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Paternalismo do governo: babá ou mestre que estimula a autonomia?
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Com a aproximação das eleições, os principais candidatos que irão participar da corrida presidencial fogem de assuntos polêmicos. Fazer cara de paisagem a esses temas é mais do que uma simples estratégia de marketing eleitoral recomendada pela maioria dos experts em propaganda política. Não falar em assuntos delicados, centrando o discurso em velhos chavões e promessas de um futuro cor de rosa que virá, é a escolha dos candidatos.
Expor a realidade com franqueza, apresentando a verdade nua e crua, diz a experiência, não rende votos e ainda por cima espanta o eleitor já cansado de más notícias. Dessa forma, questões como a reforma da Previdência, que, segundo os especialistas, necessita muito mais do que um simples ajuste, não é mencionada em sua forma correta. Nessa questão, dizer franca e abertamente que o modelo atual necessita ser totalmente reconstruído, de cima a baixo, com a criação de uma nova estrutura previdenciária, diversa da atual, ainda é tabu para a maioria dos postulantes.
Outro vespeiro, que afasta os candidatos do debate, é em relação ao prosseguimento do programa Bolsa-Família. Esse tema então, é ainda mais delicado, havendo candidatos que, alheios à realidade, prometem ampliar o atual modelo. Esse é o maior programa de assistencialismo do planeta, elogiado, inclusive por muitos países, pelo poder que possui de transferência de renda para famílias que nada possuem. O problema aqui é que, pela grandeza dos números e pelas implicações políticas e mesmo estratégicas, o Bolsa-Família parece ter adquirido vida própria, constituindo hoje um programa social que possui tanto aspectos positivos como negativos e que necessitam ser readequados aos novos tempos. O grande mal foi ter começado sem contrapartida.
Uma radiografia atual do programa mostra que hoje um em cada quatro brasileiros está inserido dentro do Bolsa-Família. São aproximadamente 46 milhões de pessoas, a maioria na região Nordeste. A partir de primeiro de junho desse mês, o Programa foi reajustado em 5,67%, com o valor médio passando dos atuais R$ 177,71 para R$187,79, um aumento que custará R$ 684 milhões esse ano, mas que irá beneficiar aproximadamente 14 milhões de famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza.
A um custo de cerca de R$ 30 bilhões ao ano, o Bolsa-Família é, na avaliação de especialistas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o único gasto público que realmente chega aos pobres. O Programa gasta 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e alcança 40% da parcela mais pobre do país. O Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea), que cuida do Bolsa-Família, lembrando que o Programa produz um alívio imediato de melhoria alimentar, ressalta que BF tem reflexos diretos na permanência dos alunos de baixa renda nas salas de aula.
Para essa entidade, o Bolsa-Família tem muita importância na vida das famílias de baixa renda e não deveria ser modificado conceitualmente, ou na sua forma de implementação, sem consulta à sociedade civil. O problema para muitos candidatos é como equacionar a questão desses benefícios com programas que apontem uma saída definitiva dessas famílias do assistencialismo do Estado, quando se sabe que em estados como o Maranhão, Piauí Alagoas e Ceará, aproximadamente 50% da população desses locais dependem exclusivamente do Bolsa Família. Maria do Barro, aqui em Brasília, distribuía telhas. Mas apenas para quem ajudou a fazer os tijolos.
A frase que não foi pronunciada:
“Se ao menos os candidatos às eleições 2018 acreditassem no que dizem…”
Dona Dita
Cuidado
Estranha a notícia de que a Polícia Militar Ambiental lança a ferramenta “Zap Adoção”. Trata-se de um cadastro de pessoas que estejam dispostas a cuidar de animais que sofrem maus tratos no DF. Cadastro de celulares parece uma iniciativa estranha. Bastava disponibilizar na página do GDF um telefone do governo para os interessados entrarem em contato.
Novidade
Uma ligação de Minas Gerais chega para quem fez uso dos serviços dos Bombeiros. O intuito é saber como foi o atendimento, quanto tempo levou, atenção dada pelos militares. Uma instituição como essa, que tem grande porcentagem de credibilidade da população, precisa menos desse tipo de retorno do que todas as outras instituições do país.
Árvore da Vida
Foi assim que o cemitério Morada da Paz de Natal resolveu o problema dos jazigos. No crematório do local, a família pode optar por usar as cinzas do ente querido no plantio de uma árvore no local. Rejane Mansur, bióloga, deu o seguinte depoimento: “É um projeto lindo e encantador, é uma maneira real de dar continuidade à vida, pois as cinzas são absorvidas pelas raízes, ajudando a muda a se desenvolver. Além de saber que não estarei poluindo o solo”.
Depois
Nos Estados Unidos chegou a Bios Urna. Em uma incubadora as cinzas já são misturadas com a terra. A semente é germinada com a ajuda de um sistema de rega incorporado a um sensor. Veja o vídeo no blog do Ari Cunha.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A Novacap precisa saber que a área do Distrito Federal está sendo vendida novamente. Diversos loteamentos e fazendolas estão sendo negociados dentro do quadrilátero. (Publicado em 24.10.1961)