Dois Brasis

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Tivesse vivo hoje, o saudoso escritor e dramaturgo Dias Gomes (1922-1999) por certo teria acompanhado de perto todo o desenrolar dos acontecimentos políticos, sobretudo os episódios iniciados com a eclosão dos escândalos do mensalão, trazidos pela CPI dos Correios.

Por certo, o famoso novelista ficaria surpreendido com a capacidade demonstrada pela realidade nacional em ultrapassar, em emoção, suspense e non sense, os mais inventivos textos da ficção mundial. Nem mesmo o realismo fantástico, mais inspirado, teria tamanha capacidade criativa para compor aquela imensa trama que passou a se desenrolar como um verdadeiro folhetim na frente de milhões de brasileiros.

A sucessão de fatos e denúncias, que iam surgindo em ritmo veloz, mostrava a realidade nua e crua da corrupção do Estado, elevada ao extremo e explicitada nos seus mais sórdidos detalhes. Dinheiro, malas, cuecas, amantes, festas, mortes, traições, volúpia, ganância e todo o rol das misérias humanas ia sendo ali exposto, as vezes com uma naturalidade só vista mesmo em tramas do teatro fantástico.

O quão surreal era esse Brasil que desconhecíamos. Para o autor de roteiros como O Bem-Amado, Pagador de Promessas, O Rei do Rio, Roque Santeiro, Saramandaia e outros grandes sucessos de bilheteria, crítica e público, o Brasil visto por dentro, a partir do ângulo de observação desses protagonistas políticos, era uma verdadeira mina de ideias, capaz de gerar um conjunto fabuloso e inesgotável de roteiros.

Quanta riqueza literária haveria na miséria de nossa política, no mau caratismo de nossas lideranças, na vileza daqueles que tinham como função administrar o bem público? Difícil saber. Mesmo que não tenha acompanhado em vida esse período fervilhante de nossa história, o Brasil desenhado anteriormente por Dias Gomes, em muitos de seus textos, já acenava para a possibilidade da existência desse país em algum lugar no tempo e espaço.

O que as investigações vêm mostrando em capítulos, que ainda não chegaram ao fim, é a existência de dois Brasis que convivem há séculos, de forma paralela e distinta. Visto por dentro, em suas entranhas, há o Brasil da ficção, a abrigar gerações de lideranças políticas desconectadas com o restante do país.

Observado por fora, longe dos muros oficiais, há o Brasil do neorrealismo, com sua crueza e desesperança histórica. Dois Brasis tão desiguais e tão impensáveis. Mesmo para o talento e a prosa de um Dias Gomes.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O homem de sucesso é o que viveu bem, riu muitas vezes e amou bastante; que conquistou o respeito dos homens inteligentes e o amor das crianças; que galgou uma posição respeitada e cumpriu suas tarefas; que deixou este mundo melhor do que encontrou, ao contribuir com uma flor mais bonita, um poema perfeito ou uma alma resgatada; que jamais deixou de apreciar a beleza do mundo ou falhou em expressá-la; que buscou o melhor nos outros e deu o melhor de si.”

Robert Louis Stevenson (1850-1894), autor de A Ilha do Tesouro e O Médico e o Monstro.

Foto: biography.com

 

Escândalo

Prometi preservar as fontes e assim o farei. Acontece que no Executivo, Legislativo, Judiciário e autarquias, funcionários sofrem com roubo de pertences dentro do próprio trabalho. Até a comida guardada na geladeira, some. Nossa fonte, bem-humorada, disse que escreve na embalagem antes de resfriá-la: “órgão para doação”. Os superiores sabem que isso ocorre, muitos deles já receberam a comunicação sobre o assunto. Mas sempre há coisas mais importantes a fazer e os larápios profissionais continuam livres para aprontar na seção.

 

 

Sem conversa

Estacionamento do Venâncio 2000 não considerou a última segunda-feira, dia 04/03, feriado para cobrar menos. Alunos de cursos ficaram assustados tendo que pagar em torno de R$60 reais para deixar o carro enquanto estudavam.

Foto: venancioshopping.com.br

 

Antigamente

Leitor conta que resolveu aproveitar o carnaval para jogar a papelada fora e encontrou várias contas pagas em caixa eletrônico onde o papel térmico já não comprova nada. O tempo levou os números.

 

 

Cuidado! Perigo.

Por falar nisso, é bom lembrar nossos leitores que o bisfenol é um químico presente nos papeis usados para recibos de cartão de crédito e débito. O mesmo BPA das embalagens e garrafas plásticas fazem mal à saúde. A pesquisa condenando o composto químico no contato humano foi publicada no The Journal of the American Medical Association (Jama), um dos mais importantes da área médica no mundo.

Foto: agencia.fapesp.br

 

Aplicativos

10 softwares desenvolvidos, pelos alunos e professores da UnB, auxiliam pessoas autistas ou com qualquer problema de alfabetização e aprendizagem. São todos gratuitos.

Link para baixar os aplicativos: http://www.projetoparticipar.unb.br/

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Atendendo a uma denúncia nossa, o IAPFESP está publicando edital para concorrência pública dos gêneros que sobraram com o fechamento de sua cantina. (Publicado em 14.11.1961)

Desafios sobrenaturais

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ARI CUNHA – In memoriam

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Qualquer que seja o eleito que venha a ocupar o comando do Poder Executivo, em janeiro de 2019, terá que lidar com um país onde as instituições do Estado, em razão do repetido comportamento inadequado de muitas lideranças políticas, não gozam de boa reputação aos olhos dos cidadãos. Ao longo dos anos, a grande maioria dos brasileiros moldou para si a imagem de que o Estado nada mais é do que uma gigantesca máquina burocrática que sobrevive às custas de um pesado confisco de tributos e taxas de todo o tipo, extraídos à fórceps dos contribuintes.

Pior, a impressão dos cidadãos hoje é que o Estado e suas potencialidades estão postos à serviço justamente daqueles que controlam diretamente o governo e das grandes corporações que financiam boa parte dos operadores políticos junto ao governo. Na prática, os cidadãos observam que essas relações distorcidas e injustas estão na origem das desigualdades sociais e econômicas que tornam o Brasil o campeão mundial nesse quesito.

Ao juntar numa só entidade Estado e governo, a população, em geral, passa a perceber, no seu dia a dia de agruras, que ambos têm sua existência e permanência ao longo do tempo, garantidas graças ao esforço e sacrifício imposto à grande parcela da nação, principalmente as camadas de baixa renda. Não é por outra razão que governo e a máquina pública do Estado, de forma geral, são as instituições com os maiores graus de descrédito junto aos brasileiros.

 

A frase que foi pronunciada:

“Repito o que não estamos no fim do mundo. Estamos, sim, vivendo uma inesperada e imensa renovação. Dizem que é conservadora. Se Marx, vivo estivesse e brasileiro fosse, diria que o certo seria chamá-la de revolucionária.”

Roberto Damatta

Foto: jornaldacidadeonline.com.br

Mutreta

É bom dar uma olhada no ticket dos estacionamentos pagos. Às vezes, 4 minutos a menos no relógio da empresa faz com que você pague uma hora a mais se seguir o seu tempo.

Cotidiano

Complementando as notas da coluna sobre o assunto, há material consistente escrito por Carolina Orbage de Brito Taquary: A episiotomia e a mutilação genital feminina no Brasil sob o enfoque penal. O trabalho deveria ser consultado pelo Ministério da Saúde para adotar políticas públicas sobre a prática.

Imperdível 1

Terça-feira, dia 23, às 20h, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional, em seu trabalho de intercâmbio, terá, em parte do programa, a condução do maestro Eldom Soares. O repertório é uma obra recente, a Missa das Crianças, do maestro inglês John Rutter. Com o solo de Renata Dourado e Gustavo Rocha, o coro será composto pelo Coral Ad Infinitum, Cantus Firmus Infanto-Juvenil e Louvor Teen. Na Igreja Adventista de Brasília, 611 Sul. Entrada franca.

Imperdível 2

Já o Concerto Duplo para Marimbas, Tímpanos e Orquestra será conduzido pelo maestro Claudio Cohen tendo como solistas o compositor da obra Ney Rosauro e Lucas Donato. Também terça-feira, dia 23, às 20h, na Igreja Adventista de Brasília, 611 Sul. Entrada franqueada ao público. Veja o cartaz no blog do Ari Cunha e compartilhe!

Solidariedade

A P13 Produções, que realiza no dia 26 desse mês a festa Uma Noite Carioca, no Minas Hall, lançou uma campanha pela vida. Uma ação social que dará 200 ingressos: 100 destinados para quem se inscrever no cadastrado nacional de doadores de medula, e 100 para quem doar sangue. Pode ser feito em qualquer Hemocentro, basta o interessado encontrar a unidade mais perto. Em seguida, é só seguir as instruções que está no Instagram @p13producoes.

Sabin

O Sabin esclarece que qualquer campanha em relação ao Outubro Rosa promovida pelo laboratório só deve ser considerada pelo público se estiver nos canais sociais da empresa.

Uniceub

Assim como o Google nasceu em uma garagem, iniciativas despretensiosas como a apresentação de casos de sucesso no empreendedorismo podem ser inspiração promissora. Acontece no Uniceub o 26º Workshop do Empreendedor (WSE), de 22 a 26/10, das 8h às 11h20, no Campus Norte e de Taguatinga II. Detalhes da programação no blog do Ari Cunha.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Desta forma, somente na próxima semana estará em Brasília o novo prefeito, para assumir o cargo. (Publicado em 02.11.1961)

Faltam regras de transparência nas eleições de 2018

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ARI CUNHA

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Charge: Jarbas (redehumanizasus.net)
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                   Com o fim do ciclo militar, há mais de três décadas, ficaram pelo caminho importantes e vitais mudanças necessárias para o aperfeiçoamento do sistema democrático. Esse fato, acabou por nos conduzir a um tipo de Estado, que pela falta de transparência, pelos numerosos casos de corrupção envolvendo altos membros dos três Poderes e pelo excesso de mordomias e de gastos suspeitos, ainda está muito distante do ideário democrático imaginado pelos brasileiros.

                 Na realidade, para muitos analistas, a qualidade de nossa democracia, analisada sob o aspecto dos seguidos casos de corrupção, consegue ser ainda pior do que durante o regime militar. Na verdade, o modelo de democracia que temos hoje serve melhor aos políticos e às dezenas de partidos do que à população. Aliás, o imenso distanciamento entre a população e os partidos políticos é um dado que reforça a péssima avaliação de nosso sistema de representação.

            Há, e todos enxergam isso, a formação de um fosso intransponível entre a representação política e a sociedade. A desmoralização dos partidos, mesmo irrigados com bilhões de reais de recursos públicos, é outro dado que mostra claramente que passados todos esses anos, ainda engatinhamos no quesito democracia representativa ao estilo dos países desenvolvidos. Análises contábeis feitas em todos os partidos mostram que a prestação de contas dessas legendas é ainda uma obra de ficção. As auditorias feitas pelo Tribunal Superior Eleitoral, de forma lenta, evidenciam que nas prestações de contas dos partidos, referentes ainda à 2012, ocorrem as mesmas e velhas infrações, como apresentação de notas falsas, contratação de empresas que não existem, além de contratação de empresas ligadas a políticos e à gente do próprio partido.

             Segundo levantamento feito pelo Movimento Transparência Partidária, há cerca de 1.200.000 páginas referentes a eleições passadas pendentes de análise pelo TSE ainda sem data para finalização. Isso acontece porque as próprias legendas pressionaram, em 2006, para que a justiça Eleitoral não processasse essas declarações por um sistema eletrônico, como faz a Receita Federal.

                    Segundo o Supremo Tribunal Federal, os crimes de lavagem de dinheiro, seguidos de corrupção, peculato, crimes contra a Lei de Licitações, crimes eleitorais, formação de quadrilha e falsidade ideológica estão entre os principais crimes envolvendo 108 congressistas da atual legislatura. Pior é que a não adoção de práticas transparentes vem se tornando um fenômeno comum e já atinge todas as 35 siglas que disputarão as eleições esse ano. Sintomático desse descaminho é que mesmo os filiados desconhecem a situação do fluxo financeiro e a qualidade dos gastos dos próprios partidos. No Índice de Confiança Social (ICS) auferido pelo Ibope, os partidos estão entre as instituições com menores avaliações.

                 No nosso modelo de democracia, em que instituições privadas (partidos) são financiadas com bilionários recursos públicos e em que essas siglas são praticamente o único canal de ligação dos cidadãos com a prática política, a transparência se torna uma obrigação inarredável e o seu não cumprimento, conforme as regras, é uma ameaça direta a própria democracia.

A frase que foi pronunciada:

“Talvez o Brasil já tenha acabado e a gente não tenha se dado conta disso.”

Paulo Francis

Charge: sinpefmg.org.br
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Rumo da venta

Rubricas para uso de verba são transitórias. O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, explicou para os contrariados que os recursos podem ser remanejados como o governo priorizar. Talvez essa seja a ponta do Iceberg para compreender o que é um país sem planejamento.

Foto: sinpefmg.org.br
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Novidade

Comitê Gestor do eSocial está adaptando alguns dados que afetarão empreendimentos de todo o país. Com qualquer faturamento, as empresas deverão enviar os informes para a Receita Federal, Caixa e Ministério do Trabalho e Previdência por uma nova plataforma.

Democracia

Começou a costura entre partidos. A mentalidade continua a mesma: conchavos, inimigos viram amigos, composições absurdas, candidaturas duvidosas. O preparo da festa da democracia funciona assim: os representantes do povo convidam para a festa da democracia e nós, como sempre, pagaremos a conta. Aliás, uma conta muito mais alta se não houver a urna para depositar os votos impressos.

Charge: jacksonsenadorsa.blogspot.com
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Vale ler

Recebemos do leitor Paulo P. Queiroz um e-book daqueles bons de ler deitado na rede. Com o título “Acre-Doces” a leitura vai escorregando pelas páginas e plantando imediatas lembranças das palavras bem encadeadas. Vale a pena uma visita no portal www.poesiasacredoces.com.br.

Pior que fakenews

É preciso saber o que disse Thales Mendes Ferreira sobre as acusações que recebeu. Esse tipo de escândalo só deveria vir à tona se confirmado, julgado e condenado. É um desgaste injusto e precipitado.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Está o DCT entregue a quem entende. Resta, agora, que os próprios funcionários compreendam que é o momento de se sacudir a repartição. É o momento para se modernizar os métodos obsoletos atualmente em uso. (Publicado em 21.10.1961)