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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Não fosse a agenda cheia com as comissões parlamentares de inquérito já abertas, bem que o Congresso poderia voltar sua atenção também para o crescimento acelerado do crime organizado, principalmente, no que diz respeito à infiltração dessas quadrilhas no aparelho do Estado. Não é de hoje que vários alertas nesse sentido têm sido feitos. Ao que parece, as autoridades ainda não se deram conta de que esse fenômeno não é uma ficção futura, mas uma realidade presente que segue infectando a máquina pública, agindo como um verdadeiro câncer em metástase contínua.
O objetivo é a consolidação de uma espécie de NarcoEstado, semelhante ao que existe hoje em alguns países como a Venezuela, que, segundo a Drug Enforcement Administration (DEA), dos Estados Unidos, já controla a maioria das ações de governo naquele país. Foi-se o tempo em que essas quadrilhas eram formadas por delinquentes munidos apenas de coragem e vileza. Hoje, organizam-se como empresas bem estruturadas, com hierarquias severas, métodos de trabalho, planilhas, divisão de trabalho e setorizações das modalidades do crime. Infiltram-se no comércio, na indústria, no terceiro setor, lavando dinheiro com eficácia. Utilizam os mais modernos meios cibernéticos, contratam pessoas especializadas em diversas áreas. Com isso, deixaram para trás o tempo do amadorismo e, hoje, agem como verdadeiros profissionais do crime, subornando autoridades, juízes e boa parte do alto escalão do Estado. Não há praticamente nenhuma área dentro da máquina pública que esses especialistas do mal não tenham penetrado.
Com a profissionalização, essas organizações do crime miram agora as instituições do Estado, principalmente os Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. Financiam e elegem candidatos, vetam campanhas de opositores, ameaçam e executam dissidências. Outra faceta visível nessas organizações é dada pela facilidade com que estabelecem laços de negócios com outras facções do crime para além das fronteiras.
Hoje, há ramificações que operam em todo o mundo, nas mais diversas modalidades de crimes. As organizações criminosas formam verdadeiras empresas multinacionais, explorando uma infinidade de ramos de negócios. Os lucros fabulosos permitem investimentos de grande monta, com diversificações, subornando autoridades onde elas estejam e, com os lucros fabulosos, armam seus exércitos com o que há de mais moderno e letal em termos de armamentos.
Estamos diante de um verdadeiro ovo da serpente prestes a ser chocado. O Brasil, por seu imenso território e pelos milhares de quilômetros de fronteira seca a separarmos dos países produtores de entorpecentes, tornou-se, em poucos anos, a principal rota por onde escoam anualmente toneladas de drogas. Nada, nem ninguém está a salvo da ação dos criminosos. Juízes, policiais, procuradores e todos os operadores da Lei são alvos constantes dessas quadrilhas.
As fronteiras do Brasil com os países latinos tornaram-se terra de ninguém. Também os maiores presídios são controlados hoje por facções do crime, que criam dentro desses estabelecimentos um país paralelo, com leis próprias e regulações draconianas, punindo, com a morte, quaisquer transgressões.
A situação tem alcançado tamanha urgência que não são poucos os livros e tratados que cuidam do tema da infiltração do crime organizado nas instituições governamentais. Não é preciso nem lembrar que uma das causas que mais contribuem para o crescimento das organizações criminosas é a corrupção política e endêmica que assola o Brasil e muitos países vizinhos. Não é difícil imaginar o que passa na cabeça de um cidadão de bem quando vê que um procurado pela polícia internacional, sob a acusação de chefiar um NarcoEstado, com recompensa por sua captura orçada em milhões de dólares, é recebido com tapete vermelho e todas as honras militares como se fosse uma autoridade acima de qualquer suspeita.
A frase que foi pronunciada:
“A violência de gangues e o tráfico de drogas estão sendo cada vez mais orquestrados online, permitindo que os presos mantenham o comportamento criminoso mesmo enquanto cumprem pena.”
Kim Severson
Educação
Pesquisa mostra que apenas 15% dos jovens acima de 16 anos estudam. Um dos responsáveis pela enquete, o diretor superintendente do Sesi, Rafael Lucchesi, apontou as falhas da educação no país.
História de Brasília
Vamos voltar ao IAPFESP, já que chega hoje a Brasília o general Aluísio Andrade de Moura, presidente da autarquia, que precisa saber de multa coisa encoberta nas obras do Distrito Federal. (Publicada em 21.03.1962)