Juristocracia danifica a democracia

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Charge do Duke

 

Criada pelo cientista político canadense Ran Hirschl e apresentada em seu livro “Towards Juristocracy”, a expressão juristocracia nunca esteve tão em voga no Brasil como nos dias atuais. Por juristocracia se entende como sendo um sistema de governo, note bem, não democrático, posto que as decisões de Estado, que normalmente ficam no âmbito do Poder Executivo, acabam ficando a cargo exclusivo de juízes, desembargadores e magistrados. Há aí, uma hipertrofia do Poder Judiciário em relação as demais instituições da República. Em nosso caso particular, essas decisões, de grande relevância para o funcionamento de toda a máquina do Estado, estão hoje, em grande parte, concentradas nas mãos dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), mais especificamente nas duas turmas criadas por essa Corte.

Para tanto, muitos especialistas nesse tema apontam que esse comando do Estado vai sendo processado através de mecanismos judiciais casuísticos, obrigando a sociedade, bem como as instituições todas, a uma visão de governo subjetiva, nascida, unicamente, da cabeça de juízes que, por sua vez, agem em nome de determinados grupos políticos e ideológicos, normalmente aqueles que em alguma ocasião indicaram seus nomes para esse posto.

Em suma, é exatamente o que temos assistido nos últimos tempos, sempre que uma ou mais questões de importância imediata para o Estado Democrático de Direito e para a Nação ficam em suspenso até que suas excelências, do alto do olimpo, emitam o tão celeste parecer. É, em última análise, a repetição, em forma de farsa, do que acontecia na Grécia Clássica, quando decisões importantes só eram tomadas depois de uma consulta aos Oráculos de Delfos e as Pitonisas.

É por esse perigoso arremedo de democracia que vamos adentrando desde que a Constituição de 1988, confeccionada nessa parte apenas por juristas, transformou o STF na mais poderosa Corte do Ocidente, não apenas em termos institucionais que lhes são próprias, mas outorgou a essa instância poderes concentrados tanto em temas constitucionais quanto em questões revisionais.

A essa soma descomunal de atribuições, permitiram ainda que a Suprema Corte se tornasse, diante do espanto geral, em instância penal. Dessa forma, o que os cidadãos têm assistido, entre abismados e revoltados, é o Supremo insistir em confeccionar leis, reformando-as ao seu alvitre, julgá-las e, ao mesmo tempo, condenar ou absolver de acordo com ciclotimia dos humores de cada um desses juízes.

Para complicar uma situação que em si tem acarretado grandes transtornos ao país, muitos desses ministros sequer são juízes de carreira, ou mesmo apresentam ser, como manda a Magna Carta, detentores de notável saber jurídico.

A frase que foi pronunciada:

Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.”

Charles Chaplin

Charles Chaplin. Foto: General Photographic Agency Hulton Archive/ Getty Images

 

Recuperação

Agência Brasília divulga que programa vai recuperar 40 hectares na orla do Lago Norte. Espécies nativas do cerrado serão plantadas. Iniciativa interessante seria revisar as nascentes que desaguam no lago. De mapas antigos, muitas já não existem mais. Sarney Filho explicou que o trabalho é parte do projeto de recuperação da orla tanto no Lago Sul quanto Norte, para garantir que o Paranoá cumpra suas funções ecossistêmicas.

Foto: Divulgação/Rede Terra

Dica

Muita gente reclama de caçambas e contêineres nas ruas da cidade. É bom conhecer a Lei 6157/2018.

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília/Divulgação

Pé do ouvido

Mortes por desespero aumentam na pandemia. O assunto é proibido.

Ilustração: medicinasa.com

Genialidade vs Estupidez

Financeiramente, o BINA representa um patrimônio muito maior que, por exemplo, a Petrobras. Basta imaginar o mundo inteiro servindo-se da tecnologia brasileira sem pagar um tostão pelo Royalty. Trilhões de dólares desprezados pela ignorância de gestão. Nelio Nicolai faleceu sem receber o reconhecimento pela invenção. Mesmo que tivesse sido assistido por outros gênios, merecia que seu próprio país o compreendesse.

Nélio Nicolai, o inventor do Bina – Foto: Wilson Pedrosa/AE

Ricos, pobres e leitura

Notícia que tem assustado é a possibilidade do aumento de preço dos livros. Em documento, o tributarista Luiz Bichara diz que o governo está usando uma estatística sobre leitura e poder aquisitivo bastante turva, já que desconsidera o livro didático, que também, possivelmente, não terá mais isenção. “Estão usando a estatística como bêbado que usa o poste mais para se apoiar do que para iluminar”, diz Bichara.

Foto: Divulgação/ Livraria da Travessa

História de Brasília

A exigência de número excessivo de apartamentos também merece revisão. O professor Hermes Lima sabe que os Ministérios que não querem vi para Brasília estão criando dificuldades com pedido de número excessivo de apartamentos quando se sabe que as necessidades são bem menores. (Publicada em 30.01.1962)

Lula volta em clima de velório nacional

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Charge do Cláudio Aleixo

 

Pelas consequências e repercussões extremamente negativas que trouxeram para a vida nacional, afetando de modo direto a política, a sociedade e a economia, e ainda pelos desdobramentos imprevisíveis que trará para o futuro próximo, a decisão tomada há pouco pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anulando três processos contra Lula, ainda é o assunto que, queiramos ou não, ocupará por um longo tempo todas as pautas de notícias, dentro e fora do país.

Não pela surpresa da decisão monocrática, vinda de um notório simpatizante do lulopetismo e por essa mesma turma indicado a mais alta corte, mas pelo anacronismo da medida e falta de percepção e sensibilidade, como o momento de extrema comoção nacional experimentada pelos brasileiros diante do grande número de mortes diárias, fato esse que coloca o Brasil no topo da lista mundial de vítimas dessa virose.

Até por respeito ao cenário de velório, interno e externo, essa não era a hora apropriada para tentar ressuscitar esse ajuntamento de malfeitores que tanta vileza causaram ao país e que a população, em peso nas ruas, já fez saber a todos que não quer de volta. Até mesmo as pedras portuguesas da Praça dos Três Poderes sabem que a decisão de remeter todo o imenso processo para o fórum de Brasília atende mais as exigências dos renomados e caros escritórios de advocacia do país do que qualquer outro motivo ou razão de justiça.

Por aqui e sob o olhar vigilante dessa junta de causídicos milionários, todo o processo adentrará para o labirinto de filigranas herméticas, donde só sairá depois que tudo for esquecido e se converter em mais uma página virada a retratar o poder perene da impunidade em nossa triste República.

Em mais esse imbróglio que o STF mete o país, causa indignação, aos cidadãos de bem, o fato de o também egóico e “rabulesco” ministro Gilmar Mendes, amparado pelas escutas ilegais de hackers criminosos, pretender lançar o probo ex-juiz Sérgio Moro na arena dos leões, sob o argumento de que não se pode combater crime com outro crime.

Ao aceitar supostas provas, obtidas por meios ilícitos por um bando de aventureiros a soldo de políticos de mãos sujas, o Supremo pode ter aberto, sem se dar conta, a caixa de Pandora, onde ainda jaz adormecida a Operação Castelo de Areia, deflagrada em 2009 contra a construtora Camargo Corrêa e então comandada pelo então juiz Fausto de Santis. Naquela ocasião, a 6ª turma do Superior Tribunal de Justiça considerou nulas a obtenção de provas, sendo suspensas por decisão do então presidente do STJ, Asfor Rocha, e que, segundo delação de Antonio Palocci, teria recebido, além da quantia de R$ 5 milhões para enterrar o milionário processo, uma promessa feita diretamente por Márcio Thomaz Bastos de uma vaga no Supremo.

Ao aceitar as escutas clandestinas, que também, segundo alguns analistas, trazem implicações de ministros das altas cortes, o Supremo pode ter escancarado as portas não apenas para o livre trânsito e retorno de toda a turma do mensalão e petrolão, mas, de quebra, de todos os grandes corruptos das últimas décadas. Trata-se de uma multidão que daria para lotar o estádio Mané Garrincha.

A frase que foi pronunciada:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”

Rui Barbosa

Foto: academia.org

Novidade

Governo anuncia a vacina nasal brasileira contra o Covid-19. As pesquisas são coordenadas por bolsistas PQ do CNPQ.

Cartaz publicado no perfil oficial do ministro Marcos Pontes, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, no Instagram

Elas

Recebemos a notícia de que o poeta e jornalista Linhares acaba de assumir a assessoria da Associação dos Papiloscopistas da Polícia Civil do DF. Chegou na gestão da primeira mulher a dirigir a instituição, Maíra Lacerda. Veja, no link Dia Internacional da Mulher, filmete produzido pelas mulheres da instituição. Elas têm a força!

Reprodução: vídeo publicado no perfil oficial da ASBRAPP no Instagram

Infelizmente

Mais uma restrição imposta pelo Covid gera a aflição de milhares de candidatos. A PF adia as provas do concurso marcadas para o dia 21 deste mês. Para quem passa anos estudando, é uma notícia bombástica.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Isto, no dia 26 de setembro de 1961. No dia 9 de janeiro de 62, com as coisas muito mais caras, portanto, o presidente Pery Rodrigues estabeleceu o preço de Cr4 17.900,00 para o aluguel dos mesmos apartamentos. (Publicado em 26/01/1962)

Mudar o modelo para mudar

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Charge do Amarildo

 

No infinito rol das chamadas heranças malditas, legadas do lulopetismo, depois de mais de uma década de desmandos, sem dúvida alguma, hoje podem ser acrescidos mais algumas de igual ou maior efeito danoso para todos. De saída, já se sabe que a eleição que catapultou Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto foi toda ela construída e aplainada pelo pavor popular de um possível retorno das esquerdas ao Poder.

Foi justamente essa brecha, composta de medo e repulsa, que permitiu que um ex-deputado inexpressivo e radical conseguisse o que parecia impossível até a undécima hora: se eleger presidente da República. Portanto, é ele próprio, por tudo que já vimos, a personificação de um legado deixado pelo último baile ou festim petista. Incluem-se ainda nesse rol de infortúnios deixados para trás, mas com repercussões no futuro, boa parte do atual parlamento que, mesmo teoricamente renovado nas últimas eleições, fez brotar das cinzas, com mais vigor e apetite, o bloco do centrão, uma reunião de dispostos a tudo em troca de vantagens. De quebra, foram deixados, de forma vitalícia, um conjunto de ministros indicados pelo Partido dos Trabalhadores e com assento nas altas cortes, para comandar o festival de impunidades em benefício de seus padrinhos, grupo ao qual foram acrescidos, ainda, os indicados pelo ex-presidente Temer, bem como o escolhido pelo atual presidente.

Trata-se aqui de uma herança e tanto e que parece esticar, para um futuro longínquo, as agruras vividas pela população, desde a inauguração deste século. Estamos em maus lençóis, envoltos numa crise institucional sem precedentes e que vai sendo agravada por uma pandemia de longa duração e de efeitos letais para a população e para a economia.

Nada tão parecido e próximas, umas das outras, do que as pontas extremas de um arco aberto. Dessa forma, falar em harmonia e independência dos Poderes, como palidamente manda a Constituição, diante de um cenário como esse, é sem sentido. Estão todos umbilicalmente ligados pela origem e pela finalidade de propósitos: manter o status quo, as vantagens e os privilégios.

Para a consecução desses propósitos perenes, é preciso que todos se protejam mutuamente, formando, em torno daqueles que buscam fugir da verdadeira justiça, um cordão de isolamento, com cada um recorrendo as prerrogativas que têm em mãos. Em meio a esse banzé institucional, que nos congela no tempo e espaço e vai nos empurrando de volta à rabeira do mundo civilizado, confirma-se a tese de que temos o que escolhemos ter, tal qual um supliciado escolhe a forma como quer ser sacrificado.

Com uma realidade pintada com esses tons de cinza, falar em politização da justiça, ou no seu inverso, que seria a judicialização da política, dá no mesmo, remete-nos às suas causas primeiras, quais sejam os modelos de escolhas tanto de representação política, como para ministros para a composição do Supremo. Ou mudamos o modelo ou o modelo continua a garantir que nada mudará.

A frase que foi pronunciada:

A educação é transformadora. É por meio dela que crescemos enquanto indivíduos e sociedade, e é disseminando-a que proporcionamos às próximas gerações um futuro melhor. Dentre os principais papéis do Estado moderno, talvez o mais importante seja o de prover a educação aos cidadãos. Sem ela não haveria desenvolvimento, ordem ou progresso: não haveria democracia. Ao garantir o pleno acesso à educação, o Estado realiza um investimento no futuro da nação, pois proporciona a cada vez mais indivíduos a oportunidade de contribuir com o desenvolvimento do país. Por isso, os Correios têm orgulho de participar, há 26 anos, do Programa Nacional do Livro Didático.”

General Floriano, presidente dos Correios

Penúria

Autônomos que trabalham com eventos, em todo o país, passam por apuro completamente desamparado pelo governo. Músicos, técnicos de som, imagem, estão sobrevivendo a duras penas para obedecer às regras. O caso não pode ser ignorado. Inclusive os grandes eventos já realizados deveriam ser pagos no mesmo prazo em que as grandes instituições financeiras cobram. A verdade é que levam mais de três meses para pagar, o que dificulta mais ainda a vida dos trabalhadores.

Foto: Alasdair Elmes / Unsplash

 

Ação

Pais de alunos de escolas particulares chegaram ao veredicto. Como o governo não consegue organizar a volta às aulas nas escolas públicas, quer interferir nas escolas particulares para não parecer incompetência. A revolta está crescendo. Enquanto isso, no Sacre Coeur de Connecticut, as aulas, esportes, artes, tudo funciona 100%. E com apoio do governo.

Foto: TV Globo/Reprodução

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Efetivamente, as diárias foram pagas, no começo da transferência, para os funcionários que deveriam se adaptar em Brasília. E era merecido demais, porque as despesas com mudança sempre atingem o orçamento do funcionário pelo menos durante um ano. (Publicado em 27/01/1962)

Um mundo de ficção

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Foto: agenciabrasil.ebc.com

 

Bastaram as transmissões ao vivo pela televisão mostrando os trabalhos realizados no plenário do Supremo Tribunal Federal, para os membros da alta corte serem apresentados um a um para a população brasileira. Assim, os brasileiros passaram a identificar cada um dos juízes, melhor até do que faziam com a escalação e os nomes dos jogadores da seleção de futebol.

Com a ajuda da imprensa, que traduzia o linguajar empolado do jurisdiquês dos ministros, a nação passou a entender o que se passava por detrás das paredes de vidro desse tribunal e que temas de grande repercussão para todos eram ali julgados. Mais importante ainda, os brasileiros passaram a compreender a importância e o significado de cada causa ali dissecada. Tudo isso somado à sabedoria popular, resultou numa visão e, por conseguinte, numa avaliação da mais alta corte do país.

Infelizmente, o que o grosso da população viu e ouviu, ao longo desses últimos anos, não agradou. Pior, nas várias situações em que esteve em jogo e em julgamento a vontade e o desejo dos cidadãos por um novo Brasil, a Suprema corte conseguiu a proeza de decepcionar as expectativas de cada um dos duzentos milhões de brasileiros. Aos poucos, cada um desses personagens da capa preta foi caindo no conceito da nação. De ilustres e doutos magistrados passaram, em pouco tempo, a algozes dos desejos da população. Como resultado desse processo de desnudação ao vivo, os brasileiros puderam enxergar o que existia por baixo das togas negras. O que se viu não foi do agrado da nação.

Não surpreende que, em pouco tempo, esses personagens, tão logo identificados, passassem a ser hostilizados pelo público com vaias e xingamentos, nos aeroportos, nas ruas e em restaurantes. A situação de animosidade levou a suprema corte a criar um esquema de segurança extra. Nos embarques e desembarques desses magistrados pelos aeroportos do país, foram adotadas medidas de proteção extraordinárias, com salas reservadas e exclusivas para aguardar os voos longe do público.

Essa contradição surreal que fez com que os personagens que eram mostrados ao vivo nas telas de televisão passassem a serem escondidos da população em ambientes reais, serve muito bem para descrever o Brasil atual, onde o mundo de ficção vivido pelos altos escalões da República dista anos luz da cruenta realidade nacional. De fato, nas imagens dos canais exclusivos, o Brasil ficcional é mostrado em cores vivas. Não admira que, em seguidos e recentes levantamentos de opinião pública, a avaliação do Supremo Tribunal Federal só não está pior do que a do Congresso Nacional, considerado também muito ruim pelos brasileiros.

Pela pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha, quatro em cada dez brasileiros consideram ruim ou péssima a atuação do Tribunal. Já o Congresso é visto como péssimo por 45% da população. Essa crise de credibilidade que atinge o sistema de justiça brasileiro não se restringe apenas a mais alta corte, mas perpassa todo o judiciário.

Mesmo na avaliação de alguns políticos que trabalham para restringir e trazer para a realidade o caudaloso sistema de benefícios que os juízes acumulam, são unânimes em reconhecer que a justiça perdeu a compostura, esquecendo a realidade nacional e o que significa, de fato, uma Nação. Os descalabros nos vencimentos, com juízes recebendo muito acima do teto constitucional, comprando lagostas e vinhos caros para suas solenidades, além de auxílio moradia e vale-refeição, cujos valores superam o que é pago para os professores, são vistos pela sociedade como uma afronta à real situação de grande parte dos brasileiros. Nada que a lei proíba, mas que deveria envergonhar a consciência.

Chama a atenção a discrepância de tratamento dado pela justiça àqueles que podem bancar caros escritórios de advocacia, o que só faz aumentar a certeza de que a justiça, como manda a Constituição, jamais foi ou é igual para todos. Enquanto pessoas sem recursos são presas por anos a fio por furtarem um tubo de pasta de dente, outros mais aquinhoados roubam bilhões dos cofres públicos e são libertos da cadeia por firulas e filigranas encontradas pelos doutos nas entrelinhas da lei.

Ao tomar conhecimento de que possuímos um dos mais caros sistemas judiciários de todo o planeta e também um dos mais benevolentes com criminosos, especialmente aqueles de colarinho branco, que outra avaliação poderia ter a população sobre nossa justiça, nossos juízes, desembargadores, ministros e outros que compõem esse time da lei?

 

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Se um menor é preso por uma situação análoga ao homicídio, a realidade da vítima morta é análoga a quê?”

Dúvida que não quer calar

Charge do 7 Bello

 

 

De graça

De Comercial a Cultural. É assim que o SCS está se firmando com a decadência do aluguel de salas e lojas pela região. O Museu dos Correios com belas exposições, o Clube da Bossa com shows super agradáveis e agora o encontro na praça central nos dias 4, 11 e 25 de janeiro para um Tour do Graffiti (as inscrições são gratuitas e podem ser feitas em https://www.sympla.com.br/scstour). Sempre às 15h.

Grupo de estudantes visita o Setor Comercial Sul (Foto: Adauto Menezes/Divulgação)

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A coleta do lixo da superquadra 107 está sendo feita em lugar errado: pela área verde entre a quadra e o SCL. Há vários inconvenientes: os trabalhadores falam alto, discutem, soltam palavrões, e seus caminhões fazem um barulho infernal. (Publicado em 13/12/1961)

O preço da fama

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Charge do Cazo

 

De acordo com levantamento feito pelo Índice de Confiança na Justiça (ICJ), um órgão ligado à Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, mostrou que apenas 24% da população em 2017 confiava no trabalho do Supremo Tribunal Federal e na justiça brasileira de forma geral. Trata-se de um índice baixíssimo que colocou essa Corte numa posição delicada e negativa diante da opinião pública do país.

Pesquisa feita também pelo Instituto Ipsos, no mesmo período, reforçou essa avaliação, o que mostrou o Supremo como a instância com maior reprovação por parte dos brasileiros. Nessa mesma pesquisa, o ministro Gilmar Mendes aparecia, individualmente, como líder absoluto no quesito pior avaliação. Sua desaprovação naquela ocasião era superior a 67% e aumentava de acordo com a maior escolaridade do entrevistado e à medida em que ele ia ficando conhecido do grande público.

Os embates desse ministro contra o Ministério Público, desqualificado por ele com todo o tipo de adjetivos, desde gentalha sem honra ou que utiliza métodos de gangsters para amedrontar, tem levado a opinião pública, de forma geral, a identificar esse magistrado como alguém contrário às medidas saneadoras que vêm sendo realizadas pela Operação Lava Jato e congêneres. Certa ou errada, a opinião dos brasileiros sobre esse juiz e outros que seguem o mesmo entendimento contrário às ações de limpeza, levada a cabo pelos procuradores do Ministério Público, caíram no desagrado da população, que passou a identificá-los como indivíduos que se colocam na defesa do Status Quo e, portanto, contra um novo Brasil, que apesar de tudo, insiste em renascer.

Hoje já se sabe que os brasileiros conhecem mais de perto esses onze ministros do que conhecem a escalação da Seleção de Futebol. O motivo para esse estreitamento inédito foi, obviamente, motivado pela transmissão, ao vivo, das sessões do Supremo no rádio e na TV. Com isso, as sessões dessa Corte passaram a despertar a curiosidade da sociedade sobre a atuação do Judiciário, antes um poder hermético e distante do dia a dia dos brasileiros.

Não é por outro motivo que, nos julgamentos de maior repercussão e de interesse público, essas plenárias chegam a registrar altos índices de audiência. Dessa forma, se por um lado as transmissões ao vivo trouxeram maior proximidade entre a Suprema Corte e os cidadãos, por outro lado, e não podia ser de outra forma, geraram descontentamentos e outras manifestações populares, da mesma forma como acontece com a atuação de um treinador ou jogador de futebol.

O fato é que ao se expor perante os brasileiros, mostrando quem são, o que pensam e como agem em determinados momentos, os ministros do STF ganharam uma notoriedade antes impensável e naturalmente sujeita às oscilações de ódio e amor por parte do grande público.

Ameaçar com processo aqueles que eventualmente os criticam não vai render maior popularidade, respeito ou temor a essa Corte. Bem ou mal, esse é o preço da fama.

 

A frase que foi pronunciada:

“A tragédia quando somos famosos é que se tem de devotar tanto tempo a ser-se famoso.”

Pablo Picasso

Foto: escritoriodearte.com

 

Menos privilégios

Recebemos de Aldo Paviani, geógrafo, missiva sobre protestos em relação aos gastos da Câmara Legislativo. Diz o leitor: Acompanho com muito interesse as mudanças em curso, sobretudo as que aumentam o gasto com dinheiro público – dos impostos que a população recolhe. Assim, anotei o projeto de um deputado distrital que propõe um privilégio inconcebível: colocar no orçamento da Câmara Distrital verbas para bilhetes aéreos. Com isso, alguns (não todos) deputados distritais poderão viajar a “trabalho” fora do Distrito Federal. A pergunta que se faz é “que tipo de trabalho farão os deputados distritais fora do DF”?

Charge: jornalconversainformal.blogspot.com.br

 

Mais ação

Pondera Paviani: Pressupondo que esses interesses sejam justificáveis do ponto de vista social e político, é sensato considerar ainda que a bancada distrital deva passar o “trabalho” externo à expressiva bancada federal, que já tem a seu encargo tratar dos interesses do DF, de outros Estados e de projetos nacionais. Os deputados distritais poderão estancar este e outros privilégios, com o que fecham o dreno de privilégios. Esses recursos devem ser canalizados e aplicados na educação, saúde e transporte público – especialmente o trem metropolitano. A ferrovia faz falta, como se percebe.

Foto: agendacapital.com.br

 

Pé no chão

Que o trabalho que o deputado proponente deseja realizar fora do quadrado possa ser feito de ônibus, o que contribuiria para melhor compreensão das demandas dos 3 milhões de habitantes do DF e dos quase 1,3 milhões de brasileiros/brasilienses que vivem nos 12 municípios componentes da Área Metropolitana de Brasília (AMB), em organização, finaliza o leitor.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os que quiseram plantar, produzir, receberam a terra bruta, sem nenhum tratamento, sem um arado, sem uma estrada, virgem como nasceu. Esta, a razão de muito poucos estarem produzindo em Brasília. E quando produzem, não têm tempo para vender. Entregam aos intermediários, que estão ganhando além do normal. (Publicado em 15.11.1961)

O valor inestimável da prudência

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: expressaobrasiliense.com
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         Poucas coisas nesse mundo resistem à ação profilática da luz intensa. Nem o mofo dos armários e baús, muito menos o bolor moral e ético, quando exposto, ao vivo, sob os holofotes da TV pública, ocasião em que ficam submetidos aos olhos e ouvidos da população atenta.

         Os julgamentos do Supremos Tribunal Federal, transmitidos ao vivo por TV aberta para todo o país, tiveram o condão de criar na população uma certa intimidade com o dia a dia daquela Corte, semelhante ao que ocorre nas telenovelas, aproximando telespectadores e atores numa típica relação humana onde o amor e ódio vão se alternando no mesmo espaço e tempo.

         Mesmo o diálogo empolado dos ministros não tem sido empecilho para que o povo passasse a acompanhar com atenção o desenrolar das sessões, atraído por cada lance da longa dramaturgia, revelando os atos de corrupção que infestam o Poder e vêm sendo apresentados em capítulos desde junho de 2005. Os casos que vieram à tona do Mensalão e do Petrolão, indo muito além do que a própria ficção, acabaram por se transformar numa espécie remodelada de antigo folhetim ao qual se juntaram, além dos personagens envolvidos na trama original, todos aqueles incumbidos de fazer cumprir a lei. Dessa forma, ganharam destaque nessa trama, além do juiz Moro e sua equipe, os 11 integrantes do STF, a quem estava reservada a palavra final sobre o destino dos acusados. A partir desse momento, ao acompanhar o epílogo dessa trama policial, a população passou a identificar e a separar, dentre os 11 personagens de capa preta, aqueles que abririam as portas para a chegada de um novo Brasil, daqueles que, usando das filigranas e dos labirintos intrincados da lei, pretendem ainda manter o status quo, quer por convicção moral, ou por mesura àqueles que os alçaram a mais alta Corte.

          Obviamente que o público passou logo a separar, dentre esses personagens, seus heróis e seus vilões favoritos. Muitos desses protagonistas ainda buscavam, voluntária e insistentemente, a luz da imprensa para reafirmar suas posições dogmáticas, o que fez, naturalmente, aumentar a ira da população, já atiçada e antagonizada entre coxinhas e mortadelas. O resultado de tanta exposição não poderia ser outro: estigmatizados quando apanhados distraídos em meio à multidão, muitos desses ministros passaram a ser alvos de todo o tipo de críticas e de linchamento moral.

         Para complicar ainda mais um enredo que já era surreal e inamistoso de parte a parte, a Corte resolveu alugar uma sala vip no aeroporto internacional de Brasília, para separar as novas celebridades do grande público, usando para isso, acreditem, recursos da própria população.

         Sob o pretexto de segurança dos ministros, assustados com a popularidade negativa, R$ 374,6 mil dos cofres públicos foram destinados a esse mimo, que contraria o mais básico de todos os preceitos da Constituição que afirma em seu artigo 5º “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade…”

         Num país ideal, nessa sala VIP, onde caberiam todos os brasileiros de bem, esse conjunto de três letras significaria simplesmente o Valor Inestimável da Prudência.

A frase que não foi pronunciada:

“Mensalão, 13 anos.”

Lembrete na geladeira

Charge: tarauacanoticias.blogspot.com
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Hackers

Material interessantíssimo nos foi enviado por Camile Freitas sobre a Cylence, que desenvolve estratégias para combater a engenharia social. Nossa coluna já falou sobre o assunto. Engenharia social são artimanhas manipuladoras de hackers usando a vaidade ou a ingenuidade dos internautas para roubar dados. Anexos para serem abertos com o convite: lembra da nossa infância? Parabéns, você ganhou! Seu contracheque saiu, veja o que faltou no seu imposto de renda… e por aí vai.

Vergonha

Quem cai no golpe online, ou ataque de engenharia social, fica escondido para não parecer tolo. Essa é a principal razão que mantém os cibercriminosos a não desistirem. Vale conhecer o portal. Veja no blog do Ari Cunha www.cylance.com.

Entrada franca

BSB Cidade Design. Laboratório de criatividade em artes plásticas, arquitetura, música, Brasília é sede da BSB Cidade Design. A mostra reúne trabalho de 25 artistas com obras individuais e coletivas. Músicos de Brasília vão tocar para os visitantes da exposição toda sexta e sábado, das 17 às 22 horas. A mostra é coordenada pelo Instituto do Terceiro Setor, instituição sem fins lucrativos, que apoia e viabiliza projetos no campo sociocultural, em parceira com a Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer e o Ministério das Relações Exteriores. Até 7 de julho. Dê uma espiada nos detalhes da exposição no blog do Ari Cunha.

Clube Nipo

Inácio Satoshi Takeuti, Flávio Hideo Mikami, Nelson Itiro Miura e Washington Takeo S. Shinohara estão preparando uma bela quermesse nesse fim de semana. O segredo para curtir é chegar cedo.

Foto: facebook.com/festajuninadonipo
Foto: facebook.com/festajuninadonipo

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Hoje é o aniversário de Goiânia. A Goiânia pequena, mas movimentada, com seu povo livre e contente, Capital da Legalidade, deu alto o seu grito de protesto, e concorreu com sua parcela de esforço e de risco, para que o país vivesse tranquilo. Goiânia dos Ludovico, dos Borges Teixeira, dos Caiado, e Goiânia, também, de todos que procuraram, na nova cidade, viver feliz e construir um grande centro. (Publicado em 24.10.1961)