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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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Se formos tomar, como pilar do desenvolvimento humano, a relação que uma sociedade mantém com suas crianças e seus idosos, especificamente, estamos bem mal na fotografia, aquém, inclusive, do que seria o mínimo possível para sermos classificados como uma civilização moderna. E não se trata aqui de uma constatação retórica, sem embasamento. As estatísticas e todos os dados disponíveis no momento presente apontam, afirmativamente, para uma situação absolutamente caótica e, pior, sem perspectiva à vista. Nesse caso, infelizmente, o futuro, tão almejado por muitos, é, tanto para crianças quanto, e principalmente, para os idosos nesse país, uma expectativa, para dizer o mínimo, sombria e cheia de maus presságios.
Diariamente, uma média de seis internações emergenciais para abortos legais são feitas, apenas para o atendimento de meninas, numa faixa etária entre 10 e 14 anos. Em outras faixas de idade, até inferiores, esses casos se repetem a cada dia. Pelos registros do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019, ou seja, dados apenas oficiais, a cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas ou violentadas em nosso país.
As autoridades chegam a falar numa espécie de “naturalização” desse tipo de crime. Nossa sociedade, principalmente em lugares perdidos nesse imenso território, como é o caso do Amazonas, Pará, Acre e de outras regiões tradicionalmente esquecidas no tempo e na distância, a população já nem presta muita atenção em meninas, na faixa de 14 anos, com a barriga de gravidez. Nesse ano, somente de janeiro para cá, mais de 640 internações para aborto foram feitas para acudir meninas recém-entradas na adolescência, interrompendo qualquer possibilidade de um futuro minimamente digno para essas pequenas brasileiras.
Trata-se de uma calamidade que nem mesmo o tão comemorado Estatuto da Criança e do Adolescente tem conseguido minorar. Além dessas interrupções abruptas de gestações, o nosso país registra ainda, a cada ano, mais de 26 mil partos de mães com idade oscilando entre 10 e 14 anos.
Bem-vindos à selva, dirá o resto do mundo civilizado sobre nós. No ano de 2018, nada menos do que 32 mil abortos foram realizados em meninas nessa mesma faixa etária. O mais triste é que essa realidade cruel no trato humano começa em tenra idade, prolonga-se ao longo da vida adulta e culmina na velhice, de forma também absolutamente trágica.
Para um Estado que não consegue, minimamente, cuidar de sua população infantil e adolescente, não chega a ser surpresa o que também acontece com seus cidadãos idosos. No Brasil, onde aproximadamente 15% da população já é composta por pessoas idosas, o problema que nos lança à barbárie é outro, mas igualmente brutal. Nossos idosos são maltratados, espoliados e, em muitos casos, simplesmente abandonados à própria sorte, mesmo aqueles que possuem algum tipo de renda.
Pensar que em 2030, segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil terá a quinta população mais idosa do planeta, assusta. Essa mudança no perfil demográfico, a exemplo do que ocorre no ECA, com relação às nossas crianças, também não é abrandado pelo Estatuto do Idoso. Tanto um documento quanto o outro, fundamentais para um mínimo de garantias à dignidade humana, são, em parte, letra morta, pela incapacidade e mesmo vontade do Estado e das autoridades em lidar com problemas sociais dessa magnitude.
Em 2019, o número de emergência Disque 100, que é o canal de denúncias do governo federal específico também para maus tratos aos idosos, registrou o alarmante número de 37.500 denúncias de violações contra pessoas idosas em todo o país. Esses números vêm crescendo a cada ano, seguindo a tendência do próprio envelhecimento rápido da população.
Em média, isso representou mais de cem casos de violência contra nossos idosos a cada dia. É também um dado alarmante que nos remete ao fim da fila quando o assunto é cuidado com nossos pequenos e nossos cidadãos mais vividos e experientes. Não adianta, nesses dois extremos da faixa etária dos brasileiros, lançar números e estatísticas vergonhosas. Carecemos de políticas públicas. Os números depõem contra nós mesmos. Somos o que somos, quer por nossas atitudes ou por conta de nossa passividade, o que vem a dar no mesmo.
A frase que foi pronunciada:
“A vida humana é uma trama tecida de bons e maus fios.”
Shakespeare, poeta, dramaturgo e ator inglês.
Saga 1
Até o fim de dezembro, pode chegar a mil o total de lojas fechadas no Plano Piloto em razão da pandemia. Hoje, há 540 empresas sem funcionar na Asa Sul e perto de 360 na Asa Norte, avalia o Sindicato do Comércio Varejista. O presidente do Sindivarejista, Edson de Castro, diz que os lojistas enfrentam excessiva burocracia na hora de buscar crédito em bancos oficiais e desistem. Há mais de 4 mil desempregados no comércio do DF.
Primeira pista
Ari Cunha nunca explicou como previa a chuva depois de longa estiagem em Brasília. Impressionava os amigos quando afirmava que ia chover. Só ele acertava. Nenhum instituto de meteorologia anunciava a previsão que ele garantia. O que registro aqui é que o sabiá cantou pela primeira vez no dia 17 de agosto.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Já que o assunto é jardim, um dos grandes entusiastas é o almirante Ângelo Nolasco, ministro da Marinha. Mandou fazer em sua casa, à beira do lago, um dos mais belos jardins do Distrito Federal. (Publicado em 14/01/1962)
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Segundo as estimativas contidas no Atlas da Violência, elaboradas pelo (Ipea/FBSP) de 2018, temos a cada ano uma média que varia entre 300 a 500 mil no número de casos de estupros cometidos em todo o território nacional. Esses números alarmantes, e que nos colocam na dianteira mundial de episódios desse gênero, são estimados, já que se sabe que os dados oficiais sobre o problema estão muitíssimos subestimados.
Calcula-se, segundo o Atlas, que apenas 10% a 15% dos casos são reportados, em decorrência de uma espécie de tabu, engendrado, desde sempre, pela nossa cultura patriarcal e que, de certa forma, faz com que as vítimas se calem, por vergonha, medo ou sentimento de que o ocorrido não vá ser levado a sério, quer pelos familiares ou autoridades.
Quem sofre esse tipo de crime geralmente se cala para sempre e, para sempre também, levam consigo as cicatrizes na alma, dessa que é, ao lado da pedofilia, uma das maiores vilanias que um ser humano pode cometer contra outro. Acabar com sevícias dessa natureza, enraizadas há séculos na cultura de uma nação, não é tarefa simples e nem pode ser levada a cabo no espaço de uma geração. Trata-se de um esforço que também exigiria o empenho de cada um dos brasileiros, a começar pelas autoridades e por todos que detém o poder político, de forma a fazer valer o peso das leis sobre esses criminosos.
É justamente nesse ponto que parecem ocorrer as principais falhas no combate ao estupro. A legislação, como de resto a própria justiça, só é aplicada, de fato, ou quando o caso ganha dimensões nacionais por ação da imprensa, ou quando o criminoso não pertence ao andar de cima, onde as leis são mais elásticas e benevolentes. Oficialmente são 135 casos de estupros por dia em todo o país. Fossem registrados todos os casos, a cada dia teríamos uma média entre 822 a 1.370 estupros em todo o Brasil.
Diante de um quadro desses, qualquer atitude por parte da justiça, das autoridades e da própria população, demonstrando desdém por esses episódios, só faz assegurar que essa é uma realidade já assentada na tradição nacional, contra a qual não adianta agir. Muito mais ainda quando acontecimentos dessa natureza envolvem personalidades acima de quaisquer suspeitas e sobre as quais as leis não possui poder algum.
É o que parece ocorrer agora com o jogado de futebol Neymar, acusado de estupro por uma modelo brasileira em Paris. Sem qualquer pré-julgamento esse seria mais um caso típico de figurão inimputável por sua posição. Tanto o técnico atual da seleção de futebol como o próprio dirigente da CBF correram para garantir que o jogador continua no escrete, quando a situação impunha que o atleta prove, primeiro, sua inocência para depois voltar a integrar o que chamam de Seleção e que representa todo um país.
A frase que não foi pronunciada:
“Pior são os que conseguem escutar, mas não ouvem a voz do povo.”
Deficiente auditivo pensando enquanto lê as notícias.
Geólogos
Contagiados pela paixão do professor da UnB, Luiz José H D’el-Rey Silva, alunos de geologia estrutural desbravavam o solo em frente ao piscinão do Lago Norte. A geologia precisa de investimentos, divulga o professor e dá o caminho das pedras. Com a invasão tecnológica, os metais de baterias e níquel estão em alta. Veja a seguir a foto do grupo in loco durante a pesquisa.
$ do contribuinte
Em nota, a Controladoria-Geral do Distrito Federal divulga que pretende acelerar o trâmite para recuperar verbas desviadas da administração pública. Aldemario Araújo Castro, controlador-geral do DF denuncia que há uma diferença monumental entre os débitos apurados e o efetivo ressarcimento aos cofres públicos. “Colocando em grandes números, só a CGDF apurou R$ 300 milhões a serem ressarcidos e o efetivo ingresso de recursos nos cofres públicos dessas Tomadas de Contas Especiais foi na casa de R$ 20 a R$ 50 mil”.
Ineficiência
Aos poucos, vans e transporte pirata vão se chegando nos pontos de ônibus, certos de que não serão incomodados. Os passageiros só se arriscam porque a espera é longa. Principalmente nos fins de semana.
Simples assim
Alunos de um colégio paulista em Carapicuíba resolveram agredir a professora e quebrar a mobília da sala. A professora relutou, mas saiu da sala. Depois, com a direção, listou os estragos feitos, chamou a polícia e o Conselho Tutelar. Os pais serão obrigados a pagar o prejuízo e os alunos foram expulsos.
Credibilidade
No Plenário do Senado o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, tranquilizou os Bombeiros Militares do DF sobre um projeto de Lei que a classe aguarda a aprovação já há algum tempo. Alcolumbre prometeu uma saída honrosa com a assinatura de todos os partidos políticos em favor da causa. A redação da matéria e emendas precisa ser refeita.
Vontade política
Por falar em Corpo de Bombeiros, o governador ainda não chamou a turma do concurso de 2017. Mesmo tendo 42% de defasagem no quadro efetivo do Corpo de Bombeiros, nada de nomeações. O risco é que o prazo vença e seja necessário novo contrato de nova banca para outro certame, gastando milhões desnecessariamente. Nem capacitação pode ser feita no atual quadro, extremamente defasado. A verba é do Fundo Constitucional. A seca vem aí!
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Falta, na Estação Rodoviária, uma camada de asfalto. Com isto, seriam evitados os baques que os carros sofrem naquele local, e seriam cobertos os pontos altos que já causaram um desastre com o carro do sr. Quintanilha Ribeiro. (Publicado em 22/11/1961)