O presente copia o passado

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil

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Santos Cruz (ao centro), Mourão (à esquerda) e Augusto Heleno Foto: André Horta/Fotoarena, Leo Martins e Adriano Machado / Agência O Globo e Reuters

 

Após essa sequência de prisões sem fim de nossas principais lideranças políticas, um fato que vem ocorrendo com certa constância nessas últimas décadas, de certa forma, traz para o presente as mesmas razões que no passado recente desencadearam e justificaram a chamada revolução de 1964.

Já naquela época, guardadas as devidas proporções de tempo e espaço, estavam também centradas, exclusivamente na classe política nacional, as raízes de todas as crises institucionais que agitaram aquele período e que acabaram por catalisar a revolta dos quartéis, abrindo as portas do Estado para a chegada dos militares ao poder. Em outras palavras, foi o comportamento dissoluto de nossos políticos, o verdadeiro responsável pelas alterações bruscas ocorridas nos rumos da nossa democracia, e que, por sua vez, sacrificou o surgimento de verdadeiras lideranças futuras, o que, sem dúvida, trouxe grandes prejuízos para nosso pleno desenvolvimento como país democrático.

Já naqueles longínquos anos sessenta, haviam denúncias e alertas feitos nas casernas sobre a falta de compostura da classe dirigente, sua insensibilidade diante da realidade nacional. Denunciavam também, naqueles tempos, o egoísmo dessas elites dirigentes, mais entregues às facilidades do poder do que à boa gestão da coisa pública.

Pouco antes de eclodir o março de 64, era voz corrente, entre os militares, que a corrupção política tinha se entranhado na máquina do Estado a um tal ponto que seriam necessários muitos anos para os brasileiros readquirirem o caminho da prosperidade. Muitos daqueles militares, que participaram da chamada revolução de 1964, não escondiam sua desconfiança com relação aos civis que compunham a elite política nacional. Com honrosas exceções, nossa classe política foi a artífice principal de todas as crises políticas experimentadas pelos brasileiros entre a segunda metade do século XX e o começo deste século.

Hoje a situação é muito assemelhada, mas com a diferença de que os níveis de corrupção alcançados por esses operadores do Estado necessitam muito mais da ação das forças policiais e do Ministério Público do que precisamente das Forças Armadas. Mesmo assim, o que os brasileiros assistem hoje é a chegada dos militares ao controle do país por outros meios, de forma perfeitamente legal e até democrática.

Dessa forma, não parece surpresa que a eleição agora do novo presidente representa, em certo sentido, uma continuidade do março de 1964 ou seu prolongamento, feito agora pela via das eleições de outubro de 2018. A prisão de dois presidentes da República sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro e, não por razões políticas, como querem fazer crer seus acólitos, e mais o fato de que outros poderão vir a ter o mesmo destino, além de um fato inédito no mundo Ocidental, demonstra no presente as mesmas razões que no passado trouxeram os militares para restabelecer a “ordem na casa”. Coincidência ou a história como farsa, só o tempo irá dizer.

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“Golpe, Revolução ou combate à corrupção?”

Frase versão 2019

 

Pura sabedoria

Moradores da Asa Sul reclamam do fumacê nas quadras. Para quem pergunta se é melhor a dengue, a natureza dá a resposta. Matam aranhas, cigarras, lagartixas, abelhas, morcegos e aí reclamam da dengue, reclamam que a polinização acabou, que as baratas não param de aparecer e por aí vai. Chefe Seatle já dizia em 1798: “A humanidade não teceu a teia da vida. Nós somos apenas um segmento dentro dela. Tudo o que fazemos para os seres vivos, fazemos para nós mesmos. Todas as coisas estão unidas. Todas as coisas se conectam.”

Página do grupo Nós que Amamos Brasília, no Facebook

 

Pegou pesado

Mas foi verdade. O presidente Bolsonaro comentou as pesquisas do Ibope sobre a popularidade: “Eu não estou preocupado com pesquisas porque também não têm credibilidade, assim como pesquisas eleitorais”, declarou, citando que institutos de pesquisa haviam apontado, em 2018, que ele perderia para qualquer candidato que o enfrentasse no segundo turno.

 

Nova palavra

Por falar nisso, além da segurança da urna eletrônica, os institutos de pesquisa são uma forma velada de boca de urna. Nosso povo tem a ideia de votar em quem está ganhando, o que dá aos institutos de pesquisa um poder ‘superliminar’.

Charge do Sinfrônio

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Anteontem de manhã, eu pedi uma ligação para o Hospital Felicio Rocho, de Belo Horizonte, onde está internada a família do nosso companheiro Renato Alencar, vítima de um desastre na Rio-Brasília. Pois bem. Até hoje não completaram a ligação, embora eu tenha dado o endereço à telefonista seis vezes nestes dois dias. E ainda querem tirar as antenas dos radioamadores! (Publicado em 15.11.1961)