A educação é sempre um processo político

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Foto: colegioweb.com.br

 

Como enunciado pelo título acima, o processo educativo, por suas características próprias e por sua natureza intrínseca nas relações humanas, acaba sendo sempre um ato e uma ação política, quer os governos de plantão queiram ou não. Isso não quer dizer, absolutamente, que a educação seja uma ferramenta de doutrinação política, do ponto de vista das ideologias, como erroneamente vem sendo feito no Brasil nesses últimos anos.

A verdade, e muitos podem até discordar, é que desde março de 1964, com a tomada do poder pelos militares no Brasil, rompendo a normalidade constitucional, sobretudo após o falecimento do primeiro presidente da República daquele período, Castelo Branco, as escolas públicas, especialmente as universidades, foram transformadas em espécie de trincheiras ideológicas contra o que chamavam de ditadura militar. Mesmo o grande expurgo ávido de professores e pesquisadores em muitas instituições de ensino superior acusados, na ocasião, de algo vago como “subversão”, serviu apenas para intensificar e aguçar os protestos contra o regime no poder. Mesmo as invasões, promovidas pela polícia política (DOPS) e outras, em campi universitários, como ocorreu aqui mesmo na Universidade de Brasília, ocupada por quatro vezes pela polícia, resultando na prisão de mais de uma centena entre alunos e professores, serviram apenas para acirrar os ânimos do alunado e de parte dos docentes, criando um ambiente propício para a disseminação das ideias e dos ideólogos da esquerda, nacionais e internacionais.

Com isso, o partido comunista e suas vertentes, mesmo na condição de clandestinidade, passaram a ter suas ideias acolhidas, de bom grado, dentro desses estabelecimentos de ensino. Naquela ocasião é correto afirmar que o pensamento e as doutrinações de esquerda dentro dessas universidades eram correntes e não havia movimentos internos capazes de se contrapor a essas tendências. Estudantes e professores eram, majoritariamente, adeptos do pensamento da esquerda. Até mesmo as bibliotecas passaram a abrigar, de forma absoluta, obras de escritores e pensadores da esquerda.

Não é de todo errado afirmar que as universidades pelo país foram empurradas para essa situação, por conta justamente da repressão. Esse processo de dominação das ideologias de esquerda nas universidades públicas é uma realidade que já perdura há mais de meio século, sendo uma tendência que, de certa forma, encontra-se já enraizada e estabelecida em muitos desses centros de ensino superior. Pretender acabar com essa tendência, da noite para o dia, por meio de decreto ou por orientação da burocracia com assento momentâneo no Ministério da Educação, é uma tarefa impossível a curto e médio prazos.

Na realidade, pouco adiantaria banir o pensamento de esquerda da educação brasileira, colocando seus autores, como Paulo Freire, como responsáveis pela decadência evidente da educação nacional, impondo uma nova metodologia mais aceita ou digerível pela direita. O problema, e muitos educadores sabem disso, não está nem a Leste nem a Oeste, ou seja, o nó na educação do país, não é obra dessa ou outra ideologia, mas tão somente decorrente do abandono relegado ao processo educacional, em todos os seus níveis, ao longo dessas últimas décadas, o que torna a questão muito mais complexa e trabalhosa.

A escola sem partido é, portanto, uma fantasia tola. Da mesma forma, professores que agem como doutrinadores políticos, deixando de lado o papel de educador, colaboram, ao seu modo, para formar e transformar legiões de alunos em correligionários desses partidos e não cidadãos cônscios e críticos do mundo em volta.

Doutrinação não é educação; possuem origem e finalidades distintas. Enquanto a primeira se ocupa tão somente em arregimentar massa para um objetivo determinado por uma cartilha específica, a segunda cuida dos princípios básicos e universais que movem as verdadeiras democracias do nosso mundo.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se você quer saber como é um homem, dê uma boa olhada em como ele trata seus inferiores, não seus iguais.”

– JK Rowling, autora da saga Harry Potter

Foto: Debra Hurford Brown © J.K. Rowling 2018

 

 

MP 863/18

Participação de até 100% de capital estrangeiro nas companhias aéreas sediadas no Brasil. Duas correntes se sobressaíram. A do deputado federal gaúcho Marcel Van Hatten, que defende a liberdade econômica das empresas para definir quanto cobrar e que serviço oferecer; e, no lado oposto, o deputado federal Celso Russomanno, que afirma que cobrar pela bagagem é uma configuração clara de “venda casada”. Seguem abaixo o e-mail e o telefone dos dois deputados para você atacar ou acatar a ideia sobre cobrança de bagagem em viagens de avião.

Fotos: camara.leg.br/deputados

E- mail: dep.marcelvanhattem@camara.leg.br
Telefone: (61) 3215-5271

E-mail: dep.celsorussomanno@camara.leg.br
Telefone: (61) 3215-5960

 

 

MP 881/19

Em contraponto, a MP 881 assegura empresas na cobrança de preços, reforçando “garantias livres de mercado” intitulada como MP da Liberdade Econômica. O alcance se dá tanto no direito civil como empresarial. Se for aceito o preço dado, deverá ser acatado inclusive judicialmente. É o fim da intervenção.

Bolsonaro assina MP da Liberdade Econômica para desburocratizar startups – InfoMoney (Foto: Alan Santos/PR)

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Ministério da Agricultura, sempre o mais pobre do “país essencialmente agrícola”, está dando uma nova demonstração de sua pobreza; é, atualmente, em Brasília, o único órgão federal que não dispõe de ônibus para a condução dos seus funcionários. (Publicado em 21.11.1961)

A era do fanatismo

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Charge do Laerte

 

Que o Brasil vive um momento de grande estranhamento entre as pessoas, muita gente já percebeu. O que muitos têm afirmado é que esse fenômeno de animosidade mais acirrada entre diversos grupos é um acontecimento natural, próprio de períodos de transição de século e de milênio, com o esgotamento de alguns modelos e falta de outros mais adequados ao tempo presente. Atribuem também a esses fenômenos de agressividade a fatores como superpopulação, migrações de grandes massas, fomes, mudanças climáticas, internet, decadência nos modelos das democracias atuais, das incertezas diante de um mundo cada vez mais distópico e niilista, no esgotamento do modelo de educação atual, no individualismo, cada vez mais exacerbado e a diversos outros fatores presentes em nosso tempo.

Seja o que for isoladamente ou um pouco de tudo somado, o fato é que vivemos, no nosso caso particular, uma era de fanatismos sem precedente, interpondo pessoas contra às outras por motivos muitas vezes banais e sem sentido. O homem universal que se dizia surgiria da interligação instantânea de todas as pessoas do planeta, o que a internet, de certa forma, possibilitou, ao invés de trazê-lo para o mundo fora de seu quadrado, o que parece ter feito, foi encarcerá-lo em seu cubículo.

No Brasil esse isolamento voluntário foi intensificado ainda pela extrema violência que tomou conta de nossas principais cidades. Por mais que seja acurada a análise dessa questão social, o fato é que os antigos marinheiros que anteriormente exploravam o mundo para recontá-los em seus romances, hoje limitam-se a navegar pela internet e no máximo dão likes e outros sinais mínimos de que estão vivos.

Contraditoriamente, o mundo civilizado ficou ainda mais hostil ao homem, mais perigoso do que na pré-história da humanidade. Os inimigos são os diversos grupos e instituições tomadas pelo fanatismo patológico. Partidos políticos, times de futebol, igrejas neopentecostais e vertentes religiosas distorcidas, para ficar apenas nesses três grupos mais presentes na vida das pessoas, se esmeram nas práticas do fanatismo e na elevação do fervor de seus membros na busca vã de adquirir personalidade distinta. Mas não se enganem: todas essas instituições agem com um único objetivo: destruir o indivíduo e suas opções, torná-lo um zero imerso num coletivismo sem personalidade de modo a colocá-lo a serviço de um ideal prometido e nunca entregue pela cúpula.

Os partidos vivem em função unicamente de sua cúpula. Aos correligionários cabe votar no indicado, pagar fundos de campanha e fundos partidários. Contribuição para o aperfeiçoamento democrático é nenhuma. Os times de futebol e principalmente as torcidas organizadas, impregnadas de fanatismo paranoide, incentivam suas hordas a destruir o adversário, transformado em inimigo de guerra. Os jogadores e dirigentes, de posse de altíssimos salários e outros benefícios enxergam esses torcedores como massa de manobra a serviço de uma causa que não existe. O mesmo ocorre com essas novas igrejas que têm surgido nessas últimas décadas, no embalo das mídias sociais. Seus pastores dirigentes, por conta da cobrança de dízimos cada vez mais escorchantes, se tornaram verdadeiros magnatas a quem nem o governo e nem os órgãos de fiscalização do Fisco, tão zeloso em cobrar da população em geral, incomodam.

Para piorar uma situação que em si já é perigosa, assiste-se parte da imprensa a dar vazão a um grupo ou outro, levando e trazendo recados, aumentando a temperatura e os maus humores das pessoas. Um sintoma claro de que as personalidades que comandam esses grupos de fanáticos estão fazendo a coisa errada e de modo enviesado é que a maioria delas não pode mais circular em público, sob o risco de linchamento e de outras agressões. Até mesmo as universidades, que outrora eram os centros por excelência da pluralidade de opinião e da democracia, se fecharam em copas e vivem seu próprio tormento sonhando com um mundo pré-queda do muro de Berlim. A unanimidade burra, de que falava Nelson Rodrigues, está por toda a parte.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Nas grandes multidões, acumula-se a estupidez, em vez da inteligência. Na mentalidade coletiva, as aptidões intelectuais dos indivíduos e, consequentemente, suas personalidades se enfraquecem”

Gustave Le Bon (7 de maio de 1841—13 de dezembro de 1931) foi um polímata francês cujas áreas de interesse incluíam antropologia, psicologia, sociologia, medicina e física. (Wikipedia)

Retrato de Gustave Le Bon (1881). Foto: Morphart Creation / Shutterstock.com

 

Gratidão

Gentis palavras sobre essa coluna e o Correio Braziliense. Nossos agradecimentos ao Dr. Lecir Luz.

 

 

 

Baixa qualidade

Depois de alguns dias de trânsito completamente parado na Barragem do Paranoá para a recapagem do asfalto, um resultado bastante sofrível. Nota-se que a qualidade do serviço feito deixou a desejar.

Foto: der.df.gov.br

 

 

Ponte já

Está na hora de o governador do DF enfrentar a realidade e começar a pensar em concretizar o projeto da ponte UnB/Península Norte/Setor de Mansões. Depois de tantos condomínios, piscinão e projetos residenciais populares, a DF 005 já não comporta mais o movimento.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Há pescadores profissionais no Lago de Brasília. Apesar da proibição, nas proximidades da ponte da Asa Norte, muita gente vai pescar para vender. (Publicado em 19.11.1961)