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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Quem quer se iludir e se encantar com os pretensos lucros imediatos que o agronegócio tem trazido para a tão festejada balança comercial pode seguir tranquilo em seu delírio. O que não se pode, em hipótese nenhuma, é destruir e comprometer irremediavelmente o bioma brasileiro, como se tem visto até aqui, às custas de monoculturas para a exportação, que remete o Brasil ao período colonial, a cinco séculos atrás, quando nosso país se inseriu, como economia complementar da metrópole, dentro do que preconizava o capitalismo mercantilista.
Esse tempo, que se pensava ter ficado num passado longínquo e que tanto exauriu nosso país em troca de lucros, que também se desmancharam no ar, está de volta. Dessa vez, potencializado por máquinas gigantescas, que aceleram o processo de degradação e de contaminação do solo. Vivemos uma revolução agrícola às avessas, com todos os malefícios que essa atividade pode render num futuro que vai chegando de mansinho, encoberto pelo manto mágico dos agrodólares.
Tão enorme quanto esse apetite pela produção agrícola são os meios usados para que essa atividade não sofra processo de descontinuidade. Na mídia, no parlamento, no governo e em praticamente todos os canais institucionais existentes, inclusive nos diversos órgãos de controle do país, todos os esforços são empreendidos para que esse tipo de agricultura arraste terras, prossiga sua marcha.
O lobby é poderoso e desafia qualquer um. A censura e a repressão contra aqueles que ousam protestar em nome do futuro são pesadas. Cientistas e pesquisadores renomados, que, há anos, estudam esse fenômeno de pauperização da nossa biodiversidade, são publicamente enxovalhados. O desmantelamento dos órgãos que poderiam fiscalizar de perto todas essas atividades perversas foi feito dentro de um plano preestabelecido para ocultar as irregularidades que, seguidamente, aconteceram. Nunca, em tempo algum, a indústria de pesticidas e de produção de espécies transgênicas, lucraram tanto.
Biomas, como é o caso do cerrado, onde o agronegócio reina absoluto, impávido e intocável vão virando cinzas. O conhecido cientista Carlos Afonso Nobre, especialista nos fenômenos do aquecimento global, há anos, alerta para o processo de savanização de extensas áreas do cerrado e das bordas da região amazônica. Segundo ele, estamos há menos de duas décadas de distância para que isso ocorra, de forma irreversível e descontrolada.
As estações secas vão se prolongando cada vez mais, com o clima úmido dando lugar ao clima de savanas e a extinção das espécies da Amazônia. “Já desmatamos 1 milhão de metros quadrados na Amazônia, cerca de 800 mil quilômetros e a região tem uma produtividade que é 1/4 a 1/5 da produtividade de um estado como São Paulo”, alerta o cientista, ao acrescentar que 70% das emissões de CO² do Brasil vem do desmatamento e do agronegócio. Estamos em rota direta contra uma tragédia anunciada.
Somados, o agrobusiness, os grileiros, os garimpeiros, os contrabandistas de madeira e minérios, juntamente com a cobertura política que recebem em várias instâncias do Estado, estão, segundo Carlos Nobre, propondo uma espécie de crime organizado que é hoje uma verdadeira potência, um “PCC Amazônico”. O pior, para esses malfeitores, é que os efeitos desse crime continuado por décadas não podem ser escondidos da população, que, todo ano, assiste ao aumento das queimadas e das ondas crescentes de calor e de estiagem.
O mais penoso é saber que esse tipo de crime ocorre, também, simultaneamente em todo o Brasil. No Sul, os vinicultores, que produzem vinhos finos, estimam em mais de R$ 200 milhões os prejuízos causados pelos defensivos do tipo 2,4-D, usados em larga escala nas lavouras da monocultura da soja e que envenenaram grande parte das parreiras naquela região, impossibilitando a produção de vinhos, justamente num momento em que aquelas áreas tinham obtido o certificado de região demarcada.
A expansão da soja na região, toda ela para exportação para a China, inviabilizou outras colheitas, o que depõe contra a qualidade dos vinhos do Sul, tornando o produto totalmente impróprio para o consumo, interno e externo. O produto final de toda essa incúria criminosa é que o aumento paulatino das ondas de calor, vai, mais e mais, conduzindo as terras brasileiras rumo a desertificação e a consequente perda de capacidade de plantio.
Quando isso ocorrer, os verdadeiros protagonistas internos e externos, terão garantido sua parte nos lucros e esse será um problema, sem solução, sine die e sem condenados, empurrado para as novas gerações como um passivo de morte.
A frase que foi pronunciada:
“Ninguém está qualificado para se tornar um estadista que desconhece totalmente o problema do trigo.”
Sócrates, pensador ateniense
História de Brasília
Era por isto: o “sindicato” da W-4 não dá guarida a ninguém que quer negociar a preços honestos. Eles fazem os preços, recebem verduras de São Paulo e desprezam o local para que, mantendo o comércio a preço alto, e sob regime de monopólio, possam sufocar os produtores locais. (Publicado em 20/1/1962)
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Mesmo diante de um mundo em marcha rápida para um processo irreversível de globalização, nossas Relações Exteriores foram transformadas, de instituição do Estado, numa espécie de apêndice do governo, a experimentar as mais vexaminosas atuações nos foros internacionais. Ainda nos dias atuais, essa atuação apagada e sem o brilho e personalidade de outrora, permanece como um sinal desses tempos de mediocridade e de flagrante despreparo e falta de ética de nossas elites políticas.
Com a nossa diplomacia esvaziada e colocada a reboque dos anseios do governo e com o reconhecimento tácito de que nossas Forças Armadas, dificilmente, conseguiriam retaliar uma suposta tomada da região Amazônica por forças estrangeiras, não seria exagero acreditar que apenas a sorte ou um tipo qualquer de milagre assegura efetivamente a soberania do Estado Brasileiro sobre essa imensa região.
Diante de uma constatação como essa e diante dos conhecidos titubeios dos organismos internacionais em conter disputas territoriais, a sorte sobre os destinos da Amazônia está muito mais entregue às suas populações locais, do que propriamente ao governo. O governo já provou sua incapacidade total em combater e vencer inimigos como o fogo, os madeireiros, as invasões de terras, os pecuaristas, os mineradores e outros ecocidas dessa região.
Se nem mesmo esses destruidores desarmados são vencidos numa batalha interna, que dirá caso essa região venha a ser invadida por forças estrangeiras, sob o pretexto de preservação do ecossistema do planeta. Numa hipótese como essa e que não pode ser descartada, tendo em vista a situação global de alarme que atravessamos, de que adiantariam as bravatas e os apelos patrióticos e panfletários como os feitos pelo atual governo?
A Amazônia é nossa, na medida em que possamos demonstrar ao mundo nossas reais capacidades de cuidarmos dela comme il faut. Convenções, tratados e outros acordos podem muito bem serem desconsiderados e tornados letras mortas. A emergência do aquecimento global pode também, numa situação desse tipo, se sobrepujar aos conceitos abstratos como patriotismo, nacionalismos e outros ismos de apelo populista. A instalação de um general, como uma espécie de interventor nessa região, tem provado a pouca eficácia em conter o avanço de uma destruição que é acompanhada par i passo, ao vivo e a cores por todo o mundo. As declarações de êxito nessa missão são desmentidas a cada imagem de satélite que é publicada nas redes mundiais.
Numa emergência dessas proporções, o mais sensato, se é que se pode falar em sensatez nesses tempos atuais, seria a transferência provisória da capital para àquela região, com a concentração total de esforços para assegurar a preservação dessa região, que tem nos pertencido muito mais por questões de acidente geográfico do que por merecimento.
Não bastassem as ações tímidas e pouco eficientes desse governo em contornar essa que é uma crise, ao mesmo, tempo interna e externa, a atuação do atual ministro do meio ambiente vai na contramão do que se espera de uma pasta dessa importância numa época como a que atravessamos. A importância desse tema parece escapar à percepção de nossas autoridades, muito mais preocupadas com o processo eleitoral do que com a realidade debaixo do nariz.
Na Europa e nos Estados Unidos, a Amazônia e agora o Pantanal têm sido temas de discussões e preocupações nos diferentes fóruns de debates. Ameaças como as feitas pelo candidato à presidência dos EUA, Joe Biden, alertando nosso governo para parar de destruir a floresta ou vir a ter que enfrentar consequências econômicas, podem muito bem escalar para outros níveis, caso essas advertências não venham a se concretizar em ações de fato.
O mais trágico numa situação como essa é que, em caso de conflagração para retirar a soberania brasileira sobre essa região, terá que ser enfrentada não diretamente pelos responsáveis que erigiram essa tragédia, mas pelas mesmas populações de pés descalços e famintas que, há séculos, assistem a sequência de descaso do governo e os casos de corrupção que drenam recursos preciosos dessa região secularmente. Tal como na obra: “A Oeste nada de novo”, de Eric Maria Remarque (1898-1970), e que agora completa quase um século de sua publicação, fica a lição: as guerras não possuem nenhuma lógica do ponto de vista de quem está no front. Esses conflitos só interessam aos generais, ministros e outros membros da alta classe, que lucram com a morte de jovens inocentes.
A frase que foi pronunciada:
“A Justiça é tão poderosa e necessária no mundo, que o próprio Júpiter não tem direito de ser injusto, uma vez estabelecidas as leis do universo.”
Plutarco
Carroças
Foi o então presidente Collor quem trouxe carros melhores para substituir as “carroças” dos anos 80 que haviam como única escolha no Brasil. Dê uma espiada no blog do Ari Cunha. Em termos de carros, continuamos com verdadeiras carroças. Veja o Mercedes Benz AVTR.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Vou pedir ao Nauro Esteves para redesenhar a área interna das superquadras, para que os carros possam atingir os postos de assistência apenas por um lado, mantendo interrompido o tráfego na W-1. (Publicado em 17/01/1962)
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Da África, talvez o continente mais economicamente sofrido e espoliado na história da humanidade, vem um dos muitos e bons exemplos que precisamos para nossa salvação futura. Na Etiópia, um dos países mais populosos e pobres daquele continente, o governo empreendeu uma jornada em que, em apenas 12 horas, uma força-tarefa, atuando em mais de mil áreas daquele país, conseguiu a façanha de plantar mais de 350 milhões de árvores. Um recorde mundial.
Também a Índia, castigada pelos desflorestamentos, vem empreendendo um grande esforço para recuperar, ao menos, algumas de suas florestas. Na última empreitada, 800 mil voluntários plantaram mais de 50 milhões de árvores em 2016 e prosseguem plantando. Na China, parte ociosa do que seria o maior exército do planeta tem sido deslocada para a mesma tarefa no Norte do país. São mais de 60 mil soldados empenhados nessa tarefa. Os fuzis cedem lugar às ferramentas agrícolas. A intenção do governo é criar uma nova floresta na região de Hebei, numa área de mais de 84 mil quilômetros quadrados. Para todo o país, a meta é atingir uma cobertura de mais de 23% daquele grande continente até o final deste ano.
São esforços pontuais e que podem fazer a diferença num futuro não muito distante. Cientistas acreditam que, pelo estágio atual de degradação do planeta, será preciso, ao menos, o plantio de mais de 1,2 trilhão de novas árvores, apenas para arrefecer a Terra e livrá-la dos efeitos maléficos do aquecimento global, que já está atuando entre nós.
A situação, que é bem do conhecimento dos técnicos das Nações Unidas, tem estimulado ações dessa Organização com vistas a um projeto já em andamento, cuja a meta é plantar 4 bilhões de novas árvores nos próximos anos.
Por todo o mundo, projetos semelhantes estão em andamento, uns ambiciosos e outros mais modestos, mas já são de grande valia em seu conjunto. Entre todos, os mais ambiciosos são os que vêm sendo erguidos nas bordas do grande deserto do Saara, também na África. Em nenhum lugar do planeta, as mudanças climáticas são mais impactantes do que as que ocorrem nos países margeados por esse grande deserto. O deserto vem aumentando de área num ritmo assustador nos últimos anos. Com ele, vem o clima cada vez mais inóspito à vida, com temperaturas que ficam numa média próxima aos 50 graus centígrados.
Com esse fenômeno, vem também a escassez de água, cada vez mais assustadora e já motivo de conflitos permanentes na região. Financiado pelo Banco Mundial, pela União Europeia e pelas Nações Unidas, projeto unindo vários países locais visa erguer uma gigantesca barreira verde de árvores, que irá cobrir uma área de mais de 8 mil quilômetros, atravessando todo o continente africano na parte sul do deserto do Saara, formando uma enorme muralha para conter o avanço da areia. A meta é erguer essa Grande Muralha Verde até 2030, cobrindo com reflorestamento uma área de 247 milhões de acres ou, aproximadamente, 100 milhões de hectares.
Em nosso mundo, em todo o tempo e lugar, sempre existiram homens movidos pela paixão de plantar árvores, como se recebessem essa missão diretamente das mãos de Deus. Não precisamos ir muito longe para descobrir alguns desses personagens raros e muito caros a todos nós. Aqui mesmo na capital, entre tantos anônimos que contribuem para uma capital mais verde, um nome vem à memória sempre que paramos para apreciar a beleza dos Ipês multicoloridos e de outras muitas espécies de árvores que foram plantadas ao longo de décadas.
Trata-se do saudoso agrônomo cearense, Ozanan Coelho, um personagem que o Correio Braziliense já nomeou como sendo o homem que, durante mais de 30 anos, foi o responsável por ter plantado grande parte dos belos jardins da capital e que hoje fazem de Brasília uma cidade bucólica, como pretendida por seu idealizador Lúcio Costa.
A frase que foi pronunciada:
“Se não erro ao decifrar a voz dos vegetais, eis que suspira a muda de pau-ferro no silêncio do ser: – Eu sei que fui plantada com música, discurso e tudo mais, para alguém no futuro, oferecer sem discurso e sem música o prazer da derrubada.”
Carlos Drummond de Andrade, um dos mais influentes poetas brasileiros
Classe média
Contratos de aluguel começam a receber ajuste de até 13%. Em tempos de pandemia, o assunto precisa ser melhor estabelecido.
Programa
Veja, no link No Sofá Amarelo com Tânia Fontenele, sobre a vida das mulheres durante a construção de Brasília. Vale a pena!
Exemplo
Importante divulgar o trabalho da UnB em relação a um grupo de profissionais que oferta apoio psicológico à comunidade universitária durante a pandemia. Nos próximos dois meses, o projeto Laços na Saúde irá organizar um cine debate sobre o documentário Silêncio dos Homens, e mesas com os temas: Alimentação e ansiedade; Finanças e emoções; Trabalho remoto: desafios e avanços e Resiliência: vamos pôr em prática?
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Do Banco Comercial do Estado de São Paulo recebo a comunicação de que tão logo a Prefeitura plante as árvores em sua quadra, ele e o City Bank ficarão responsáveis pela sua conservação. Ajude a cidade. Participe da campanha de apadrinhamento das árvores da W-3. Você que mora nessa avenida, ou tem sua casa de comércio, telefone para 2-2803, e se aliste para defender as árvores. (Publicado em 16/01/1962)
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Recebi, muitos anos atrás, de Helival Rios, um link, da sociedade Canadá, de um filmete contando a história “O homem que plantava árvores”. Quem já leu o livro de Jean Giono (1895-1970), com o mesmo título publicado em 1953, deparou-se com a frase: “…os homens poderiam ser tão eficazes como Deus em algo mais que a destruição.” Com isso, o autor quis dizer que os homens poderiam, se assim dispusessem, imitar o Criador, erguendo e cuidando de todas as formas de vida sobre a Terra, e não destruindo e reduzindo a cinzas como faz a morte, ao deixar escombros e aridez por onde passa.
A observação de Jean veio a propósito da incansável atividade de Elzéard Bouffier, o personagem principal, que, durante a maior chacina de nossa história, representada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918), continuava, dia após dia, plantando carvalhos numa região agreste dos Baixos Alpes franceses, já abandonada pela população local, devido ao desmatamento secular promovido pelos carvoeiros naquela região.
O contraste, entre quem cuidava de recuperar a vida da região e o morticínio irracional da Guerra de 14/18, é flagrante e mostra, de forma crua, como os homens podem, ao mesmo tempo, abandonar de lado a vida em sua plenitude e seguir os passos da morte, mesmo sabendo dos resultados dessa opção.
O texto, que chegou ao Brasil num curta metragem, foi publicado em livro, e parece cada vez mais atual, justamente por mostrar a capacidade do ser humano em mudar o mundo ao seu redor, tanto para o bem, quanto para o mal. Nesses tempos, em que o nosso planeta experimenta, por meio do fenômeno do aquecimento global, o que talvez seja o seu maior desafio de todos os tempos, e que pode pôr um fim à existência da própria espécie humana na Terra, nada mais hodierno e premonitório do que as mensagens contidas nesse texto escrito ainda no século passado.
Buscar o exato significado para as árvores, num tempo em que ainda se acredita não existir nenhum, é uma tarefa e um desafio que pode nos colocar hoje entre permanecer por essas paragens ou ter que sair de fininho para outros mundos para não perecer. O desafio gigante que, na obra, é realizado por um só homem, durante mais de 30 anos em que plantou, naquela região, milhões de árvores, pode ser uma das respostas para esse dilema da atualidade.
Embora pareça uma tarefa impossível recuperar o planeta da degradação imposta pelas consequências da Revolução Industrial em sua ânsia por adquirir matérias-primas, o livro mostra que bastou a persistência de apenas um indivíduo para mudar a realidade local. “Um único homem, reduzido a seus recursos físicos e morais, foi capaz de transformar um deserto em uma terra de Canaã”, diz o autor.
O que conhecemos hoje por meio da palavra muito em moda: resiliência, que significa a capacidade de resistir e se adaptar às mudanças, tanto pode ser aplicada ao homem como à própria natureza, desde que lhes sejam ofertados a oportunidade. A esse fenômeno, que muitos classificam como um sinal e uma semente da própria vida, é que pode estar a redenção, ou não, da humanidade.
Obviamente que os exemplos a seguir não devem se resumir a uma obra de ficção. Mas podem nela se inspirar para promover as mudanças necessárias e urgentes que o momento exige. Toda grande obra pode ter seu início apenas movida pela inspiração trazida pelos belos exemplos, sejam eles reais ou não. O primeiro passo é o das ideias, dado ainda no mundo abstrato dos projetos mentais. Pode vir a ser realidade concreta, pelo esforço físico, o que é uma mera consequência da capacidade de pensar. Nesse caso, pensar num mundo em que a vida seja ainda uma possibilidade real e que valha a pena.
A frase que foi pronunciada:
“As árvores são poemas que a terra escreve sobre o firmamento. Derrubamos para transformá-las em papel registrando nosso vazio.”
Kahlil Gibran, ensaísta, poeta e pintor de origem libanesa
Vítimas Unidas
Se os algozes têm a proteção da lei, as pessoas atacadas pela violência resolveram se unir formando o grupo Vítimas Unidas. Recebem ameaças constantemente, a ponto de terem pedido socorro à ministra Carmen Lúcia, quando presidia o STF.
Visto
Em parceria com o memorial JK, o Conselho Editorial do Senado lançou o segundo volume de “Memórias do Brasil”, com os discursos de JK feitos em 1957. O primeiro volume, lançado em 2019, trazia os discursos de 1956, primeiro ano do mandato presidencial de Juscelino. Veja, no blog do Ari Cunha, a transmissão da TV Senado aberta pelo senador Randolfe Rodrigues.
Lido
O assunto da abertura de hoje e de amanhã está coincidentemente tratado nas historinhas de Brasília publicadas em 1962, que podem ser lidas abaixo da coluna. A capital tinha um defensor: o titular Ari Cunha, que sempre procurou o que era melhor para a cidade.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Continuam fumando livremente, os cigarros ou charutos que bem entendem os passageiros da TCB. Efeito excelente vem surtindo a nossa campanha, par apadrinhamento das árvores da W-3. Afora as firmas já publicadas, aderiram à campanha a Mercearia Pirapora (6 árvores), Lourival Almeida, da Drogaria Juvenal, na Quadra 9, Floricultura Brasília, Bimbo – refeições rápidas, Vasp, Síntese, Arte e Decorações, da quadra 8. (Publicado em 16/01/1962)
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Fosse colocado na balança das experimentações da humanidade, o ano de 2020 teria o mesmo peso e o significado de outros períodos de extrema aflição, experimentados pela humanidade, como aqueles que marcaram as Primeira e Segunda Guerras Mundiais, ou mesmo os atentados terroristas às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, em novembro de 2001.
Na realidade, o século XXI foi descortinado com a mau augúrio dos atentados terroristas em todo o mundo, sinalizando, a todos, que esse seria um tempo que não passaria em branco. Vivemos essas primeiras duas décadas em sobressaltos. Tratam-se aqui de tempos para serem varridos da memória pelo simples fato de que nos recordam, a todo o instante, a extrema fragilidade e fluidez de nossas vidas.
Para os filósofos e os pensadores da condição humana, são tempos férteis e cheios de aprendizados e, quem sabe, de novas perspectivas, aceleradas pela imposição de um isolamento social que tornou até as mais febris e movimentadas cidades do planeta, em lugares fantasmas, habitados apenas pela memória. Neste exato instante, em muitos cantos do planeta, pessoas das mais diversas especializações estão debruçadas, refletindo sobre mais essa encruzilhada em que se depara a espécie humana, buscando compreender que alternativas seriam viáveis e seguras para uma mudança de rumo.
Por certo, para o bem ou para o mal, todos aqueles, que buscam respostas para o acontecido em 2020, concordam num ponto: nada será como antes. De antemão, temos como prioridade não morrermos acometidos pela virose traiçoeira. No contexto em que nos encontramos, temos algumas esperanças de que a espécie humana possa reavaliar seu papel sobre o planeta. Aos olhos de alguns economistas, alguns sistemas que vínhamos experimentando terão suas rotas alteradas. A começar pelo sistema capitalista e sua variante: a globalização.
Não é certo, ainda, pensar a pandemia como resultado extremo do próprio capitalismo. Tampouco é sabido se a pandemia virá para enterrar esse sistema e inaugurar outro, com a face mais humana. O que se sabe é que depois da peste negra ou peste bubônica, entre os anos 1347 e 1351, quando 200 milhões de pessoas, na Europa e Ásia, pereceram, o sistema feudal, predominante naquelas regiões, deixou de existir, cedendo lugar ao capitalismo comercial.
Também naquela ocasião, acredita-se, a peste teria viajado através da rota da seda, desde o Oriente, atingindo a Europa, a partir também da Itália, tal qual ocorreu com a Covid-19. Qualquer sistema, por maior e mais sofisticados que sejam seus mecanismos, tem seu ciclo. Com o capitalismo parece não ser diferente. No plano íntimo de cada um de nós, há ainda mudanças que se anunciam necessárias, mas que ainda não vislumbramos bem. As pessoas e as famílias estão sendo postas a provas duríssimas e isso, de certo, provocará reflexões, o que, por sua vez, abrirá portas para transformações.
Temos claro que é impossível pensar em mudanças do sistema, seja ele qual for, sem mudanças nos indivíduos. Os sistemas refletem quem somos, gostemos ou não da premissa. Pouco antes da eclosão da pandemia, vivíamos o dilema do aquecimento global e ele ainda está ocorrendo. Esse fator externo também contribuirá para mudanças tanto no comportamento íntimo de cada um, quanto terá seus reflexos no sistema capitalista, principalmente em quesitos como o consumo e a distribuição de renda.
Um fator vinculado à pandemia, e que não pode ser ignorado, é o aumento sensível da pobreza e de pessoas em situação de risco. O ultra liberalismo e o hiper capitalismo, seus princípios éticos, parecem estar com os dias contados. Coube à China comunista, controlada por uma ditadura burocrática e insensível, mostrar ao mundo os horrores do capitalismo levado ao extremo.
A pandemia serviu, entre outras mil lições, para demonstrar o quanto pode ser nocivo à humanidade aparelhar, politicamente, órgãos das Nações Unidas, como a OMS. Aqui no Brasil, também as lições trazidas pela crise são inúmeras e deverão ser adotadas. A começar por uma mudança de rumos no próprio governo. O capitalismo industrial e poluidor terá que ceder espaço, cada vez maior, a um tipo de construção de riqueza que não agrida o meio ambiente e, sobretudo, o próprio homem. São lições de casa que, entre outras mil, haveremos de fazer, literalmente, em casa.
A frase que foi pronunciada:
“Pode-se morrer mais do que uma vez. A sepultura é que é só uma, para cada homem.”
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco foi um escritor português, romancista, cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor. Foi ainda o 1.º Visconde de Correia Botelho, título concedido pelo rei D. Luís. (Wikipedia)
Solidariedade
Pelo Instagram, Ivan Mattos convida a comunidade de Brasília a conhecer seu trabalho em parceria com outros fotógrafos. Veja, na página Fotografias Solidárias, como você poderá ajudar a Casa de Ismael, que está precisando demais do apoio de todos.
Humano
Uma mensagem simpática do ex-governador Rodrigo Rollemberg, aos amigos, pelo WhatsApp. Coisa de quem cresceu na cidade e cativou muita gente. Veja no blog do Ari Cunha.
Leitor
Não é à toa que o Lago Norte tem tido aumento expressivo nos casos de dengue. A última casa da QL2, conjunto 8, acumula resto de obras no local, deixando os vizinhos em polvorosa. Isso há anos. Mas, até agora, nada foi feito, apesar das inúmeras reclamações.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
As firmas instaladas ali são obrigadas a um sacrifício enorme, porque ficam completamente isoladas do resto da cidade. E um telefonema interurbano para ser completado, tem que ser no posto da W-3. (Publicado em 12/01/1962)
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Desde que começou a ganhar expressão mundial, nos idos dos anos sessenta, a atenção com o equilíbrio ambiental, que no início era um discurso restrito às comunidades alternativas formadas por hippies naturebas e outros bichos grilo, não parou mais de crescer e de angariar devotos, transformando-se hoje na preocupação número um das sociedades em todo o planeta, principalmente nos países desenvolvidos, onde a educação ambiental é já quesito obrigatório desde os primeiros anos na escola.
De debate alternativo, a questão quanto a preservação do meio ambiente foi parar sobre as mesas de pesquisadores e cientistas renomados espalhados pelos quatro cantos da Terra, que passaram a analisar o problema com mais profundidade. As observações sobre as bruscas mudanças climáticas, somadas ao aquecimento, provocados pelo efeito estufa, provaram para esses estudiosos que o planeta, que pensávamos conhecer bem, estava, de fato, em rápido processo de mudanças, provocadas sobretudo pela ação humana sem cuidado. Os seguidos alertas feitos pela comunidade internacional de cientistas, sobre a possibilidade de o planeta adentrar numa espécie de processo irreversível de convulsão, vem surtindo efeito sobre muitos governos de muitos países, formado por pessoas sensíveis ao problema e isso tem feito a diferença, acendendo a esperança de que a preocupação com o planeta seja uma atitude comum à população da Terra.
Obviamente que, entre a comunidade internacional, persistem ainda aqueles Estados que se mostram refratários ao ambientalismo. Para esses países, a comunidade internacional, depois de seguidos apelos, vem endurecendo não só as regras de comércio, como também todas as relações econômicas, na tentativa de fazer valer um mínimo de racionalidade, numa questão que diz respeito a todos, indistintamente. Infelizmente, o Brasil é hoje um dos maiores vilões nessa questão e segue desafiando outros países, sob o argumento que essa é uma questão interna e de segurança do Estado. Ao mesmo tempo em que parece remar contra a corrente internacional, o governo, nesses últimos 18 meses, vem permitindo uma verdadeira escalada de devastação ambiental, com um número recorde de derrubada de matas nativas, aumentando essa insânia também contra os movimentos ambientalistas e contra os povos indígenas. Alega dificuldade de vigilância para um país continental como o Brasil.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre o mês de agosto de 2018 até julho de 2019, o governo simplesmente fechou os olhos para um desmatamento de mais de 10.130 km², uma área maior do que a de muitos estados somados. Neste ano, segundo o Inpe, a derrubada de florestas, principalmente na Amazônia, persiste num mesmo ritmo e sem sinais de abrandamento. A teimosia do atual governo, em rever esse procedimento suicida, tem, como resposta prática, a retração de inúmeros investimentos que poderiam vir para o país, quer por meio de fundos de investidores, quer de outros governos e empresas estrangeiras. São, segundo fontes que lidam com essa questão, dezenas de bilhões de dólares que deixam de vir para o Brasil e que superam, e muito, os possíveis lucros que uma minoria ganha com a destruição de recursos naturais preciosos que a nós foi confiada por nossos ancestrais, para que cuidássemos com responsabilidade e zelo.
A frase que foi pronunciada:
“Coube ao padre Antônio Vieira, comparar os ladrões pobres do seu tempo, aos conquistadores romanos: Os primeiros, por surrupiar uma bolsa, eram enforcados; os outros, ao roubar províncias inteiras, eram aclamados.”
Abraham Lincoln, estadista e advogado dos Estados Unidos
Acredite se quiser
Ninguém duvida sobre a tragédia causada pela pandemia no que se refere à educação. As aulas online são em grande maioria, uma farsa. Alunos demais na tela, nem todos interessados, tédio e cansaço. Com crianças então, nem se fala. Prender uma criança de 4 ou 6 anos numa tela para orientações, sem os pais do lado, é impossível. Agora, a proposta de aula de natação online aconteceu e estarreceu os pais.
Hora de mudar
Por falar nisso, estranho demais: shopping, mercado, banco, ônibus, metrô, comida por entrega funcionam e escolas, não.
Acolhimento
UnB criou um grupo terapêutico para pessoas que perderam entes queridos durante a pandemia. Veja no link os detalhes para a inscrição no grupo “Vínculos e Reflexões: Grupo Terapêutico Breve para Familiares de Vítimas de Covid-19.”
–> Grupo terapêutico para quem perdeu alguém na pandemia é criado na UnB
Pensando em oferecer à comunidade um suporte neste momento, a UnB começa, a partir de 6 de julho, com as atividades do grupo Vínculos e reflexões: Grupo terapêutico breve para familiares de vítimas da Covid-19. Os encontros serão acompanhados pela professora Isabela Machado da Silva, do Departamento de Psicologia Clínica.
. Início 6 de julho, com duração de seis encontros pela plataforma Meet
. Segundas-feiras, das 15h às 16h30
As inscrições podem ser feitas pelo link: Inscrição para o grupo
Em casa
Ambiente hospitalar, por mais que haja humanização, não substitui o lar. Há, no Senado, um projeto que amplia o acesso a tratamentos antineoplásicos domiciliares de uso oral para usuários de planos de assistência à saúde. Segundo o Jornal do Senado, a proposta, do senador Reguffe, altera a Lei dos Planos de Saúde e prevê que o tratamento será oferecido por meio de rede própria, credenciada, contratada ou referenciada, diretamente ao paciente ou representante legal, podendo ser realizado de maneira fracionada por ciclo.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os postes de iluminação do pátio de manobras do aeroporto ainda não foram acesos, mas o serviço já está terminado. Tudo pronto. Falta apenas o Ministério da Aeronáutica receber o serviço do empreiteiro. (Publicado em 10/01/1962)
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Obviedades são como almas de outro mundo. Só são vistas por indivíduos dotados de percepções acima da média, com uma espécie de paranormalidade. São, nesse caso, aquelas pessoas capazes de enxergar além do que parece ser à primeira vista, esmiuçando o objeto com os olhos e as lupas de um especialista. O dramaturgo e jornalista, Nelson Rodrigues (1912-1980), costumava dizer que só os gênios enxergam o óbvio. Ou, em outras palavras, a obviedade é ululante.
Com essa premissa, fica evidente que o período estendido de quarentena fornece somente, àqueles dotados de olhos para enxergar, a oportunidade única de avaliarem, com precisão, o mundo e a sociedade em volta. A virose, ao proporcionar a espetacular chance de uma espécie de retiro espiritual forçado, tem facultado a muitos a experiência de uma revisão do mundo, da humanidade e sobretudo das diversas e intrincadas relações que amarram esses dois sujeitos num destino comum, mas que dá ao planeta a vantagem de naturalmente prescindir dos terráqueos.
O mesmo não se pode dizer da espécie humana, umbilicalmente ligada à Terra e dela totalmente dependente para sobreviver. Espoliada e degradada pelos humanos, há muito o planeta vem emitindo sinais claros de esgotamento do modelo de exploração imposto pela sociedade de consumo. Na realidade, e os constantes alertas de cientistas e ambientalistas vão nesse sentido, o planeta já não consegue mais repor ou renovar os recursos naturais extraídos de modo irracional e, pior, sem quaisquer critérios ou preocupações com as futuras gerações.
Pouco tempo antes de os eventos que conduziram a pandemia de características bíblicas, a agenda mundial vinha se ocupando dos fenômenos do aquecimento global e de todo o stress que o meio ambiente vinha apresentando. Os prognósticos, com base científica, de um futuro sombrio para toda humanidade, caso persistisse o modelo atual de exploração, vinham sendo observados paulatinamente por alguns países mais comprometidos com a agenda ambiental do que outros.
Infelizmente, no rol dos países que passaram a dar pouca importância a essa agenda, o Brasil passou a ser o destaque internacional. Ao contrário dos países desenvolvidos, o Brasil, por força do poderoso lobby do agronegócio e do grande apoio que esse grupo fornece ao atual governo no Legislativo, passou a empreender uma agenda própria, voltada mais para o interesse imediato dessa classe do que ao atendimento de questões ambientalistas.
Para essa turma, que também inclui os extrativistas de minérios e madeiras na Amazônia, o meio ambiente nada rende comparado a outras atividades. É justamente essa agenda suicida que o atual governo resolveu adotar, forçando o Brasil a nadar contra a correnteza mundial e contra as evidências de que o planeta pede socorro. As queimadas na Amazônia, as invasões de terras indígenas e os desmatamentos nunca foram tão intensos como agora. O Alerta tem sido feito tanto por monitoramento de satélites, como por denúncias que não param de chegar.
Aproveitando o período de pandemia e quarentena, quando os brasileiros estão alarmados e aflitos em preservar a própria vida, os habituais depredadores, inclusive bancados com o dinheiro de poderosos grupos estrangeiros, estão agindo livremente, promovendo um saque ao país. O governo, para quem esses grupos são importantes para o “processo de desenvolvimento”, faz vistas grossas, ou seja, não enxerga o óbvio.
A frase que foi pronunciada:
“Se queres provar-nos que és competente em agricultura, não o proves semeando urtigas.”
Georg Christoph Lichtenberg, filósofo, escritor e matemático alemão.
Sempre burocrático
Cartório do 4º ofício, na Asa Norte, quadra 504, anuncia pelo site que é possível fazer agendamento. Ao tentar marcar data e hora, a instrução é que o interessado vá pessoalmente agendar o atendimento no próprio cartório. Chegando lá, recebe um papel para marcar data e hora ou opta por enfrentar a fila.
Ruim
Avaliação dos usuários em relação ao aplicativo do BRB é nota 2. Quem tenta abrir uma conta pelo celular simplesmente não consegue. Como o caso do cartório comentado acima, exige, na realidade, a presença do cliente.
Cidade fantasma
Se, antes da pandemia, andar pelo Setor Comercial Sul já era desolador, aquele mesmo cenário está se estendendo pelas áreas comerciais da cidade. Até um site já foi criado com a lista de restaurantes fechados por toda a cidade. Veja no link Vendo Restaurantes.
Covid-19
Um túnel de ozônio. Foi assim que a fábrica da Klabin resolveu manter seus colaboradores protegidos. Veja a seguir.
Megafone
Comemorações do Dia Internacional da Enfermagem usam o microfone para pedir melhores condições de trabalho. Reconhecimento é bom, mas dar condições no trabalho é fundamental.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
E vive, também, como sede do governo, como centro convergente do país, como cidade, como comunidade. Antes, quando os blocos não estavam habitados, reclamavam contra a falta de choro de crianças, a falta de cheiro de bife nos corredores. Hoje, os que não querem ver a obra, dizem que a acústica faz com que se ouça o choro da criança vizinha, e há quem reclame contra o cheiro de bifes nos corredores de serviço. (Publicado em 06/01/1962)
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Particularmente, nesse domingo de Páscoa, experimentamos, mais do que em outro momento qualquer de nossa existência, o sentimento de uma travessia ou passagem (Pessach), talvez semelhante ao que vivenciaram os hebreus em sua peregrinação pelo deserto, durante o que parece ter sido uma quarentena por longas quatro décadas.
À semelhança daquele povo que fugia do cativeiro do Egito em busca da terra prometida de Canaã, estamos numa caminhada dentro de casa, em torno de nós mesmos, depois de aparentemente termos perdido, ou deixado para trás, um mundo que acreditávamos conhecer muito bem, mas que agora sabemos estranho, cheio de segredos e mentiras e mesmo hostil, por um lado, e solidário, patriota e cheio de esperanças e planos, do outro.
Embora tudo pareça estar em seus lugares costumeiros, há nesse instante, com os olhos que passamos a enxergar o mundo exterior, uma dúvida de que essa não é mais a paisagem e o lugar que pensávamos ser real. Como diria o velho Machado, em sua indagação mais profunda sobre o Natal, mas que poderia ser agora adaptada à Páscoa: mudaria a Páscoa ou mudei eu? Infelizmente o mundo segue indiferente às nossas agruras, estranhamente ignorando nossa aflição.
Notícias que chegam de toda a parte mostram que nossa casa, que é esse pequeno planeta, perdido no universo imenso, está até melhor com nossa ausência. O ar está mais puro, os animais estão mais livres. Mas sabemos também que aqueles, que sempre agiram nas sombras, não perderam tempo e estão tirando o máximo proveito da distração do mundo com o vírus e prosseguindo, como nunca, no desmatamento da Amazônia, atendendo ao grande volume de pedido externos de madeira. O lado ruim do mundo não dorme nem descansa.
Em resposta àqueles que buscaram saber como puderam os Hebreus vagarem por quarenta anos pelas areias escaldantes do Norte da África quase sem esmorecer, encontramos uma justificação simbólica, mas poderosa: eles eram guiados nessa passagem de um mundo para outro, do cativeiro para a liberdade por um líder escolhido pelo próprio Deus e que era sentido por todos por meio da fé. A fé que para muitos é algo irreal e místico, distante da fatualidade científica, é combustível que move o motor do espírito. De posse da fé de que havia à frente um mundo novo, onde a liberdade era um verdadeiro maná de Deus, nenhum obstáculo terreno seria intransponível.
Essa mesma fé, nem tanto espiritual, dos navegantes da Idade Moderna, conduziu-os ao Novo Mundo. Da mesma maneira os primeiros peregrinos deixaram a Europa em busca de uma nova vida na América recém-descoberta, longe das perseguições políticas e religiosas, necessitamos, desesperadamente agora, desse ânimo ou alma para descobrir, talvez um novo mundo, já que o antigo teremos que forçosamente deixar para trás.
O fato de o planeta voltar a respirar melhor com nossa ausência demonstra que temos sido, nós mesmos, o vírus que vem assolando o planeta desde que nos organizamos em sociedade. Podemos entender agora que até a Revolução Industrial, que pensávamos ser a libertadora do homem e da escravidão, apartou-nos do mundo, transformando-nos em danosos predadores e consumistas vorazes. Temos, por força das circunstâncias mortais, que nos transformar em agentes por um novo planeta. Não é tarefa pequena, mas esse trabalho hercúleo que nos espera pode agora, mais do que em outras oportunidades, ser distribuído igualmente pela humanidade enclausurada.
À certeza de que o planeta não necessita de nós para continuar girando no espaço, podemos apenas nos contentar com a resposta de nosso ego que diz: de que valeria todo esse mundo, sem a nossa presença e a capacidade que temos de refletir sobre essa importância?
A poesia que foi declarada:
“Está escuro porque você está se esforçando demais. Criança levemente, levemente. Aprenda a fazer tudo de ânimo leve. Sim, sinta-se levemente, mesmo sentindo profundamente. Apenas deixe as coisas acontecerem levemente e lide com elas. Então jogue fora sua bagagem e vá em frente. Existem areias movediças ao seu redor, sugando seus pés, tentando sugá-lo ao medo, à autopiedade e ao desespero. É por isso que você deve andar tão levemente. Levemente minha querida … ”
Aldous Huxley, escritor ingêns em Ilha
Reta final
Nos dias 13 e 17 de março, esta coluna abriu a discussão sobre o polêmico concurso da SEDES-DF. No dia 01 de abril, saíram as últimas decisões. Todos os conselheiros do TCDF votaram pelo sistema proporcional de pontuação, conforme traz o edital do certame. No entanto, nos últimos dois parágrafos do seu voto, o relator Paulo Tadeu acrescentou uma observação que está agitando os concurseiros. Veja a seguir.
Burocracia virtual
Para gerar a segunda via da conta da Caesb, o portal interativo e amigável agiliza o comando. Já na CEB, é preciso usar a barra de rolagem, o que nem sempre é lógico para os usuários. O que aparece primeiro é um login e senha para se cadastrar no portal, absolutamente desnecessário, visto que o clique para a segunda via da conta foi jogado para o final da página.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os moradores da superquadra 409/410 pedem a construção de uma escola e alegam que uma superquadra dupla merece uma escola, perfeitamente. (Publicado em 05/01/1962)
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Deixada praticamente à própria sorte por séculos, não surpreende que a região Amazônica venha a apresentar agora um conjunto de problemas que, somados, superam qualquer outra questão premente no Brasil atual. Experiências passadas ensinam que se você não ocupar o espaço que lhe cabe, em tempo e hora e de forma incisiva, outro virá ocupar esse vácuo deixado. É exatamente o que parece estar acontecendo hoje com a Amazônia brasileira. Depois de sucessivos governos que tinham apenas uma visão parcial desse problema, excluindo nesse caso os militares, que por razões estratégicas sempre chamaram a atenção para essa vastidão verde sem controle, por onde entravam e saiam, ouro, minerais diversos, madeiras, drogas e armas.
É preciso lembrar que uma presença mais efetiva e eficaz de nossas Forças Armadas nessa região, principalmente ao longo dos milhares de quilômetros de fronteiras, só não foi concretizada devido à falta de interesse de governos passados que praticamente pouco ou nada investiram nesse quesito. Como resultado desse desleixo, o que se observa hoje é que a Amazônia possui tantos problemas como o número de árvores que lá restaram de pé.
Embora a culpa principal recaia sobre o governo federal, por sua capacidade de ação, parte significativa desse problema foi e é de responsabilidade direta dos diversos governadores e políticos dessa região, que sempre lucraram em cima do caos e da desordem que tomou conta daquela parte do país. Agora de nada adianta o governo atual ficar apontando o dedo para todo o lado, buscando culpados e conspiradores em toda parte. Para um presidente que se ajoelhou contrito diante do bispo Macedo da Igreja Universal, uma instituição sabidamente caça níqueis, criminalizar a Igreja católica, acusando-a de inimiga da pátria é um pouco demais.
A preocupação do governo de que o Sínodo da Amazônia vem sendo preparado com propósitos e viés políticos para alardear para a opinião pública mundial a situação caótica da região, pode ter um fundo de verdade, mas deveria contar com o apoio do Planalto, já que essa instituição, ao contrário de muitas outras, está nessa região, desde a chegada de Cabral por essas terras e conhece o problema.
O que o governo deveria fazer, e esse é seu papel, é reunir-se com essas lideranças e também com parte daquelas ONGs, que trabalham com seriedade, aproveitar toda a experiência dessas instituições ao longo dos anos e traçar um projeto de longo prazo, visando proteger essa região e seus povos nativos da pilhagem que hoje é feita interna e externamente à luz do dia e sob o nariz das autoridades inertes.
Em Carta sobre o Sínodo da Amazônia, os religiosos das Igrejas amazônicas falam da preocupação com a “Casa Comum”. “A nossa Igreja, diz o documento, assumiu o compromisso de se “encarnar na simplicidade”, na realidade dos povos e de empenhar-se para que, por meio da ação evangelizadora, se tornasse cada vez mais nítido o rosto de uma igreja amazônica, comprometida com a realidade dos povos e da terra”.
A frase que foi pronunciada:
“O que estamos fazendo para as florestas do mundo é apenas um reflexo do que estamos fazendo a nós mesmos e uns aos outros.”
Mahatma Gandhi, líder espiritual
Vanguarda
Com o total apoio do senador Eduardo Gomes, com a presença do chefe de gabinete da Primeira-Secretaria, Thiago Rodrigues Teixeira, sob o olhar da representante da ONU, Ana Carolina Querino, a diretora-geral do Senado Ilana Trombka e a gestora do órgão responsável pelo Plano, o Núcleo de Coordenação de Ações Socioambientais (NCas), Karin Kässmayer, é lançada mais uma iniciativa inédita em todo o país. O Senado Federal passa a contar com um Plano de Equidade de Gênero e Raça (PEGR), a única instituição pública do Brasil a adotar a prática.
Na prática
Diversos setores da Casa participaram das discussões com o Comitê Permanente pela Promoção da Igualdade de Gênero e Raça do Senado Federal e traçaram 28 objetivos que serão alcançados através da Comunicação, Educação, Cultura Organizacional, Gestão, e Saúde. A novidade será o monitoramento de setores para acompanhar a evolução e engajamento ao programa.
Por todos
Durante o lançamento, a diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, afirmou que “o Plano é um instrumento que influencia o Senado internamente, porque é construído coletivamente, a várias mãos, mentes e corações, e do ponto de vista externo pretende ser um exemplo para as organizações públicas”.
Elogios
Ana Carolina Querino, da ONU, lembrou que o Senado já foi agraciado duas vezes com o selo Pró Equidade, do Governo Federal, e que agora dá um passo decisivo na direção de um ambiente de trabalho exemplar: – Fico muito feliz em saber que existe essa preocupação em consolidar o plano internamente com as temáticas de gênero e raça, para criar um ambiente livre de discriminação, de racismo e que todos os colaboradores possam usufruir de um ambiente de trabalho saudável”. Veja mais sobre o assunto a seguir.
Leia o plano em: PLANO DE EQUIDADE DE GÊNERO E RAÇA
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
E o que aconteceu em Sobradinho poderá se repetir em outras cidades satélites como o Gama, onde uma onda de politiqueiros vive insuflando o povo, para usar, nas entrelinhas, os pedidos de votos. (Publicado em 29/11/1961)
Aumento da pressão mundial pelo meio ambiente é um sinal dos tempos
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Nesses últimos meses, tem sido pesada a carga de artilharia voltada contra o governo Bolsonaro, vinda praticamente de todos os ambientalistas, com destaque para os defensores do meio ambiente nos países desenvolvidos. Lá fora, essa carga tem sido maior devido à exposição contínua de denúncias em foros internacionais e na imprensa, talvez por conta do grande interesse que esse tema possui junto as populações desses países, assustadas com as visíveis consequências que as mudanças climáticas têm ocasionado em todo o planeta.
Os constantes alertas feitos por renomados cientistas, biólogos e todos aqueles que estudam essas mudanças no clima, alertando para um eminente e irreversível aquecimento em todo o globo terrestre, são, cada vez mais, levados a sério pela população, que, por sua vez, pressiona seus representantes políticos no sentido de adotarem medidas de proteção interna e externa.
Pressionados pelo peso da opinião pública, líderes de muitos países da Europa se veem obrigados a adotar medidas contra todos aqueles parceiros econômicos que não estão respeitando as novas regras de combate à poluição e de preservação do meio ambiente. Nesse rol de países que têm sido acusados diuturnamente de desrespeito, as boas práticas de conservação o Brasil têm sido o destaque, ocupando quase todas as manchetes nos noticiários diários sobre essa questão.
Tão intensas e sérias se tornaram essas campanhas no exterior que hoje já é possível afirmar que o governo Bolsonaro vem se transformando numa espécie de vilão ambiental em escala planetária. O pior é que aquelas pessoas e órgãos que deveriam cuidar para melhorar essa imagem, nada têm feito dentro e fora do país. Declarações desastradas do próprio presidente e de alguns de seus assessores diretos nessa questão, como o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não só não têm ajudado a esclarecer esse assunto, como têm jogado mais lenha nessa fogueira.
Nesse sentido, de nada adianta o governo contestar metodologias de checagem de desmatamento de órgãos como o Inpe. Ao redor do planeta, circulam, constantemente, dezenas de satélites com as mais avançadas tecnologias de monitoramento ótico, oferecendo, em tempo real, a situação da derrubada de matas na Amazônia e em outros pontos do mundo. Deixando se levar pelo discurso soberbo do agronegócio nacional, o governo Bolsonaro vai vendo sua imagem se diluindo e com ela a credibilidade do Brasil, quanto a importantíssima questão ambiental. Os assassinatos recentes de lideranças Wajãpi e o périplo mundial feito por caciques como Raoní têm elevado o tom de críticas contra a política excessivamente leniente do Brasil na questão da preservação do meio ambiente.
Estudiosos do clima reunidos agora em Genebra, no Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, prometem arregimentar forças contra o descaso das autoridades brasileiras nessa questão, apresentando nosso modelo de agronegócio como um sistema suicida e insustentável. Com isso, crescem, num ritmo geométrico, as pressões internacionais para que todos os países adotem medidas que impeçam, a tempo, a inviabilização de nosso planeta. Nessa questão crucial, o atual governo, por mais que ofereça evasivas ao problema, terá que adotar medidas concretas, sob pena de não poder, inclusive, circular livremente pelo mundo.
A frase que foi pronunciada:
“Eles destruíram as suas terras e agora querem controlar as nossas? Nós temos diamantes, temos ouro, pedras preciosas saindo de forma ilegal (…)”
Governador Coronel Marcos Rocha, no Rondônia ao Vivo
Governo Federal
Estudos quase no final em relação ao Bolsa Família. A ideia é evoluir e bancar um programa de treinamento técnico para os beneficiários do programa. Pela pesquisa, seriam 13 milhões de famílias beneficiadas. Até dezembro, a novidade será divulgada.
SXSW
Em março de 2020, artistas de Brasília poderão participar do festival norte-americano South by Southwest. Tracy Mann foi convidada a orientar músicos, cineastas e projetos de economia criativa para participar do evento ano que vem.
Só resta torcer
Circula pela cidade a informação de que já está aprovada a privatização do Estádio Mané Garrincha, do Ginásio Nilson Nelson e do Complexo Aquático Cláudio Coutinho. Pelos próximos 35 anos, o consórcio Arena BSB assumirá a gestão do complexo. Por enquanto, o GDF e o grupo administrarão em parceria por seis meses.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Como, no regime parlamentarista, é o parlamento que elege o presidente, concordamos com a eleição para deputado e senador. É um ponto de vista particular, sem nenhuma pretensão, que defendemos por amor a Brasília. (Publicado em 26/11/1961)