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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Dizia o saudoso professor e historiador, autor de diversos livros sobre a matéria, Dicamor de Moraes, que, em história, não há, como muitos creem, a possibilidade de julgamentos e outros processos capazes de recompor o que foi feito. E a razão é simples: trata-se de fatos ocorridos numa dobra distante do tempo, inacessível aos homens, a seus critérios de análise, sempre de acordo com as mudanças do presente. “Mudam-se os tempos, mudam-se os desejos”, ensinava Camões no século 16.
Trata-se, aqui, de uma questão que, por sua abrangência, tem sido alvo constante de polêmicas e conflitos de toda a ordem. É o caso daquele indivíduo adulto que, por questões íntimas, não consegue estabelecer um acordo de paz com seu passado e, portanto, se vê em constante conflito interno, incapaz de entender e aceitar que essas amarras, que o prendem à memória, impossibilitam o desenrolar do seu próprio presente.
Essa reinterpretação da história, com base em análises e estudos fornecidos por descobertas recentes e outros documentos — que alguns reconhecem como sendo uma nova disciplina intitulada e inserida nos meios acadêmicos —, é denominada, pelos entendidos no assunto, de “revisionismo histórico”.
Livros e uma infinidade de teses foram escritas sobre o assunto, na maioria das vezes, tendo como pano de fundo a situação política e ideológica do momento, bem como a evolução contínua dos costumes e práticas sociais hodiernas. Por certo, o ciclo perverso da escravidão, entre os séculos 16 e 19, por seus métodos cruéis, contrários aos mais básicos princípios da ética e da integridade humana, teve, em países como o Brasil e os Estados Unidos, por longos períodos, seus principais palcos de atuação. Esse fato, para o bem ou para o mal, moldaria o caráter histórico e formativo dessas nações, com reflexos diretos e duradouros na sua organização política, econômica e social.
As reparações históricas dos danos às populações negras, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, onde essa questão parece um pouco mais evoluída do que em nosso país, acontecem num ritmo que desagrada os explorados, uma vez que parecem não surtir os efeitos práticos desejados.
Toda e qualquer pesquisa que analise os dados relativos a Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) demonstra que, aqui e nos EUA, as populações negras são as mais desfavorecidas e as mais mal situadas na pirâmide social. E existe uma raiz histórica para esse fato e que remonta ao ciclo da escravidão.
As chamadas ações afirmativas, que alguns estudiosos indicam como sendo o início de uma reparação histórica, ao estabelecer um programa de cotas raciais nas universidades públicas, buscam o estabelecimento de uma igualdade de oportunidades a uma parcela da população que, historicamente, foi alijada dos mais básicos direitos de cidadania, e não um julgamento tardio e inócuo do período da escravidão.
Julgar a escravidão pelo retrovisor da história, com a depredação de monumentos e a condenação de personagens do passado, como é o caso recente da queima da estátua de Borba Gato, em São Paulo, por grupos radicais que desprezam temas dessa natureza, nada acrescenta ao fato de que, no período do Brasil colônia e posteriormente, os escravos eram as mãos e os pés dos senhores do engenho, responsáveis por erguer, pela ação do trabalho forçado, um país que nascia, como bem afirmou Antonil em Cultura e Opulência do Brasil.
Julgar e condenar esse fato, com base no presente, por meio de ações niilistas e sob o manto falso da iconoclastia, no máximo, deixará atrás de si escombros e cinzas, distantes do que poderiam ser ações concretas, visando a integração real dessas populações, historicamente, marginalizadas.
O fato é que nem aos vândalos, nem a ninguém é dado o poder de mudar o passado. São com mudanças, civilizadamente pensadas, no presente, que poderemos vislumbrar alguma melhora no futuro, para que fatos, como a exploração do homem pelo homem, não voltem a se repetir sob quaisquer pretextos.
A frase que foi pronunciada:
“Ninguém nasce odiando outra pessoa por sua cor da pele, sua origem ou sua religião. As pessoas podem aprender a odiar e, se podem aprender a odiar, pode-se ensiná-las a aprender a amar. O amor chega mais naturalmente ao coração humano que o contrário.”
Nelson Mandela
Direito
Perfil constitucional da família é examinado a partir da ópera A Valquíria. Quem convida para o novo episódio do podcast Direito de Família e Arte é o Instituto Brasileiro de Direito de Família (Ibdfam). Acesse no link Perfil constitucional da família.
Opostos
Leitora elogia a Clínica da Família, em Águas Claras / Areal. Acolhimento excelente. Já a UBS 6, de Taguatinga, também não tem conseguido muitos fãs. O sistema é bruto!
Por acaso
A troca de um vídeo de Elis Regina entre Sophie Schweizer e Eunice Abdala trouxe à tona uma curiosidade sobre a vida de Dr. Peter Billaudel. Por causa da cantora popular brasileira, ele colecionava músicas e fez questão de aprender português.
História de Brasília
A estrada velha de Taguatinga está impraticável. Todo mundo cai e sai dos buracos. É um caso raro em matéria de estrada. (Publicada em 04/02/1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Neste país surreal, é possível reconhecer que, a cada governo entrante, corresponde uma ou mais crises específicas que, em última análise, acabam por definir e dar forma e caráter a ele. É assim que seguimos nossa jornada desde 1500. Talvez, exista aí, nessas atribuladas governanças do homem branco, algum oremú ou urucubaca lançada pelos primeiros habitantes dessa terra, traídos e ameaçados, contra os invasores europeus. Somente pelo viés das superstições é que se pode encontrar uma explicação inteligível para o fato dessa sequência ininterrupta de governos e suas respectivas crises, sejam elas institucionais, políticas, econômicas, sociais ou de saúde, públicas ou pessoais.
Há aqueles cidadãos que acreditam também numa revanche espiritual, vinda do além, da família imperial, usurpada do poder por um golpe de Estado dado por meia dúzia de oficiais traidores que, na calada das 3 horas da madrugada, do dia 15 de novembro de 1889, prenderam toda a família no Paço, mandando-os ao velho continente. Primeiro a bordo do cruzador “Parnaíba” até a Ilha Grande, onde todos embarcaram, durante uma tempestade no paquete avariado “Alagoas”, rumo ao exílio forçado na Europa.
Com o advento da República, o que menos podemos afirmar é que o Brasil encontraria, finalmente, um período de estabilidade política. De lá para cá, o que se viu foi uma sucessão de trapalhadas e uma sequência insana de pequenos golpes intramuros que, ao fim ao cabo, definiram o que somos hoje. A substituição brusca de um imperador culto e apaziguador, por militares semialfabetizados e com ímpetos absolutistas de um monarca, deu no que deu. Com uma movimentação institucional dessa natureza, nada podia dar certo. Sem mencionar, aqui, o período após 1964 que, verdadeiramente, ajudaria o Brasil a se afastar da área de influência ideológica da União Soviética, que depois tomaria outros rumos e descaminhos, e que acabaria alijando toda uma geração de brasileiros ilustres e providenciais, com expurgos e outras medidas desproporcionais; o que se viu, após o retorno da democracia em 1984, fala por si.
Crises seguidas, projetos e programas políticos desastrados e uma espécie de institucionalização da corrupção em toda a máquina do Estado. A falta de cultura e de escolarização do povo e das autoridades, aliada à existência de um sem número de estatais, e outras sinecuras sem razão de ser, além de outros fatores, como a cegueira providencial da justiça em relação aos poderosos, conduziu-nos ao ponto nebuloso em que nos encontramos hoje.
Passados tantos séculos de estripulias e desavenças, o que vemos, a partir de nossa janela, confirma que nada aprendemos ao longo desse tempo todo. Mergulhados no que talvez seja nossa maior crise, pelo menos na área sanitária ou de saúde pública. Está na hora de acender uma vela para D. Pedro II, pedindo misericórdia, e outra para os indígenas, ainda perseguidos, pedindo arrego.
A frase que foi pronunciada:
“A morte revela da vida uma faceta que ela esconde e que a morte traz à tona e permite celebrar. É como se a morte possuísse o segredo da vida, como se este segredo contivesse a verdade explosiva.”
Augusto Contador Borges, no artigo Georges Bataille: Imagens do êxtase.
Educadores
Importante suporte para os profissionais da Educação participarem da quinta edição da Semana Pedagógica. Capacitação gratuita prepara educadores para os novos desafios do retorno às aulas. Veja os detalhes desse encontro, a seguir. O que é e como se inscrever. Começa no dia 30 de janeiro e vai até 7 de fevereiro.
–> Capacitação gratuita prepara educadores para os novos desafios do retorno às aulas
Evento promovido pela Rede Pedagógica, maior rede de educadores da América Latina, fornecerá certificado de 120 horas de atividades; inscrições seguem abertas
O papel da escola como ambiente para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais em crianças e adolescentes e a preparação dos professores e demais profissionais de educação para o retorno às aulas no contexto da pandemia pela Covid-19. Esse é o mote da V Semana Rede Pedagógica, promovida pela Rede Pedagógica – maior rede de educadores da América Latina.
Com o tema “Educação e Emoção”, a programação será realizada de 30 de janeiro a 7 de fevereiro. A capacitação, totalmente gratuita e online, é voltada para professores, coordenadores, orientadores, diretores e outros profissionais da educação que desejam aprender mais, para ensinar ainda melhor. Mais de 300 mil educadores participaram virtualmente das últimas edições do evento.
Nesta edição, a programação da V Semana Rede Pedagógica aborda, entre outros pontos, competências cognitivas e emocionais, literatura, música, brincadeiras, contação de histórias, alfabetização, neurociência e psicologia das emoções.
Diversos especialistas em educação renomados participam do evento, entre eles, Leo Fraiman, mestre em Psicologia Educacional e do Desenvolvimento Humano pela USP; Celso Antunes, especialista em Inteligência e Cognição, mestre em Ciências Humanas pela USP e autor de mais de 180 livros didáticos; Lino de Macedo, mestre, doutor e livre docente em Psicologia pela USP; José Pacheco, idealizador da Escola da Ponte em Portugal; e Ilan Brenman, escritor de literatura infantil e Doutor em Educação.
De acordo com a diretora pedagógica da Rede, Erika Radespiel, o tema está alinhado aos problemas vivenciados pelos professores nessa pandemia, quando ficaram sem apoio emocional e sem estrutura adequados à nova realidade, e foi pensado, ainda, em razão das competências socioemocionais presentes nas diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as quais devem ser desenvolvidas entre os estudantes.
“Precisamos falar sobre como será o retorno às aulas. O principal não é o conteúdo, que se recupera. A questão é: como os estudantes estarão emocionalmente ao retornarem para a escola? As instituições de ensino estão preparadas para oferecer esse apoio, tão necessário à saúde e ao bem-estar de sua comunidade? A pandemia evidenciou o quanto é importante se trabalhar as competências socioemocionais já enumeradas na nova BNCC, e é isso que discutiremos na quinta edição do evento”, pontua Erika.
A formação inclui lives interativas no Instagram @redepedagogica, videoaulas e material didático para download na plataforma de cursos online da Rede Pedagógica, a RPEAD, e conta com a participação de especialistas, mestres e doutores em Educação. Os participantes do evento receberão um certificado com registro de 120 horas de atividades.
Para participar desta quinta edição, basta entrar no site https://www.rpead.com.br/courses/v-semana-rede-pedagogica e realizar cadastro do nome completo, endereço eletrônico (e-mail) e senha para acesso aos conteúdos. As inscrições são gratuitas. Nesse endereço, os interessados também podem conferir a programação atualizada do evento.
Serviço:
V Semana Rede Pedagógica
Quando: 30 de janeiro a 7 de fevereiro de 2021
Onde: Instagram @redepedagogica
Programação e inscrições clicando aqui
E-mail: rede@redepedagogica.com.br
Empresários
Abertas inscrições de cursos que vão potencializar empresas do DF. São 500 vagas gratuitas. Serão 30 cursos com 200 aulas ministradas por 16 consultores do Sebrae. O anúncio foi feito pela Agência Brasília. As inscrições podem ser feitas pelo link Capacita DF.
Bem comum
Pessoal do Oca do Sol recebeu o troféu Experiências Acessíveis, uma premiação da Secretaria de Turismo do GDF. O Projeto Ecotrilhas foi classificado em segundo lugar, dentre as iniciativas de destaque no turismo em 2020. O prêmio foi dedicado às Pessoas com Deficiência e à comunidade da Serrinha. Laureados também Caminhos do Planalto Central e Grupo de Caminhadas de Brasília.
Agenda positiva
Com antecipação, o GDF limpou inúmeras galerias de águas pluviais, lixo espalhado por pessoas sem consciência coletiva, buracos em diversas localidades. Há que se elogiar quando merecido. As árvores que caíram com a última chuva foram todas recolhidas em pouco tempo.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os ministros estão impossibilitados de determinar a abertura de inquérito contra funcionários que recebem “dobradinha”, moram no Rio e tem apartamentos em Brasília, porque os principais implicados são, precisamente, os mais altos funcionários desses Ministérios. (Publicado em 25/01/1962)
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Que o Brasil é reconhecidamente um país onde as desigualdades econômicas e sociais estão entre as maiores do planeta, isso não é segredo para ninguém. No entanto, o que muita gente faz questão de não enxergar, até mesmo por um sentimento de culpa coletiva, é que esse fato esconde uma realidade ainda mais cruel e que está por detrás do enorme apartheid social motivado, em grande parte pela questão do racismo ou mais simplesmente pela cor da pele.
Obviamente que esse é um problema visto em muitos países do globo. Ocorre no Brasil, essa questão, decorrente da própria formação histórica do país, possuindo raízes mais profundas que remontam no tempo. Até pouco tempo atrás, essa era uma discussão que parecia não incomodar a sociedade, justamente por se acreditar ser esse um tema já superado pelo poder da miscigenação massiva da população.
Ocorre que essa dissimulação, um tanto quanto fantasiosa, servia apenas para esconder uma realidade presente em todos os aspectos da vida brasileira, quer nos romances, na poesia, no samba, nas novelas. O racismo em nosso país é um problema que vem nos acompanhando desde o período colonial, principalmente com a introdução da escravatura por meio do chamado comércio negreiro, entre meados do século XVI até fins do século XIX, época em que a decretação da Lei Áurea em 1888 pôs fim a esse sistema desumano de mão de obra.
De fato, como reconhecem os historiadores, os escravos eram os pés e as mãos dos senhores de engenho, o que significa que, sem essa força de trabalho, seria impossível todo e qualquer desenvolvimento durante, não apenas no período do Brasil colonial, mas, inclusive, no período posterior. Passados todos esses séculos esse ainda é um passivo histórico em aberto e que precisa ser quitado de forma justa e permanente.
Estudo elaborado há pouco pelo Google, em parceria com o Data Folha e a Mindset-WGSN, intitulado “Consciência entre urgências: pautas e potências da população negra no Brasil”, mostrou que o racismo institucional e estrutural é o segundo tema mais urgente para 44% dos 1.225 entrevistados de todas as classes sociais. “Sete em cada dez negros não se sentem representados pelos governos brasileiros, sendo que 68% não se sentem também representados pela publicidade em geral”, avaliam os entrevistadores, ao concluir que quanto menor a escolaridade, a idade e a renda, maior se mostra a urgência em debater temas como genocídio e feminismo negro.
Outro elemento levantado pela pesquisa mostrou que o ativismo e o engajamento das novas gerações, sobre esse e outros assuntos ligados à população negra, tem sido grandemente impulsionado pelas redes sociais da internet. No Distrito Federal, onde 57% da população se declara negra, o Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) comandado pela promotora de Justiça Mariana Nunes, tem empreendido enormes esforços não só no combate ao racismo e à injúria, mas promovido projetos que viabilizam a reflexão e consciência por parte dos autores de crimes raciais, quer através do pagamento de pesadas indenizações por reparação de danos morais em favor das vítimas, quer obrigando os autores desses crimes ao comparecimento pessoal em juízo, periodicamente para informar e justificar suas atividades; proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização; participação em curso ou palestra sobre igualdade racial, além de outras medidas restritivas.
Nesse dia 20, em que se comemora o Dia da Consciência Negra, esse ainda é um tema a ser discutido em busca de soluções que diminuam esse hiato social/racial, de forma que o Brasil encontre um caminho que leve ao desenvolvimento verdadeiro, que é aquele construído pela inclusão e igualdade de oportunidades.
A frase que foi pronunciada:
“Não sou descendente de escravos. Eu descendo de seres humanos que foram escravizados!”
Makota Valdina, educadora, líder comunitária e ativista brasileira.
Exagero
Ninguém compreendeu a exigência da comitiva chinesa. Bolquear o Royal Tulip, retirar todas as câmeras, até aí tudo bem. Mas pedir para eliminarem todo quebra-molas da redondeza foi um pouco demais.
Um parque
Já está avisado. O governo federal anunciou que até dezembro venderá o terreno da Octogonal 3. Trata-se de um espaço cuidado pelos moradores que têm plantado árvores ao longo de uma década com a esperança que seja transformado em parque da região.
Ponto final
Corre à boca miúda que já existe um projeto com 10 blocos com mais de 12 andares cada um. Imaginem o fluxo de carro naquela região para abrigar um condomínio desse porte. O protesto é organizado. Os moradores, gente antiga e poderosa da cidade, não vão deixar isso acontecer.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O presidente do Uruguai vai receber duas homenagens oficiais: uma, do presidente da República, em Brasília, naturalmente. Outra, do Primeiro ministro, no Rio, naturalmente. (Publicado em 06/12/1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
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colunadoaricunha@gmail.com;
Jornais de todo o mundo noticiam em suas primeiras páginas o trágico incêndio que consumiu por completo o Museu Nacional do Rio, transformando em cinzas, em pouco mais de seis horas, 200 anos da história do Brasil. O interesse demonstrado pela imprensa internacional sobre este triste fato se explica em razão da importância que a grande maioria desses países confere aos seus museus e a todas as instituições, privadas ou do Estado, que possuam a guarda de seu patrimônio histórico e cultural.
A atenção e proteção que esses países dão às suas fontes históricas podem estar ligadas, em parte também, ao sucesso econômico, social, cultural e político desses povos. Somente nações que mantém presente seu passado, sabem, com certeza, o que querem para o futuro e não erram nas escolhas. É justamente esse falso entendimento que possuímos de que nosso passado é um caso encerrado e que deve ser esquecido em algum escaninho do arquivo morto que nos acorrenta aos erros e nos deixa às voltas, em círculos infinitos, sem sair do lugar.
Somos o que somos pelo esquecimento fácil e cômodo do nosso passado. Nesse sentido, as perdas materiais com cerca de 20 milhões de peças históricas, fontes originais de pesquisa para estudantes e cientistas que deixaram de existir, são muito mais do que perdas materiais. São testemunhos vivos que autenticam nossa história, afastando dela tudo o que é fantasia e alucinação.
Em mais esse triste episódio, há pouca serventia em buscar culpados diretos e indiretos. Se fosse esse o caso, e para ser rigoroso, acredito que todos temos nossa parcela de culpa. Obviamente que primeiro é preciso constatar que nenhuma autoridade do governo, principalmente seu ministro da cultura, se fez presente por ocasião das comemorações dos 200 anos do Museu Nacional, o que torna ainda mais sintomático esse descaso oficial.
A questão aqui é porque não aprendemos com episódios semelhantes ocorridos recentemente e que feriram de morte parte de nossa cultura. Em dezembro de 2015 chamas gigantescas engoliriam também o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo. Em 2010 o fogo havia consumido o Instituto Butantã, também em São Paulo. Em 2007, 900 cédulas e moedas raras e outros itens históricos de grande valor foram furtados do Museu do Ipiranga, que permanece fechado desde 2013. Também o Liceu de Artes e ofício de São Paulo teve parte de seu acervo destruído em um incêndio em 2014. Outra tragédia foi a destruição, por incêndio também, do Teatro Cultura Artística em 2008. Em 2013, outro incêndio destruiu completamente o auditório Simón Bolívar no Memorial da América Latina, somente a reforma desse prédio custou R$ 41,5 milhões aos contribuintes. Aqui mesmo, na capital do país, o Teatro Nacional Cláudio Santoro e a sala Martins Penna, além do Museu de Arte Moderna, se encontram fechados há anos, aguardando por reformas que nunca iniciam.
Para piorar uma situação que em si já é calamitosa, o candidato a presidente da República, Bolsonaro, anunciou agora em um comício sua intenção de acabar com o Ministério da Cultura. Dessa forma, vai se concretizando a previsão do antropólogo Claude Lévi-Strauss de que o Brasil passaria da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização. O desaparecimento desses vestígios de nossa história, fruto do descaso de todos, prenuncia esse vaticínio.
A frase que foi pronunciada:
“Sem o mito do amanhã não existiríamos. Não fora o amanhã e secaríamos à beira dos caminhos, esboroaríamos como um cascalho no deserto. O amanhã é que fermenta o hoje, que fermenta o ontem.”
Affonso Romano de Sant’Anna
Dívidas & Dúvidas
Em parceria com o Itaú, Bradesco, Net/Claro, Losango, Tricard, Porto Seguro Cartões e Ipanema Credit Management, foi lançado um aplicativo Serasa Limpa Nome. Pode ser acessado pelo celular ou computador. Consultado o CPF, gera-se um boleto para pagamento à vista ou a prazo. O total de inadimplentes ou devedores no Brasil chega a 61,6 milhões. Lucas Lopes, gerente de produtos do Serasa Consumidor, diz que os perfis dos consumidores são constantemente acompanhados, principalmente quando o assunto é negociação de dívidas.
Tabagismo
A Secretaria de Saúde do DF oferece gratuitamente, já há algum tempo, à população encontros com profissionais capazes de apresentar métodos de comportamento e conscientização que auxiliam no corte à dependência do tabaco. Veja o link no blog do Ari Cunha.
Link para mais informações: www.saude.df.gov.br/tabagismo
Projeto
Com o aumento do número de idosos no país, regras começam a se adaptar à nova realidade. Um projeto analisado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado sugere que empresas reservem vagas para pessoas com mais 55 anos de idade de forma proporcional ao número de funcionários. A ideia é do senador Cidinho Santos que vê a necessidade de o mercado valorizar a experiência.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Acobertar funcionários faltosos é tirar sua responsabilidade, jogando na administração central, é caso para o Conselho estudar, julgar e decidir. Mantenho tudo o que disse. (Publicado em 28.10.1961)