Desmatamento brasileiro é importado por outros países

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Floresta Nacional de Itaituba I — Foto: Reprodução / ICMBio

 

Já está por demais evidenciado, pela ciência, que as intensas relações comerciais, num mundo globalizado e cada vez mais sedento por alimentos, têm causado enormes e irreparáveis estragos ao meio ambiente, esgotando recursos naturais e depauperando os solos férteis, aumentando sensivelmente o processo de desertificação de grandes extensões de terras. Fenômenos como esses são particularmente observados aqui no Brasil, sobretudo com o avanço de um agronegócio do tipo predador, que não respeita nem acata qualquer ponderação que coloque em xeque esse tipo de exploração intensa e sem ética. Importa, a esses novos milionários do campo, lucros sobre lucros. Para tanto, não se intimidam em utilizar todo e qualquer produto, por mais tóxico e cancerígeno que seja, para aumenta seus ganhos.

Somos, por isso, reconhecidamente, o país que mais utiliza os chamados defensivos agrícolas, muitos dos quais proibidos e banidos em diversas parte do planeta. O avanço sistemático sobre matas nativas, córregos, nascentes de água, vão acontecendo de forma rápida e sem controle, o que tem colocado o Brasil, perante o mundo, como o país que mais tem devastado o meio ambiente em busca de lucros imediatos. Essa situação interna, de total descontrole e destruição dos recursos naturais, já chegou ao conhecimento de vários países desenvolvidos, muitos dos quais parceiros comerciais do Brasil.

Ocorre que, nesses países, que já experimentaram no passado esse processo de degradação de seu meio ambiente em busca de lucros fáceis, a consciência de que esse modelo predatório traz sérias consequências futuras é uma realidade já aceita e pacificada. Por outro lado, esses países, principalmente aqueles que integram a União Europeia, o segundo maior mercado para os produtos brasileiros, vêm sofrendo enorme pressão interna, por parte de movimentos de preservação do meio ambiente, para que cessem o comércio com países que sistematicamente agridem e destroem a natureza.

Essas pressões, que já ganharam o apoio massivo da sociedade, vêm recebendo também um reforço de peso por parte dos cientistas que estudam esses fenômenos climáticos, o que tem obrigado muitos governos a reverem seus posicionamentos sobre as relações comerciais com aqueles países que não cumprem os compromissos ambientais e colocam o lucro acima de tudo e quaisquer outros valores.

Por esse novo ângulo, nas tratativas comerciais com nossos parceiros da Europa, já é possível notar que já existem imposições éticas sérias às tratativas negociais que estão postas sobre as mesas, principalmente com relação ao respeito ambiental. Essa nova reformulação de acordos é alimentada por informações precisas fornecidas por um conjunto de cientistas que tem provado em suas pesquisas que os efeitos da não observância do respeito à natureza têm reflexos não só para esses países que produzem sem ética, mas para todo o planeta igualmente, como provam os recentes acontecimentos climáticos verificados mundo afora.

Na edição dessa sexta-feira da revista Science, 602 cientistas de importantes instituições de pesquisa da Europa veicularam uma carta em que pedem aos seus governos que condicionem a compra de insumos produzidos no Brasil ao cumprimento dos compromissos ambientais. Nessa carta, os cientistas e outros pesquisadores de 28 países recomendam que os europeus consumam produtos produzidos no Brasil que respeitem os princípios de sustentabilidade, que levem em conta ainda os direitos humanos. Recomendam ainda aos governos que rastreiem a origem dos produtos comprados para saber se essa produção leva em conta, além da preocupação com a natureza, o respeito às comunidades locais e aos povos indígenas. Trata-se, segundo esses cientistas, de uma questão prioritária e extremamente relevante.

“Exortamos a União Europeia a fazer negociações comerciais com o Brasil sob as condições: a defesa da Declaração das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas; a melhora dos procedimentos para rastrear commodities no que concerne ao desmatamento e aos conflitos indígenas; e a consulta e obtenção do consentimento de povos indígenas e comunidades locais para definir estrita, social e ambientalmente os critérios para as commodities negociadas”,  diz um trecho da carta, alertando que, apenas em 2011, a União europeia importou do Brasil toneladas de carne bovina produzidas graças ao desmatamento de uma área equivalente a mais de 300 campos de futebol por dia.

Outra preocupação dos cientistas é com a intensa atividade mineradora no Brasil, a maioria feita por empresas multinacionais que não respeitam questões ambientais, como bem provaram os recentes desastres em Mariana e em Brumadinho, ambos em Minas Gerais. Exterminaram rios ricos em vida e nenhuma punição à altura foi dada.

Nos últimos doze meses, o mundo tem assistido a um processo de desmatamento sem precedentes na já sofrida região amazônica. Foram 13,7% de destruição da floresta nesse período, o maior número dos últimos dez anos, o que equivale a 7.900 quilômetros quadrados, ou cinco vezes a área de São Paulo. Nessa região, a principal responsável pelo desmatamento continua sendo a pecuária, pela transformação de florestas nativas em pasto para o gado, criado solto.

É preciso salientar ainda que esse desmatamento tem tido, nos últimos anos, como parceiro, justamente a União Europeia que tem comprado esses produtos. Para alguns cientistas, é preciso, portanto, que a Europa pare, de uma vez por todas, de importar o desmatamento. O comércio sustentável é, cada vez mais, uma pauta sobre as mesas de negociação, graças às pressões da sociedade mais informada e que agora conta também com o respaldo em peso da comunidade científica.

 

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O governo está para terminar, e a Novacap não decide a questão das granjas de pessoas que nada produziram. A vergonha continuará para a próxima administração, quando a atual devia dar o exemplo. (Publicado em 18.11.1961)

Respeitar os índios também é respeitar o Brasil

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Acampamento Indígena. 24/04/19, Brasilia. Por @duartevictoria_

Com a ascensão do novo governo, os sinais de alerta sobre questões ambientais têm rescendido, em todo o mundo, a preocupação de que essas questões vão necessitar de maior monitoramento por parte dos cientistas e de todos os que se preocupam com as mudanças climáticas. Pesquisadores europeus têm demonstrado preocupação com o governo Bolsonaro, sobretudo quando ele deixa transparecer que irá promover políticas visando desmantelar as ações contra o desmatamento e contra os direitos dos povos indígenas.

Decretos assinados pelo presidente transferindo e reduzindo a ação de órgãos de controle ambiental para o ministério da Agricultura, comandado por uma fiel representante do agronegócio, tem chamado a atenção de cientistas também internacionais que temem um grande retrocesso nessa questão. A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi transferida para o ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Decisões sobre a Funai serão feitas também por um conselho de seis ministros.

Exonerações e aparelhamento políticos têm sido denunciados a todo o instante. Mesmo o Instituto do Meio Ambiente e dos recursos Naturais Renováveis (Ibama) têm, segundo denúncias, sido esvaziados de suas funções. Com isso, diversas operações contra o desmatamento e invasões de terras protegidas têm acontecido num ritmo alucinante.

Nessa semana Brasília tem sido palco do 15º Acampamento Terra Livre, um evento que vem reunido milhares de lideranças indígenas de todo o país que vieram à capital para apresentar seus protestos contra os seguidos atentados que essas comunidades vêm sofrendo nos últimos meses. O assunto direito dos povos indígenas tem repercutido também em todo o planeta, com manifestações organizadas em vários países contra os abusos sofridos por essas comunidades em todo o território nacional.

As declarações do atual presidente, de que não haveria nem mais um centímetro de terra indígena demarcada, irritaram ambientalistas de todo o planeta que vêm protestando contra essa nova postura do governo. Documento que tem circulado pelo Acampamento Terra Livre diz que, nos primeiros cem dias do atual governo, medidas como a MP 870, transferindo a Funai do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher e Direitos Humanos, acabou com os processos de demarcações e de licenciamento das terras indígenas, esvaziando esse órgão e entregando-o nas mãos dos ruralistas, o que tem aumentado as invasões e ataques contra esses povos. Mesmo o atendimento aos indígenas que era feito localmente foi transferido para os municípios próximos que não dão conta nem da demanda nesses locais.

Para essas lideranças que aqui estão, o atual governo tem demonstrado, de forma clara, a intenção de destruir os povos indígenas, assimilando-os pela força e saqueando suas terras. De fato, tem aumentado muito os problemas de invasão e de ataques com morte contra essas comunidades nesses últimos meses. O problema tem afetado muito a imagem do novo governo e do Brasil perante o mundo civilizado. Ao governo Bolsonaro resta apenas a alternativa de dialogar com essas comunidades se quer ter sua gestão respeitada não só pelos “brasileiros de bem” como pelo restante da população mundial.

Nada será mais desastroso para o atual governo, quer no âmbito interno como no plano internacional, do que afrontar nesse instante os povos indígenas e retroceder nas questões do meio ambiente. Se vier a ceder às forças internas do atraso e daquelas pessoas que pensam apenas em lucros imediatos, seu governo pode ter um fim melancólico, com o próprio Bolsonaro se tornando uma figura mal vista ou uma persona non grata em todo o planeta.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nós não herdamos a Terra de nossos antecessores, nós a pegamos emprestada de nossas crianças.”

Provérbio Indígena Americano

 

 

Transporte público

Em Viena há alguns transportes gratuitos para turistas. Luxemburgo está lançando o deslocamento totalmente de graça para turistas e moradores.

Foto: contioutra.com

 

 

Tristeza

Em pensar que Brasília prometeu mudanças no transporte durante a Copa do Mundo e nada fez. Metrô de superfície e tudo mais. Até trem bala para Goiânia foi divulgado. Lembram que quem queria chutar o traseiro era o auditor que foi condenado por corrupção?

Foto: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press

 

 

“De ver cidade”

Vale a visita ao Espaço Renato Russo, admirar a mistura de instalação e peça de teatro. Um pouco do passado da cidade para a garotada que vai receber o presente e futuro que vamos deixar.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Sempre bem informado, o sr. Hélio Fernandes fala na negociata dos jatos F-83 e diz que a anulação da compra será o primeiro ato do novo presidente. O colunista entra em detalhes, cita amigos do presidente recebendo propinas de 420 milhões, mas não diz os nomes. Em casos assim, os nomes devem vir na frente, para que todo o mundo saiba, e para que outros não se aventurem a repetir a façanha. (Publicado em 18.11.1961)