A culpa é da tecnologia

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Congresso Nacional. Foto: EBC

 

          Ingenuidade foi acreditar que, com o advento das tecnologias de comunicação, como é caso das mídias sociais turbinadas pela Internet e todas as chamadas bigtechs, o marasmo da vida política nacional seguiria no mesmo compasso lento que vinha se movimentando, desde o século passado. A Internet, que “deu voz aos imbecis”, ou seja, aos brasileiros, permitiu que o populacho entrasse, de sola, nos espaços luxuosos e blindados do poder. Com esse fenômeno da tecnologia, o oceano de “imbecis” veio a inundar, com suas águas barrentas, o planalto elevado, outrora um lugar seguro e separado do populacho.

          Essa área reservada, que os áulicos sempre acreditaram ter sido erguida apenas para benefício próprio, viu-se, de uma hora para outra, repleto de bisbilhoteiros e fofoqueiros de toda a ordem. Também pudera, onde há pouca transparência ou pouca luz, é aí que os curiosos querem meter o nariz. Ditado antigo, sempre lembrado pelo filósofo de Mondubim, diz que as ruas possuem milhares de olhos que espiam por detrás das janelas e das portas entreabertas.

          Nada escapa as futricas do povo. Imagine então quando, à essa turba, são oferecidos os meios tecnológicos para espiar os bastidores do poder. Pois foi justamente a bordo das empresas de bigtechs que essa população curiosa viajou, virtualmente, até o centro do poder. Incomodados com a presença e até com o cheiro suarento dessa multidão, o sistema resolveu então afundar essas naus virtuais, que, à semelhança do que aconteceu nos episódios dos refugiados vindos da África para a Europa, não eram bem-vindos. O que ninguém tem falado aqui, talvez por medo ou vergonha, é que os novos obuses ou regulações legais que estão sendo disparados contra esses invasores, visam, tão somente, manter, longe do continente do poder, essas hordas de invasores.

         O que se tem aqui, com toda essa movimentação em cima do PL 2630, mais até do que uma reflexão sobre a importância da tecnologia de comunicação, como a Internet e as mídias sociais, é a permissão ou não para que a população brasileira atravesse esse Mediterrâneo a separar dois continentes, e tenha acesso livre aos espaços de poder e influência política. Não se pode negar que a presença incômoda da população sempre foi vista como uma ameaça pela elite política e econômica, que tem utilizado, de todos os meios legais ou não, para limitar e controlar o acesso da população aos espaços de poder. Há hipocrisia por trás das alegações de que essas limitações são necessárias para combater fake news e discursos de ódio. Na verdade, são apenas pretextos para manter o povo desinformado e fora do alcance do poder.

         A falta de transparência e de interlocução entre a população e o poder é o que incentiva a curiosidade dessa população em relação às elites. Ao restringir o acesso de todos a esses espaços, a elite política e econômica está simplesmente tentando proteger seus próprios interesses e privilégios. Em resumo, o que se pretende com toda essa dança de guerra das elites é a manutenção do status quo, fustigado agora pelas tecnologias de comunicação. De todo esse imbróglio, o que se tem de fato, em mãos, é a organização de uma intensa e larga manobra diversionista, visando culpar as tecnologias, não por seus avanços e ganhos reais indiscutíveis, mas tão somente por trazer o povo curioso e barulhento para junto dos palácios. A culpa é da tecnologia.

 

A frase que foi pronunciada:

“O reino morto ainda vive.”

Pablo Neruda

Pablo Neruda. Foto: Arquivo / Agência O Globo

 

Estante virtual

Portal prático e amigável para quem gosta de ler em papel. Com um acervo gigantesco, Estante Virtual é a grande saída para os leitores que querem livros mais baratos, sem se importar se é de segunda mão. Há livros novos também, com o conforto de receber em casa.

Foto: Fernando Souza / Reprodução / Facebook

 

População agradece

Natação de volta na Escola de Esporte que fica no Complexo Aquático Cláudio Coutinho.

Foto: sistemas.df.gov

 

Olhar e visão

Prêmio Social Media Gov de comunicação pública nas mãos da Comunicação Social do Senado. O reconhecimento pela atuação nas redes sociais levou a premiação pela categoria “Comunicação como Serviço” sobre a redução da jornada de trabalho para mães e pais de filhos com até 6 anos ou com algum tipo de deficiência.

 

Crescente

De Alto Paraíso até Cavalcanti, no Nordeste de Goiás, o plantio de transgênico e os campos de pastagens vão se impondo contra as árvores tortas do cerrado, queimando matas, envenenando os rios, esgotando as terras.

Foto: ecoa.org.br

 

Colégio caro

Aluno do 3º ano do fundamental, 8 anos de idade, recebeu a tarefa de fazer os exercícios até a página 26. Empolgado, continuou até a página 48. Como desobedeceu ao comando, a professora cogitou, em voz alta, apagar as páginas feitas a mais. Até que pressentiu o absurdo e foi consultar a diretoria. Quase foi demitida.

História de Brasília

Quem disse até agora sobre o dr. Jânio, foi o professor Carvalho Pinto: “Está encerrado o assunto renúncia. Vamos trabalhar, porque os problemas são muitos…” (Publicada em 18.03.1962)

Educação, livros e Internet

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Foto: bbc.com

Mudanças radicais já afetam o alicerce pedagógico e didático. A começar pela distância entre professor e aluno, no que tange à tecnologia. Nos últimos anos ficou patente que escolas públicas de qualidade, seguindo não o modelo de empresas do Estado, são criadas apenas para atender às demandas fisiológicas de seguidos governos, e não voltadas para uma missão de longo prazo em prol da educação.

Não se trata da constituição de mais uma empresa estatal obsoleta e dispendiosa, nos moldes do que já existe, mas de um conjunto de instituições voltadas, exclusivamente, para dar suporte ao ensino público de qualidade, num país, que todos sabemos, continental e com desigualdades enormes. Ocorre que, para atingir esse fim, não se pode, de modo algum, prescindir de tecnologia, além dos livros e, principalmente, do acesso a livros e edições de alto nível, englobando o que a literatura nacional e a mundial têm produzido de melhor.

Obviamente que, para uma tarefa tão gigantesca, essa nova instituição deveria reunir, em torno de si, um corpo formado por intelectuais da área de educação de reconhecida expertise, além de, educadores, empresários do ramo da editoração, escritores, professores, técnicos em TI e outros profissionais dedicados a um só objetivo: aplainar os caminhos para que todos os brasileiros entrem em contato e se aproximem cada vez mais da realidade.

Por certo, esse seria projeto de longo prazo, já que reverter esse quadro é uma realidade indiscutível. Ocorre também que, nos diversos certames onde a qualidade de nosso ensino, de forma geral, é posta à prova, o denominador comum que sempre surge indica que, por falta de uma maior familiaridade com a leitura, nossos alunos não sabem interpretar um texto simples ou indicar, com clareza, que assunto é ali abordado. A falta de hábito e de exemplos em casa cooperam para os tristes indicadores. Inegável também é que enquanto a educação se desenvolve cada vez mais mundo à fora, na nossa América, a escola ainda é a melhor opção para encher a barriga.

A internet e os livros (digitais ou não) são os degraus necessários para que a juventude brasileira acompanhe o progresso e a realidade mundial. Em países livres, os jovens são pensantes. Quando se vislumbra o tempo enorme que levaria para a educação brasileira ser reconhecida pela qualidade, surge o antropólogo Claude Levi-Strauss, em sua obra “Triste Trópicos”, de 1955, onde chegou a notar que estávamos destinados a passar da barbárie à decadência, sem, ao menos, conhecer a civilização.

É desse salto no escuro que temos que nos precaver, precisamos criar bases sólidas para adentrarmos o futuro com segurança, ainda mais quando verificamos a imensa disparidade existente hoje entre alunos com acesso efetivo a redes de informática e uma imensa maioria formada por brasileiros off-line ou fora das redes.

O fechamento de escolas, teatros, bibliotecas, museus, galerias, livrarias e outros diversos centros de cultura, fenômeno que já vinha sendo observado antes da pandemia, apontava para uma situação calamitosa que estava por vir. Esse desmanche das culturas se acentuou ainda mais, empobrecendo a vida em cidades e forçando-nos a uma espécie de regresso ao tempo da barbárie. Temos que evitar esse retorno no tempo, dando, às novas gerações, o caminho das pedras escondido nos livros e os mapas do tesouro por traz das redes de conexão.

 

A frase que foi pronunciada:

“Se as crianças podem se envolver muito com os videogames, há uma maneira de elas também se envolverem muito com a educação.”  

Elon Musk

Foto: EFE/EPA/GEORGE NIKITIN

 

Boa ideia

Professora Vivian Nogueira embarca na carreta-escola para aulas de gastronomia. São 900 vagas para profissionalização com o curso que começa nesta segunda e vai até o dia 20, totalmente gratuito. Pizza, salgadinhos, confeitaria e áreas de gerenciamento de pessoas, empreendimentos e até mídias sociais. Começa na Ceilândia, mas há a modalidade online para quem quiser participar. Veja os detalhes no link https://escolamoveldegastronomia.com.br/.

 

Política genocida

Vendo aqueles índios em situação de penúria, veio uma imagem publicada pela revista Istoé de 2007, que mostrava o antes e depois de uma criança desnutrida quando passou a consumir a Multimistura, que salvou muitas crianças da desnutrição, no Brasil e em outros países. O feito é da Dra. Clara Brandão, médica e nutróloga, formada pela Universidade de São
Paulo (USP), que tem especialização em pediatria e nutrologia. Segundo a revista, a médica foi trocada por enlatados da Nestlé e Procter & Gamble. À época, a médica declarou que essa troca era uma política genocida.

 

História de Brasília

Indústria chama indústria. Com a Disbrave construindo uma oficina de automóveis na W-2, em frente, numa invasão, já existe um barraco onde está instalada uma subsidiária de auto capa. (Publicada em 15.03.1962)

Um futuro distópico

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Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Pesquisa de opinião pública, realizada há dois anos pelo Instituto DataSenado, mostrou que existe, hoje no Brasil, uma forte e crescente influência das redes sociais como fonte de informação para os eleitores. De acordo com esse levantamento, nada menos do que 45% dos eleitores ouvidos confessaram que, cada vez mais, buscam, nas mídias sociais, as informações que necessitam para decidir como irão orientar seus votos. Outro dado interessante levantado pelo estudo mostra que o conteúdo veiculado nas redes sociais possui grande influência sobre a opinião dos indivíduos. Essa atuação é observada, sobretudo, entre os indivíduos com escolaridade superior. Se tal fenômeno já significava, nas últimas eleições, que metade dos brasileiros, com acesso à internet, votava sob a importância direta do que consumiam nas mídias sociais, a possibilidade de haver mais de 50% dos cidadãos votando agora no pleito deste ano é bastante certa.

Tal realidade indica que o mundo virtual, esse oceano infinito de informações, verídicas ou não, passou a ser decisivo não apenas nas eleições de 22, mas também na condução de candidatos que sabem manusear essas mídias. Obviamente que tal abrangência de influência irá se estender ainda para dentro do Estado, interferindo no modelo de democracia que teremos doravante, todo ele ligado e dependente dessas novas mídias. Com isso, os debates tete a tete, o exercício mercadológico dos marqueteiros políticos, os comícios ao vivo e outras modalidades dentro das disputas eleitorais perdem fôlego e vão sendo deixados de lado, um a um.

Não será surpresa se o próximo passo dado para o domínio total das mídias sociais seja a votação via internet, por meio desses mesmos aplicativos. A obsolescência de instrumentos como a urna física e dos locais de votação deixará de existir, sendo o destino dos cidadãos feito diretamente de casa, via celular. Não será novidade se, lá adiante, o tal do “sistema”, ou seja, esse sujeito indeterminado e oculto, venha a fazer parte na gestão do Estado. Tornando assim, o dito “sistema”, o responsável pela qualidade da democracia e pela prestação de serviços por parte do Estado.

A impessoalidade na democracia, ao contrário do que muitos acreditam, não parece, a princípio, que irá melhorar as relações entre o cidadão e o Estado. A suspeita é que, quando esse dia chegar, a comunicação entre os cidadãos e o Estado será feita nos mesmos moldes com que são feitas hoje as relações entre os consumidores e as operadoras de telefonia. Até mesmo aspectos, que hoje são importantes, como a separação entre os fatos e as fake news, deixará de existir, sendo todos esses “ruídos de comunicação” atribuídos aos mecanismos do “sistema”.

Para o cidadão comum, que, afinal, irá custear essa entrada das novas tecnologias nas relações políticas com o Estado, restará o monólogo de alguém que escuta, do outro lado da linha, que a falta de médicos, de remédios, de professores nas escolas, da falta de água nas torneiras, de luz nas residências deve-se não à inoperância da política, mas ao “sistema”, uma entidade com situação jurídica abstrata, impossível de ser alcançada pelas leis.

Trata-se aqui de um futuro que vamos organizando com os pés, já que a cabeça e as mãos estão absorvidas pela Internet. O problema é que, quando levantarmos os olhos para o horizonte, o futuro distópico já terá chegado com toda a sua crueza e indiferença.

A frase que foi pronunciada:

Corrupção existe no mundo todo. Mas fã-clube de corrupto, só no Brasil.”

Frase no Pinterest

Charge do Cazo

Carreiro

Carlos Alberto Simas Magalhães, embaixador do Brasil em Portugal, vai contar com a contribuição de Raimundo Corrêa Carreiro, que promete impulsionar as relações comerciais e culturais entre os dois países.

Carlos Alberto Simas Magalhães. Foto: lisboa.itamaraty.gov

Ensurdecedor

Morador do C.A., no Lago Norte, em um prédio onde há uma pizzaria, reclama constantemente dos motoboys que intervém no cano de escape para fazer mais barulho. O apelido que deu a esses profissionais arrancou gargalhada dos vizinhos: “São os Aedes Aegyptis do trânsito!”

Escapamento de moto. Foto: divulgação

Oportunidade

Nada como uma turbinada nos estudos como uma língua estrangeira. Vão até amanhã as inscrições nos Centros Interescolares de Línguas Estrangeiras, ligados à Secretaria da Educação do DF. Os cursos de francês, japonês, espanhol e inglês são gratuitos. A preferência das vagas é para os alunos da rede pública, mas há vagas remanescentes para a comunidade.

Novidade

Na Comissão de Assuntos Sociais, há a discussão de permissão mais ampliada de esterilização de mulheres, que podem optar pela cirurgia depois do parto ou depois de aborto sem a necessidade de anuência do parceiro.

Foto: istockphoto.com

História de Brasília

Dentre essas dificuldades havia o problema do acesso. Não estava inaugurada a Estrada Parque, e dificilmente os automóveis procurariam as oficinas naquele local. Mas os que acreditavam mudaram-se logo. (Publicada em 17.02.1962)