Um farol, antes que seja tarde

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Filósofo francês Michel Serres. Foto: correiobraziliense.com

 

É em tempos confusos, como este que estamos experimentando agora, e que, no calendário chinês, corresponde ao ano do Rato de Metal (Gang-Zi), que figuras proeminentes do pensamento emergem como faróis, em noites de tempestade no mar, a iluminar o caminho para fora das rochas. Sem essa luz, atravessar momentos de pandemia e de incertezas, quanto ao futuro, torna-se ainda mais penosa a viajem que a humanidade empreende, neste 2020, rumo ao desconhecido.

O filósofo francês Michel Serres (1930-2019) desponta como essa preciosa lanterna dos afogados. Sua condição de testemunha, do que o século XX teve de pior, deu-lhe a bagagem e a autoridade para entender o mundo sempre conturbado e que despreza tantas oportunidades e tantas vidas. Dos seis aos vinte e cinco anos, presenciou o amontoado de cadáveres acumulados pela guerra civil espanhola, e pelas Blizkriegs alemãs em 1939, em Paris. Adolescente, assistia a batalha da resistência contra os colaboracionistas. Viu ainda os deportados aos campos de concentração e os posteriores ajustes de contas entre compatriotas. Na juventude, veria ainda, chocado, os Estados Unidos lançarem duas bombas atômicas contra a população civil do Japão, num esforço vil para deter a escalada do conflito mundial (1939-1945). Viriam ainda outros morticínios, na União Soviética, na China, Coreia, Vietnã e outros.

Mas foram justamente essas bombas que levaram Serres a trilhar os caminhos da filosofia e da erudição em ciências, como a matemática, a Física, a Mecânica, a Bioquímica e outras de seu interesse, na tentativa de decifrar o mundo violento, em busca de um universo ético possível. Talvez, essa trajetória por ciências diversas tenha imprimido em seu espírito a certeza de que a educação e a cultura são ferramentas fundamentais que podem afastar o homem dos conflitos e das guerras desnecessárias e infames. Essa parece ser a tese central de seu trabalho: o aprimoramento do ser humano. ′′Se você tem um pão e eu tenho um euro, e eu vou comprar seu pão, eu terei um pão e você um euro, e haverá um equilíbrio nessa troca, isto é, A tem um euro e B tem um pão, e ao contrário, B tem pão e A o euro. Este é, pois, um equilíbrio perfeito de mercado. Mas se você tiver um soneto de Verlaine, ou o teorema de Pitágoras, e eu não tiver nada, e você me ensinar, no final dessa troca eu terei o soneto e o teorema, mas você os terá mantido ambos.

No primeiro caso, há equilíbrio. Isso é mercadoria. No segundo, há crescimento. Isso é cultura.” Não há muito o que pode ser dito sobre esse aforismo, apenas que seu conteúdo não tem sido assimilado, adequadamente, por grande parte de nossos governantes ao longo das décadas e esse, talvez, seja o nosso nó górdio, que nos mantém atados a um passado de violência e atraso. O incremento ao uso de armamentos pela população, em substituição aos livros, os cortes drásticos em pastas fundamentais como a Educação, o fechamento de bibliotecas e de livrarias, de museus, de galerias e de outros pontos de cultura e saber, parece apontar, mais uma vez, para um futuro sombrio, em que os homens tornados novamente brutos só encontrarão no conflito sangrento um meio de seguir em frente.

É esse tipo de farol, que parece cada vez mais distante, que almejamos. Antes que seja tarde.

 

 

 

As frases que foram pronunciadas:

“Jamais morreria pelas minhas crenças, porque elas podem estar erradas”.

“O mal dos tempos de hoje é que os estúpidos vivem cheios de si e os inteligentes cheios de dúvidas.”

Bertrand Russell

Bertrand Russell. Foto: en.wikipedia.org

 

Sem punição

Senador Ângelo Coronel defende, nas redes sociais, a legalização dos jogos de azar. Uma das justificativas é que o jogo ilegal movimenta cerca de R$60 bilhões. Diz o senador que a legalização traria 1,3 milhão de empregos e R$20 bi de impostos. O maior problema seria a fiscalização contra a lavagem de dinheiro. Não há efetividade de qualquer instância de poder com essa prerrogativa.

Senador Angelo Coronel. Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Vista grossa

Por falar em fiscalização, parece que ninguém mais leva o Covid a sério. Em muitas lojas, não há controle de entrada. Nem álcool, nem termômetro. Nas feiras também. A do Paranoá, com duas entradas, só uma cumpria o protocolo. Nem vamos mais falar em Piscinão do Lago Norte.

Feira do Paranoá

 

Agilidade

Zélio Maia, diretor do Detran, está confiante na retomada de coleta biométrica para o encaminhamento da expedição de carteira de habilitação. Trata-se de uma forma mais rápida e eficiente de acelerar o atendimento.

Foto: Divulgação/Fazenda DF

 

Humanizar

A chefe da Coordenação Regional de Ensino do Gama, Cássia Nunes, comemora o destaque de algumas escolas daquela cidade no ranking de notas. A grande diferença é saber ouvir e dividir responsabilidades. Além disso, o envolvimento e o comprometimento do corpo docente aumentam, quando tomam para si parte da responsabilidade pela melhora.

Imagem: facebook.com/cregamadf

 

Senac

Veja, no link Inscrições abertas, tudo sobre os ursos gratuitos oferecidos pelo Senac. São 1,6 mil vagas no DF. As inscrições para os 45 cursos técnicos e de formação inicial ou continuada abriram ontem.

 

Residual

Quer se livrar de eletrônicos, embalagens de vidro ou óleo de cozinha? É só ligar para 98323.7372. Veja mais detalhes a seguir.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Sabe-se que a urbanização é obrigação da Novacap, mas o ajardinamento, também, como a sua manutenção, torna-se um encargo muito pesado para a Construtora da Cidade. Mas, se houver má vontade dos Institutos, que a Prefeitura dê, também, o exemplo, ajardinando as superquadras. (Publicado em 17/01/1962)