Tag: #Internet
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
instagram.com/vistolidoeouvido

Para um mundo tão conectado como o nosso, surpreende que as pessoas se sintam e reclamem que nunca se sentiram tão sozinhas. Há um hiato imenso a separar o mundo virtual da realidade. Mas poucos percebem ou entendem esse fato simples. São em brechas assim, criadas pelo avanço das tecnologias e por onde medra a solidão humana, que surgem novos conceitos tentando explicar a coexistência entre esses dois mundos tão diversos e distantes. Um desses conceitos é o da “pós-verdade”. O termo, que parece sofisticado, é, na verdade, o sintoma de um colapso mais profundo: o da razão.
Vivemos um tempo paradoxal. Nunca o mundo esteve tão conectado, tão próximo em aparência e tão distante em essência. À cada toque, um universo de informações se abre diante de nós; à cada clique, a ilusão de pertencimento se renova. E, no entanto, jamais estivemos tão sós. É a solidão das telas, o eco do vazio nas redes, a angústia de uma convivência mediada por algoritmos. Entre o mundo virtual e a realidade concreta, ergue-se um abismo que poucos percebem, e menos ainda compreendem.
Nesse ponto, o mundo virtual se aproxima da realidade que está aí. Moldar a opinião pública e os mecanismos mentais das massas, levando-as a crer que os fatos objetivos já não importam para entender o mundo em volta. As emoções e as crenças passam a ocupar ou usurpar o lugar da racionalidade e mesmo do bom senso. A esse novo conceito, liga-se a política pós-factual, no qual os debates perdem lugar para apelos emocionais e crenças. O fato em si não interessa. Importa o sentimento que ele provocou no seio da sociedade. É o caso aqui de citar como exemplo, a tese, levantada de que a Operação Lava Jato causou um sério prejuízo econômico para o país, gerando milhares de desempregados, além de comprometer boa parte do desempenho da indústria nacional.
O Brasil experimenta, assim como parte de alguns países da Europa, os efeitos de um autêntico processo de pós-verdade. Para mantê-las distante, é preciso açular as polarizações ao extremo. A começar a chamar de extremista quem quer que discorde do discurso dominante. No futuro, os historiadores terão que consultar, antes de qualquer pesquisa acadêmica séria, o verbete “pós-verdade”, para depois entender o contexto geral dos acontecimentos, naqueles tempos confusos em que até a linguagem foi alterada em suas bases.
A pós-verdade não nega a existência dos fatos; ela simplesmente os torna irrelevantes. O que passa a importar não é o que é, mas o que se sente. Em seu império, a emoção subjuga o raciocínio, a crença substitui a prova, e o discurso domina a realidade. É o triunfo do parecer sobre o ser, da impressão sobre o conhecimento.
Nas democracias ocidentais, e o Brasil não é exceção, o fenômeno se manifesta com uma nitidez assustadora. A política, transformada em espetáculo, trocou o debate de ideias pela dramaturgia das redes sociais. A lógica cedeu espaço à histeria, e os argumentos, às narrativas. A opinião pública deixou de ser fruto da reflexão coletiva para tornar-se um produto moldado por máquinas de convencimento emocional. A política pós-factual é o rosto institucional dessa nova era. Quando os fatos deixam de ter peso, qualquer tese pode florescer, desde que embalada por apelos sentimentais e compartilhada milhões de vezes. Basta um fragmento de verdade, distorcido e repetido, para se tornar dogma. Assim, quando um político experiente afirma que a Operação Lava Jato foi a responsável pela crise econômica, não está preocupado em confrontar dados ou medir consequências objetivas; interessa-lhe apenas o efeito emocional da frase, a reação que ela provoca, o ressentimento que alimenta.
Vivemos um tempo em que o contraditório é tratado como ameaça, e o pensamento independente, como extremismo. A crítica virou heresia; o diálogo, confronto. Para que a pós-verdade se sustente, é necessário que a sociedade se polarize até o limite. Quanto mais divididos estivermos, mais frágeis seremos diante das narrativas que nos prometem sentido. Mas esse processo não é apenas político. É civilizacional. A linguagem, que sempre foi o espelho do pensamento, começa a se deformar. Palavras antigas perdem significado; outras, recém-inventadas, passam a dominar o vocabulário coletivo. É uma Babel digital em que todos falam, mas poucos se entendem. A velocidade da informação destrói o tempo da reflexão. A superficialidade virou método; a dúvida, crime.
Nesse contexto surreal, em que a mentira adquire status de opinião e a verdade é vista como arrogância, o papel da imprensa torna-se ainda mais essencial e cada vez mais difícil. O jornalismo, que nasceu para separar o fato da ficção, precisa agora resistir à tentação de se tornar ele próprio uma narrativa. Em tempos de pós-verdade, reportar é um ato de coragem; investigar um gesto de resistência. E o que virá depois? Se já habitamos o território da pós-verdade, talvez estejamos a um passo daquilo que poderíamos chamar de pós-verdade-pós. Uma era em que até o simulacro se desfaça e o real deixa de ser relevante. Um tempo em que o virtual não mais imite o mundo, mas o substitua. Nessa fase, não haverá sequer a pretensão de convencer, bastará emocionar. Não se disputará mais o sentido dos fatos, mas o direito de senti-los. O perigo é que, nesse horizonte, a própria ideia de verdade, essa noção que estruturou milênios de cultura e filosofia, torne-se uma relíquia. Um conceito antigo, talvez romântico, de um tempo em que ainda acreditávamos que a razão pudesse iluminar as sombras.
Contudo, ainda há uma saída. Ela começa na consciência individual de que pensar é um ato de liberdade. Que duvidar é uma virtude, não um defeito. Que a verdade, por mais incômoda que seja, é o único solo firme sobre o qual uma sociedade pode erguer-se. Se a verdade for mesmo abolida, se nos rendermos à sedução das emoções e ao conforto das crenças, então o que virá depois da pós-verdade não será uma nova era, mas a repetição de caminhos longes da verdade nua e crua.
A frase que foi pronunciada:
“Então aqui cabem as seguintes perguntas: Isso a que se hoje se nomeia “pós-verdade”, não seria apenas uma nova fachada para um fenômeno bem antigo, a saber, a mentira na política?”
Charles Feitosa

História de Brasília
A Asa Norte do Plano Piloto continua com os mesmos problemas de há seis meses. No lado comercial, não há compradores, e no lado residencial, não há comerciantes. (Publicada em 10.05.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
instagram.com/vistolidoeouvido

Não restam dúvidas de que as redes sociais foram, dentre os vários setores da economia tecnológica, as que mais lucraram, em todos os sentidos, com a expansão global da internet. A internet é do povo como o ar é do avião. O que esses tempos conturbados mostram é que cresce, em ocasiões assim, a procura por magos, ciganos, feiticeiros e outros Xamãs. Todos buscam saídas para o futuro, qualquer um que seja. Um desses programas de prognosticar o dia de amanhã é feito por um tal Cigano do Além Mar. Num desses episódios, o tal cigano expôs tudo o que viria em seguida. Ou seja, amanhã, no mês que vem e assim por diante até as próximas eleições. Contou ele que toda trama atual está agora atingindo seu clímax.
Um folhetim sobre um país que procura, no futuro, a resposta que perdeu no presente é o que temos para hoje. Dizem que o século XXI seria a era da informação. E é. Só esqueceram de avisar que informação não é sinônimo de entendimento. O Brasil, esta grande embarcação que avança a remos e contra marés, navega em águas turvas. A política não dá trégua, a economia aperta o cinto até onde não há mais furo, e a população vive, como dizem os mais antigos, “a pão e água” — mas conectada, sempre conectada.
Se há um setor que ganhou com essa história toda, foi o das redes sociais. Plataformas globais, com nomes reluzentes e bolsos profundos, transformaram-se em verdadeiras catedrais digitais. E o povo, fiel devoto, comparece diariamente ao culto. A internet é do povo como o ar é do avião. Nos tempos de crise, o coração humano se volta para o que não pode ver, tocar ou medir. E é aí que florescem, como pragas ou como jardins, as figuras dos adivinhos digitais. Programas como Visão 2025, Oráculo News, AstroPolítica Brasil e Linha Direta com o Amanhã ganham seguidores fiéis. O algoritmo trata de entregar mais do mesmo, embalado em promessas de que, sim, o futuro pode ser antecipado e, com sorte, até manipulado. Entre eles, brilha, ou pelo menos pisca, o tal “Cigano do Além Mar”. Personagem ou pessoa? Ninguém sabe. Ele próprio garante ser um alter ego coletivo, uma voz que fala pelo povo, mas sem a obrigação de acertar. Afinal, nestes tempos de regulação iminente, opinar é quase como sussurrar num confessionário: não se sabe quem escuta, nem o que farão com as palavras ditas.
O Cigano é irreverente, diz o que pensa e pensa o que quer, o que já é luxo raro. A plateia digital, entre gargalhadas e espanto, lotou a caixa de comentários. Segundo o Cigano, o que virá amanhã, no mês que vem, ou até as próximas eleições, já está escrito. Só que a escrita, ele adverte, não é em papel — é em nuvem, e, na nuvem, tudo pode ser editado. Por isso, garante: nada é definitivo, só o provisório.
O que hoje parece desgraça pode ser, amanhã, anúncio de prosperidade. Ou vice-versa. Enquanto isso, o país real segue seu curso: preços subindo, empregos rareando, discursos endurecendo. A cada nova tensão no noticiário, aumenta a audiência dos programas de adivinhação política. Não são só os crentes ou crédulos que assistem. Há também os curiosos, os desesperados e, claro, os que buscam confirmar apenas aquilo que já acreditam. Os políticos, na surdina, adoram esses xamãs e não dão um passo sem antes escutar o que predizem. No fundo, o que move esse interesse não é o amor pelo misticismo, mas o desespero por alguma certeza.
Em um Brasil onde a realidade é volátil como trending topic, ter alguém, mesmo um personagem de chapéu largo e olhar astuto, que arrisque dizer o que vem pela frente é um alívio. O Cigano, por sua vez, sabe que suas “visões” são mais espelho do que janela. Refletem a ansiedade coletiva, o desejo de ordem em meio ao caos. E quando exagera, quando provoca, quando ri de sua própria profecia, é como se dissesse: “Eu sou vocês, e vocês são eu. Estamos todos tentando adivinhar o amanhã”.
Talvez seja por isso que, mesmo sem credenciais, sem estatísticas, sem fontes oficiais, ele siga conquistando espaço. Porque, num país onde até o passado é incerto, quem não quer ouvir alguém falar do futuro com a confiança de quem leu o roteiro inteiro? E assim, entre lives, áudios de WhatsApp e cortes para o TikTok, o “Cigano do Além Mar” vai tecendo sua narrativa. Uma novela interativa, onde cada seguidor se torna cúmplice e personagem. Ninguém sabe como termina e, talvez, essa seja a única previsão realmente confiável. O mais difícil seja mesmo prever o futuro daquilo que nos parece ficção.
A frase que foi pronunciada:
“Não conheço maneira de julgar o futuro, a não ser pelo passado”
Confúcio

História de Brasília
Lá, a pessoa é informada de que precisará de selos, e não tem ninguém vendendo. Terá que vir ao Plano Pilôto e voltar, perfazendo um total de 36 quilômetros a mais. (Publicada em 08.05.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
facebook.com/vistolidoeouvido

Ingenuidade foi acreditar que, com o advento das tecnologias de comunicação, como é caso das mídias sociais turbinadas pela Internet e todas as chamadas bigtechs, o marasmo da vida política nacional seguiria no mesmo compasso lento que vinha se movimentando, desde o século passado. A Internet, que “deu voz aos imbecis”, ou seja, aos brasileiros, permitiu que o populacho entrasse, de sola, nos espaços luxuosos e blindados do poder. Com esse fenômeno da tecnologia, o oceano de “imbecis” veio a inundar, com suas águas barrentas, o planalto elevado, outrora um lugar seguro e separado do populacho.
Essa área reservada, que os áulicos sempre acreditaram ter sido erguida apenas para benefício próprio, viu-se, de uma hora para outra, repleto de bisbilhoteiros e fofoqueiros de toda a ordem. Também pudera, onde há pouca transparência ou pouca luz, é aí que os curiosos querem meter o nariz. Ditado antigo, sempre lembrado pelo filósofo de Mondubim, diz que as ruas possuem milhares de olhos que espiam por detrás das janelas e das portas entreabertas.
Nada escapa as futricas do povo. Imagine então quando, à essa turba, são oferecidos os meios tecnológicos para espiar os bastidores do poder. Pois foi justamente a bordo das empresas de bigtechs que essa população curiosa viajou, virtualmente, até o centro do poder. Incomodados com a presença e até com o cheiro suarento dessa multidão, o sistema resolveu então afundar essas naus virtuais, que, à semelhança do que aconteceu nos episódios dos refugiados vindos da África para a Europa, não eram bem-vindos. O que ninguém tem falado aqui, talvez por medo ou vergonha, é que os novos obuses ou regulações legais que estão sendo disparados contra esses invasores, visam, tão somente, manter, longe do continente do poder, essas hordas de invasores.
O que se tem aqui, com toda essa movimentação em cima do PL 2630, mais até do que uma reflexão sobre a importância da tecnologia de comunicação, como a Internet e as mídias sociais, é a permissão ou não para que a população brasileira atravesse esse Mediterrâneo a separar dois continentes, e tenha acesso livre aos espaços de poder e influência política. Não se pode negar que a presença incômoda da população sempre foi vista como uma ameaça pela elite política e econômica, que tem utilizado, de todos os meios legais ou não, para limitar e controlar o acesso da população aos espaços de poder. Há hipocrisia por trás das alegações de que essas limitações são necessárias para combater fake news e discursos de ódio. Na verdade, são apenas pretextos para manter o povo desinformado e fora do alcance do poder.
A falta de transparência e de interlocução entre a população e o poder é o que incentiva a curiosidade dessa população em relação às elites. Ao restringir o acesso de todos a esses espaços, a elite política e econômica está simplesmente tentando proteger seus próprios interesses e privilégios. Em resumo, o que se pretende com toda essa dança de guerra das elites é a manutenção do status quo, fustigado agora pelas tecnologias de comunicação. De todo esse imbróglio, o que se tem de fato, em mãos, é a organização de uma intensa e larga manobra diversionista, visando culpar as tecnologias, não por seus avanços e ganhos reais indiscutíveis, mas tão somente por trazer o povo curioso e barulhento para junto dos palácios. A culpa é da tecnologia.
A frase que foi pronunciada:
“O reino morto ainda vive.”
Pablo Neruda

Estante virtual
Portal prático e amigável para quem gosta de ler em papel. Com um acervo gigantesco, Estante Virtual é a grande saída para os leitores que querem livros mais baratos, sem se importar se é de segunda mão. Há livros novos também, com o conforto de receber em casa.

População agradece
Natação de volta na Escola de Esporte que fica no Complexo Aquático Cláudio Coutinho.

Olhar e visão
Prêmio Social Media Gov de comunicação pública nas mãos da Comunicação Social do Senado. O reconhecimento pela atuação nas redes sociais levou a premiação pela categoria “Comunicação como Serviço” sobre a redução da jornada de trabalho para mães e pais de filhos com até 6 anos ou com algum tipo de deficiência.
Crescente
De Alto Paraíso até Cavalcanti, no Nordeste de Goiás, o plantio de transgênico e os campos de pastagens vão se impondo contra as árvores tortas do cerrado, queimando matas, envenenando os rios, esgotando as terras.

Colégio caro
Aluno do 3º ano do fundamental, 8 anos de idade, recebeu a tarefa de fazer os exercícios até a página 26. Empolgado, continuou até a página 48. Como desobedeceu ao comando, a professora cogitou, em voz alta, apagar as páginas feitas a mais. Até que pressentiu o absurdo e foi consultar a diretoria. Quase foi demitida.
História de Brasília
Quem disse até agora sobre o dr. Jânio, foi o professor Carvalho Pinto: “Está encerrado o assunto renúncia. Vamos trabalhar, porque os problemas são muitos…” (Publicada em 18.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
Facebook.com/vistolidoeouvido

Mudanças radicais já afetam o alicerce pedagógico e didático. A começar pela distância entre professor e aluno, no que tange à tecnologia. Nos últimos anos ficou patente que escolas públicas de qualidade, seguindo não o modelo de empresas do Estado, são criadas apenas para atender às demandas fisiológicas de seguidos governos, e não voltadas para uma missão de longo prazo em prol da educação.
Não se trata da constituição de mais uma empresa estatal obsoleta e dispendiosa, nos moldes do que já existe, mas de um conjunto de instituições voltadas, exclusivamente, para dar suporte ao ensino público de qualidade, num país, que todos sabemos, continental e com desigualdades enormes. Ocorre que, para atingir esse fim, não se pode, de modo algum, prescindir de tecnologia, além dos livros e, principalmente, do acesso a livros e edições de alto nível, englobando o que a literatura nacional e a mundial têm produzido de melhor.
Obviamente que, para uma tarefa tão gigantesca, essa nova instituição deveria reunir, em torno de si, um corpo formado por intelectuais da área de educação de reconhecida expertise, além de, educadores, empresários do ramo da editoração, escritores, professores, técnicos em TI e outros profissionais dedicados a um só objetivo: aplainar os caminhos para que todos os brasileiros entrem em contato e se aproximem cada vez mais da realidade.
Por certo, esse seria projeto de longo prazo, já que reverter esse quadro é uma realidade indiscutível. Ocorre também que, nos diversos certames onde a qualidade de nosso ensino, de forma geral, é posta à prova, o denominador comum que sempre surge indica que, por falta de uma maior familiaridade com a leitura, nossos alunos não sabem interpretar um texto simples ou indicar, com clareza, que assunto é ali abordado. A falta de hábito e de exemplos em casa cooperam para os tristes indicadores. Inegável também é que enquanto a educação se desenvolve cada vez mais mundo à fora, na nossa América, a escola ainda é a melhor opção para encher a barriga.
A internet e os livros (digitais ou não) são os degraus necessários para que a juventude brasileira acompanhe o progresso e a realidade mundial. Em países livres, os jovens são pensantes. Quando se vislumbra o tempo enorme que levaria para a educação brasileira ser reconhecida pela qualidade, surge o antropólogo Claude Levi-Strauss, em sua obra “Triste Trópicos”, de 1955, onde chegou a notar que estávamos destinados a passar da barbárie à decadência, sem, ao menos, conhecer a civilização.
É desse salto no escuro que temos que nos precaver, precisamos criar bases sólidas para adentrarmos o futuro com segurança, ainda mais quando verificamos a imensa disparidade existente hoje entre alunos com acesso efetivo a redes de informática e uma imensa maioria formada por brasileiros off-line ou fora das redes.
O fechamento de escolas, teatros, bibliotecas, museus, galerias, livrarias e outros diversos centros de cultura, fenômeno que já vinha sendo observado antes da pandemia, apontava para uma situação calamitosa que estava por vir. Esse desmanche das culturas se acentuou ainda mais, empobrecendo a vida em cidades e forçando-nos a uma espécie de regresso ao tempo da barbárie. Temos que evitar esse retorno no tempo, dando, às novas gerações, o caminho das pedras escondido nos livros e os mapas do tesouro por traz das redes de conexão.
A frase que foi pronunciada:
“Se as crianças podem se envolver muito com os videogames, há uma maneira de elas também se envolverem muito com a educação.”
Elon Musk

Boa ideia
Professora Vivian Nogueira embarca na carreta-escola para aulas de gastronomia. São 900 vagas para profissionalização com o curso que começa nesta segunda e vai até o dia 20, totalmente gratuito. Pizza, salgadinhos, confeitaria e áreas de gerenciamento de pessoas, empreendimentos e até mídias sociais. Começa na Ceilândia, mas há a modalidade online para quem quiser participar. Veja os detalhes no link https://escolamoveldegastronomia.com.br/.
Política genocida
Vendo aqueles índios em situação de penúria, veio uma imagem publicada pela revista Istoé de 2007, que mostrava o antes e depois de uma criança desnutrida quando passou a consumir a Multimistura, que salvou muitas crianças da desnutrição, no Brasil e em outros países. O feito é da Dra. Clara Brandão, médica e nutróloga, formada pela Universidade de São
Paulo (USP), que tem especialização em pediatria e nutrologia. Segundo a revista, a médica foi trocada por enlatados da Nestlé e Procter & Gamble. À época, a médica declarou que essa troca era uma política genocida.
História de Brasília
Indústria chama indústria. Com a Disbrave construindo uma oficina de automóveis na W-2, em frente, numa invasão, já existe um barraco onde está instalada uma subsidiária de auto capa. (Publicada em 15.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
Facebook.com/vistolidoeouvido
Instagram.com/vistolidoeouvido

Pesquisa de opinião pública, realizada há dois anos pelo Instituto DataSenado, mostrou que existe, hoje no Brasil, uma forte e crescente influência das redes sociais como fonte de informação para os eleitores. De acordo com esse levantamento, nada menos do que 45% dos eleitores ouvidos confessaram que, cada vez mais, buscam, nas mídias sociais, as informações que necessitam para decidir como irão orientar seus votos. Outro dado interessante levantado pelo estudo mostra que o conteúdo veiculado nas redes sociais possui grande influência sobre a opinião dos indivíduos. Essa atuação é observada, sobretudo, entre os indivíduos com escolaridade superior. Se tal fenômeno já significava, nas últimas eleições, que metade dos brasileiros, com acesso à internet, votava sob a importância direta do que consumiam nas mídias sociais, a possibilidade de haver mais de 50% dos cidadãos votando agora no pleito deste ano é bastante certa.
Tal realidade indica que o mundo virtual, esse oceano infinito de informações, verídicas ou não, passou a ser decisivo não apenas nas eleições de 22, mas também na condução de candidatos que sabem manusear essas mídias. Obviamente que tal abrangência de influência irá se estender ainda para dentro do Estado, interferindo no modelo de democracia que teremos doravante, todo ele ligado e dependente dessas novas mídias. Com isso, os debates tete a tete, o exercício mercadológico dos marqueteiros políticos, os comícios ao vivo e outras modalidades dentro das disputas eleitorais perdem fôlego e vão sendo deixados de lado, um a um.
Não será surpresa se o próximo passo dado para o domínio total das mídias sociais seja a votação via internet, por meio desses mesmos aplicativos. A obsolescência de instrumentos como a urna física e dos locais de votação deixará de existir, sendo o destino dos cidadãos feito diretamente de casa, via celular. Não será novidade se, lá adiante, o tal do “sistema”, ou seja, esse sujeito indeterminado e oculto, venha a fazer parte na gestão do Estado. Tornando assim, o dito “sistema”, o responsável pela qualidade da democracia e pela prestação de serviços por parte do Estado.
A impessoalidade na democracia, ao contrário do que muitos acreditam, não parece, a princípio, que irá melhorar as relações entre o cidadão e o Estado. A suspeita é que, quando esse dia chegar, a comunicação entre os cidadãos e o Estado será feita nos mesmos moldes com que são feitas hoje as relações entre os consumidores e as operadoras de telefonia. Até mesmo aspectos, que hoje são importantes, como a separação entre os fatos e as fake news, deixará de existir, sendo todos esses “ruídos de comunicação” atribuídos aos mecanismos do “sistema”.
Para o cidadão comum, que, afinal, irá custear essa entrada das novas tecnologias nas relações políticas com o Estado, restará o monólogo de alguém que escuta, do outro lado da linha, que a falta de médicos, de remédios, de professores nas escolas, da falta de água nas torneiras, de luz nas residências deve-se não à inoperância da política, mas ao “sistema”, uma entidade com situação jurídica abstrata, impossível de ser alcançada pelas leis.
Trata-se aqui de um futuro que vamos organizando com os pés, já que a cabeça e as mãos estão absorvidas pela Internet. O problema é que, quando levantarmos os olhos para o horizonte, o futuro distópico já terá chegado com toda a sua crueza e indiferença.
A frase que foi pronunciada:
“Corrupção existe no mundo todo. Mas fã-clube de corrupto, só no Brasil.”
Frase no Pinterest

Carreiro
Carlos Alberto Simas Magalhães, embaixador do Brasil em Portugal, vai contar com a contribuição de Raimundo Corrêa Carreiro, que promete impulsionar as relações comerciais e culturais entre os dois países.

Ensurdecedor
Morador do C.A., no Lago Norte, em um prédio onde há uma pizzaria, reclama constantemente dos motoboys que intervém no cano de escape para fazer mais barulho. O apelido que deu a esses profissionais arrancou gargalhada dos vizinhos: “São os Aedes Aegyptis do trânsito!”

Oportunidade
Nada como uma turbinada nos estudos como uma língua estrangeira. Vão até amanhã as inscrições nos Centros Interescolares de Línguas Estrangeiras, ligados à Secretaria da Educação do DF. Os cursos de francês, japonês, espanhol e inglês são gratuitos. A preferência das vagas é para os alunos da rede pública, mas há vagas remanescentes para a comunidade.
Novidade
Na Comissão de Assuntos Sociais, há a discussão de permissão mais ampliada de esterilização de mulheres, que podem optar pela cirurgia depois do parto ou depois de aborto sem a necessidade de anuência do parceiro.

História de Brasília
Dentre essas dificuldades havia o problema do acesso. Não estava inaugurada a Estrada Parque, e dificilmente os automóveis procurariam as oficinas naquele local. Mas os que acreditavam mudaram-se logo. (Publicada em 17.02.1962)




