democrático de Direito.
Um termo pomposo, mas que vai perdendo seu significado real, à medida que os dias passam. Por outro lado, existe ainda uma ameaça tão ou mais sobrenatural para a cidadania vinda justamente de onde se esperava haver uma maior proteção e amparo aos cidadãos. Os ditos representantes da população, com assento no Poder Legislativo, estão, todos eles, por conta de uma atuação estratégica, coordenada e controlada pelos partidos, com o controle absoluto sobre um naco significativo do Orçamento da União, na forma de emendas secretas, tanto de relatoria, como de bancadas ou individuais.
São dezenas de bilhões de reais, que transitam sem controle, indo diretamente para correligionários, redutos ou currais eleitorais ou para as mãos de amigos, parentes, laranjas e outros grupos, que usam essas verbas para abrir veredas livres para esses parlamentares e para perpetuação desses indivíduos no poder. Nada dessa dinheirama toda, sem carimbo e sem auditoria, é destinada para o benefício de projetos para as populações necessitadas.
O que se tem aqui é um novo tipo de Orçamento da União sujo, em que o dinheiro do pagador de impostos vai para essa união espúria de grupos parlamentares, que dele fazem o que querem. Nesse verdadeiro oceano de dinheiro em que navegam, os parlamentares contam ainda com os recursos bilionários provenientes dos Fundos Partidários e Eleitorais, todo ele destinado ao enriquecimento de legendas privadas e vazias de conteúdo, para a perpetuação de um sistema viciado em que notórios indivíduos, a maioria com processos cabeludos junto à justiça, permanecem se elegendo, pleito após pleito.
Leis como improbidade, ficha limpa e outros instrumentos legais, que deveriam trazer alguma proteção e ética à coisa pública, são descartados e sequer mencionados. O que a população parece não ter se dado conta ainda é que está, por meio dos impostos que paga ou que são arrancados pela Receita daqueles que não possuem as blindagens do Estado, financiando a consolidação de um governo e principalmente de um Estado ditatorial, onde a elite política, juntamente com a elite da magistratura, está fechando o cerco em torno dos cidadãos, obrigando-os a custear uma gigantesca máquina burocrática e corrupta, a serviço apenas de um pequeno grupo, que vive naquilo que Machado de Assis denominava, ainda no século XIX, como o Brasil Oficial, longe do que é o Brasil real. É a nossa versão piorada e abrasileirada do Grande Irmão, que bancamos com nosso suor.
A frase que foi pronunciada:
“Esta é a primeira CPI da história que fecha os olhos para a corrupção.”
Senador Girão sobre estados e municípios que não prestaram contas do que fizeram com o dinheiro público
Inacreditável
Mais uma vez, o consumidor, completamente desamparado, é feito responsável pelas perdas das empresas de turismo durante a pandemia. Amiga que buscou o judiciário, não só não conseguiu o dinheiro de volta da viagem que marcou antes da pandemia, como não pode remarcar o mesmo percurso e ainda teve que pagar os honorários do advogado da parte contrária. A sugestão dada para a nova viagem é diminuir o percurso e pagar quase o dobro do que já pagou. Se isso é justiça, precisamos trocar de dicionário.
É mesmo
Recebemos uma pergunta do leitor Davi Yamim e não sabemos responder. Alguém viu uma nota de R$200 por aí?
História de Brasília
Não posso mais falar com minha vizinha aí do lado. Ela foi para outra página, enquanto nós registramos, daqui, nosso protesto ao Elton e Adilson. (Publicada em 23.02.1962)