Manicômios de portas abertas

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Corredor do Hospital Judiciário Henrique Roxo, em Niterói — Foto: Hermes de Paula/Agência O Globo

 

É sabido que, a partir deste mês, todos os hospitais psiquiátricos judiciais, também chamados manicômios, estarão proibidos de admitir novos pacientes e serão fechados definitivamente. Essa resolução, de número 487/23 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), visa superar o atual modelo manicomial e segue o que determina também a Lei 10216/2001, conhecida como Lei Antimanicomial. Essa lei estabelece o direito das pessoas com transtornos mentais a receberem tratamento em ambientes terapêuticos, que serão criados na forma de serviços comunitários de saúde mental, juntamente com as chamadas Redes de Atenção Psicossocial (RAPS).

A partir do prazo estipulado, as internações só serão admitidas em casos excepcionais, tudo de acordo com laudo médico aprofundado e o quadro apresentado pela pessoa em questão, nessa ocasião. No caso dos manicômios judiciais, onde se encontram presas pessoas como assassinos em série, estupradores e pedófilos com transtornos de comportamento e outros indivíduos de alta periculosidade, com sérios transtornos mentais, a questão do fechamento dessas instituições ganha, além do componente psiquiátrico, constatado por laudos embasados, questões também de ordem política, além de elementos e fatores econômicos.

Pelo o que a população já pode constatar, com relação à essas e outras medidas determinadas por governos que vêm e vão a cada quatro anos, o fechamento dos manicômios judiciais, sem as devidas medidas protetivas, pode muito bem significar que, mais dia, menos dia, muitos desses doentes mentais, que cometeram seguidamente crimes de altíssimo poder ofensivo, estarão soltos perambulando pelas ruas, circulando nas cracolândias do país, prontos para voltar a cometer todo o tipo de atrocidade.

Ao que parece, nesse caso específico, é que a população brasileira, tem sim toda a razão, quando diz que o fechamento desses manicômios judiciais irá elevar ao infinito o grau de perigo de nossas ruas, transformando nossas cidades em verdadeiras selvas, repleta de psicopatas bandidos e assassinos em potencial.

Nada garante que os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, a serem criados, irão manter os mesmos regimes de segurança e vigilância mantidos pelos antigos manicômios judiciais, dado ao fato de que se trata aqui de prisioneiros da mais alta periculosidade e que, por sua natureza de mentes doentias, são inimputáveis.

Para quem conhece o Brasil e sabe que este é um dos países mais perigosos do planeta, com dezenas de milhares de mortes violentas a cada ano e onde boa parte dos crimes não são sequer investigados até o fim, essa nova medida, determinando o fim dos manicômios judiciais pode ser que represente, como desfecho trágico, a cereja no bolo da morte e da impunidade para o desespero das famílias que não têm suporte para acolher e para a sociedade, que ficará à mercê desses pacientes.

O que não pode é o Estado, por meio de uma lei impositiva, lavar as mãos para um problema que põe em risco toda a população. Qualquer pesquisa de opinião, feita junto às famílias que sofreram com a morte de seus entes queridos nas mãos desses doentes mentais, ou mesmo os familiares dos criminosos, irá concluir a questão com uma afirmação surpreendente: as autoridades enlouqueceram de vez.

 

A frase que foi pronunciada:

“Não falta inteligência para ele, ele raciocina. O que eu quero dizer é que ele não tem nenhuma forma de ser corrigido, ou seja, ele nasceu assim, se desenvolveu assim com essa característica patológica. É um indivíduo de altíssima periculosidade que se estiver solto em sociedade vai delinquir”

Guido Palomba, psiquiatra forense

Guido Palomba. Foto: jovempan.com

 

Para a moçada

Rock’N Quadradinho prepara a festa de 14 de junho. Na Mormaii Surf Bar, que fica na Orla da Ponte JK, os sócios Daniel Wills e Alonso Filho anunciam a venda de ingressos pelo Sympla.

Cartaz: sympla.com

Interessante

Uma escola classe do DF está reproduzindo, com os alunos, os tempos de jornalismo sem Internet. Laudas, máquinas de escrever, comunicação por telefone fixo e por aí vai. A notícia chegou pela metade e precisamos liberar a coluna. Amanhã informaremos com exatidão.

 

História de Brasília

Devia estar pronto a 21 de abril, um dos grandes monumentos da cidade. A Tôrre de Televisão. Mas a Siderurgica Nacional atrasou a entrega, não mandou até hoje ninguém assinar o contrato. E basta que se diga que a NOVACAP já pagou a maior parte do serviço que não foi entregue. (Publicada em 10.04.1962)