Ibaneis vai à guerra

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

 

A um rabino, a quem foi reclamar da conduta do marido, uma mulher narrou todo o seu drama sobre o comportamento impróprio do companheiro. Depois de escutar o queixume da mulher, o rabino declarou: você tem razão. Ao marido, depois de ouvir longamente suas queixas, o rabino proferiu a mesma sentença: você tem razão. A esposa do rabino, que tudo escutava, indagou, irritada: como é possível você dar razão aos dois, ao mesmo tempo? Ao que o rabino respondeu: quer saber, você também tem razão.

 

Essa história do anedotário judaico serve para ilustrar, com precisão, a proposta do GDF de acabar com atual modelo do passe livre estudantil. Entre outras modificações, o Executivo prevê o fim da gratuidade total, determinando que os estudantes da rede pública e privada, cujas as famílias tenham renda inferior a três salários mínimos, paguem um terço da tarifa cobrada nas linhas de ônibus e do Metrô.

 

A justificativa para a medida é a economia, aos cofres públicos, de até R$ 100 milhões anuais. Trata-se, à primeira vista, de uma medida extremamente impopular e que jamais seria declarada abertamente em época de campanha eleitoral.

 

Uma coisa é a eleição, outra, a realidade das finanças públicas quando apresentadas na ponta do lápis ao vencedor do pleito. Para complicar ainda mais uma equação que parece sem solução fácil, é preciso observar que nessa querela que se anuncia entram, além dos recursos oriundos dos pesados impostos tomados dos contribuintes, a margem de lucro dos empresários dos transportes, que obviamente fizeram seus investimentos nesse setor e esperam resultados.

 

Para embaralhar um pouco mais a questão, há ainda a apreciação obrigatória pelo Legislativo local, o que deve render bons frutos a todos aqueles que se aproveitam dessa situação para obter vantagens de todo tipo.

 

Dividido entre as razões justas dos estudantes, as demandas corretas dos empresários, a situação do caixa do governo, as demandas e os custos políticos da aprovação de uma medida dessa natureza e a pressão vinda de outras partes, como do Movimento Passe Livre, o governador Ibaneis Rocha poderá sentir, pela primeira vez, o real significado da expressão: gestor é como saco de pancada.

 

Fosse essa mesma questão submetida ao arbítrio de nosso rabino do preâmbulo, a sentença seria: todos têm razão. E é aí que o gestor, fiel apenas às finanças e aos números da contabilidade pública, cede lugar ao político negociador, capaz de encontrar a direção que leve ao caminho do meio, e do equilíbrio, satisfazendo uns e outros, sem prejudicar ou onerar, claro, o contribuinte que há muito sabe que não existe o tal do dinheiro público, mas sim o dinheiro dos pagadores de impostos, conforme ensinou a primeira-ministra do Reino Unido Margaret Thatcher em situação parecida.

 

 

A frase que foi pronunciada

“Não existe essa coisa de dinheiro público, existe apenas o dinheiro dos pagadores de impostos.”
Margareth Thatcher, a dama de ferro, ex-primeira ministra da Inglaterra
Foto: reprodução
Sem lei
Entre os trechos 8 e 9 do Setor de Mansões do Lago Norte, uma cerca limita o espaço público tomando, inclusive, parte da mata ciliar. É tão discreto o arame farpado que está avançando enquanto escapa da fiscalização.
Perigo
Apesar de proibidos na Europa e nos Estados Unidos, o Brasil continua beneficiando as indústrias químicas na forma de fertilizantes, defensivos agrícolas ou agrotóxicos, importados em enormes quantidades e usando de forma absolutamente irresponsável.
Charge do Arionauro (arionaurocartuns.com.br)
Mais essa
Urbanistas e outros entendidos em projetos e ordenamentos das cidades, há muito tempo sabem e alertam aos governos para a necessidade da instalação de transportes públicos eficientes. Infelizmente, a parceria governo/empresários só pensa em receber mais. Oferecer serviços de qualidade nem passa na pauta das reuniões.
Tirinha do Armandinho
Essa é boa!
Lendo a coluna do Cláudio Humberto, soubemos da intenção de o parque temático da Disney se instalar em Brasília. Quem conhece a cidade sabe da roda gigante na Esplanada dos Ministérios, do Trem Fantasma da Câmara Legislativa, da Montanha Russa no Congresso e do faz de conta do Judiciário. Chega de aventura!
Foto: Yoshikazu Tsuno/AFP

 

Enquanto isso, na internet… (Luiz Guilherme, deputado distrital pelo Novo)
Novidade
Não se sabe onde foi parar a promessa da criação de um Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa Idosa. Trata-se de um banco de dados com as informações dos obtidas em censos relacionados a essa faixa da população. Dados georreferenciados, além de permitirem a identificação e a caracterização socioeconômica das pessoas idosas, registrariam as políticas públicas adotadas nas regiões para o nicho.
Foto: istoe.com.br (portokalis)

 

História de Brasília
Educação é berço, e a escola é o seu ponto de aprimoramento. Para que se evitem os problemas de juventude, tão comuns no Rio e S. Paulo, é que fizemos a denúncia, não à escola, mas aos pais, aos responsáveis, pra que acompanhem, mais de perto, a vida de seus filhos. (Publicado em 10.11.1961)