Desdém ao voto

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

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Foto: bbc.com/portuguese/brasil
Foto: bbc.com/portuguese/brasil

        Fala-se muito sobre a possibilidade de retrocesso do país, como se isso ainda fosse possível, caso vença as eleições para presidente da República o candidato da extrema esquerda ungido pelo ex-presidente Lula. Da mesma forma, mas em sentido contrário, muita gente tem feito previsões catastróficas acerca de um possível governo de direita, capitaneado por Bolsonaro e sua turma. O fato é que e as pesquisas mostram bem isso, que no atual estágio de maturação de nossa democracia, os brasileiros ainda não aprenderam a dar um tratamento mais racional ao ato de votar, usando dessa preciosa prerrogativa não só para mudar os rumos da política, mas sobretudo, para mudar os políticos que aí estão denegrindo nossa democracia.

           A sentença de que cada povo tem o governo que bem merece só faz sentido para aqueles que não dão a devida importância ao voto e seguem a crença de que nada irá mudar, seja esse ou aquele o novo inquilino do Palácio do Planalto. A obrigação pedagógica para que cada cidadão vote apenas tem feito com que as pessoas compareçam forçosamente as sessões eleitorais para cumprir uma tarefa e escapem das penalidades cívicas. Mais importante do que obrigarem as pessoas a comparecer nas sessões de votação é ensinar a elas o quão fundamental para todos é o voto consciente de cada um.

           Para tanto, seria necessário, primeiro, que os tribunais, inclusive o eleitoral, fizessem uma espécie de pente fino rigoroso, para tirar do páreo todos aqueles candidatos com pendências judiciais, varrendo para longe conhecidos postulantes que acumulam processos que se arrastam sine die. Infelizmente, a Lei da Ficha Limpa, desidratada que foi pelos congressistas, não pode fazer esse trabalho a contento.

      Pelo desenrolar dos acontecimentos, parece que não será ainda nessa eleição que os cidadãos poderão experimentar uma renovação geral dos quadros políticos. Os muitos grotões miseráveis do país continuarão a ser explorados por oportunistas e populistas de todo o tipo, prometendo quinquilharias em troca de voto. Mesmo em estados dinâmicos do Sudeste, como o Rio de Janeiro, estado que não economiza piadas sobre políticos ao mesmo tempo em que os eleitores já elegeram um macaco do zoológico com o poder do voto.

            Uma coisa é certa e previsível nessas eleições: a pobreza intelectual, o voto com paixão e ódio será mantido no momento de apertar a tecla da urna eletrônica. E por um simples toque, essa premissa será o trilho por onde esse país seguirá.

A frase que foi pronunciada:

“Não é a política que faz o candidato virar ladrão. É o seu voto que faz o ladrão virar político.”   

Autor desconhecido

Charge do Jean Galvão
Charge do Jean Galvão

Cultura

Em breve, um grande concerto da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional será altamente concorrido em Brasília. A Secretaria de Cultura já está providenciando hotéis para a hospedagem dos músicos convidados.

Dor

Segundo dados da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), de cada dez pessoas, quatro sofrem de dores crônicas, que afetam principalmente a coluna vertebral. A Radiofrequência é, segundo o neurocirurgião Dr. Iuri Weinmann, uma técnica minimamente invasiva em que se usa uma corrente elétrica alternada de alta frequência para atingir nervos ou gânglios, bloqueando os impulsos nervosos que levam à dor. O Dr. Iuri é especialista em medicina da coluna.

Lixo

Ainda falta muito para a capital do país administrar o lixo de forma mais moderna. Para a coleta, transporte do chorume no Aterro Sanitário e descarga na Estação de Tratamento de Esgotos, o GDF vai desembolsar R$ 924.834,24.

Foto: Dênio Simôes/GDF (g1.globo.com)
Foto: Dênio Simôes/GDF (g1.globo.com)

Uso opcional

Conselheiros tutelares receberão carteira de identidade funcional com um brasão personalizado.

Segurança

Perto do posto de gasolina no Paranoá, há uma loja com apetrechos usados por militares. Esse tipo de vestimenta não deveria ser venda indiscriminada.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Nos últimos meses, entretanto, a Novacap negou-se a pagar, e há a informação de que o sr. Laranja Filho só tomaria providência quando assumisse o novo prefeito. (Publicado em 31.10.1961)

O silêncio dos cúmplices

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ARI CUNHA

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Charge:
Charge do Hector

             Com a opção tomada por todos os candidatos à presidência da República de seguir à risca a cartilha dos marqueteiros políticos, o avivamento das discussões sobre os recentes escândalos da Lava Jato e suas consequências para a vida política do país foi, até o presente momento, completamente apagado dos debates. Não se vê ou ouve, por parte dos postulantes, qualquer menção a esses crimes, seus personagens e principalmente as nefastas consequências decorrentes dessa sucessão de delitos que arrastaram o Brasil para a mais profunda crise econômica e política de toda a sua história.

           O mutismo em relação a esse mega fato se explica, em parte, porque ficou constatado que além do Partido dos Trabalhadores, que organizou com método todo esse esquema, praticamente todos os partidos estiveram direta ou indiretamente envolvidos nessa maracutaia. Para uma investigação dessa proporção, que permanece em andamento e possui ainda muitos de seus desdobramentos por acontecer, custa a crer que os candidatos ao cargo mais importante do Estado, a ela não façam qualquer referência, até mesmo para mostrar que esses fatos não irão mais se repetir.

           Os mais graves crimes de corrupção precisam vir à tona e ser debatidos à exaustão, até que não sobre mais a mínima chance de que venham a ocorrer. As grandes manifestações de rua ocorridas em todo o país, exigindo o fim da velha política e da velha República, ainda reverberam seu clamor e exigem respostas à altura. A razão ensina que não se pode falar em projetos futuros, quando um assunto dessa gravidade não for devidamente discutido e encerrado. É preciso encerrar esse capítulo com os principais personagens e dirigentes do Estado, jogando o nome e o prestígio do país na lama e gerando mais miséria e insegurança.

Charge do Feliciano
Charge do Feliciano

       Não chega a ser surpresa para ninguém que esse silêncio obsequioso faça parte de uma manobra que visa, sobretudo, reeleger os principais personagens desses crimes, na busca desesperada por prerrogativa de foro. Outros acreditam, e com boas razões, que, na virada do governo, haverá um grande acordo que será denominado de pacificação nacional, em que todos esses crimes serão esquecidos em nome de uma pressuposta união do país.

           O que esse silêncio em torno desses crimes revela, aos ouvidos daqueles que sabem escutar, é que, o que está em marcha não é apenas a eleição de outubro, mas um amplo movimento que visa construir uma falsa nova república, erguida sobre os mesmos pilares corroídos pela ética.

          Essas eleições trazem uma reforma de fachada de um velho prédio condenado a ruir. O estrondo provocado pelo colapso desse enorme edifício que ameaça em breve vir a baixo será a resposta natural a esse silêncio dos cúmplices.

A frase que foi pronunciada:

“Apesar de enfrentar uma ‘tempestade perfeita’, devido à conjunção de uma profunda crise econômica com uma das maiores investigações de corrupção da história, nos últimos 25 a 30 anos o Brasil realizou um tremendo trabalho de consolidação de sua democracia. Não cedam à tentação de colocar um candidato com tendências autoritárias na Presidência.” 

Steven Levitsky, cientista político norte-americano.

Cortinas abertas

Nada como os detalhes para apontar comportamentos. No governo passado as cortinas do Palácio do Planalto estavam constantemente fechadas. Dia e noite, ninguém visualizava as salas com janelas para a Praça dos Três Poderes. Hoje é possível acompanhar os passos dos ocupantes, que não estão preocupados em ser vistos.

Foto: tripadvisor.nl
Foto: tripadvisor.nl

Receita Federal

Nas primeiras horas da manhã, o atendimento na Receita Federal, no Setor de Autarquias Sul, melhorou muito. Vigilância na entrada, atendentes prestativas, fila rápida.

Foto: Werles Neves Silva
Foto: Werles Neves Silva

Novidade

Grupos de WhatsApp são criados para que os voluntários nas eleições se comuniquem com os cartórios durante o pleito. Apesar do vídeo detalhado com o passo a passo, sempre há surpresas numa seção eleitoral.

Surpresa

Uma das surpresas foi a mesária que identificou a mesma criança no colo de várias mães. As eleitoras alugavam a criança para furar fila. Se por trás do voto há corrupção, não há o que reclamar do que vem pela frente.

Tirinha: Edu Pitoresco
Tirinha: Edu Pitoresco

Foice, martelo e picareta

Quando passar o tempo de eleição, o Plenário do Senado votará na proposta de ressarcimento pago pelos presos ao Estado por todo o gasto durante a privação de liberdade. Se não houver dinheiro, um tanto melhor. O detento pagará com trabalho. O autor do Projeto de Lei do Senado disse que esse é o caminho para combater o ócio, oficina das facções que infestam os presídios.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O serviço era feito, anteriormente, pela firma Paulo Wettstein. O contrato foi denunciado, e passou a ser feito pela Prefeitura, pago pela Novacap. (Publicado em 31.10.1961)