Re Evoluções

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: Envato Elements

 

             Nada como uma crise de grandes proporções, como a estabelecida pela pandemia mundial de Covid-19, para provocar uma série de reviravoltas nas relações sociais, econômicas e políticas, virando tudo de cabeça para baixo, decretando o fim de um ciclo e anunciando o começo de um outro. Há muito se sabe que, incrustada na palavra crise, está também o termo criar, e é isso que parece estar acontecendo não só em nosso país, como no restante do mundo.

             É nessa eterna dualidade, entre perecer e sobreviver, que a humanidade vem se debatendo, inventando novas estratégias para driblar as ameaças à sua existência, num planeta aparentemente indiferente ao destino das espécies. Nesse contexto, a pandemia passou a exigir, além dos novos modelos de comportamentos e maneiras de encarar o mundo, alguns outros ajustes no modo como são produzidos certos bens econômicos, com influência direta no funcionamento do terceiro setor da economia, incorporando inovações que podem ser observadas agora pela introdução dos chamados home office e o home schooling, no dia a dia das pessoas.

             O que parecia ser impossível, até três anos atrás, hoje vai se mostrando uma realidade que veio para ficar, com milhões de pessoas, em todo mundo, cumprindo jornadas de trabalho, sem sair de casa, evitando deslocamentos desnecessários, reduzindo custos com combustível, luz, água e uma infinidade de outros insumos que os antigos locais de trabalho exigiam para o cumprimento de metas.

            O home office é hoje um fator positivo dentro do conceito de poupança de energia e de aumento de produtividade, demonstrando, mais uma vez, que toda grande crise é capaz de fazer aflorar, cedo ou tarde, novas e benéficas estratégias para todos. Como toda grande revolução, e diante do conhecimento de que o ser humano se mostra sempre avesso a mudanças ou a sair de sua zona de conforto, o home office, embora ainda gere polêmicas,  tem se mostrado eficaz, bastando alguns ajustes aqui e ali na legislação, de modo a tornar, esse, um caminho sem volta.

            Se o home office vai, a cada dia, tornando-se um modelo consensual, o mesmo não se pode dizer de seu coirmão o homeschooling ou a educação domiciliar. A prática, mesmo já tendo sido aprovada na Câmara dos Deputados, ainda gera polêmicas entre educadores e políticos, principalmente com relação ao desenvolvimento do que seria uma educação voltada para a integração e socialização dos indivíduos. Essa é, de fato, uma longa e importante discussão, mas que em nada irá modificar sua prática, já que o apoio de parcela significativa da população ao novo modelo é hoje impressionante.

            Surpreende é que, mesmo sendo o ministério da Educação a pasta que conta hoje com um dos maiores orçamentos da história, algo em torno de R$ 140 bilhões, não tenha sido capaz de fazer da escola pública uma vitrine e um exemplo de excelência a atrair alunos e a empolgar os pais. Pelo contrário, o que se vê é o afastamento, cada vez maior, daquelas famílias que enxergam, na escola pública, um perigo tanto para a formação de suas crianças como um risco de vida.

            Vídeos que correm na Internet mostram a decadência e o descontrole que parece ter tomado conta de nossas escolas, com alunos se drogando dentro de salas de aula, agredindo professores e quebrando cadeiras e mesas, que são jogadas contra as paredes, tudo num ambiente que parece ter decretado o fim desse modelo.

            Não há autoridade capaz de frear esses alunos. Até mesmo as escolas com gestões partilhadas com militares, o que em si já é um sinal dos tempos nebulosos em que vivemos, pouco têm dado conta do recado, sem recorrer a violência e outros métodos anti-didáticos.

            Nas universidades públicas, o caos é o mesmo. Não bastasse esse ambiente distópico e que remete a uma verdadeira revolta estudantil contra o atual modelo de ensino em todos os níveis, preocupa também, aos pais, o aspecto de doutrinação política, ideológica e pedagógica a que são submetidos os alunos, com professores desprestigiados e revoltados contra o sistema, insuflando a revolta contra tudo e contra todos, inclusive contra a família e seus valores, taxados de conservadores, burgueses e opressores.

            Há, na realidade, toda uma metodologia gramsciana, erradamente apropriada de seu autor, para destruir, por dentro, toda a estrutura social vigente, incluindo nessa estratégia niilista, a família, os costumes, a religião e outros aspectos da vida como a conhecemos, de modo a atingir-se o caos e desses escombros fazer erguer o falso altar do “pai da pátria”, representado pelo grande guia que nada mais é do que o ditador comunista, a quem todos devem agradecer por libertá-los de um caos, por ele mesmo criado e do qual ninguém jamais sairá livre.

            O que muitas famílias têm buscado, até de modo desesperado, é se livrar desses escombros, que parece ter se transformado grande parte de nossas escolas públicas. Nesse ambiente de destruição por dentro, nem mesmo as escolas privadas têm escapado. Banheiros para alunos que não se enquadram dentro do conceito de homem ou mulher, ou a adoção de expressões inexistentes nos dicionários da língua portuguesa, com palavras como “todes”, mostram o grau de decadência que tomou conta das escolas, com o incentivo aberto para que meninos e meninas confundam até a que gênero pertençam.

            É o vale tudo e que pode ser resumido tanto na apropriação distorcida da obra pedagógica de Paulo Freire, como na imagem mostrando a cara de satisfação do ex-presidente Lula ao ver alunos nus beijando-se ou enfiando o dedo no ânus dos outros para uma plateia de “autoridades” que a tudo assistia, eufórica e babando como cachorros com hidrofobia.

A frase que foi pronunciada:

“Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandece-la pela decência e de construí-la pelo trabalho.”

Edson Queiroz

Edson Queiroz. Foto: unifor.br

 

Homenagem

Terça feira que vem, no dia 24, a Câmara dos Deputados vai homenagear os 50 anos da Fundação Edson Queiroz em sessão solene, às 10h. A fundação tem sido importante na comunidade cearense desde as áreas de ensino e pesquisa à arte, cultura e consciência social. Lenise Queiroz Rocha deu entrevista à Agência Câmara, onde declarou que “Por meio da Unifor, a fundação tem condições de levar seus programas e benefícios nessas áreas a diversos públicos, das mais diferentes classes sociais e faixas etárias. E uma vez que o Congresso Nacional é a Casa do Povo, não temos dúvida de que essa homenagem é um reconhecimento de toda a população cearense ao trabalho que começou há 50 anos, pelas mãos de meus pais, Edson e Yolanda Queiroz”.

Fundação Edson Queiroz. Foto: unifor.br

 

História de Brasília

Sobradinho, com 22 mil habitantes, possui apenas duas escolas primárias, e os alunos estão reivindicando, agora, a ampliação, e a construção de um ginásio. (Publicada em 01.03.1962)

Homeschooling é para quem pode

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Charge do Benett

 

Alguns fatos ocorridos na dinâmica social e urbana brasileira iriam, no final dos anos 1970, provocar uma série de mudanças estruturais no tradicional modelo educacional do país, principalmente no ensino público, oferecido pelo Estado, sob a direção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), como era denominada naquela época a pasta que coordenava os assuntos ligados a essa área.
Entre as mudanças sociais que acabaram por atingir em cheio a educação pública, sobretudo no quesito qualidade e eficiência, está a debandada em massa das classes média e alta dessas escolas, rumo ao ensino privado, que começava a ganhar fôlego e atrair os alunos, cujas famílias tinham melhores condições econômicas, oferecendo não apenas um currículo e uma grade e disciplinas mais elaborados, mais diversas e atrativas para os próprios alunos, aprofundando em matérias escolares que, lá no ensino público, eram vistas apenas de forma superficial. Não demorou para esse alunado começar a se sobressair nos exames e vestibulares do país, mostrando não só uma diferença de qualidade desses conteúdos programáticos, como uma nova maneira de ministrar aulas mais dinâmicas, tudo dentro de um espírito empresarial que reconhecia na educação de jovens um vasto campo a ser explorado economicamente pelos novos empresários.
Os melhores pedagogos e professores foram chamados também. As aulas consumiam uma carga horária maior. O material didático era diferenciado e mandado imprimir pelas próprias escolas, contendo textos explicativos e exercícios, relativos ao assunto, em cadernos ricamente diagramados.
Ao ser deixado de lado pelas classes médias e altas, o ensino público perderia o principal nicho social que poderia, de alguma forma, fazer pressão pela melhoria do ensino junto às autoridades, reivindicando direitos e exigindo escolas de qualidade. Com isso, muitas escolas públicas, que outrora eram reconhecidas como de excelência, passaram a conhecer a decadência.
Das poucas escolas que conseguiram sobreviver a esse esvaziamento social, oferecendo um ensino de relativa qualidade, todas elas, indistintamente, tinham em seus quadros de direção, professores abnegados e incansáveis, que passavam a maior parte do ano peregrinando pelos corredores dos ministérios em busca de auxílio e, muitas vezes, não se dobrando às humilhações impostas pela burocracia estatal e pela indiferença com o problema.
Os ministros da pasta que, antes, exibiam invejáveis currículos acadêmicos, foram substituídos por políticos profissionais dispostos a tudo, menos a atender às necessidades da área. O mesmo passou a ocorrer em âmbito estadual e municipal, com os secretários de educação, a grande maioria despreparada e avessa a esses problemas.
Deu no que deu. Nesse vácuo e nesse terreno baldio em que se transformaria o ensino público, ficaram alguns professores em fim de carreira, cansados e desiludidos da luta pela melhoria do ensino e alguns outros professores, que caso fossem submetidos a exames para medir o grau de conhecimento nas disciplinas que ministravam, seriam automaticamente reprovados. Os baixos salários cuidaram para espantar os poucos profissionais de ensino com maior preparo. Os sindicatos, como braços avançados dos partidos, cuidaram de fazer a sua parte, paralisando continuamente as aulas em busca não apenas de melhoria salarial, mas com vistas em interesses políticos e eleitoreiros.
Não surpreende que hoje o ensino público do país seja um dos mais mal avaliados nos certames internacionais como o Pisa e outros. Hoje, o ensino público é ofertado, em grande parte, para pessoas de baixa renda que não encontram outra opção. É isso ou nada. Com a pandemia prolongada esse fosso entre escola pública e privada só fez aumentar ainda mais, acentuando dramaticamente a desigualdade social.
Alunos de escolas privadas continuam tendo aulas, via computador. Os alunos do ensino público, na sua maioria, nem sabem em que escola estão matriculados e que série estão cursando. Para tornar esse quadro ainda mais surreal, agora a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados acabou de aprovar o Projeto Lei (3262/19), permitindo o chamado homeschooling, ou seja, a que os pais eduquem seus filhos em casa, retirando do Código Penal o crime de abandono intelectual. Por acaso não seria abandono intelectual o que o Estado promoveu, pensadamente, contra o ensino público? Fica a questão para um problema que nem esse nem outros governos passados conseguiram resolver minimamente.
 
A frase que foi pronunciada
 
“Minha escolaridade não só falhou em me ensinar o que professava ensinar, mas me impediu de ser educado a ponto de me enfurecer quando penso em tudo que poderia ter aprendido sozinho em casa.”
George Bernard Shaw
George Bernard Shaw. Foto: wikipedia.org
História de Brasília
Próximo às casas da Edel, um fazendeiro da invasão resolveu fazer um cercado e criar uma cocheira. Há uma onda de mosquitos que não deixam ninguém sossegado. (Publicado em 03/02/1962)