Novo ensino médio e a ruptura com a universalidade do saber

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Provas do Enem. Foto: Divulgação

 

Em meio a uma pandemia, que daqui a pouco estará completando dois anos, muitos brasileiros confessam estar não só cansados da clausura forçada, mas também se sentem alienados da realidade do mundo à sua volta. Para muitos, o mundo que conheciam, antes da pandemia do Covid-19, está definitivamente morto. É em meio a esse sentimento que mistura a síndrome da caverna, provocada pelo isolamento social, que pais, alunos e professores pressentem que o futuro que planejavam para si e para os seus começou a ruir, sem que algo novo e seguro tenha sido colocado em seu lugar.

A incerteza quanto ao porvir tem trazido insegurança e desconfiança a essa parcela da sociedade, tornando ainda mais incerto que caminhos a educação de seus filhos irá tomar daqui para frente, num mundo em acelerada e tumultuada transformação. É nesse cenário em que as dúvidas sobram, que vai sendo implantado, em todo o país, a toque de caixa, os currículos do Novo Ensino Médio (ENEM), proposto pela Medida Provisória nº 746 de 2016.

É preciso lembrar que a prolongada pandemia e as incertezas quanto ao real calendário de retorno às aulas ocasionaram um outro fenômeno físico nas escolas públicas. Muitos desses estabelecimentos, ou ficaram abandonados, ou entraram num processo indefinido de reformas, sendo que boa parte desses edifícios, simplesmente, não estão preparados para receberem os alunos.

Quanto à implantação nessas escolas do novo material didático exigido pelo ENEM, como é o caso de computadores e rede de informática, nada ainda foi feito. É nesse ambiente de incertezas e improvisações que os alunos, quando retornarem, de fato, às escolas, terão que conviver. De cara, terão que aceitar que a tal reformulação do ensino médio, no que pesem as possíveis boas intenções do legislador, excluiu universidades, docentes, escolas, pais e alunos de todo esse processo de renovação, o que pode conduzir toda essa estratégia a um ponto de inflexão, forçando toda as mudanças ao ponto original de partida.

Alheios à toda essa transformação dos currículos, pais e alunos poderão se ver em meio a um novo modelo, elaborado para funcionar na prática, sobretudo, quando se verifica que a ausência de protagonismo dos professores é o que mais tem pesado para fazer, dessas mudanças, algo que vá de encontro à realidade do ensino público e acabe atropelando toda a política educacional proposta pelo ENEM.

Apenas para se ter uma ideia sobre o assunto, a página do Congresso Nacional que trata sobre essa questão apurou que, por meio de consulta pública já encerrada, dentre os cidadãos que foram ouvidos pela pesquisa, 73.554 disseram não ao ENEM. Somente 4.551 aprovaram as novas propostas para o ensino médio. Trata-se de um retrato pequeno para o universo nacional, mas diz muito sobre essas inovações relâmpagos. Também a exclusão dos alunos de todo esse processo tem pesado sobre sua aceitação e contradiz o que prega o próprio eixo do ENEM que afirma serem os alunos os principais protagonistas dessas alterações.

Com relação aos professores, a situação é ainda mais incerta. Para muitos deles, o ENEM deveria ser precedido de formação de professores, que ainda é feita por áreas de conhecimento e não, como prega o novo currículo, por competências e habilidades. Muitos professores alertam ainda para o perigo do aumento do distanciamento entre as escolas públicas e privadas, já que essas continuaram a oferecer itinerários formadores com vistas ao ensino superior, ao passo que as escolas públicas correm o risco de, por falta de recursos, transformarem-se em estabelecimentos voltados para a formação de mão de obra, para o mercado de trabalho e para o ensino profissionalizante. É a tal história mal contada pelo atual ministro da educação de que as universidades são para poucos brasileiros. Há inda muito chão pela frente a ser percorrido por essa proposta, caso queira, o governo, que ela tenha um mínimo de aceitação e longevidade.

S.O.S – S.U.S

Hoje é dia de as clínicas de hemodiálise apagarem as luzes em protesto relacionado ao baixo valor pago pelo SUS aos serviços prestados. Enaltecer o SUS é, de fato, uma ação meritória. Mas hospitais e clínicas que se desdobram para que tudo funcione a contento não são devidamente reconhecidos.

Foto: Agência Senado

Sem neura

Difícil não estranhar o vermelho compartilhado nas bandeiras verde e amarelo espalhadas pela Esplanada dos Ministérios. Quem lê jornal logo pensa que a esquerda resolveu aprontar alguma antes de 07 de Setembro. Nada disso! Agora todos conhecemos a bandeira de Guiné Bissau, mesmo que a estrela não esteja visível. Até o dia 28, Umaro Sissoco Embaló, presidente daquele país, estará em visita na capital.

Presidente do país africano foi recebido por Bolsonaro em Brasília.                            Foto: Isac Nóbrega/PR

Duas vias

Bela matéria no Globo Rural mostrava uma fazenda com um cultivo diferente: água. Depois de muitos anos, resolveram estimular a volta das águas que secaram pelo mau uso da terra. E a natureza respondeu de braços abertos. No DF, um projeto incentiva produtores rurais a reflorestar áreas e criar cobertura vegetal que aumente a infiltração da água na terra. Também está dando certo.

Valores

Financiado pelo Governo Federal, o Consultório de Rua é uma boa ideia. Andarilhos, pedintes e pessoas vulneráveis podem ser assistidas pelo programa. Cabe, aos governos, a inscrição para acesso à verba. Dona Maria do Barro, se estivesse viva, ficaria feliz com a iniciativa. Estava sempre pensando em uma forma de tornar a vida dos moradores de rua menos sofrida. Foi uma pessoa que Brasília nunca deverá esquecer.

Fotos: Geovana Albuquerque/Agência Saúde-DF

História de Brasília

Como já faz muito tempo que foi inaugurada, e ninguém se lembra mais, é tempo de inaugurar novamente a Creche da 108, desta vez acrescida de mais oito portas. (Publicada em 07/02/1962)

Educação invisível

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Foto: Reprodução/ Facebook Milton Ribeiro

 

Dizer que a educação pública continua a ser o calcanhar de Aquiles do Brasil não chega a ser nenhuma novidade surpreendente. Tem sido assim ao longo de toda a nossa história, com exceção de alguns períodos curtos, como foi o caso dos projetos criados por educadores como Anísio Teixeira, Paulo Freire e outros, mas que não chegaram a amadurecer o suficiente a ponto de possibilitarem a superação desse problema secular.

O que surpreende, de certa forma, e isso é apresentado, inclusive, no mais recente relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é o fato de o Brasil possuir, em tese, gastos até superiores a muitos países que compõem esse clube de ricos e, mesmo assim, mostrar-se incapaz de promover um ensino público de qualidade, minimamente comparável aos que apresentam os países desenvolvidos. Talvez esse fato explique o que dizia outro grande educador brasileiro e também vítima das forças do atraso, Darcy Ribeiro: A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto.”

É o que a nossa trajetória histórica tem demonstrado. Entre essas sístoles de diástoles ou entre compressão e expansão, vamos lidando com esse problema, contando sempre com a má vontade dos governos e o desinteresse da maioria de nossas elites, para quem essa questão nunca é prioritária. Com isso, vamos amargando e avolumando ciclos e mais ciclos de decadência da escola pública, num processo contínuo que pode resultar no total descarte de um projeto de educação de qualidade para os cidadãos desse país, conforme orienta a nossa própria Carta Magna. Nesse sentido, não surpreende que estejamos experimentando, agora, o que poderia ser classificado como o mais preocupante e medíocre ciclo de gestores, jamais postos à frente do combalido Ministério da Educação. Por sua irrelevância e mesmo invisibilidade para o atual governo, pouco se ouve falar sobre essa pasta. O presidente sequer menciona esse ministério em suas infinitas lives e pronunciamentos, o que demonstra que, para esse governo, a pasta e seus problemas, sequer existem.

Uma olhada no perfil dos ministros indicados pelo presidente, para comandar a pasta da educação, ajuda a dar uma ideia da importância desse ministério para o atual governo. Ao colocar, por último, no comando do ministério da educação, não um educador com larga experiência no setor, como deveria ser, o governo achou por bem nomear um pastor presbiteriano, acostumado, na lida, a apascentar rebanhos de fiéis. Depois das desastrosas administrações de Ricardo Vélez, Abraham Weintraub, Carlos Decotelli e Renato Feder, que recusou o convite, o presidente parece ter encontrado, em Milton Ribeiro, um outro nome “terrivelmente evangélico” para tocar a pasta.

Desde então, o ministério da Educação andava sumido do mapa. Quando muito, a gestão do Milton Ribeiro aparecia nos jornais apenas pelas declarações infelizes do pastor ministro. Em entrevista que deu à TV Brasil, estatal de comunicação do governo, Milton Ribeiro não se avexou quando afirmou, com todas as letras, que a inserção dos estudantes com deficiência, em sala de aulas normais, atrapalhava o aprendizado dos outros alunos, porque a professora, por sua inexperiência com esse problema particular, não tinha conhecimento adequado para cuidar dessa questão. Esqueceu o ministro de que o ensino inclusivo, há muito, é uma questão já regulamentada por lei e que a limitação de matrícula nesses casos é proibida. Tanto escolas públicas quanto privadas são obrigadas a receber estudantes com deficiência. Até mesmo a cobrança de taxas especiais, pelas escolas privadas, é vetada por lei. Uma gafe desse tamanho jamais sairia da cabeça e da boca de um verdadeiro educador.

Tudo isso, depois de afirmar que as universidades públicas deveriam ser uma opção para poucos, já que não serão tão úteis para a sociedade no futuro, como serão os institutos federais que formarão mão de obra técnica e especializada. Enquanto cuidam de assuntos dessa natureza, perdendo tempo e dinheiro em embates contra a posição política e ideológica que parece dominar o ensino, sobretudo as universidades, a qualidade da educação vai se deteriorando a olhos vistos, não sendo prioridade nem da direita, nem da esquerda.

A frase que foi pronunciada:

A importância do caráter de um professor é diretamente proporcional aos valores que ele ensina.”

Dona Dita, pensando enquanto tricota

Charge: humorpolitico.com.br

Tem futuro?

Toda opinião é válida ao conhecimento. A juíza de Direito Andréa Barcelos compila a origem da teoria de gênero. Veja a seguir.

Idosos

Com a desculpa de pandemia, as visitas em asilos estão proibidas. Mas quem tem vistoriado os serviços? Há inúmeros elogios a profissionais dedicados, mas também há casos de maus tratos. Melhor evitar surpresas e manter a vigilância.

Idosos de asilo em Jaú escreveram o que desejam fazer depois da pandemia — Foto: Vila São Vicente de Paulo/Divulgação

História de Brasília

Há mais de dois meses a Caixa Econômica da rua da Igrejinha não possui selos para venda ao público, nem trata de se restabelecer. Faça-se justiça ao trabalho que vem fazendo o Banco da Lavoura, o único lugar onde se compra estampilha, presentemente, no Plano Pilôto, à exceção da Recebedoria, na Esplanada dos Ministérios. (Publicada em 07/02/1962)

Desigualdades educacionais

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Foto: REUTERS / Amanda Perobelli/direitos reservados

 

Se hoje nossos cientistas e pesquisadores têm que buscar, no exterior, meios para prosseguirem suas pesquisas, foi porque deixamos de dar a atenção devida e o valor que merece a educação, sobretudo a pública. Hoje, nossas escolas públicas, apesar dos volumosos recursos que o governo diz alocar para o ensino, estão, em sua maioria, sucateadas ou simplesmente fechadas pela pandemia, deixando milhares de alunos sem aulas e sem perspectiva de retorno. Esse atraso, dizem os especialistas, será mais sentido ainda no futuro, quando a situação atingir um nível crítico, comparável aos países mais pobres do planeta.

A cada cinco crianças e adolescentes, quatro estão matriculados em escolas públicas, em sua maioria, ainda fechadas. Falar em recuperação da aprendizagem, perdida em 2020, é uma falácia. O mesmo se pode dizer da aprendizagem perdida no primeiro semestre de 2021. As escolas particulares estão ocupando esses espaços vazios, atendendo apenas os alunos de famílias da classe média para cima, deixando uma legião de brasileiros, filhos de famílias de baixa renda, no porão escuro do analfabetismo.

Esse vácuo deixado pela escola pública, por conta da pandemia, traz reflexos não apenas ao binômio ensino-aprendizagem, estendendo-se também para à saúde, ao desenvolvimento mental e emocional, à segurança e à assistência social, já que muitas crianças deixam de ser atendidas nessas importantes áreas de seu crescimento como ser humano. Os mais atingidos são, sobretudo, aqueles alunos de famílias mais pobres das periferias das cidades.

Não bastasse a acentuada queda na renda familiar, a questão da segurança alimentar é também importante, já que muitas crianças ficam sem a merenda escolar diária. São impactos que trarão problemas duradouros no futuro desses cidadãos. Esse é um tempo irrecuperável, do ponto de vista do desenvolvimento humano. Infelizmente, essa não é uma preocupação que o cidadão observa nas autoridades responsáveis por essas áreas. Não há um mutirão nacional em prol do ensino. Não há propagandas educativas abordando esses problemas e suas consequências, muito menos orientando a população como proceder para enfrentar essa crise vivida na educação dos brasileiros. Nem mesmo as manchetes diárias abordam esse assunto. É como se ele não existisse, ou fizesse parte apenas do cotidiano daqueles que se ocupam realmente com essa questão.

Se, antes da pandemia, esse já era um problema demasiado sério, agora, com o prolongamento da quarentena, ele adquiriu proporções deveras catastróficas. Autoridades que estão em posição de influência, que poderiam mudar essa situação de paralisia, possuem filhos matriculados em escolas particulares e, portanto, não sentem o problema na pele e não possuem ideia, sequer, das repercussões negativas que o fechamento das escolas tem par o futuro do país.

São justamente essas crianças e adolescente, da periferia, que mais sentem os efeitos da pandemia e são os que, no presente, são os mais esquecidos. Isso simplesmente retira-lhes qualquer chance de alcançar um futuro minimamente decente. Não é difícil prever que essa defasagem irá aumentar, além das desigualdades educacionais já altas, as desigualdades econômicas entre ricos e pobres, tornando nosso país, que já é um campeão nesse quesito, um exemplo a ser evitado a todo custo.

De certo essa é uma questão que, num país sério e comprometido, deveria ser transformada num verdadeiro esforço de guerra conjunto. Para aquelas crianças que estão ficando quase dois anos sem escola, há um duplo prejuízo cognitivo: a perda de novos conhecimentos e a perda daqueles que já tinham sido aprendidos, mas não apreendidos, que restaram apagados na memória.

Por outro lado, o afastamento prolongado faz aumentar, ainda mais, o desinteresse dessas crianças pela escola, isso sem falar que já havia anteriormente uma grande evasão escolar. Também para aquelas crianças em fase de alfabetização, os prejuízos são incalculáveis e, em alguns casos, irreversíveis.

Charge do Cazo

História de Brasília

Falta na Asa Norte: telefone, táxi, hospital, escola, jardim da infância, mercado e parede sem rachadura. (Publicada em 06/02/1962)

Homeschooling é para quem pode

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Charge do Benett

 

Alguns fatos ocorridos na dinâmica social e urbana brasileira iriam, no final dos anos 1970, provocar uma série de mudanças estruturais no tradicional modelo educacional do país, principalmente no ensino público, oferecido pelo Estado, sob a direção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), como era denominada naquela época a pasta que coordenava os assuntos ligados a essa área.
Entre as mudanças sociais que acabaram por atingir em cheio a educação pública, sobretudo no quesito qualidade e eficiência, está a debandada em massa das classes média e alta dessas escolas, rumo ao ensino privado, que começava a ganhar fôlego e atrair os alunos, cujas famílias tinham melhores condições econômicas, oferecendo não apenas um currículo e uma grade e disciplinas mais elaborados, mais diversas e atrativas para os próprios alunos, aprofundando em matérias escolares que, lá no ensino público, eram vistas apenas de forma superficial. Não demorou para esse alunado começar a se sobressair nos exames e vestibulares do país, mostrando não só uma diferença de qualidade desses conteúdos programáticos, como uma nova maneira de ministrar aulas mais dinâmicas, tudo dentro de um espírito empresarial que reconhecia na educação de jovens um vasto campo a ser explorado economicamente pelos novos empresários.
Os melhores pedagogos e professores foram chamados também. As aulas consumiam uma carga horária maior. O material didático era diferenciado e mandado imprimir pelas próprias escolas, contendo textos explicativos e exercícios, relativos ao assunto, em cadernos ricamente diagramados.
Ao ser deixado de lado pelas classes médias e altas, o ensino público perderia o principal nicho social que poderia, de alguma forma, fazer pressão pela melhoria do ensino junto às autoridades, reivindicando direitos e exigindo escolas de qualidade. Com isso, muitas escolas públicas, que outrora eram reconhecidas como de excelência, passaram a conhecer a decadência.
Das poucas escolas que conseguiram sobreviver a esse esvaziamento social, oferecendo um ensino de relativa qualidade, todas elas, indistintamente, tinham em seus quadros de direção, professores abnegados e incansáveis, que passavam a maior parte do ano peregrinando pelos corredores dos ministérios em busca de auxílio e, muitas vezes, não se dobrando às humilhações impostas pela burocracia estatal e pela indiferença com o problema.
Os ministros da pasta que, antes, exibiam invejáveis currículos acadêmicos, foram substituídos por políticos profissionais dispostos a tudo, menos a atender às necessidades da área. O mesmo passou a ocorrer em âmbito estadual e municipal, com os secretários de educação, a grande maioria despreparada e avessa a esses problemas.
Deu no que deu. Nesse vácuo e nesse terreno baldio em que se transformaria o ensino público, ficaram alguns professores em fim de carreira, cansados e desiludidos da luta pela melhoria do ensino e alguns outros professores, que caso fossem submetidos a exames para medir o grau de conhecimento nas disciplinas que ministravam, seriam automaticamente reprovados. Os baixos salários cuidaram para espantar os poucos profissionais de ensino com maior preparo. Os sindicatos, como braços avançados dos partidos, cuidaram de fazer a sua parte, paralisando continuamente as aulas em busca não apenas de melhoria salarial, mas com vistas em interesses políticos e eleitoreiros.
Não surpreende que hoje o ensino público do país seja um dos mais mal avaliados nos certames internacionais como o Pisa e outros. Hoje, o ensino público é ofertado, em grande parte, para pessoas de baixa renda que não encontram outra opção. É isso ou nada. Com a pandemia prolongada esse fosso entre escola pública e privada só fez aumentar ainda mais, acentuando dramaticamente a desigualdade social.
Alunos de escolas privadas continuam tendo aulas, via computador. Os alunos do ensino público, na sua maioria, nem sabem em que escola estão matriculados e que série estão cursando. Para tornar esse quadro ainda mais surreal, agora a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados acabou de aprovar o Projeto Lei (3262/19), permitindo o chamado homeschooling, ou seja, a que os pais eduquem seus filhos em casa, retirando do Código Penal o crime de abandono intelectual. Por acaso não seria abandono intelectual o que o Estado promoveu, pensadamente, contra o ensino público? Fica a questão para um problema que nem esse nem outros governos passados conseguiram resolver minimamente.
 
A frase que foi pronunciada
 
“Minha escolaridade não só falhou em me ensinar o que professava ensinar, mas me impediu de ser educado a ponto de me enfurecer quando penso em tudo que poderia ter aprendido sozinho em casa.”
George Bernard Shaw
George Bernard Shaw. Foto: wikipedia.org
História de Brasília
Próximo às casas da Edel, um fazendeiro da invasão resolveu fazer um cercado e criar uma cocheira. Há uma onda de mosquitos que não deixam ninguém sossegado. (Publicado em 03/02/1962)

Educação e família

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Educadora social leva ‘tapa na cara’ de mãe de aluna no DF (Foto: reprodução g1.globo.com)

 

Ao longo das últimas décadas, depois de seguidas reformas em nosso modelo de educação, do ensino básico ao superior, temos que constatar, à luz do que mostram os diversos rankings internacionais de avaliação de aprendizagem, em que aparecemos sempre nas derradeiras posições, que a maioria de nossos projetos para a melhoria do ensino tem fracassado.

A razão para isso é que em todos modelos impostos ao processo educativo, elaborados de cima para baixo, a maioria deles deixa de lado ou não prioriza, conforme deveria ser, a participação da família em todo nessas atividades. Com isso, todo o esforço de renovação e melhoria é descartado ao não considerar o grupo familiar do aluno como partícipe dessa empreitada. Dissociado da família, qualquer modelo de aperfeiçoamento do ensino torna-se capenga e não se completa.

O ciclo integral de todo o processo educativo deve ser composto por alunos, professores e pais ou responsáveis. Sem essa tríade, mesmo os mais elaborados e revolucionários programas de ensino ficam a meio caminho. Esse tem sido o calcanhar de Aquiles de todo o processo brasileiro de ensino e que revela não apenas um descompromisso no envolvimento da escola com a comunidade, mas, principalmente, uma desconsideração da importância de se firmar um acordo sério entre todas as partes envolvidas nesse mecanismo.

Um fato que comprova essa tese e que demonstra, na prática, essa falha é que é comum, em muitas escolas, que professores e orientadores desconheçam, por completo, quem são os pais e responsáveis da maioria de seus alunos. Não conhecem e muitas vezes não sabem sequer em que contexto social esse e aquele aluno vivem. Sem essas informações e sem o conhecimento do meio em que vivem seus alunos, seu cotidiano, suas origens, o que os pais fazem, como é a rotina da família e outros dados preciosos, qualquer modelo tende a falhar.

Ocorre que, em muitos casos, é a própria família que não deseja estreitar qualquer laço com a escola que seus filhos frequentam. Usando esses estabelecimentos de ensino apenas para cuidar de suas crianças, alimentá-las e dar-lhes alguma segurança enquanto se ocupam em outras tarefas. Há casos em que o pai ou mãe está cumprindo pena judicial em algum presídio e a escola não toma conhecimento. Ou de pais e responsáveis alcoólatras ou viciados em drogas. Ou ainda lares onde essas crianças foram abusadas ou vivem sob condições de violência diária.

Sem um levantamento minucioso de todos esses dados, sem uma ficha completa que mostre o verdadeiro perfil de seus alunos, qualquer modelo de educação é inócuo. Para complicar uma situação corriqueira, que em si já é dramática, há ainda os recorrentes casos de violência envolvendo alunos e professores ou dos próprios pais com os professores.

Nessa semana, no CAIC Bernardo Sayão, em Ceilândia, uma mãe desferiu um tapa no rosto de uma educadora social que presta serviço voluntário naquele estabelecimento, apenas porque a profissional questionou, depois de um desmaio da aluna em sala de aula, se a criança havia se alimentado direito em casa.

Casos como esse se repetem toda semana em muitas escolas da rede pública do Distrito Federal. Não só os pais ameaçam e agridem os professores. Também se tornaram comuns os casos de alunos agredindo os professores e qualquer profissional de educação dentro das escolas. Esse fenômeno tem feito com que muitos docentes simplesmente abandonem a profissão, o que provoca, ainda mais, um isolamento das escolas em relação ao seu entorno e isso acaba repercutindo, negativamente, no processo de ensino.

De fato, como tem ficado comprovado, os professores e a própria escola têm medo de seus alunos e muitos sequer ousam questionar a realidade deles.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Peço só 1 minuto, Sr. Presidente, para que eu possa formular um raciocínio. O que quer dizer isso, Srs. Parlamentares? Criança — e, conforme a lei, é menor de 12 anos — que quiser mudar o sexo vai poder fazê-lo mesmo sem o consentimento dos pais. Ora, os Parlamentares que são contra a redução da maioridade penal entendem que um menor de 16, 17 anos, que pode votar, não tem concepção intelectual, amadurecimento psíquico para responder pelos seus atos, vão querer que crianças, com menos de 12 anos, conforme a lei, possam mudar o sexo, mesmo sem o consentimento dos pais? É isso que querem os nobres Parlamentares. E esta Casa vai aceitar isso?”

Vitor Valim, deputado federal pelo Ceará sobre o projeto de autoria do Deputado Jean Wyllys e da Deputada Erika Kokay — PL nº 5.002 que dispõe sobre o direito à identidade de gênero e altera o art. 58 da Lei nº 6.015 de 1973.

Foto: camara.leg.br

 

 

Injustiça

Incompreensível que uma ambulância, com placa que não seja do DF, seja multada por usar a via BRT. Ambulância leva pacientes de emergência. É preciso revisar esse estatuto.

Foto: Minervino Junior/CB/D.A Press

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

No dia Universal de Ação de Graça, às vésperas das comemorações da intentona comunista, o Brasil reatou relações comerciais e diplomáticas com a União Soviética. (Publicado em 24/11/1961)

Escolas representam o último reduto civilizatório da sociedade

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Imagem: portalcarapicuiba.com.br

 

Escolas públicas, em todo o tempo e lugar, sempre foram o reflexo fiel da sociedade no seu entorno. O que está na sociedade, está também na escola, dentro da sala de aula. Não é por outra razão que a crise nas escolas, representada pela indisciplina e mesmo pela violência contra colegas e professores, inclusive com casos de mortes, é uma repetição do que vem ocorrendo em nossa sociedade.

De outra forma, como pode haver escolas públicas pacificadas quando se sabe que, apenas no ano de 2017, segundo o Atlas da Violência, 65,6 mil pessoas foram assassinadas em todo o país. Mais do que em muitas guerras atuais pelo mundo. O pior é que essa violência acomete mais os jovens, negros e mulheres, justamente pessoas em idade escolar.

Até mesmo os especialistas no assunto se dizem perplexos com esses números, como é o caso do coordenador da referida pesquisa, Daniel Cerqueira. Para ele, “o que está acontecendo no Brasil é algo estonteante e fora dos padrões mundiais.” É essa mesma sociedade que você pode ver hoje e em pequena escala, dentro das salas de aula. Isso equivale a dizer que a nossa violência das ruas já adentrou os muros da escola. Vive agora um novo tempo, muito mais violento e inseguro, para alunos e para os professores.

A escola, antes um reduto de harmonia e saber, vai se transformando num lugar do medo e da apreensão. Os recentes episódios ocorridos na cidade de Carapicuíba, na Grande São Paulo, quando alunos da sétima série, adolescentes na faixa de 10 a 15 anos, ameaçaram a professora e destruíram a sala de aula, atirando inclusive mesas e cadeiras contra a docente, oferece uma mostra do que vai pelas escolas públicas de todo o país.

Ao registrarem nas câmeras de seus celulares essas cenas de vandalismo e ameaças, esses alunos deixaram à vista não só de todos os brasileiros, mas de todo o mundo, a vida como ela é dentro de nossas escolas. Dados fornecidos pela Secretaria de Educação daquele estado dá conta de que, nos primeiros três meses desse ano, foram registradas 68 ações de gangues dentro das escolas. Em 2014 foram 549 casos de ações de gangues nas escolas estaduais. Aqui no Distrito Federal, a situação não é melhor.

Pesquisa feita pelo Sindicato dos Professores indica que até 58% dos professores da nossa rede pública de ensino já confessaram ter sido vítima de algum tipo de agressão dentro dos estabelecimentos de ensino onde trabalham. Segundo eles relatam, os principais agressores são os estudantes, com 43% dos casos. Com isso, muitos professores preferem se afastar das salas de aula, por vontade própria ou por motivos psiquiátricos sérios.

Com isso, vamos assistindo o que seria o último reduto da sociedade, capaz de dar um rumo sadio a nossa gente, ser ele, também, vítima de uma violência impiedosa espalhada por todo o país.

 

 

 

A frase que não foi pronunciada:

“A escola é muito mais do que um lugar, é parte da minha vida e de quem eu sou hoje.”

Pensamento unânime

 

 

Visto

Falta tinta nas faixas da pista da Avenida das Nações na altura do Corpo de Bombeiros, onde há a entrada para a Esplanada dos Ministérios. A falta de limite no chão faz com que o trânsito fique mais perigoso.

Foto: google.com.br/maps (imagem de 2018)

 

 

Lido

Brasília sediará a 35ª Feira do Livro. Em um mundo mais tecnológico, ainda são muitos os brasileiros, inclusive crianças, que gostam de manusear livros. O pessoal da Câmara do Livro do DF inicia as articulações para tornar o evento um sucesso. Será de 6 a 16 de junho no Complexo Cultural da República.

Cartaz: facebook.com/feiradolivrobrasilia

 

 

Ouvido

Pedro Guimarães, presidente da CAIXA, explica sobre a redução das taxas de juros do crédito imobiliário. A intenção é facilitar o acesso à casa própria. “A redução dos juros demonstra o compromisso com as melhores condições de financiamento para as pessoas e colabora para a retomada de investimentos no setor”. A partir de 10 de junho, a taxa mínima para imóveis residenciais enquadrados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) e Sistema Financeiro Imobiliário (SFI) será de 8,5% a.a. e a máxima de 9,75% a.a.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

 

 

Teclado

CES 2019 – Na maior feira de Tecnologia do Mundo, serão apresentadas novidades interessantes. Celulares e TVs dobráveis, aplicativos para carros, saúde, eletrodomésticos e até para os armários. O Consumer Electronics Show começa oficialmente nesta terça-feira, dia 8, em Las Vegas, nos EUA. Veja mais a seguir.

 

 

Compartilhado

Quem quiser dar uma força para Agnaldo Timóteo o e-mail dele é timoteo.agnaldo1@gmail.com.

Foto: Agnaldo Timóteo – Divulgação

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A Bulgária está querendo comprar a carne de Goiás. Nós também estamos. Vamos ver a quem o governo dá o direito. (Publicado em 22/11/1961)