O caminho do meio para as universidades brasileiras

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Marcela D’Alessandro

 

Em resposta à atenciosa carta enviada a essa coluna pela leitora Maria Celeste Dominici e que reproduzimos abaixo, rebatendo algumas afirmações contidas no editorial “As universidades e o caminho do meio”, publicado em 14 de dezembro, esclarecemos que em momento algum classificamos alunos e professores da Universidade de Brasília como “manada”, quando dissemos que: “A abdução de entidades representativas tanto dos trabalhadores na educação como dos próprios alunos pelos partidos de esquerda contribuíram para um maior distanciamento entre a sociedade e essas instituições, fato esse que acabou servindo de pretexto também para um certo clima de animosidade entre o atual governo de direita e as universidades.” Na realidade, e isso é do conhecimento público, tanto os diretórios estudantis como os órgãos representativos dos professores, não só das universidades, mas dos ensinos de base e fundamentais, vêm, há anos, sendo controlados e orientados pelos partidos de esquerda, ligados à CUT e a outros sindicatos de classe.

O que o editorial destacou como fundamental para uma instituição pública de ensino, financiada muitas vezes por aqueles que jamais terão condições de frequentá-las, é que ela se mantenha equidistante das ideologias dos governos de plantão, pelo simples fato dessas entidades serem permanentes, ao contrário de governos que vêm e vão ao sabor da predileção dos eleitores. A questão da pluralidade política dentro das universidades ainda é uma questão a ser resolvida entre professores e alunos, até para que essas instituições alcancem a sua verdadeira universalidade. Segue a missiva que compartilhamos com os leitores.

“Quero comentar uns pontos de tua coluna de 14 de dezembro, “Universidades e o caminho do meio”. Uma universidade com espírito verdadeiramente científico lida com todas as correntes de pensamento se não, deixa de ser uma universidade. Considerar que os estudantes e professores podem ser abduzidos por partidos de esquerda (ou de direita, ou de centro) é considerar que são uma manada, e não pessoas com senso crítico.

Se há identificação maior com uma ou outra corrente é necessário entender quais são as razões. Talvez as gritantes desigualdades sociais, raciais, de gênero e etc. levem as pessoas a questionarem mais e serem menos propensas a apoiarem o sistema gerador de tudo isso. Você disse que as universidades estão em permanente confronto com as autoridades. Acho que sempre há divergências, o que é totalmente normal, principalmente em um país que, entra governo, sai governo, a administração é sofrível. Não diga que estudantes e professores são militantes!!! A universidade tem a obrigação de levar ao estudante o espírito crítico, para que não seja, como se dizia na minha época, uma vaca de presépio. Precisamos cada vez mais de massa crítica. Para se chegar à verdade, científica, política ou qualquer verdade é necessária capacidade de análise, de reflexão, de crítica. Impossível a maturidade sem capacidade de crítica. Esse governo que se instalou nos deixa em depressão, porque é difícil encontrar alguma ação positiva. Abraços, Maria Celeste Dominici.”

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“É uma exigência da natureza que o homem de tempos em tempos se anestesie sem dormir; daí o gosto de fumar tabaco, beber aguardente ou fumar ópio.”

Goethe (1820), poeta alemão

Goethe in the Roman Campagna (1786) by Johann Heinrich Wilhelm Tischbein | Reprodução

 

 

Aptidões

Dib Francis acaba de criar um grupo no WhatsApp, onde pessoas preocupadas com o destino da Cultura na cidade têm a oportunidade de discutir e amadurecer ideias sobre o assunto, para arregaçar as mangas e trazer de volta à Brasília a arte de todas as formas. Silvestre Gorgulho e Luizinha Dornas fazem parte do grupo como destaque. Pela história, pelas ideias e principalmente pela acolhida dos que conhecem o trabalho deles.

 

 

Fé demais

Contendas sobre o museu da Bíblia começam. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal não reconhece o Museu da Bíblia como sendo de autoria de Oscar Niemeyer. Isso é um problema, já que a responsabilidade técnica do projeto precisa de um nome. A pedra fundamental foi lançada.

Museu Nacional da Bíblia. Foto: Divulgação

 

 

Embrapa-DF

Celso Luiz Moretti assume oficialmente a Presidência da Empresa. A decisão foi anunciada pela ministra da agricultura, pecuária e abastecimento, Tereza Cristina.

Foto: Robinson Cipriano/Embrapa

 

 

Novidade

TJ-TO fez mais do que pediu a apelante. Investigação de paternidade. Reconhecimento de paternidade. Retificação para acréscimo do patronímico paterno sem prejuízo da paternidade socioafetiva.

 

 

Parceria

Muita gente reclama que para colocar crédito no bilhete único só é possível com dinheiro vivo. O GDF tem suas razões. Mas seria interessante que o BRB, CAIXA e BB disponibilizassem caixas eletrônicos perto das centrais com a possibilidade de sacar pequena quantia em trocado.

Foto: TV Globo/Reprodução)

 

 

Emocionante

Coisa boa é para ser divulgada. Em horário especial, a criançada diagnosticada com autismo é recebida pelo Papai Noel do Brasília Shopping. Sem aglomeração de pessoas, os pequenos ficam mais à vontade para realizar o sonho de trocar algumas ideias com o bom velhinho.

Karen Catite tira foto do filho, João, com o Papai Noel — Foto: Nicole Angel/ G1

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

É comum o cancelamento de voo por deficiência técnica. (Pouco passageiro para embarcar). É comum o atraso de aeronaves, durante horas. É comum a substituição de equipamento à última hora. Tudo isto, sem que a empresa relapsa se sinta na obrigação da mínima explicação ao passageiro. (Publicado em 12/12/1961)

Falhas no ensino público

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Charge do Benett

 

É preciso reconhecer que o modelo de escola pública no Brasil vem, ao longo das últimas décadas, num ciclo de mudança contínua, não em busca de um aperfeiçoamento para melhor se adequar à evolução natural da sociedade, mas, sobretudo, para atender às obrigações mínimas do Estado impostas compulsoriamente pela legislação.

Nesse ponto não admira que a cada governo haja sempre movimentos tendendo a modificar as leis que versam sobre os deveres do Estado com a manutenção de escolas públicas. Além dessa descontinuidade, nociva para o processo ensino/aprendizagem que se sabe ser de longo prazo, o que se observa é o aumento no desinteresse dos governantes sobre um tema que parece não render resultados do tipo utilitarista e imediato, seja em popularidade, seja em produção de votos.

De fato, o Estado vem tirando o corpo fora dessa questão ao longo dos anos. Educadores, na sua grande maioria, reconhecem que a falência progressiva do ensino estatal, ou mais precisamente das escolas públicas, ao empurrar o grosso das classes de maior renda para as escolas particulares, justamente aquela de maior expressão política e que maior pressão sempre fez pela qualidade do ensino, retirou do governo o que parecia ser um ônus e obrigação aborrecida.

A migração maciça da classe média para longe das escolas do Estado abriu uma espécie de oportunidade para que as autoridades lavassem, literalmente, as mãos sobre esse assunto. Hoje não há como negar que o ensino público vive seu pior momento. Na verdade, é possível falar de um sucateamento das escolas e, sobretudo, do ensino público. A questão vem num crescendo paulatino. A cada novo governo, anunciam-se reformas que se sabe limitadas a um horizonte de não mais de quatro anos.

Governo federal, estadual e municipal não dão continuidade aos programas estabelecidos, preferindo criar seus próprios planos para o setor. Com isso, de ruptura em ruptura, o que se obtém é um modelo de ensino que frequentemente se mostra débil a cada exame de avaliação, seja nacional ou internacional, como é o caso do Pisa, elaborado pela OCDE a cada três anos. Como resultado dessa desigualdade que se observa na qualidade entre o ensino particular e o ensino público, é que as vagas nas universidades do Estado são majoritariamente ocupadas pelos alunos que tiveram sua formação em estabelecimentos privados. O mesmo acontece nos concursos públicos, onde esses mesmos alunos se saem melhor. Dessa forma tem-se que as escolas públicas, por sua baixa qualidade, acabam por alimentar e induzir, de forma brutal, a desigualdade social no país, o que pode ser entendido também como um apartheid educacional.

Outro aspecto a reforçar esse descompromisso com algo tão fundamental pode ser notado com a progressiva desvalorização do professor como profissional. Para se ter uma ideia desse descaso com uma categoria, que deveria ser essencial para o desenvolvimento do país, apenas o que muitos políticos ganham extraordinariamente a título de auxílio-alimentação, supera muito o que recebe a maioria dos professores pelo Brasil.

Não surpreende que essa seja hoje uma das profissões com as menores procuras no mercado de trabalho por parte dos jovens. Para esse problema específico, a resposta mais imediata, e também a que menos tem chance de ser aprovada pela classe política, é estabelecer os salários dos professores como o teto para o funcionalismo público. Mas esse é um sonho demasiado óbvio e distante enxergado por nossas autoridades, mas que, em países como o Japão, é, em parte, já uma realidade.

Talvez isso explique em parte o sucesso desse pequeno país. Infelizmente já se sabe que não adianta incluir a prioridade absoluta da educação em nossa Carta Magna. A instabilidade jurídica que vivemos por conta de uma corte suprema movida a razões políticas/partidárias pode facilmente mudar também esse entendimento. Por outro lado, é conhecida a má vontade dos políticos sobre temas dessa natureza. Com isso, parece caber, exclusivamente à sociedade, o trabalho de cobrar e pressionar para que os futuros eleitos tenham essa questão como prioridade.

Há ainda outros aspectos fundamentais que precisam ser postos em prática, como é caso da formação adequada de professores e outros trabalhadores da educação para que impeçam que nossas escolas funcionem como repartições públicas, burocráticas e pouco eficientes e que esses estabelecimentos públicos não se transformem em redutos corporativos e guiados por facções político-partidárias, como vem acontecendo

Ensinar aos alunos os fundamentos da ciência humana política é uma boa prática. O que não se pode permitir, de forma alguma, é que as escolas passem a ser usadas como palanques para pregações ideológicas ou que se transformem em puxadinhos de partidos políticos como querem os sindicatos da categoria.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando temos a oportunidade de nos reconhecermos e de nos valorizarmos, inclusive nas nossas diferenças, oferecemos ao mundo uma palavra de esperança capaz de animar e apoiar aqueles que são sempre prejudicados pela divisão.”

Papa Francisco

Foto: Paul Haring/CNS.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os fiscais sanitários aprovados no concurso da prefeitura estão fazendo um movimento para que saíam logo suas nomeações, e alegam, para isto, o estado de sanidade da maioria dos bares da Capital. (Publicado em 06/12/1961)