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ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Escolas, pelo importante papel que desempenham no acompanhamento e na formação de seguidas gerações, sempre foram as instituições que mais verdadeiramente espelharam não só a família, mas a sociedade em todas as suas etapas de transformação ao longo do tempo.
Isso não quer dizer, necessariamente, que as escolas tenham acompanhado e evoluído na mesma rapidez verificada na sociedade. As transformações sociais, provocadas pelo processo contínuo na deterioração dos núcleos familiares tradicionais, têm surpreendido as escolas, colocando em xeque o modelo atual de ensino e, pior, entrado em linha direta de colisão contra os professores. Pais com preguiça de ensinar e medo de educar. Professores sem estímulo e cada vez mais sobrecarregados. Essa situação, por sua gravidade, ganhou dimensões que chegam a superar questões como os baixos salários, a falta de equipamentos adequados e de incentivos para categoria.
De fato, a falta de educação nas famílias representa hoje o maior problema a afligir a quase totalidade dos professores. Ao inchaço populacional sem paralelo em outras unidades da federação, vieram se juntar a formação de bairros sem infraestrutura e improvisados, onde o desemprego e a falta de equipamentos públicos formam um conjunto de degradação social sem paralelo a outros momentos da nossa história.
A esse quadro caótico somam-se os casos constantes de violência induzidos pelo consumo de drogas e de bebidas alcoólicas. É em meio a esse ambiente deteriorado que se situam grande parte das escolas públicas hoje, principalmente aquelas situadas nas periferias das capitais, onde os antagonismos e as desigualdades têm gerado um tipo novo de aluno. Não mais aquele rebelde que desejava mudar o mundo nos anos sessenta em diante, mais um público totalmente diverso, criado agora num ambiente em que a sobrevivência pertence aos mais aguerridos.
Não há escolas e professores hoje que não tenham experimentado esse mundo novo, selvagem e perigoso. A esses ingredientes explosivos vieram se juntar os antagonismos políticos, insuflados por políticos e mesmo professores irresponsáveis que ainda acreditam que as contradições sociais podem ser resolvidas com coquetéis molotovs e arruaças.
Transformadas de centros de ensino em verdadeiros reformatórios, muitas escolas vivem situações em que professores e funcionários são agredidos e ameaçados diariamente. Sendo que a maioria dos casos ficam circunscritos dentro dos muros escolares para não alarmar a população e não provocar ira maior dos infratores.
Essa situação surreal já chegou ao conhecimento de instituições internacionais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Segundo essa entidade, que reúne a maioria dos países do Ocidente, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de agressões, físicas ou verbais, contra professores no ambiente escolar.
Ciente desse problema, o GDF chegou a editar a Lei 5.531 de 2015, garantindo proteção ao professor e ao empregado da educação, estabelecendo, entre outras providências, que em casos de ameaça ou prática de violência contra o professor, a instituição deve afastar esse trabalhador enquanto perdurar a situação de risco.
Em outros estados, como em Mato Grosso, a lei 10.473 passou a estabelecer uma política de prevenção à violência contra profissionais da educação, responsabilizando, inclusive, os pais de alunos por essas ocorrências. Quando professores necessitam de proteção legal para trabalhar é sinal de que a situação já chegou ao limite do tolerável.
A frase que foi pronunciada:
“Boas maneiras abrirão portas que a melhor instrução não consegue.”
Clarence Thomas
Alternativa
Em uma discussão na Câmara dos Deputados, Osmar Guerra sugeriu que a escola que funciona bem deveria ser premiada, para estimular as outras. Hoje quem não trabalha e quem trabalha têm o mesmo resultado. Então, para que se esforçar? Isso é da condição humana, instintiva. Bons professores e boa prática educacional merecem o reconhecimento do Ministério da Educação.
Reciprocidade
Não há um rastreamento possível nos portais de transparência, onde o contribuinte possa acompanhar o uso das verbas do orçamento repassadas para a União, Estados e Municípios, principalmente para a Educação. Se voltássemos ao tempo em que a população era fiscal do governo, talvez as quase 2 mil crianças do Recife não estariam fora da escola. Há dinheiro, mas as obras paradas e atrasadas tiram a oportunidade das crianças. Até quando as falhas de governos serão toleradas?
Outros tempos
Ninguém mais fala na PEC da Felicidade. O senador Cristovam, autor da PEC, está na frente na corrida para o Senado. Professor, o parlamentar pelo DF conhece a realidade educacional do país. Com tanta violência nas escolas, essa geração está fadada a se distanciar da felicidade. Seja ela obrigada a ser alcançada por uma Proposta de Emenda à Constituição ou não.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O almirante Pena Boto foi fazer propaganda do comunismo nos Estados Unidos, e, antes de sair, falou mal do presidente, como se fosse seu parceiro. Aliás, esse almirante é responsável pelo grande número de adesões ao PC, que se verificaram ultimamente. (Publicado em 27.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Basta uma observação superficial para constatar que alguma coisa em nosso modelo de ensino não vai bem. Análises exaustivas, das mais diversas, sob diferentes focos, têm sido feitas e os resultados parecem apontar para lugar nenhum. O que acontece hoje em nossas salas de aula, principalmente no ensino público, demonstra de fato que prosseguimos por caminhos incertos.
Fossem instaladas câmeras em algumas dessas escolas, de Norte a Sul do país, para registrar o dia a dia de alunos e professores em sala de aula, o resultado mostraria, de forma inconteste, uma realidade que, em muitos casos, gostaríamos de não assistir. Violência, em todos os seus graus, opondo aluno contra aluno, brigas de gangues, consumo de drogas, agressões contra professores, ao pessoal de apoio, e uma infinidade de ações absolutamente fora de controle parecem ter tomado conta de nossas escolas.
Na verdade, as escolas espelham a sociedade tal como ela é. Somente com a questão da indisciplina, que vem se alastrando por boa parte das instituições públicas de ensino, perde-se um tempo precioso para o bom desenvolvimento do conteúdo programático.
A indisciplina amedronta também os próprios alunos e tem atingido, sobremaneira, muitos professores, obrigando-os, inclusive, a se afastarem do magistério. A violência, que tem tomado as ruas de nossas cidades, vem também se repetindo com mais intensidade dentro das nossas escolas. O que fazer?
Sem mudar a sociedade, pouco pode ser feito dentro das escolas. Essa questão, vista de outra maneira, indica que é preciso e urgente empreender mudanças dentro das escolas, para depois ver como essa nova postura prática pode influenciar no comportamento da própria sociedade.
A afirmação de Lévi-Strauss de que “passamos da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização”, pode vir a ser confirmada em nosso país, caso deixemos as coisas como estão. Países como é o caso da Suécia, distante em quilômetros e progresso social da gente, começa a perceber e a encarar as chamadas novas pedagogias como erro histórico.
Métodos adotados atualmente, dando mais iniciativa e liberdade aos alunos em sala de aula, têm se mostrado incapazes de conduzir a educação à um bom termo, ao mesmo tempo em que retiram do professor a condução básica de dirigir o processo de ensino. Pelo menos é o que tem constatado a pedagoga e catedrática sueca, Inger Enkvist.
A autora de vários livros sobre educação e atual assessora do governo sueco para assuntos de pedagogia acredita e defende que as escolas hoje, mesmo num momento em que pais e filhos parecem estabelecer relações diferente daquelas do passado, necessitam estar conscientes de que sua tarefa principal é ainda de formar, intelectualmente, os jovens das diversas idades. Para ela, a escola não pode ser uma creche e nem o professor ser transformado em um psicólogo ou assistente social. A formação intelectual, fornecida pelas escolas, visa, em sua opinião, prepará-los para o mercado de trabalho, transmitindo-lhes cultura, ao mesmo tempo em que irá proporcionar a todos uma ideia de ordem social. Esses conceitos devem ser reforçados ainda mais, já que as escolas constituem a primeira instituição com a qual as crianças se deparam na vida.
Nesse sentido, a pedagoga reforça que os professores devem mostrar que existem regras, dentro e fora da escola, que precisam ser seguidas. Para tanto, diz, é preciso mostrar que o professor é a autoridade local e deve ser respeitado, assim como seus colegas de classe.
Para Inger Enkvist, é impossível aprender bem sem disciplina. “Não se é bom professor apenas pelo que se sabe sobre a matéria, nem só porque sabe conquistar os alunos. É preciso combinar ambos os elementos: atrair os alunos para a matéria para ensiná-la adequadamente. É preciso recrutar professores excelentes em que alunos, pais e autoridades possam confiar. E a menos que haja uma situação grave, devemos deixá-los trabalhar”, afirma a pedagoga. É um assunto a ser pensado com seriedade por aqui.
A frase que foi pronunciada:
“As ditaduras são sempre corruptas, porque roubaram o que pertence a todos: a liberdade de participar do poder “.
Inger Enkvist
Quermesse
Leve seu copo para o templo budista nesse final de semana. A edição 2018 da Quermesse é ecológica. Os copinhos serão cobrados.
Agências
Algumas mudanças previstas pelo Senado Federal para as agências reguladoras. A mais importante é a obrigatoriedade de apresentar um plano de gestão anual ao Congresso. A Lei Geral das Agências Reguladoras, do senador Eunício Oliveira, também prevê o serviço de ouvidoria à disposição dos usuários. A sugestão da senadora Rose de Freitas é que seja programada uma consulta pública para qualquer edição de atos normativos das agências.
Detran
Mais cedo ou mais tarde, o Detran vai precisar ceder em relação ao estacionamento pago nas entrequadras. A arrecadação das multas é grande nessa área. Mais uma razão para poupar o contribuinte e dar maior conforto aos motoristas, além de aumentar giro no comércio local.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Do deputado Amaral Furlan, ao ministro Ulisses Guimarães, no vôo ministerial da Panair: “Os ministros, que não pagam, são os primeiros a entrar”. (Publicado em 26.10.1961)