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ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Educação de casa se leva à praça, já dizia o filósofo de Mondubim. Na Copa da Rússia, um país a 14. 400 Km distante daqui, não foi diferente. Nesse país, que foi o pioneiro da exploração espacial e que se situa como um dos melhores lugares em qualidade da educação, uma turma de brasileiros, vestindo a camisa amarela da seleção, que identifica a origem, mostrou do que somos capazes em matéria de grosseria, de desrespeito e de primitivismo. Comemorando um futebol xoxo, em que a principal estrela do time se sobressaiu apenas pelo corte exótico do cabelo, estilo miojo, esse bando de selvagens cercou uma jovem russa e com ofensas e expressões de baixo calão, entoaram uma música cuja a letra fazia uma referência explícita ao órgão genital da moça, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
O vídeo, que somente os idiotas são capazes de registrar, ganhou as redes sociais e viralizou em todo o mundo. Não será surpresa se as autoridades locais, depois de tomarem conhecimento desse material, processarem, punirem e posteriormente expulsarem esses bárbaros daquele país.
No Brasil, campeão mundial de casos de agressão à mulher, a repercussão deve ficar restrita apenas às milhares de manifestações de repúdio feitas nas redes sociais. Tivessem um pingo de bom senso esses insolentes saberiam que ofensas, principalmente de baixo calão, dirigidas as mulheres russas, são intoleradas naquela sociedade, ainda mais proferidas por estrangeiros.
Na realidade, esses desordeiros escaparam de serem linchados em praça pública, caso o episódio fosse percebido naquele instante. Escaparam ilesos graças a dificuldade da língua.
Esse episódio lamentável, e que agora corre nos expondo ao mundo, só vem acrescentar mais um capítulo à triste figura que fazemos perante o planeta de uma sociedade distópica, em que menores se drogam, são presos pela justiça e soltos pelas leis, bandidos exibem abertamente armas de guerra e em que as elites dirigentes estão entre as mais corruptas, indiferentes, e onde deputados presos continuam a legislar.
Faria muito bem, e serviria de exemplo, se as autoridades confiscassem os passaportes desses arruaceiros, impedindo-os de voltar a viajar novamente e de envergonhar os brasileiros de bem. Estragos diplomáticos como esse, pela sua repercussão e pelo grau de desrespeito ao ser humano, são capazes de provocar reações imprevisíveis, contaminando outras áreas.
O que esse bando e outros brasileiros que possuem condições financeiras para bancar viagens caras como essa não puderam perceber ainda é que cada um de nós, em visita a outro país, representamos um microcosmo de toda a nação. Quer queiramos ou não, quem ofendeu aquela moça russa, com modos bárbaros, fomos todos nós, indistintamente. Fatos como esse mereciam até um pedido de desculpas oficiais, feito em nome de todos os brasileiros.
A frase que foi pronunciada:
“Nenhum indício melhor se pode ter a respeito de um homem do que a companhia que frequenta: o que tem companheiros decentes e honestos adquire, merecidamente, bom nome, porque é impossível que não tenha alguma semelhança com eles.”
Nicolau Maquiavel
Mobilidade
Recebemos um rico material do Colaborador do Mobilize Brasil e do blog Brasília para Pessoas, Uirá Lourenço. Nessa semana foi feito um protesto contra as obras de imobilidade no final da Asa Norte. Diz o documento: “Lamentavelmente, a capital federal incentiva o transporte automotivo, não prioriza o transporte coletivo e abandona pedestre e ciclistas. Passar a pé e de bicicleta no final da Asa Norte está ainda mais desafiador. Os ônibus continuam superlotados e sem faixas exclusivas.” Vejam as imagens no blog do Ari Cunha.
Esclarecimentos
Estiveram ontem no Senado a Presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Suely Mara Vaz Guimarães de Araújo, Halpher Luiggi Mônico Rosa, que é Diretor Geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, e Wallace Moreira Bastos, Presidente da Fundação Nacional do Índio. O objetivo foi esclarecer pontos sobre a BR-319, que liga Manaus a Porto Velho.
Consome dor
Caminhoneiros protestam contra os cidadãos que se submeteram ao alto preço da gasolina imposto nos postos. O que aconteceu foi uma promessa solta ao vento de que os postos que abusassem do preço seriam multados. Nada disso aconteceu, o valor subiu e de brinde não há bojão de gás à venda.
Novidade
A Secretaria de Administração do GDF está convocando os fantasmas que estão em lugar incerto e não sabido, que recebem salário sem trabalhar, para acompanhar o Processo Disciplinar. No caso dos professores, a presença é solicitada pela Corregedoria de Educação, que fica no Edifício Sede da Secretaria de Estado de Educação, Unidade II, SGAN 607, salas 101/105.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Devido à paralisação completa do serviço de desapropriação das terras de Brasília, que vinha sendo levado a efeito pelo Estado de Goiás, antes da mudança, os negócios imobiliários irregulares estão se desenvolvendo assustadoramente, com sérios prejuízos para a Novacap. (Publicado em 24.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Millor Fernandes, talvez um dos poucos e últimos que entendeu tão bem o jeitinho da alma brasileira em todas as suas nuances de luz e sombra, pouco antes de falecer em 2012, resumiu com precisão o desbotado quadro ético da política nacional. Acabar com a corrupção, disse, é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder. Estivesse vivo hoje, embora pudesse contar para suas análises certeiras, com uma fonte abundante e inesgotável de escândalos produzidos diariamente pelo governo e as principais lideranças do país, por certo, já teria jogado a toalha e desistido de tentar decifrar uma nação tão singular quanto polêmica.
No caso que se apresenta agora, com relação ao contínuo aumento nos preços dos combustíveis, determinado pela novíssima política de liberdade tarifária adotada pela Petrobras, Millôr, já na década passada, havia profetizado numa frase sintética o verdadeiro sentido que se esconde por detrás do ufanismo pespegado a essa estatal e que faz dela uma espécie de ícone do nacionalismo caboclo. “O petróleo é nosso, mas a conta bancária é deles”, disparou.
De fato, essa empresa que vem desfilando impávida por governos dos mais diferentes viés ideológicos, servindo desde Getúlio, passando pelos militares até aos governos pós abertura, nunca escondeu, em suas diretrizes, agir em consonância direta com os ditames do governo de plantão, com os humores ciclotímicos do mercado, com as expectativas de grandes lucros dos acionistas e, finalmente, com muitos interesses em bônus e outras prebendas para seus executivos, incluídos aí, o enxame de políticos que sempre se acercou dessa empresa.
Para a população em geral, que desde a fundação dessa estatal tem apenas pagado para ver o tão propalado maná que esse gigante nacional irá fazer jorrar sobre todos, até hoje, para dizer o mínimo, se mostra decepcionada com os resultados práticos gerados até aqui. Não é para menos.
Embora as últimas pesquisas do Instituto Datafolha avaliem que há ainda uma maioria na população que se posiciona contra uma eventual privatização da empresa, um fato chama a atenção: quanto mais escolarizado são os entrevistados, mais alto é o índice em favor da privatização, não só dessa estatal, mas de todas as demais.
O fato é que, aos poucos, os brasileiros, de um modo geral, vão percebendo que o simples ostentar da crença de que possuímos uma poderosa estatal do petróleo e que por isso seguimos incólumes aos solavancos do mundo não é absolutamente um bálsamo para ninguém. Em meio à uma crise econômica que parece não arrefecer desde 2014 e que acabou por levar essa empresa ao fundo do poço da credibilidade, sendo inclusive processada por uma multidão de acionistas estrangeiros em bilhões de reais, a Petrobras continua apresentando um comportamento, digamos, incompatível com a realidade nacional momentânea.
Para um país que, por diversas razões, preferiu montar sua economia sobre uma infraestrutura predominantemente viária, movida a combustível fóssil, e que, ainda por cima, tem passado décadas atado à um monopólio cheio de contradições, os aumentos diários nos preços do óleo diesel e na gasolina, impostos pela estatal, demonstram, na prática e pela enésima vez, que esse exclusivismo, do tipo verde-amarelo, se resume à uma ilusão, construída ardilosamente apenas para manter um vivo, um mastodôntico que não se abala em pisar de novo na população.
A frase que foi pronunciada:
“A idade da pedra chegou ao fim, não porque faltassem pedras; a era do petróleo chegará igualmente ao fim, mas não por falta de petróleo.”
Ahmed Yamani
Defesa
Quem tem o hábito de ler o Jornal do Senado e o da Câmara sabe a importância desses veículos de comunicação. Novas leis que mudam a vida do povo são matéria dominante. São fontes e não fakes pagas com o dinheiro público. Devem ser respeitadas.
Mais movimento
Fábio Damasceno, Secretário de Mobilidade, informa que foram entregues mais duas estações de bicicletas compartilhadas na Asa Norte, nas quadras 408/409 e 410/411, região próxima à Universidade de Brasília. São ao todo, pela cidade, 47 estações.
Leitor
No DF, Parques e Jardins, ou suas terceirizadas, inclusive tratoristas, fazem o que querem com o verde da cidade. Cortam árvores sem justificativa, arrancam grama, não reutilizam as folhas. Aprendem o bê a bá da “desvegetação”. Dizem naturalmente que limpar é acabar com tudo. Deveriam ser cobrados regiamente. A opinião é de José Rabello.
Gratos
Nossos agradecimentos pela carinhosa missiva de Marcos Linhares.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O coronel Dagoberto entende. Entende mesmo, de comunicações. É sabido que o DCT sofre do emboloramento mental para as idéias mais avançadas, e luta contra o emperramento do serviço, e contra uma malta de ladrões que assalta as malas com valores. (Publicado em 20.10.1961)