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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Nessa altura dos acontecimentos, não chega a ser surpresa que o mercado, essa entidade invisível e desdenhada pelo próximo governo, já tenha acendido a luz vermelha com o anúncio das medidas que estão para ser implementadas na área econômica e com as indicações dos nomes para os dois principais postos dessas pastas, a saber, o Ministério da Fazenda e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De nada adianta fazer cara feia para o mercado, pois ele, por seu moto próprio, não se deixa intimidar. Caso haja ainda uma queda de braços entre o mercado e o governo, quem sairá perdendo, como sempre, é a população, que é colocada no meio dessa disputa insana, sendo obrigada a arcar com as consequências e custos econômicos dessas querelas.
Quando se deixa ventilar a notícia de que quem irá dar a palavra final na área econômica será o próprio futuro presidente, aí é que a coisa desanda, pois já passa da hora de ter aprendido que populismo e arroubos autoritários nas decisões, com base em expectativas político ideológicas, não só não se ajustam a modelos matemáticos como também resultam em equações sem soluções e desastres certeiros nas finanças.
Negar que os indicadores, como a alta no dólar e a queda recorde nas bolsas, são apenas sinais passageiros e sem importância, também é apostar na incerteza e na boa vontade do destino. A reação do mercado, à quebra da Lei das Estatais e à PEC Fura Teto, tem sentido e sinaliza para um período de incertezas e de um possível retorno a políticas econômicas que não deram certo no passado e ainda deixaram um passivo que perdura até os nossos dias.
Temos, assim, dois nomes e duas medidas de anulações de leis econômicas sensatas, reunidas num mesmo momento e que, até para um leigo no assunto, apontam para o desastre iminente. Os aumentos nos juros, na inflação, no desemprego e na pobreza virão na sequência da insensatez. Obviamente que, para corrigir esses erros na largada, mais erros açodados virão, num ciclo perverso de medidas e que podem muito bem desaguar em decisões como o congelamento de preços e outras insanidades como as que vêm sendo praticadas agora em países do mesmo naipe ideológico, como a Argentina.
Alimentar expectativas otimistas, quando os mesmos erros são repostos em práticas, não faz sentido. A questão aqui é saber em que momento exato tudo irá desandar e desembocar numa outra recessão econômica. Preocupa, sobretudo, os economistas mais realistas e que não se deixaram encantar com sibilos das sereias, a nova administração indicada pelo futuro mandatário para o BNDES. É, nessa instituição, fundada em 1952, e vinculada ao Ministério da Economia, que agora se voltam as atenções para o ressurgimento de ideias toscas com o financiamento dos “campeões nacionais”, que tantos rombos deixaram nas contas públicas e tantos escândalos de corrupção produziram.
É preciso lembrar aqui que, entre 2008 a 2018, o BNDES acumulou, junto ao Tesouro Nacional, uma dívida de mais de R$ 650 bilhões. Justamente agora, que se anunciava a possibilidade de um cronograma para BNDES restituir essa dívida ainda em 2023. Parece que a medida foi posta de lado.
É sabido que o BNDES foi convertido de banco de fomento nacional para instituição de apoio a projetos fora das fronteiras do país, emprestando a de taxas milhões de dólares, a taxas camaradas, a países, tanto do continente como da África, sendo que a maioria desses empréstimos foram sequer pagos. Entre 1998 e 2017, o BNDES emprestou, para cerca de 15 países, mais de US$ 10,5 bilhões.
Somente Cuba e Venezuela devem, juntas, mais de R$ 3,5 bilhões ao banco e não apenas ignoram esses empréstimos, como já estão na fila, ao lado de Nicarágua e Argentina, em busca de novos empréstimos, tão logo o novo governo assuma. Essas e outras dívidas se transformaram, por seu volume e condições camaradas, em verdadeiras caixas pretas do banco.
O que se sabe, por vias oficiais e com valores subdimensionados, é que o BNDES tem cerca de R$ 12,1 bilhão a receber de 11 países, apenas por obras no setor de engenharia, todas elas realizadas em países ditatoriais. Segundo o economista Joaquim Levy, ex-presidente do BNDES, esses empréstimos podem ser classificados como desastrosos e poderiam servir de lição para o futuro, mostrando que emprestar dinheiro para ditaduras é um erro e uma aposta em prejuízos.
A falta de um regime fiscal confiável a partir de 2023, bem como o desmonte das Leis das Estatais e do limite de gastos, projetam um período sombrio sobre a economia do país. Nada do que não experimentamos antes e com os resultados que já sentimos na pele. De nada adiantarão falar em herança maldita para esconder um começo de governo pra lá de agourento.
A frase que foi pronunciada:
“A história nos lembra que ditadores e déspotas surgiram em tempos de grave crise econômica.”
Robert Kiyosaki
História de Brasília
Nosso amigo pediu a substituição de um fusível, e o DFL cobrou 130 do fusível, 45 de mão de obra, e 700 cruzeiros de transporte. Nem de taxi, meu Deus! (Publicada em 14.03.1962)