Um País cuja a história dá voltas como numa montanha russa

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Presidência da República

 

Historiadores brasileiros e mesmo aqueles intelectuais brasilianistas que dedicam seu tempo ao entendimento das questões de nosso país, tanto àquelas relativas ao passado, quanto as que estão a embaralhar o presente momento numa confusão sem pé nem cabeça, estão a ponto de jogar a toalha, renunciando à tarefa de projetar um possível cenário futuro para nosso país. Fica confirmada a antiga tese de que o Brasil não é para amadores, mesmo aqueles que mantém, por décadas, estreitos laços de intimidade com as ciências humanas.

Desde o processo de redemocratização, iniciado em 1984 com as “Diretas Já”, o Brasil vive sobre uma verdadeira montanha russa no que diz respeito à sua evolução rumo a um Estado democraticamente sólido e estável. Foram muitas as crises que abalaram o país desde que os militares deixaram, em definitivo, o Palácio do Planalto. Após a morte do presidente Tancredo Neves e sua substituição, ocorrida num ambiente de total incertezas, por José Sarney (1985-1990), o primeiro presidente civil depois de mais de duas décadas de fechamento político, foram sucessivas as tentativas, no campo da economia, de trazer os números da inflação dos 242%, registrados em 1985, para um patamar mais razoável, o que se revelaria uma missão impossível naqueles loucos anos. Quando terminou seu governo, a inflação rodava em mais de 1.972% ao ano e o país mergulharia numa profunda recessão.

Em 1987, era instalada a Assembleia Nacional Constituinte para redigir uma Carta substitutiva a de 1967, o que, de certa forma, provocaria um esvaziamento precoce do governo Sarney. Entre 1990 a 1992, o país é governado pelo mais novo presidente já eleito pelo voto direto, após o período militar e também um dos mais breves: Fernando Collor, que sofreu processo rumoroso de impeachment. Inflação alimentada, beirando os 1200% ao ano, e um confisco inédito das poupanças dos brasileiros empurraram o país para mais uma crise institucional de grandes proporções, que só seria sanada, em parte, com a posse de Itamar Franco, seu vice.

De 1992 a 1994, o mineiro Itamar Franco assume a presidência e governa num ambiente que mistura os números negativos de uma hiperinflação com a realização de uma série de plebiscitos reafirmando a opção dos brasileiros pelo presidencialismo, como sistema de governo, e pela República, como forma de governo. Com ele, é dado início ao Plano Real e o país pode respirar por alguns anos, dentro de um cenário de maior estabilidade e credibilidade.

Itamar Franco faria ainda seu sucessor na pessoa de Fernando Henrique Cardoso, seu ministro da Fazenda. Entre os anos de 1995 a 2002, Fernando Henrique assume a presidência e realiza um governo, em muitos aspectos, exemplar, tanto do ponto de vista econômico, quanto político. Com ele, o Plano Real foi consolidado e o país passa a viver, talvez, seu melhor momento político e econômico, principalmente no primeiro mandato. No segundo mandato, quando houve um crescimento significativo na sua reprovação pelos brasileiros, FHC não se empenhou em fazer seu sucessor, o então ministro José Serra. Preferiu abrir espaço e mesmo simpatias para a chegada de Lula.

O que viria a partir da chegada do Partido dos Trabalhadores explica, em boa parte, as seguidas crises que viriam dos dois mandatos de Lula e, posteriormente, no governo de Dilma que, de certa forma, projetou o cenário de crises que experimentamos.

Eleito com 57,7 milhões de votos, Jair Bolsonaro chegou ao poder contra várias pesquisas divulgadas e gastando menos do que qualquer candidato. Com oposição ferrenha, fenômeno que o PT não enfrentou, Bolsonaro e a luta contra a corrupção tentam vencer dois inimigos: o inesperado Coronavírus e os egos dos Poderes Legislativo e Judiciário. Isso mantém nosso País, tradicionalmente, na corda bamba da história, entre ensaios de decolagens planejadas e aterrissagens de emergência.

Para aqueles que procuram entender o Brasil dentro de uma linha histórica linear, como existente em outros cantos do planeta, fica a frustração em reconhecer que esse é um país surreal, onde história factual e a ficção escrevem mais um capítulo da política nacional.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O bem obtemos por nossa conta

Mas o mal nos prende, nos monta;

Quando certos, a verdade desponta:

Sempre o destino é quem apronta!”

La Fontaine, o poeta francês

Jean de La Fontaine. Imagem: wikipedia.org

 

Redesenhar

Esses assentamentos, como o Paranoá Parque, despertam uma tristeza imensa. O projeto arquitetônico rudimentar poderia ser embelezado com urbanismo e paisagismo. Não se vê uma árvore frutífera para alimentar os pássaros, nem flores para alimentar abelhas e borboletas.

Foto: Tony Winston/Agência Brasília

 

Espertos

Lisboa está anos luz de distância da burocracia de Brasília. A cidade mais moderna do mundo não acompanha a tecnologia. Em Portugal, em qualquer agendamento com o governo, a comunicação é feita pelo WhatsApp, com bastante rapidez. Aqui em Brasília, qualquer solicitação da população é feita por telefone com quase 10 minutos de espera, além de 20 dias para encaminhamento.

Charge do Moisés

 

Alvíssaras

Os Correios não se abateram com o Coronavírus. Para alegria de muita gente que passou a fazer compras online.

Foto: L.C. Leite/Folhapress

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Bonita, a atitude do general Amaury Kruel, mandando recolher à garagem do Palácio Planalto os chapa brancas que trafegavam sem ordem sábado e domingo. (Publicado em 10/01/1962)