A moita e os coelhos

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Frei Chico ao lado de foto do Lula — Foto: Foto: Divulgação / Arquivo

 

Com as diversas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), que foram instaladas no Congresso nos últimos anos, a sociedade nunca alimentou grande esperança. A razão é que as pressões e mesmo ameaças de todo o tipo, no meio político, são fortes e frequentes. A sociedade sabe, por isso, que dessa moita não sai coelho, por mais que os alaridos em torno das investigações sejam feitos. O governo, que ao fim e ao cabo, aparece sempre na mira dessas CPIs, tem seus métodos próprios para mudar o curso das investigações e, não raro, conta com o apoio da própria oposição.

Com exceções mínimas, as bancadas indicadas para essas Comissões são designadas tendo como orientação precisa, quer dos caciques políticos, quer do próprio governo, para impedir que as investigações cheguem perto do Palácio do Planalto, por mais que os indícios apontem nessa direção. No caso em pauta, agora com a CPI que investiga os descontos irregulares em benefícios do INSS, o bom senso já previa que quanto mais as investigações fossem aprofundadas, mais e mais o rastro das irregularidades e crimes iriam até ao Planalto. A CPI do INSS e o desencanto institucional é o que parece que teremos agora como recheio dessa mais nova pizza assando no parlamento.

Para investigar os descontos indevidos em benefícios do INSS, a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) chegou ao Congresso em meio a um clamor legítimo por responsabilização. Afinal, estamos falando de valores somados em bilhões de reais e de milhares de aposentados e pensionistas que nunca autorizaram tais descontos. Todavia, não se pode ignorar o ceticismo bem fundamentado que a sociedade brasileira carrega quanto ao papel real dessas instituições de apuração política. Desde o início, o panorama já anunciava que o percurso da CPMI do INSS estaria repleto de becos ocultos, retalhos de obstrução e cenários de blindagem. O modus operandi das comissões parlamentares não é novo — o que muda é o grau de sofisticação das manobras que se adotam para domar investigações que incomodem o poder.

Por meio de sua diretora de Previdência e Benefícios, a própria Controladoria-Geral da União (CGU) trouxe, ao colegiado, dados alarmantes: os descontos “associativos” passaram de cerca de R$ 387 milhões em 2015 para mais de R$ 3,4 bilhões em 2024. Quando questionada sobre a atuação do INSS após receber alertas, ela admitiu que o órgão permaneceu omisso. Além disso, o número de reclamações disparou — enquanto os pedidos para suspensão de descontos saltaram de menos de mil para quase 200 mil em poucas gestões. Mas, mais que os indícios de fraude, o que impressiona é o vigor dos mecanismos de contenção já aplicados. A CPI rejeitou a convocação de Frei Chico, irmão do presidente Lula, que ocupava cargo no sindicato alvo de investigação. Requerimentos de quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático do ex-ministro Carlos Lupi foram retirados de pauta. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, criticou uma manifestação da AGU que defendia a continuidade dos descontos, considerando que “abriu caminho para que nenhum agente público seja responsabilizado”. Esses episódios não são exceção, são informações emergentes de que o aparato político tem e vai usar seus recursos para desviar o foco e degradar a eficácia da CPI.

No Brasil, história após história mostra que CPIs que entram no radar do Planalto costumam ser domesticadas, com poucos  resultados concretos. O governo, aliado a caciques partidários, atua nos bastidores para submeter os indicados que vão compor essas comissões. A lógica é clara: compor bancadas de maneira “controlável”, distribuir cargos e pendurar lealdades. Quando a investigação se aproxima do centro do poder, o “ajuste fino” começa: requerimentos são rejeitados, convocações recusadas, deliberações alteradas. É do jogo, infelizmente já previsível, que as CPIs mais incisivas cedam ao desgaste ou sejam reduzidas a espetáculo midiático sem consequências significativas. Raramente emergem “coelhos” consistentes da moita institucional.

No caso das CPI/CPMI do INSS, por mais que os indícios apontem para conexões perigosas com o Planalto, as primeiras atitudes já demonstram o padrão clássico de blindagem política. A oposição, muitas vezes cúmplice ou benevolente, não se mobiliza com a contundência necessária para garantir que a CPI não seja convertida em mera vitrine de teoria conspiratória. A sociedade espera e exige que uma CPI não seja mero rito protocolar, mas um instrumento de responsabilização efetiva.

A CPMI do INSS tem um significado legítimo: veio porque o escândalo é grave demais para ser ignorado. Mas a tarefa que se abre é ingente: justamente garantir que essa comissão não descambe. A sociedade deve monitorar cada passo, exigir transparência imediata, mobilizar sua voz e, sobretudo, cobrar que os resultados excedam o palco do Congresso. Se não houver apuração contundente, punições reais e mudanças nos mecanismos que permitiram o esquema de descontos, a CPI será mais uma promessa não cumprida e mais uma demonstração de que, na política institucional brasileira, muito barulho sai para nenhum coelho justamente quando o rastro da mácula alcança o coração do poder.

 

A frase que foi pronunciada:

“Proteger o povo brasileiro é a nossa razão de existir.”

Mote do INSS

Charge: claytoncharges

 

História de Brasília

A Asa Norte do Plano Piloto continua com os mesmos problemas de há seis meses. No lado comercial, não há compradores, e no lado residencial, não há comerciantes. (Publicada em 10.05.1960)

CPMI e camburões

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Charge do Fraga publicada em GZH e no jornal Zero Hora

 

Quer alguns queiram ou não, a Previdência Social e o próprio INSS sairão modificados após os trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que estão sendo realizados pelo parlamento. Ou é isso, ou então o caos. Nesse caso, restará aos aposentados de ontem, de hoje ou do futuro, as consequências ruins de um sistema que já dá sinais claros de que entrará em colapso a qualquer momento. Para um sistema de aposentadoria, que já apresentava no primeiro semestre um déficit de R$ 203,6 bilhões e que, em tese, deveria ser o mais seguro e vigiado do mundo, o surrupio de mais de R$ 6,3 bilhões serve como mais um empurrão do INSS ao precipício.

De uma forma até direta, muitos daqueles que participam agora dessa CPMI afirmam que foi a própria Previdência Social que praticou esse crime, ao permitir que entidades das mais diversas tivessem acesso aos abatimentos criminosos contra os aposentados, falsificando, durante um longo período, autorizações para os descontos. A imensa e burocrática máquina previdenciária, com milhares de servidores, utilizando-se dos mais sofisticados equipamentos de rastreio e contabilidade, não foram suficientemente ágeis para blindar os aposentados da sanha golpista. Com isso, fica evidente que o atual sistema não consegue resguardar o que pertence aos aposentados.

Mais do que falhas sistêmicas, o INSS e o Ministério da Previdência deram mostras de que não são confiáveis. A começar pela introdução de gerências políticas dentro do órgão. O ex-ministro e habitué em escândalos de corrupção, Carlos Lupi, da base e aliado do governo, caiu em várias contradições durante seu depoimento na CPMI e teve sorte de não sair dali direto para a prisão.

Não há nada de novo sob o sol opaco da corrupção. Governos vão e vêm, e os escândalos nessa pasta prosseguem incólumes. Soma-se a todo esse caos o fenômeno do envelhecimento rápido da população brasileira, trazendo previsões de que o rombo no INSS irá quadruplicar nas próximas décadas. Quem pode está correndo para viabilizar investindo em previdência privada. Como, atualmente, todo o sistema continua poluído pela gestão de políticos sem escrúpulos, o melhor que muitos podem fazer é correr para fora da aposentadoria oficial.

Não é por outro motivo que muitos bancos já se movimentam para o estabelecimento de sistemas de aposentadorias próprios. O problema desses novos planos bancários de aposentadorias é que muitos idosos desconfiam, e com razão, dos bancos brasileiros. Ainda mais quando se verifica que parte do sistema bancário parece estar também envolvido nesse atual escândalo do INSS. Pelo que consta, os bancos foram oficialmente autorizados a oferecer créditos consignados aos aposentados e pensionistas do INSS, ajudando a formar parte do esquema de fraudes. O próprio governo, em anúncios feitos até pouco tempo nas televisões, incentivava os aposentados a contraírem dívidas junto aos bancos, através dos empréstimos consignados em folha.

Olhando todo esse escândalo de longe, ao alto e sem distinções políticas, fica evidente que é o próprio governo que deve responder por esses fatos. Foi o governo e não outra pessoa ou grupo que abriu as portas para os fraudadores, certo de que esse gesto não viria à tona. A questão agora é saber como irá terminar essa CPMI. Se for prosseguir no ritmo atual, muita gente será indiciada, principalmente os peixes miúdos. O cardume formado pelos grandes bagres poderá ficar de fora.

Caso isso aconteça, é vã a esperança de que todo o sistema de aposentadoria será modificado. E por uma razão simples: nesse sistema tem o que muitos políticos e outros agentes do Estado almejam que é a grande soma de recursos nos cofres. Num país civilizado, toda essa e outras fraudes ficariam a cargo apenas das delegacias de polícia, sem muito falatório e audiências, mas com muitas algemas e embarques em camburões com grades.

 

A frase que foi pronunciada:
“É importante que todas as pessoas saibam exatamente por que estão sendo descontadas e que elas, obviamente, tenham declarado e manifestado plenamente a vontade de contribuir com esses descontos para as associações”

Vinicius de Carvalho, ministro da CGU

Posse de Vinicius Marques de Carvalho, Ministro de Estado da CGU. Foto: wikipedia.org

Sol e livro
Gramado para banhos de sol no Parque Olhos D’Água. Com cadeiras confortáveis, pelo menos uma hora do dia sem celular, os leitores curtem o sol e a leitura. Vale conhecer e participar do projeto. Veja, no link Sol e livro, como tudo acontece.

 

 

História de Brasília
Aliás, qualquer pessoa nesta cidade deveria se sentir constrangida de comparecer em pleno domingo no Iate Clube de Brasília em carro do governo. (Publicada em 09.05.1962)

Crise em caixa alta

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Charge: jornaldebrasilia.com

 

Dizer, como dizem por aí, que as investigações sobre os desvios no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estão apenas no começo é também um modo de empurrar esse megaescândalo para um futuro distante. Muito já se sabe e o que se sabe pode, a essa altura, paralisar o governo por uma avalanche de comissões de investigação. A questão é que as CPIs começam de um jeito e depois viram outra coisa. E pior, atraem outras comissões de investigação paralelas, como é o caso de uma possível CPI sobre os negócios dentro da Itaipu. Se for pelo tamanho físico dessa empresa de energia, uma CPI seria igualmente gigante. Assim como as consequências que vêm depois, os escândalos seguem as práticas políticas vigentes.

No percurso, vão se descobrindo ligações, e ligações são sempre perigosas. Ainda mais quando feitas longe do que manda a Carta Magna. O que esse caso atual revela, logo de saída, é uma das mais graves crises de confiança entre aposentados e o INSS em décadas. O ponto pacífico é que o INSS, internamente, conhecia essas práticas. O lobby político também agiu para que tudo fosse acontecendo. Só a crença na impunidade pode fazer crer que tais práticas jamais seriam condenadas na justiça. Quando um sistema criado para garantir segurança e estabilidade financeira na velhice se torna vetor de fraudes bilionárias, o impacto ultrapassa o dano econômico — é também moral e institucional.

Segundo levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU), 95,6% dos aposentados que registraram queixas não autorizaram os descontos associativos que lhes foram impostos. Em outras palavras, há fortes indícios de que os benefícios previdenciários foram utilizados como fonte de arrecadação clandestina, em um esquema cujas cifras estimadas superam R$ 6 bilhões — valor que rivaliza com programas sociais inteiros. A suspeita recai sobre descontos compulsórios promovidos por associações e entidades com acesso privilegiado aos sistemas do INSS, o que acende um alerta: como essas entidades conseguiram aplicar essas cobranças sem autorização formal dos segurados? E mais: qual o papel do INSS na fiscalização ou omissão diante dessas irregularidades?

Além disso, um esquema de golpe ainda mais grave afetou aposentados e pensionistas com cobranças indevidas e irregulares de mensalidades. Estima-se que o rombo possa atingir até mais que os R$ 6,3 bilhões, com os autores se beneficiando da dificuldade dos beneficiários em acessar canais de denúncia ou compreender os extratos complexos do sistema. Esse cenário exige resposta urgente. Não apenas do ponto de vista penal, com a responsabilização dos envolvidos, mas, sobretudo, no plano institucional e político.

A confiança dos aposentados — uma população em situação de vulnerabilidade — não pode ser restaurada com discursos vazios ou promessas genéricas. É preciso criar mecanismos de autenticação robustos, transparência nos extratos, canal de denúncias simplificado e, sobretudo, revisão dos critérios de autorização de descontos. Se nada for feito, o que hoje é fraude, amanhã se tornará norma. E os que hoje são vítimas, amanhã serão apenas números em uma planilha que esconde o drama de milhões.

O sentimento de descrença que hoje toma conta de amplos setores da população brasileira não é fruto de teorias conspiratórias, mas de uma experiência histórica acumulada: escândalos de grandes proporções se sucedem, os desvios são revelados, os números impressionam — e, no fim, pouco ou nada muda. A percepção geral é de que a justiça não alcança apenas alguns, tampouco repara as vítimas.

 

Frase que foi pronunciada:
“Ressarcimento é crucial”
Advocacia-Geral da União (AGU), sobre a fraude no INSS

Prédio da AGU. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

 

Melhora já
A poucos metros da 2ª Delegacia de Polícia Civil da Asa Norte, há um ponto de ônibus como era em 1960: uma placa com um ônibus indicando o local de parada. Seis décadas depois, o passageiro fica debaixo de sol e chuva, sem proteção e sem ter onde sentar. E, para os carros que vêm atrás, não há recuo.

Foto: Arquivo pessoal

 

Estímulo
Os cones que impedem a passagem dos carros no Eixinho de Baixo durante domingo e feriado, para o acesso dos pedestres ao Eixão do Lazer, são inúteis. Os pedestres têm a segurança de atravessar nas passarelas, que não são utilizadas.

Foto: Arquivo pessoal

 

Escuridão
Entre a 715 Norte e a 915 Norte, calçadas amplas são especiais para quem quer passear entre as árvores. Mas, à noite, tudo fica um breu. Os postes de luz do local não funcionam há dias.

 

Bis
Foi aplaudida, pelos moradores da Asa Norte, a batida feita pela Polícia Militar nas moradias improvisadas na 911 Norte. Toda iniciativa que der mais segurança para quem mora por ali será reverenciada. A situação com pessoas em situação de rua na Asa Norte está sem controle e sem ação das secretarias do governo local.

 

 

História de Brasília
O que acontece, entretanto, é que falta cabo. O equipamento estrangeiro está todo em Brasília, mas os cabos, que são nacionais, a Novacap não os compra. É note-se que é um serviço autofinanciável, que, a quanto mais gente atender, melhor renda dará. (Publicado em 3/5/1962)

O fim da linha

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Urnas eletrônicas são preparadas para eleições, em Curitiba. Foto: 18/10/2022 – REUTERS/Rodolfo Buhrer

 

É como dizem: “a montanha pariu um rato”. No oceano de fake news, que banha o Brasil de Norte a Sul, o Relatório do Ministério da Defesa, montado ao longo de mais de 90 dias e aguardado como sendo a “carta na manga” do atual governo, por sua tibieza, falta de ânimo e tino politico/estratégico, foi, para dizer o mínimo, uma decepção e um balde de água fria sobre a outra metade, ou muito mais do que isso, do eleitorado brasileiro.

Mesmo que não represente um respaldo franco e definitivo ao processo eleitoral eletrônico, conforme defendido pelo TSE, o dito Relatório, deixa visível, em outras falhas, o total despreparo dos técnicos militares do país para aturarem no complexo universo das tecnologias digitais. Ou os militares adentraram num campo de batalha como bisonhos e não encararam a cruzeta, ou se fazem de jangais que não enfrentam o sanhaço. Num mundo em que boa parte das guerras de conflitos agrega grandes quantidades de elementos das tecnologias digitais, a demonstração de que nossas defesas armadas ainda patinam no beabá desses avanços deixa os cidadãos preocupados. Ademais, era, por muitos, já dado como certo, que o Relatório não avançaria significativamente dentro do sistema eletrônico de votação, não só pela falta de vontade com que o TSE demonstrava em aceitar as bisbilhotices, mas, sobretudo, porque a própria apresentação desse documento já vinha em uma hora em que, bem ou mal, o atual governo parecia ter jogado a toalha.

A única estratégia, de fato, contida nas entrelinhas do documento do Ministério da Defesa, era a de não criar mais arestas com o governo que chega. De resto, ficou o dito pelo não dito. Cheios de dedos, dúvidas e escusas, o Relatório, que também tem o aval das Forças Armadas, diz, por detrás das linhas tortas, que essa Instituição, à semelhança do que já ocorre com o Legislativo e o Judiciário, está à disposição do novo governo. O mais lamentável, em todo esse drama, que vivem aqueles que se intitulam patriotas e conservadores, é a constatação de que, cedo ou tarde, terão que assistir os mais dignos oficiais das Três Forças baterem continência e outros salamaleques rituais para personagens que, ainda ontem, respondiam por um conjunto de crimes, que facilmente podem ser enquadrados como traição ao país.

Em outros tempos, crimes dessa natureza, pelos efeitos maléficos e de longa duração que provocam para toda a nação, eram punidos com a extradição e outras penas mais severas. Infelizmente, a não aceitação, por parte do Congresso, de que a corrupção fosse classificada como crime hediondo, à semelhança do que ocorre agora com o abuso sexual contra crianças, levou-nos a assistir a uma eleição totalmente atípica e fora dos padrões civilizatórios. Também o esfacelamento de leis, como a Ficha Limpa e a da prisão em segunda instância, contribuiu para que chegássemos a esse ponto de parada de nossa triste história. Daqui, onde nos encontramos agora, a próxima estação de parada desse trem pode ser também o fim da linha.

A ilha do Tesouro

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Um dos entraves à roubalheira daqueles que obtêm recursos públicos por meios ilícitos, seja por peculato, seja por corrupção passiva e ativa ou outras modalidades criminosas, é que não existe ainda no mercado um saponáceo totalmente eficiente para lavar e branquear eficazmente o dinheiro sujo. Para tanto, os finórios recorrem à compra de bois, cavalos, imóveis, joias, obras de artes e outros bens em nomes de terceiros e laranjas para, posteriormente, tentar conferir certa cor de legalidade ao que foi tungado inapropriadamente.
Ocorre, como sabem muito bem aqueles que investigam de perto esses casos tão comuns no país, que, ao primeiro sinal de que o pó do esquecimento começa a cobrir esses casos, os larápios buscam uma maneira de fazer com que esses recursos camuflados se transformem em bens de luxo, que lhes tragam satisfação material e status. E é aí que podem ser pegos, dependendo da pronta ação da Justiça e, obviamente, de quem está por trás desse feito delituoso. Tem sido assim por décadas. Por décadas, também, esses fatos têm tido como sujeito principal agentes políticos, eleitos justamente para que os recursos públicos tenham como destino certo as necessidades básicas da população.
São, como repetia o filósofo de Mondubim, raposas cuidando da integridade do galinheiro. Para cometer crimes, os larápios se valem, muitas vezes, da morosidade da Justiça e, ainda, da blindagem proporcionada pelo mandato contra incômodos legais. Situações desse tipo, em que agentes públicos dotados da mais alta missão dada pelo voto direto se envolvem em desvios de recursos que, ao fim e ao cabo, pertencem aos próprios eleitores, tornaram-se não apenas corriqueiras e sem solução justa, mas, nestes tempos de inversão de valores, há casos em que quem termina condenado são aqueles que ousam denunciar ou condenar essas más práticas.
Esse avesso do avesso da ética permite a esses ladravazes desfilarem livremente sua empáfia em público, ocasião em que passam a culpar a imprensa, a injustiça e a perseguição política, num enredo por demais conhecido de todos. Do alto de suas mansões milionárias, contemplam, ao longe, a Praça dos Três Poderes, como piratas a espreitar, do mar, a ilha do tesouro. Nesse caso, do tesouro público.
A frase que foi pronunciada:
“O bom político veio para servir. O mau veio para ser servido.”
Dona Dita, pensando enquanto faz crochê
Sempre alerta
Tayd e Taym Alnassan são aplicados escoteiros de Brasília. A Abertura Regional Escoteira 2021 está totalmente repaginada, completamente adaptada à pandemia. Com atividades desafiantes on-line, fomos provocados pelos irmãos sírios para uma delas: fotos intrigantes do início de Brasília. Postamos, a seguir, todas as fotos que enviamos como colaboração à gincana.
Fila do leite?
Que palavras teriam sido ditas?
A torre de TV ainda sem a torre de TV
Turbina da barragem
Procura-se catalisador
O que não dá para repensar é a vida dos empresários. O número de gente desesperada aumenta. E é justamente essa gente que engendra a roda da economia. Política pública emergencial, gestão de crise, falta um programa catalisador, que converta essa temporada nociva para a economia em projetos criativos que enriqueçam a atmosfera nacional.
Manifestação em frente à casa do governador. Foto: Carlos Vieira/CB/DAPress
Haja meditação
NET e Claro, no Setor de Mansões do Lago Norte, acumularam nova função. No lugar de informar a velocidade da rede, passaram a testar o nível de paciência dos clientes. Em tempos de home office, o investimento deveria ser mais efetivo.
Foto: divulgação
Fica a dica
Para um nada consta na CEB, bastava o número do cliente. Hoje, é uma burocracia fenomenal. Fica a dica para os novos gestores que começaram a trabalhar na CEB, privatizada ontem: melhorar o relacionamento com os usuários, descomplicando o acesso a informações pelo site.
Foto: portalvarada.com
Atualizado
Está quente o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Decretos atentam contra a democracia, gasto recorde dos recursos do FNSP, violência contra a mulher, reconhecimento fotográfico e erros judiciais, fake news e racismo, debate sobre armas no mundo. Veja a seguir.
História de Brasília
Para os que sabem que eu sirvo à prefeitura, tenho a informar que não sou funcionário. Sirvo através de um contrato, não serei atingido pela “dobradinha”, mas a defendo, porque vejo um motorista na prefeitura ganhar 15 mil cruzeiros, enquanto um do Supremo Tribunal Federal ganha mais de cem mil cruzeiros. E ambos têm a mesma profissão. (Publicado em 27/01/1962)

No apagão da pandemia quem pena é o consumidor

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Foto: radios.ebc.com

 

Enquanto muitos comerciantes honestos amargam prejuízos e perdas irrecuperáveis com a pandemia, uns poucos e astutos oportunistas se valem do retraimento dos órgãos de fiscalização, tanto na área de vigilância sanitária quanto naquelas ligadas ao fisco, para ludibriar duplamente o consumidor incauto, obtendo, com isso, lucros exorbitantes e ilegais.

Nos supermercados, por sua imensa variedade de produtos, os abusos cometidos durante o longo apagão dos fiscais viraram atividade rotineira. Pesos e volumes são sonegados, tanto em embalagens de fábrica quanto aquelas acondicionadas pelo próprio estabelecimento, numa prática costumeira e desavergonhada. Em casos em que o consumidor suspeita e manda conferir no ato, existe sempre um pedido de desculpas displicente e uma reparação imediata no melhor estilo “Joãozinho sem braço”, culpando a situação atual que tomou conta da economia, ou outras desculpas onde o réu é uma incógnita ou uma falha do “sistema”.

É justamente na área de saúde e de vigilância sanitária que os golpes se sucedem, pondo em risco, inclusive, a vida do consumidor. Produtos de origem animal, flagrantemente vencidos, muitos já em estado de putrefação, são maquiados com produtos químicos e outras artimanhas cometidas longe dos olhos do público, sendo reembalados e postos à venda.

Nas promoções e nos produtos que foram fatiados, como queijos, carnes, embutidos, peixes e uma série de outros, o perigo à saúde humana é altíssimo. Animais como frangos vendidos em pedaços em embalagens, assim como peixes, principalmente o salmão, que, inexplicavelmente, são comercializados a altos preços, bastaria um teste local, feito por um especialista na matéria, para verificar que o produto ou está impróprio para o consumo ou com a validade vencida em 24 horas.

Pacotes fechados como de arroz ou feijão, açúcar e outros também com preços nas alturas, caso sejam pesados na presença do consumidor, vão apresentar sempre uma variação para menos que, mesmo aparentando serem pequenas à primeira vista, fazem grande diferença no volume total comercializado mensalmente.

Peixes congelados apresentam boa parte do peso no próprio gelo da embalagem. Surpreende que, até hoje, os órgãos de fiscalização do governo não tenham mandado imprimir e distribuir, aos consumidores, a grossa cartilha contendo todas as centenas de práticas ilegais cometidas por muitos supermercados para ludibriarem os fregueses e, com isso, aumentarem as margens de lucro.

Os próprios leitores, com certeza, possuem muitas outras histórias para contar sobre todo esse processo secular de tapeação do freguês brasileiro (melhor e-mail para compartilharmos esses fatos: jornalistacircecunha@gmail.com), que parece ter tido sua origem lá nas balanças mecânicas do dono do armazém da esquina.

Nos postos de gasolina, bombas adulteradas. E em outros estabelecimentos comerciais, como restaurantes com higiene duvidosa, lojas que não atendem às exigências durante a pandemia e até clínicas e consultórios de saúde que não dão recibos, pedem exames sem necessidade e fazem acordos escusos com laboratórios. Os casos de ilicitude se repetem por outros meios, mostrando a criatividade do brasileiro e sua herança histórica e cultural para burlar o próximo.

Com tudo isso, vai ficando evidenciado que a pandemia, ao decretar apagão dos diversos órgãos de fiscalização, com seus já escassos profissionais, deixou agora, de vez, o terreno livre para o aumento, sem precedentes, dos casos de burla à lei e dos lucros obscenos praticados contra todos os brasileiros, inclusive contra você.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O novo Coronavírus matou cerca de dois milhões de pessoas no mundo em um ano. É bastante. O aborto mata em média cinquenta e cinco milhões e novecentas mil pessoas por ano. O primeiro, chamam de pior epidemia do século. O segundo, chamam de direito.”

Paul Washer, pastor Batista.

Paul Washer. Foto: wikipedia.org

 

Ser humana

Brasília nas suas primeiras décadas era exemplo de solidariedade. Caronas para quem chegava, comida para os candangos feita por voluntárias, aulas para a criançada, e por aí vai. A doutora Marcia Introcaso foi solidária com uma senhora no estacionamento do hospital. Visto, lido e anotado.

 

Vale ver

Veja, a seguir, a dica para assistir ao programa Meia volta, vamos conhecer. Trata-se de uma série de entrevistas na área de Defesa Nacional e Segurança Pública.

–> Programa Meia volta, vamos conhecer
Uma série de entrevistas na área de Defesa Nacional e Segurança Pública.
Conheça os projetos que estão contribuindo para o desenvolvimento no Brasil.

Assista na TV Aberta, parabólica digital ou TV por assinatura.
 
Acesse: http://www.tvescola.org.br/assista

 

Campanha

Nos dias 23 e 24 deste mês, das 10h às 17h, a Administração do Lago Norte receberá  todo lixo eletrônico que for entregue no local para descarte seguro.

 

Exemplo

Rancho Canabrava continua com o cardápio delivery. Para quem gosta de comidinha da fazenda, essa é uma boa pedida. Ana Maria De Lucena Rodrigues é uma batalhadora.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os moradores da Bloco 11 do IPASE (208) estão reclamando que as construções baixas levantadas na arca urbanizada e estão com cobertura que prejudica os apartamentos. As telhas de alumínio ou zinco estão sempre dando reflexo nos apartamentos, que se veem obrigados a usar suas persianas areadas. (Publicado em 24/01/1962)