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ARI CUNHA – In memoriam
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Facebook.com/vistolidoeouvido
Um mundo novo parece se descortinar para os governantes que assumirão a partir de 2019. Com uma renovação significativa de nomes nos poderes Legislativo e Executivo, o que os cidadãos aguardam agora é a decolagem do avião Brasil para longe dessa que foi a mais longa e prolongada crise já experimentada por todos os cidadãos.
Obviamente que ainda falta um bom percurso a seguir. Como as reformas necessárias ao país, principalmente a política, ficaram no meio do caminho, o jeito é encontrar mecanismos de governança que fujam do velho padrão dos balcões de negócios, tão prejudiciais ao país.
O presidencialismo de coalizão, que dentro de um sistema republicano serviria para integrar esforços entre Executivo e Legislativo, foi tão distorcido e corrompido entre nós ao longo desses anos que persistir nesse modelo é rota certa para novos impasses institucionais, talvez até mais graves e insolúveis. Nesse sentido, tanto o presidente Bolsonaro, como o governador eleito pelo Distrito Federal, Ibaneis Rocha, necessitam atuar com o máximo de prudência. Ceder a esses impulsos, por menores que sejam, é dar um reinício a um ciclo sem fim. O que torna a governabilidade cada vez mais delicada, no plano federal e no plano local, é que ao lado da quantidade de legendas disputando espaço no poder, os próprios partidos parecem estar sendo engolidos pelo fenômeno das bancadas de interesse, muito mais organizadas e sedentas.
À esse fato, já em si preocupante, o que parece estar acontecendo é o surgimento, ainda embrionário, de uma bancada formada por políticos militares, uma espécie de bancada das Forças Armadas. Com o aparecimento desses novos grupos políticos acima dos partidos, a governabilidade de coesão adentra num novo patamar.
A melhor estratégia para enfrentar essa Hidra de Lerna moderna parece estar na luz saneadora da transparência pública absoluta, capaz de eliminar os conchavos à meia luz e impedir a proliferação desses germes perigosos. No caso específico do Distrito Federal, o que preocupa aqueles que acompanham o dia a dia da política é a frenética movimentação de bastidores dos mesmos partidos atolados, até a orelha, nos mais escandalosos casos de corrupção.
Quem observa, com atenção, as figuras que surgem nos fundos das imagens nesses encontros, nota, aqui e ali, rostos sorridentes que, na realidade, deveriam estar, há muito, hospedados nos presídios. Para esses, a eleição de um correligionário pode ser entendida como uma absolvição das faltas pretéritas, e quem sabe a oportunidade de voltar a delinquir.
Aos olhos do cidadão fica a dúvida. Com a justiça, sempre lenta e obsequiosa com os poderosos, fica a resposta.
A frase que foi pronunciada:
“Um falso amigo e uma sombra assistem apenas enquanto o sol brilha.”
Benjamin Franklin
Contradição
Um dos argumentos da Suprema Corte, para rejeitar e desobedecer a lei que instituiu o voto impresso, foi a falta de verba que incrivelmente apareceu para turbinar o salário de seus ocupantes. A dúvida continua no ar.
Leitor
Sou aposentado, tenho 62 anos e resido na SHIGS 713 Sul – Bloco M. Nos últimos anos, não vemos serviço de limpeza, manutenção e varrição das áreas verdes das quadras residenciais de Brasília. Em particular, a nossa. O caso já virou problema de saúde pública, pois a falta de limpeza e manutenção tem provocado a proliferação de mosquitos, insetos de todos os tipos, inclusive com casos de dengue na família.
Continua
Já abri vários protocolos na Ouvidoria do GDF acionando o SLU e a Novacap, mas em vão. Eles não acompanham e nem cobram o atendimento desses protocolos. Já liguei várias vezes e já mandei e-mails e contatos para as Ouvidorias do SLU e Novacap que sequer respondem. É visível o total abandono de nossa cidade!
Veredicto
A W3 Sul e as quadras residenciais 700 não têm qualquer limpeza e manutenção. Mas pagamos elevados impostos e o GDF paga a empresas terceirizadas por esses serviços. Por que não é feito? Por que não é cobrado e fiscalizado? Algo fede muito mais que o lixo que se acumula e nos traz doenças! Ou incompetência ou corrupção.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Funcionários precipitados declararam, há meses, que em dezembro seria inaugurado o terceiro supermercado. Efetivamente, a obra estava em bom andamento, mas está completamente paralisada. (Publicado em 05.11.1961)
ARI CUNHA – In memoriam
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
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Governar administrativamente o Brasil, sob as condições impostas pelo modelo de presidencialismo de coalizão, poderia ser sempre um exercício democrático de fácil consecução, caso os poderes Executivo e Legislativo agissem, nas mesas de negociações, com espírito republicano, colocando os problemas nacionais em absoluto primeiro plano.
O que ocorre, no entanto, não é isso. O que tem acontecido com frequência é a aprovação de projetos no Congresso, mediante suspeita de atendimento prévio de pleitos paroquiais ou mesmo pessoais, fazendo do toma lá dá cá uma prática corriqueira, o que normalmente acaba resvalando para atitudes, digamos, pouco éticas e com prejuízos para o Estado.
Esse mecanismo torna-se ainda mais nefasto ao país quando, por razões estritamente pessoais, o chefe do Executivo é levado a obter apoio político para manter-se no poder e evitar uma possível cassação. Nesse caso, a fatura do Legislativo é ainda mais alta e descontada diretamente nas costas do cidadão contribuinte.
Foi exatamente isso que ocorreu durante várias negociações para barrar denúncias feitas, pela Procuradoria-Geral das República, contra o presidente Michel Temer em 2017. Naquela ocasião, segundo levantamento feito junto ao Congresso, o preço cobrado para impedir o prosseguimento de ação de impeachment contra Temer, junto à Câmara, custou a bagatela de R$ 32,1 bilhões, pagas por meio de diversas concessões e outras benesses aos parlamentares.
A fatura mais alta ficou por conta justamente das dívidas dos ruralistas com o Funrural e que terminou se transformando num perdão de mais de R$ 17 bilhões. Também estava incluído, nesse pacote de cobranças, um desconto de 60% das multas aplicadas pelo Ibama e a conversão do pagamento em investimentos na conservação e preservação ambiental, o que custou aos brasileiros mais de R$ 2,7 bilhões.
Outros benefícios também foram concedidos para frear o prosseguimento dos inquéritos no Legislativo, como a liberação rápida das emendas parlamentares individuais, algo em torno de mais de R$ 4,2 bilhões. Naquela ocasião o desespero era tão grande que o Palácio do Planalto chegou a liberar a exploração de minérios na Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) na Amazônia, o que gerou um escândalo e uma mobilização internacional contrária jamais vista.
Os efeitos nocivos dessas medidas sobre o meio ambiente do país rapidamente ganharam espaço nos principais jornais do mundo e ainda repercutem de forma negativa, com o Brasil sendo acusado de promover um sério retrocesso ambiental. Países signatários do Acordo de Paris se mostram preocupados com a diminuição das exigências para licenciamento ambiental e com o recuo e suspensão nas demarcações de terras indígenas, o que tem facilitado a ação de grileiros que passaram a agir com mais liberdade na extração ilegal de madeiras nessas terras protegidas. Os constantes conflitos que têm ocorrido na região Norte do país demonstram que a ação predatória nessas reservas está de volta e com força total.
Segundo ambientalistas que trabalham nessas áreas remotas e em condições de risco de morte, existe hoje um incentivo velado ao desmatamento tanto para a extração de madeira a baixo custo, como para a expansão de uma agricultura e de uma pecuária predatórias que avança mata adentro sem controle.
Com isso, o cumprimento das metas climáticas, estabelecidas nos Acordos de Paris, estão seriamente comprometidos. A fusão, pretendida agora pelo novo governo, dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente poderá, segundo os cientistas, agravar ainda mais a destruição do nosso ecossistema, colocando o Brasil numa situação vexaminosa perante o mundo, além, é claro, dos prejuízos econômicos estimados pelos cientistas na ordem de R$ 5 trilhões até 2050. É um passo, que, se ocorrer, deverá ser precedido de planejamento minucioso.
A frase que foi pronunciada:
“É impossível ter uma sociedade saudável e sólida sem o devido respeito pelo solo.”
Peter Maurin, fundador Movimento Operário Católico em 1933 com Dorothy Day
Blog do Ari Cunha
Sobre a coluna intitulada “Liberdade sem limites ou com responsabilidade?”, aos alunos da UnB que têm envidado esforços para manter a razão da universidade, com produção acadêmica que contribui para o desenvolvimento da sociedade, expressão de ideias com civilidade, oposição com respeito, nossas desculpas se demos a impressão de generalizar na identificação dos discentes intransigentes gravados em vídeo.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
E há mais, no IAPFESP: custa um dinheirão a manutenção e abastecimento do gerador da 304, apenas para fornecer luz à residência do Delegado e dos engenheiros das empresas contratantes. (Publicado em 04.11.1961)