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Dinheiro público, para o que a nação não necessita, tem de sobra!
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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Dinheiro público neste país é como alça de caixão de defunto importante: todos querem segurar e carregar. A desfaçatez e a pouca cerimônia com que os responsáveis pela gestão desses recursos, que saem da algibeira dos pagadores de impostos, torram em despesas, absolutamente supérfluas, ou mesmo tratam de desviar para si, não possuem paralelo no mundo contemporâneo.
São fortunas tão fabulosas que somem no espaço, que foi necessário Congresso, Executivo e Judiciário se unirem em tratativas estratégicas e regulares para encontrarem fórmulas capazes minorar a punição aos gestores públicos, principalmente aqueles oriundos das classes políticas. A pobreza, a deficiência de escolaridade e outros fatores de ordem social e sociológicas que explicavam nosso subdesenvolvimento crônico, já não podem, no momento presente, servir de pretexto para justificar esse atraso do Brasil em relação à muitos países do Ocidente, mormente aqueles reunidos na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Hoje qualquer análise sociológica séria que pretenda encontrar as raízes de nosso subdesenvolvimento secular, terá que apontar como uma das causas principais e permanentes o fator político ou mais precisamente nossa classe política. Fosse vivo Celso Furtado (1920-2004) ou mesmo Hélio Jaguaribe (1923-2018), dois pensadores contemporâneos que se debruçaram sobre a questão da perpetuação do subdesenvolvimento nacional, concordariam com o novo indicador, representado agora pela classe política nacional, como sendo um dos fatores primordiais por detrás de nosso atraso como Estado.
Para um país com altos índices de pobreza e com altíssima concentração de renda, torrar, literalmente, centenas de milhões de reais do contribuinte em fogos de artificio, para marcar a passagem do calendário anual, pagando altos cachês a artistas e outras atrações é um acinte, mas acontece todo o ano. Depois vem o carnaval, que faz a alegria das escolas de samba e dos turistas desavisados que para aqui vem.
Nesses festejos, em lugares em que os hospitais praticamente não funcionam e onde os serviços públicos quase inexistem, mais algumas centenas de milhões de recursos do contribuinte brasileiro, caem na folia, desaparecendo no turbilhão da galeria. Não há como economizar na melhoria de escolas e hospitais, pois logo ali na frente, começam as eleições e aí é que o dinheiro arrancado do cidadão vira fumaça.
Esse ano serão R$ 2 bilhões do Fundo Eleitoral, mais R$ 1 bilhão do Fundo Partidário, para serem distribuídos justamente na promoção e perpetuação daqueles que estão classificados como causa de nossa parada no tempo. Se isso não é gastar sem propósito ou sem prioridade, recursos públicos, então o que seria?
São tantos os casos em que os cofres públicos são vilipendiados, que para não acontecer a situação surreal de ter que processar e prender toda a classe dirigente do país, por formação de quadrilha e malversação do Tesouro Nacional, esses mesmos dirigentes se veem forçados a organizar uma espécie de “concertación” onde a confecção de leis, suas interpretações posteriores e execução das mesmas, se façam de modo a não alterar ou punir o status quo vigente.
Dessa forma, desviar dinheiro em eleições para o próprio bolso é transformado de roubo comum, previsto no Código Penal à crime de caixa 2, que passa a ser remetido ao Tribunal Eleitoral para a prescrição e posterior perdão. Em outro cenário e com o mesmo afinco em driblar a lei maior da ética pública, aprova-se, em tempo relâmpago, Proposta de Emenda à Constituição (PEC) garantindo que parlamentares negociem livremente com governadores e prefeitos o destino de emendas individuais, sem vinculação com programas do governo federal e sem a fiscalização do Tribunal de Contas da União.
A frase que foi pronunciada:
“A especulação é no comércio uma necessidade; é nos abusos, uma inconveniência; mas entre as inconveniências dos abusos e a necessidade do uso, essa, em todos os casos dessa espécie a liberdade, que deve ser respeitada, porque se em nome de abusos possíveis nos quiserem tirar a liberdade do uso, talvez não nos deixem água para beber.”
Rui Barbosa, jurista, advogado, político diplomata, escritor, filólogo, jornalista, tradutor e orador brasileiro.
Celíacos
Nossa leitora Beatriz de Oliveira acrescenta no comentário sobre a falta de hóstia sem glúten, que a iniciativa adotada pela igreja é que, aos celíacos, o vinho substitui a hóstia. Basta conversar com o pessoal da pastoral litúrgica.
Multimistura
Dra. Clara Takaki Brandão, a criadora da multimistura, merece todo o respeito do povo brasileiro. Folha de mandioca, farelo de arroz e gergelim. Segundo o professor Nagib Nassar, são 26% de proteína só na folha de mandioca. Essa é uma mistura que salva vidas e que precisa compor a merenda escolar.
Vão!
Elogiadíssima a ópera O Barbeiro de Sevilha numa versão em português superdivertida, para todas as idades. Nos dias 17,18,19,24,25 e 26 de janeiro, no Espaço Renato Russo. 6ª e sábado às 20h e aos domingos às 19h. Ingressos de 15 e 30 reais. Hermógenes Correia é o Fígaro, e Janette Dornellas e Carol Araújo são a Rosina. A direção musical é do pianista Rafael Ribeiro.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
De trezentas e tantas razões pelas quais “você pode confiar no governo Carlos Lacerda”, há várias, como as do setor transporte, onde aparece: retífica de tantas bielas, de tantos semieixos, etc. (Publicado em 14/12/1961)