Metrópole colonial

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Ricardo Stuckert/Governo Federal/Reprodução

 

         Fossem seguidas, à risca, o que ordena os princípios fundamentais do que vem a ser uma República, nenhum dos males que assistimos desde 1889, quando um movimento militar desorganizado e pouco ético instaurou a dita cuja, seriam possíveis ou permitidos.

         O afastamento brusco da Monarquia, sem que se criassem, a priori, as condições políticas mínimas para a instalação de uma República, num país continental e com heranças históricas e destino totalmente diferentes dos demais países do continente, levou-nos a implantação de um sistema de governo que nossas elites e dirigentes daquela época não estavam preparados para gerir ou sequer entender seu real significado e, principalmente, suas consequências para o país.

         Foi na base do improviso e de instabilidades políticas frequentes, como acontece até os dias atuais, que a República foi sendo conduzida. Pouquíssimos eram aqueles que, entre nós, entendiam e entendem, até hoje, o significado desse novo sistema. O que foi criado naquela ocasião, com a carantonha e focinho dos tupiniquins, foi um sistema misto que herdaria vícios que até o antigo regime monárquico já não apresentava, como, por exemplo, os privilégios e outras vantagens dadas aos nobres e à Corte em geral.

          Criou-se assim, a partir da virada do século passado, um sistema de governo em que, aos presidentes e aos demais oligarcas políticos próximos, eram mantidos privilégios e outras prerrogativas, só vistas antes da Revolução Francesa de 1789, ou seja, no século anterior. Substituiu-se um monarca por um presidente com roupagens politicamente monárquicas, com concentração de poder, baixa representatividade popular, atrelamento de outros Poderes ao Executivo e, sobretudo, um conjunto de medidas de governo, alijadas e mesmo contrárias aos reclames da população.

         O povo, naquela época, não entendeu a mudança. Os governos que se seguiram não entenderam até hoje. À coisa pública, estão ligados todos os interesses e desejos da população, transformadas agora em cidadãos com plenos direitos, inclusive de mudar o governo e o Parlamento.

         Diante do que foi pincelado resumidamente acima, não se pode entender ou sequer aceitar que, com os impostos cobrados da população, ainda hoje, somos obrigados a assistir inertes, a um conjunto de privilégios de toda a ordem, reservados apenas aos mandatários e à classe política, para os quais até mesmo o senso de Lei e Justiça são diferenciados e até sem efeito prático.

         Como é possível também verificar que brasileiros, em pleno século XXI, sejam ainda surpreendidos com medidas tributárias e fiscais que sequer conhecem o conteúdo ou como foram formulados? É sempre bom lembrar que uma das principais causas que decretariam o fim do absolutismo no velho continente, e mesmo as independências dos Estados Unidos e do Brasil, foi o escorchante nível de tributação e seu uso em benefício das elites políticas. No caso de tratados internacionais, como o que estamos assistindo agora serem celebrados entre Brasil e China, quantos brasileiros conhecem os enunciados desses documentos?

          Desde o reconhecimento afoito da China como economia de mercado, novas parcerias foram fechadas no passado e muitos brasileiros passaram a sentir na pele e conheceram os efeitos negativos sobre a produção aqui no Brasil, bem como as consequências dessa concorrência para nossa indústria como um todo.

         Que acordos são esses que agora são assinados com essa nova metrópole colonial e que podem nos levar para uma posição econômica ainda mais submissa? Silêncio geral. É essa a República que temos e que ainda insistimos em perseguir.

 

A frase que foi pronunciada:

“Todos os fatos têm três versões: a sua, a minha e a verdadeira.”

Provérbio Chinês

 

Labirinto

Impossível elogiar um funcionário do GDF. Bem atendida por Hailton Rodrigues de Souza, a contribuinte teve a primeira dúvida ao buscar o canal para o registro. O agendamento foi feito na Secretaria de Economia, no SRTV Norte. Mas, no portal do GDF, o mais próximo desse título é a Secretaria da Fazenda. Mudou para o registro no site da Ouvidoria, que só não perguntou o tipo de sangue de quem quis elogiar. Até título de eleitor foi preciso informar. Nome, endereço, nome da mãe, telefone. Por que razão? Que uso é feito de tantas informações?

Foto: Francisco Aragão/Agência Brasília

 

Censo

Por falar em dados, nos últimos anos, os domicílios da cidade receberam questionários para o recenseamento da população. Que resultados concretos a população recebe com esse levantamento estatístico? Que políticas públicas foram adotadas com os dados coletados?

Foto: Reprodução

 

Conhecimento

Foi um sucesso a Tarde do Bem-Estar com a Dra. Simone Leite e o Dr. Eugênio Reis, no Brasília Shopping, sobre terapia hormonal, benefícios e rejuvenescimento, e a beleza natural na dermatologia. Com a plateia participativa, muitos esclarecimentos foram dados e mitos desfeitos.

Foto publicada no perfil oficial do Dr. Eugênio Reis, no Instagram

 

História de Brasília

Já saiu da W-3 uma prensa de papel velho, que era responsável pela invasão de ratos nos HC-3. (Publicada em 18.03.1962)

Ouro de tolo

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Reprodução/Pinterest

         Quem, por algum motivo, fosse submetido a um desses processos de criogenia, congelado por aproximadamente umas três décadas, e desejasse, agora, retornar em 2022 ao mundo dos seres viventes, já não reconheceria o planeta que viveu. Muito menos o Brasil.

         Se fosse convidado então para percorrer um desses shoppings da capital, por certo, cairia de costas ao observar o assustador aumento de preços. Seu espanto seria ainda mais profundo quando verificasse a baixíssima qualidade dos produtos oferecidos em lojas de departamento e mesmo em estabelecimentos de luxo.

         Para esse ressuscitado moderno, o que ele observaria, bem diante dos olhos, era o comércio de verdadeiros molambos, vendidos a preços que, em seu tempo, daria para adquirir um carro zero quilômetro. Camisas sociais e vestidos de marca, caríssimos, fabricados agora com tecidos que antes serviam apenas como sacos e embalagens de farinha e de outros grãos, vendidos no atacado.

         O que teria ocorrido com aquele mundo que conhecera? Pendurados em cabides e expostos nas vitrines, o que ele via agora mais parecia uma daquelas feiras de produtos usados nas xepas da vida. Calças e blusas jeans, possivelmente feitos a partir de tecidos reciclados e em situação de farrapos, com rasgos para todo o lado, possivelmente fabricados apenas por máquinas, sem as regulagens necessárias, são ofertados praticamente por todas as lojas. A ele mais pareceria estar diante de um comércio e de uma moda, oferecida para um público que antes ele identificava como maltrapilhos. Uma moda para mendigos. Mendigos até de atenção e carinho que, por incrível que pareça, preferem a presença de gatos e cachorros à presença de humanos. Gatos e cachorros que também passeiam em shoppings, como acompanhantes. Gatos e cachorros que já têm leis de proteção à sua volta e, pasmem, plano de saúde.

          Nesse novo mundo de distopia, dentro e fora das lojas, as pessoas se vestem com farrapos e é difícil distinguir quem é o mendigo e quem é a antiga e vaidosa dondoca. Nas etiquetas dos produtos, outra surpresa. Quase nada fabricado no Brasil. A maioria de países como a China e outros da parte Leste do globo. O “made in Brazil” sumira das lojas. Quiçá estaria sendo vendido em outras partes do mundo, inacessível agora ao consumidor interno. Tudo é perecível. Do fogão à geladeira. Rara a máquina de lavar roupas durar 30 anos como as antigas. Emprego também. Jogadores do futebol brasileiro como Garrincha e Pelé ficaram pendurados na parede. Hoje, estudar não é sempre um diferencial. Basta comparar a conta bancária de um professor com a de um jogador de futebol, que mal sabe cantar o hino da nação.

          Que terremoto teria acontecido no país para que os produtos nacionais deixassem de existir? Onde foram parar as milhares de fábricas têxteis e de confecções que antes eram encontradas por todo o território nacional? O que teria acontecido também com as fábricas de calçados, produtos esses que eram admirados em todo o mundo pela qualidade do material e pelo design.

          A moda mulambo ou, mais modernamente, o “mulambu’s fashion”, vinda de países reconhecidos, ideologicamente, como economia de mercado, arruinou a indústria nacional, a tal ponto, que os consumidores foram transformados em pedintes esfarrapados sem sequer perceber.

          Evitemos falar da pobreza da música, das artes. Risquemos esse assunto com a “caneta azul, azul caneta”. Diferença agora é que esses mulambos, por ação e pressão de um marketing subliminar, passaram a ser vendidos a preços de ouro para uma gente tola, que tudo aceita. Era o que antes se chamava “ouro de tolo”.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“E você ainda acredita/ Que é um doutor, padre ou policial/ Que está contribuindo com sua parte/ Para o nosso belo quadro social.”

Raul Seixas

Raul Seixas. Foto: Divulgação

 

Agência Senado

Falta pouco para a homeopatia e acupuntura fazerem parte do rol de serviços oferecidos pelo SUS. A proposta é do senador Marcos do Val, que esclareceu sobre a responsabilidade do gestor municipal de implementar as terapias. A proposta aguarda despacho para as comissões temáticas do Senado.

Foto: Divulgação

 

Humor

Mais uma vez, o Amin arranca gargalhadas dos colegas. Em cumprimento ao senador Carlos Viana, disse que se tratava de um profissional da aeronáutica que dava lição de grande conhecimento. Dali em diante, o senador Amin o trataria como Califa, que tem um brevê até de tapete voador.

Senador Esperidião. Foto: senado.leg.br

 

História de Brasília

O Senador Lino de Matos distribuiu nota informando que é “definitiva a candidatura do sr. Jânio Quadros ao govêrno de S. Paulo”. Parece, entretanto, que o sr. Jânio Quadros não tendo gostado de sua recepção, viajará, proximamente, para a Europa, voltando, depois em circunstâncias melhores. (Publicada em 13.03.1962)