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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
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Curiosamente, o século XXI vai se transformando — e até se confundindo — com as milhares de histórias de ficção científica que retratam mundos distópicos, devastados por guerras insanas de extermínio nuclear.” Com base em fatos e não em ficção, o cenário à nossa volta vai mostrando a encruzilhada que a humanidade tem pela frente. De fato, o século XXI vai se misturando com narrativas distópicas de ficção científica, a tal ponto que já não sabemos onde começa uma e termina a outra.
Embora ainda não estejamos num cenário de destruição total por guerra nuclear, vários fatores concretos parecem conduzir a humanidade a uma encruzilhada crítica. Numa análise rápida, baseada apenas em fatos que sustentam essa percepção, temos: a volta do fantasma nuclear. Desde o fim da Guerra Fria, a ameaça de uma guerra nuclear havia recuado para o pano de fundo das preocupações globais. No entanto, o século XXI tem visto um recrudescimento das tensões entre potências nucleares. Conflito entre Rússia e OTAN, motivado pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, reintroduziu, de forma explícita, a retórica nuclear. O Kremlin chegou a sugerir o uso de armamento atômico em caso de avanço ocidental. Vimos ainda a corrida armamentista moderna, com os Estados Unidos, China e Rússia, continuamente, modernizando seus arsenais.
Em 2024, relatórios da SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute) apontaram que houve um grande aumento nos gastos com armas nucleares. Com isso, há uma espécie de proliferação nuclear, com países como Coreia do Norte prosseguindo em seus testes, enquanto, por outro lado, o acordo nuclear com o Irã segue ameaçado e ameaçando. Hoje, existem, aproximadamente, estocadas em várias partes do globo, 13 mil ogivas nucleares. Bastariam apenas algumas centenas delas para causar um colapso climático e civilizacional em âmbito global. Um mundo coberto por gelo radioativo, decorrente do inverno nuclear, que se instalou na paisagem geral. Este é bem um cenário de ficção, embora possível agora.
Outro aspecto a dar um pano de fundo para a distopia do século XXI é representado pela emergência climática: a distopia silenciosa. Se a guerra nuclear representa uma catástrofe súbita, a crise climática é uma distopia em câmera lenta, mas de igual poder de devastação. Lembremos que eventos recentes e extremos aumentaram exponencialmente, com incêndios florestais, enchentes catastróficas e ondas de calor severas se tornaram mais frequentes e intensos. O Brasil, por exemplo, viveu, em 2024, a maior tragédia climática de sua história no Rio Grande do Sul. Há, nesse ponto, a emergência da chamada “desigualdade climática”, que incide, justamente, sobre os países que menos contribuíram para a crise climática, formando assim, o conjunto dos mais afetados, gerando deslocamentos em massa e crises humanitárias de grande proporção.
Segundo o IPCC, a humanidade tem até 2030 para cortar, drasticamente, as emissões de carbono se quiser evitar um aquecimento global acima de 1,5 °C — limiar considerado crítico. Nesse conjunto “surrealístico”, advém ainda a crise democrática e a tecnovigilância, criando um ambiente de paranoia ao de medo generalizado. A ascensão do autoritarismo, aliada ao uso de tecnologias de controle, aproxima o mundo de narrativas distópicas como 1984 ou Black Mirror. Nesse ponto, a vigilância digital, como no caso da China, operando agora o maior sistema de vigilância do planeta, com reconhecimento facial, pontuação social e controle informacional. Mas o que chama a atenção é que esse fenômeno se alastra de forma rápida e globalmente.
A desinformação e polarização gerada pelas redes sociais e IA estão sendo usadas para manipular eleições, disseminar fake news e radicalizar populações, criando grupos antagônicos. Na verdade, se formos ficar apenas por aqui, já teríamos todos os elementos que moldam as ficções. De acordo com o Relatório Freedom House de 2024, a liberdade global caiu pelo 18º ano consecutivo. A democracia está em declínio em diversas parte dos continentes. De fato, estamos diante da maior encruzilhada da humanidade. Estamos diante de escolhas que definirão os rumos da civilização para além desse século. Ou seguimos pelo caminho da cooperação global, transição ecológica, o que obriga a diminuição drástica dos gastos com armas de destruição em massa.
Nesse ponto surge ainda a possibilidade de uma desmilitarização em âmbito global. Mas isso exige esforços coletivos e reformas sistêmicas profundas, mas não impossíveis. A equação é simples: ou continuamos nos encaminhando para colapsos múltiplos — ambientais, geopolíticos e sociais — que transformariam o planeta em algo próximo aos mundos retratados pela ficção distópica, ou agimos com todas as forças que temos para acordar desse sonho pressagioso.
A frase que foi pronunciada:
“Nós sabemos tudo sobre a vida selvagem, pelo amor de Deus!”, gritou Aideen. “Estamos sendo atacados por uma maldita matilha de chimpanzés agora mesmo! Tirem a gente daqui!”
Steven Decker, O Equilíbrio do Tempo

História de Brasília
E já que o assunto é IAPC, o sr. José Jereissati ia despejar os que não pagam aluguel, e o assunto saiu da pauta. Há muita gente alta no meio. (Publicada em 03.05.1962)
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É fato que, ao longo de toda a história humana, muitas figuras proeminentes, capazes até de mudar os rumos dos acontecimentos, foram executadas por um simples delito: falar a verdade. Eis aí um crime que, ao longo dos séculos, por uma razão ou outra, sempre foi considerado indesculpável e punido até com a morte.
Não surpreende que, ao longo de todo esse tempo, incontáveis versões tiveram que vir à tona para esconder e justificar a condenação da verdade. É sabido também que a verdade carrega um potencial capaz de romper o que pode ser a “paz dos cemitérios”.
Muitos conflitos sangrentos foram travados em nome da verdade, embora saiba-se que, nas guerras, a primeira vítima sempre é a verdade. O perigo em caminhar pelas sendas da verdade é que ela pode levar indivíduos e governos a situações que podem tanto decretá-los ao calabouço como ao Olimpo.
No passado, lá por volta de 470 a.C, o filósofo grego Sócrates, acusado de corromper a juventude por ensiná-la a pensar e a buscar a verdade, foi condenado à morte. De certa forma, essa tragédia entrou para a história do Ocidente como um marco na política, delineando os limites da verdade na condução do Estado. Se proferir uma mentira para evitar uma guerra, então essa seria uma mentira útil e válida? Possivelmente, não. Se, do mesmo modo, proferir uma verdade capaz de levar à guerra, essa então seria uma verdade inválida? Possivelmente, também não.
A questão não se baseia nas consequências trazidas pelo emprego da verdade, ou da mentira, como arma escolhida pelo governo, mas na constatação de que, ao fugir dos fatos, passa-se a considerar o cidadão sujeito de segunda, ou terceira, categoria, passível de ser conduzido por cantilenas ilusórias, e não como pilar mestre de todo e qualquer Estado Democrático. O ponto em tela é que não se pode erigir nada tangível em cima de mentiras, pois a mentira é, em si mesma, sempre algo intangível.
No mundo da política, onde falar, negociar e convencer é sempre realizado por meio da fala e do convencimento, a verdade ocupa um lugar de destaque, ou pelo menos deveria. A questão é simples: a verdade está ao lado da razão e da justiça. Ocorre ainda que a política, por sua natureza desligada do pensamento puro, depende mais do consenso de opiniões do que da busca da verdade.
É fato que, quanto mais livre uma sociedade, mais e mais o Estado deixa de lado as versões e narrativas e mais e mais se centra na verdade e na razão, abandonando os mecanismos de ilusão das massas, mesmo que elas anseiem por promessas e sonhos distantes.
Notem que até mesmo o progresso e a evolução do Índice de Desenvolvimento Humano só são alcançados por meio da verdade, da ética e da razão. Vale enfatizar que a verdade é sempre apoiada nos fatos. Quando ocorre da verdade se apoiar em opiniões e narrativas, perde-se todo o alicerce do Estado e do governo. Da mesma forma, não se pode construir o passado e o presente com base na mentira, pois, com essa ferramenta nefasta, o futuro simplesmente deixa de existir.
O amanhã, como promessa, nunca chega e, quando chega, surpreende a todos por sua crueza. O futuro de uma nação depende, diretamente, dos fatos e da verdade, da razão e da ética. Portanto, quando se fala, entre outras coisas, em “país do futuro”, o que se está estabelecendo é que no presente estão sendo construídas as bases para esse acontecimento. O problema é que, no nosso caso, o “país do futuro” vem sendo prometido há quase um século ou mais.
Muitos reclamam que esses dias vindouros nunca chegaram de fato. Outros dizem que as promessas jamais serão alcançadas. Buscar as razões para essa espécie de drama, ao estilo de Esperando Godot, de Beckett, é a grande ironia de nossa história e abre um questionamento curioso: até que ponto nosso futuro tem sido construído com base na deturpação dos fatos, como esculturas feitas de areia à beira mar?
A frase que foi pronunciada:
“A capacidade de justiça do homem é o que torna a democracia possível, mas a inclinação humana para a injustiça é o que faz a democracia ser uma necessidade.”
Reinhold Niebuhr

Em outubro
Seria uma estatística importante apresentar à população quantas cirurgias de cataratas feitas em mutirões causaram a cegueira dos pacientes. Entre os 20 procedimentos cirúrgicos, 15 pacientes apresentaram sintomas de endoftalmite, uma infecção ocular causada pela bactéria Enterobacter cloacae. Os procedimentos foram realizados na Maternidade Dr. Graciliano Lordão, em Parelhas, no Rio Grande do Norte.

Em novembro
A polícia ainda investiga 24 casos de cegueira após o mutirão da catarata no Pará.

História de Brasília
Falou sobre a ausência do Executivo, sobre a planificação de transferência e de esforço para a construção de Brasília. Foi um discurso que valeu como uma séria advertência. (Publicada em 21/4/1962)

