A vez dos idosos

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: reprodução

 

Não é segredo para ninguém que, por sua qualidade de vida, Brasília ocupa hoje um lugar de destaque entre as capitais do país com maior número de indivíduos com mais de 65 anos. Fica evidente que o Distrito Federal vem envelhecendo a um ritmo acelerado. Segundo estudos elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas idosas subiu de aproximadamente 129 mil para 249 mil entre 2010 e 2022, representando quase 9% da população total. O aumento de 94% de idosos foi o maior do país.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP), antes de 2040, a participação da população idosa será mais significativa do que a população menor de 15 anos. Nesse período, a população idosa saltará dos 7,6% para mais de 16,6% do total de habitantes da capital. A questão aqui ganha relevância, quando se discute como tornar mais digna a vida desses idosos, que já deram sua contribuição laboral para a formação do Produto Interno Bruto (PIB).

Engana-se quem pensa que essa parcela significativa da população do Distrito Federal não contribua ainda para o crescimento da economia como um todo. Esse contingente consome como nenhum outro. Paga igualmente impostos e taxas como todo mundo. Muitos ostentam, inclusive, uma qualidade de vida superior à da massa dos trabalhadores ainda na ativa. É claro que, para essa parcela da população que cresce a cada dia, serão precisas novas estratégias e modelos de gestão pública, capazes de permitir qualidade de vida e, sobretudo, dignidade para esses brasilienses.

Para desestimular que esses idosos e aposentados migrem para as cidades litorâneas é preciso que o Governo do Distrito Federal providencie, o quanto antes, um conjunto de políticas para propiciar não só atendimento às necessidades imediatas dessa parcela da população, como também a introdução de serviços especializados no atendimento dos idosos.

É óbvio que caberá também, à iniciativa privada, providenciar espaços de acolhimento e lazer exclusivos para os brasilienses da terceira idade. Importante que ainda há espaços em Brasília a ser desbravados para atrair e absorver esse potencial representado pelos idosos. Uma das ideias, já ventiladas anteriormente neste espaço, diz respeito à colocação de transporte público exclusivo e gratuito para idosos nos fins de semana e feriados, permitindo que eles circulem livremente pela capital.

Outra ideia, aqui para os empresários, é a construção de shoppings exclusivos para os idosos, com variedade de serviços e lojas próprias para essa parcela de consumidores. Assim, esses novos espaços poderiam oferecer, além de área de alimentação adequada para essa faixa etária, lojas com produtos apropriados e ao gosto dessa nova freguesia. Além disso, esses novos espaços poderiam contratar apenas idosos para o atendimento do público, possuir bibliotecas, salas de jogos, livrarias, teatros, cinemas, galerias de arte e outras atrações. Haveria, ainda nesses locais, a oferta de clínicas médicas nas várias modalidades de saúde, piscinas, atendimento de geriatras, academias, espaços de encontros e descanso, serviços de transporte exclusivos para os clientes e toda uma gama de serviços adequados para essa faixa etária. Obviamente não esquecendo de estacionamento gratuito e vigiado, como era no Shopping Iguatemi.

Em Brasília, a incansável psicóloga Juliana Seidl posta, pelo Instagram, Facebook, Youtube, Linkedin todas as oportunidades da cidade para os mais vividos. Desde empregos (Carreira Longevas), empreendedorismo, como combater o etarismo, sugestões de leitura, entre outras tantas atividades e informações.

Há todo um universo de serviço a ser oferecido para essa parcela da população e um potencial enorme a ser posto em prática, capaz de transformar a capital do país num exemplo a ser seguido.

 

A frase que foi pronunciada:

“A representação do mundo, como o próprio mundo, é obra dos homens; eles descrevem isso do seu próprio ponto de vista, que confundem com a verdade absoluta”.
Simone de Beauvoir

Foto: Simone de Beauvoir em Paris em 1945. Denise Bellon (Álbum) – (brasil.elpais.com)

 

Jardinagem
Ainda bem que não sacaram fora a figueira plantada por Edgardo Eriksen, na 503 Norte. Só deixaram o tronco. A árvore deve ter mais de 40 anos. Por isso é valiosa.

 

Verdade
Lendo nos jornais, em tempos de eleições, que os candidatos vão atrás dos eleitores, veio à lembrança uma história que se passou na Inglaterra. Turistas numa cidadezinha conhecida pelos rebanhos de carneiros repararam um pastor que não andava na frente dos animais. Curiosa, uma senhora perguntou a razão. O guia sabia a resposta. Aquele não era o pastor, era o açougueiro! Estava escolhendo o melhor corte.

 

Vistoria
Faz-se urgente uma revisão nos bueiros da cidade. É de total responsabilidade do governo quando uma qualquer pessoa cai dentro da tubulação mal protegida. Nesta semana aconteceu uma ocorrência na Asa Norte com uma criança.

 

História de Brasília

Muito embora nada exista de positivo a respeito, há, entretanto, receio de parte dos concorrentes do concurso da Câmara. (Publicado em 04.04.1962)

Idosos no espelho

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Segundo um censo de 2010, havia 200 mil pessoas idosas ou quase 8% da população total daquela época em Brasília. Em 2012, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), esse número já era de 326 mil idosos ou 12,8% da população. Neste contexto é possível observar que o crescimento da população idosa tem sido mais do que o dobro (9,8%) do restante do país (4,8%).

O Distrito Federal apresenta ainda a maior expectativa de vida de todo o país, algo em torno de 77, 57 anos de vida em média, com base em dados de 2014.  Para 2030, a previsão do IBGE é que se chegue a 80,92 anos para as mulheres e 77,30 para os homens. Dentro dos aspectos sociodemográficos do envelhecimento no DF, preparado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) em conjunto com o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios MPDFT) e com a Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), “As mulheres representam 57% da população idosa, chegando a 63% no grupo etário de 80 anos ou mais (IBGE, 2011), reforçando o perfil mundial de feminização da velhice, que é uma manifestação do processo de transição de gênero que acompanha o envelhecimento populacional em curso em todo o mundo.

Estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que o número de mulheres já supera o de homens em todo o mundo.” Num futuro bem próximo essa será também a realidade do Brasil. No DF a faixa etária com maior quantidade de idosos (31,9%) se situa entre 60 e 64 anos. Segundo a Codeplan, a escolaridade de 60,4% desses idosos é baixa. Apesar disso, a renda dessa população idosa é considerada alta, com mais de cinco salários mínimos. Este fato explica, em parte, porque muitos idosos ainda assumem o papel de chefes e provedores de família. A ideologia da velhice como decadência, doença ou problema, no caso brasileiro, está repleta de contradições e não corresponde ao imenso e crescente espaço ocupado pelas pessoas idosas na família, na economia e em outras instâncias, ainda que isso não fique claro no reconhecimento que a sociedade lhes deve.

Tanto é assim, que a contribuição da renda da população idosa na composição da renda nacional já constituía, em 2003, a expressiva cifra de 30%, tendo os homens aportado 65,2% para o rendimento das famílias e as mulheres, 59,6% “, afirma Maria Cecília Minayo, da Escola Nacional de Saúde Pública. Contribui também para essa realidade o fato de que a Previdência social cobre 77% da população idosa, formada, na sua maioria, por funcionários públicos federais e estaduais aposentados pelos regimes anteriores, que contavam com maiores vantagens do que o atual.

Em todo o Brasil, o número de pessoas idosas vivendo sozinhas era, em 2014, mais de 6,7 milhões, com 40% formado por mulheres. O envelhecimento da população do DF acompanha o fenômeno mundial com a diferença de que, nos países desenvolvidos, esse fato não é motivo para grandes preocupações do ponto de vista de assistência, muito mais organizada, racionalizada e eficaz.

No Brasil, envelhecer significa também enfrentar novos desafios e novos riscos, principalmente devido aos problemas sociais presentes na nossa realidade diária, o que acarreta ainda mais desigualdades com relação a outros grupos etários, a outras realidades sociais, demográficas e epidemiológicas. Chama a atenção dos pesquisadores o fato de que em todos os níveis de renda, de escolaridade dos idosos, tem se mostrado comum os casos de violência contra esses indivíduos, com o agravante de que esses casos só têm crescido ao longo tempo.

À medida em que a população idosa aumenta, aumentam também os casos de violência, numa correlação de fatos que tem assustado muito todos aqueles que conhecem de perto o assunto. “Em medida considerável, o tempo do idoso do DF tem sido preenchido por violência, uma violência tão cruel quanto endêmica, que deixa a céu aberto a debilidade de seus amores e os fins de vida mais funestos do que se poderia esperar”, diz o estudo intitulado Mapa da Violência Contra a Pessoa Idosa no DF que reúne pesquisas realizadas ao longo de dez anos de existência da Central Judicial do Idoso (CJI), organizado pelo TJDFT, MPDFT e DPDF.

Considerado um projeto pioneiro nessa área, a Central Judicial do Idoso (CJI) tem buscado acolher a pessoa idosa, em toda a sua complexidade, estimulando a participação na defesa de seus próprios interesses. De acordo com seus criadores, a CJI trabalha subsidiando as autoridades do sistema judiciário, orientando e prevenindo situações de violência e violação da pessoa idosa e promovendo a análise multidisciplinar das situações de negligência, abandono, exploração ou outros tipos de violência, buscando soluções de consenso para conflitos e encaminhando a demanda aos órgãos competentes.

Como ressaltam seus coordenadores a CJI tem investido no fortalecimento dessa rede de proteção social por meio da interlocução e integração entre as diversas instituições públicas. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a violência contra a pessoa idosa é caracterizada pelo “uso intencional da força ou do poder real, podendo resultar em lesão, morte ou dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”.

O Estatuto do Idoso, instituído em 2003, (Lei 10741/03), define em seu Art. 19, parágrafo primeiro, a violência contra o idoso como qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico. Segundo os dados do Disque 100 – Módulo Idoso, fornecidos pela Secretaria de Direitos Humanos, o DF, que sempre havia figurado nas primeiras posições pelo número de registros de denúncias, apareceu em 2016 na décima posição com 419,50 casos. Houve, segundo os especialistas, uma redução entre os anos 2015 e 2016. Em 2013 foram 1.188 registros de denúncias apenas no serviço Disque 100, sendo 417 na CJI.

Foto: Marcelo Camargo/ABr (valor.globo.com)

Por região administrativa, Ceilândia aparece com 16,47% dos casos, seguido de Taguatinga com 10,92% e Brasília com 10,35%. É preciso notar que Ceilândia é a cidade com maior número de idosos (166.000) em relação a população total, que era em 2015/16 de aproximadamente 980.000 habitantes. Estudos comprovam que a violência contra os idosos não está relacionada diretamente a questões econômicas ou à pobreza, mas a múltiplos outros fatores como a violência estrutural, a violência da discriminação e a violência da negligência, que negam aos mais pobres o aceso a serviços de saúde e assistência de qualidade. A pobreza na idade avançada tende a aumentar a dependência produzida por condições físicas e psicológicas, como atesta Cecília Minayo.

A violência contra os idosos de baixa renda pode ser do tipo estrutural, interpessoal e institucional. O que explica, em parte, o aumento da violência contra os idosos é, segundo Ladya Maio em sua obra Desafios da Implementação de Políticas Públicas de Cuidados Intermediários no Brasil, “que a família brasileira não tem mais condições de ser a única protagonista nem de exercer sozinha a tarefa pela complexidade dos cuidados demandados pelos idosos, seja pela falta de condição financeira, seja pela ausência de parentes que possam compartilhar esse mister, pela necessidade de trabalho externo, principalmente em razão da mudança do papel social exercido pelas mulheres, ou de problemas derivados da violência intrafamiliar.” Esse é um problema de grandes proporções se formos avaliar as verdadeiras condições oferecidas hoje pelo Estado às populações idosas e de baixa renda. Diferentemente do que ocorre no Distrito Federal, onde já existe uma superestrutura para pelo menos avaliar esse problema previamente, o atendimento adequado aos idosos no Brasil ainda tem muito que progredir. A Central Judicial do Idoso já é um bom caminho.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Termina hoje o prazo de apresentação dos reservistas em todo o país. Em Brasília houve mais ou menos o pitoresco. O reservista ao se apresentar receberá um cartão numerado, que dará direito a um sorteio no dia 21 de dezembro, pela Loteria de Goiás. (Publicado em 16/12/1961)

Envelhecer num mundo hostil

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Foto: reprodução da internet (blog.stannah.pt)

 

Um flagrante captado em Nova Iorque, considerada por muitos como a metrópole do planeta, dá uma pequena dimensão do que está por vir, com relação a vida das pessoas idosas em um mundo, não só em rápida transformação, mas que assiste atônito e passivo o envelhecer da população. Para comemorar meio século de união, um casal de idosos do interior dos Estados Unidos hospedou-se no mesmo hotel em que estiveram em 1969 em lua de mel. Logo ao amanhecer do primeiro dia na cidade, foram tomar o café da manhã no saguão lotado do hotel. Sentados, um de frente para o outro, o marido pediu dois ovos fritos ao garçom próximo. Passados uns bons minutos o atendente traz o pedido. Examinando os ovos no prato, o homem voltou a chamar educadamente o garçom, mostrando a ele que a encomenda não tinha sido feita de acordo com o pedido. O garçom, um homem corpulento e com cara de poucos amigos, simplesmente enfiou o dedo indicador na gema dos ovos, agitou bem, e disse, em tom ríspido, que os ovos estavam de acordo. Depois depositou o prato sobre a mesa, virou as costas para o casal e se retirou de cena.

Incapaz de entender, num primeiro instante, o que havia se passado, o homem, um senhor na faixa de seus oitenta anos, talvez envergonhado com aquela situação inusitada, humilhado diante da companheira de décadas, olhava desolado e indignado através dela, incapaz pela idade avançada, de tomar quaisquer outras providências. Seguiu-se um longo silêncio e uma certeza de que os festejos das bodas de casamento tinham sofrido um abalo definitivo vindo da selva em que o mundo parece ter se transformado.

O desprezo e os maus tratos aos idosos são fenômenos que vêm ocorrendo não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Cada vez mais frequentes, os episódios e os relatos desses fatos tristes, mostram que a civilização, conforme entendemos o termo, vai, paradoxalmente, “involuindo”, adquirindo características primitivas e o que é pior, mais violenta e desumana.

O fato é que envelhecer num mundo cada vez mais hostil é uma tarefa árdua e perigosa. Em 2060, segundo projeções feitas pelo IBGE, o país terá mais de um quarto da população com mais de 65 anos. Com isso, é possível que o Brasil ultrapasse outros países em número de idosos, o que, em si, é mais um dado a ser levado em conta, quando se sabe que não estamos, de forma alguma, preparados para essa nova realidade.

Também dados fornecidos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que nosso país, que é hoje o sétimo mais jovem desse grupo, passará a figurar, até 2050, como a nação com maior número de idosos. O número de idosos no Brasil vem aumentando muito mais rapidamente que em outros países. Especialistas dizem que o processo de envelhecimento dos países centrais demorou séculos. No nosso caso, esse fenômeno vem acontecendo no espaço de poucas décadas. Com isso, está passando da hora de o país implementar políticas verdadeiramente eficazes para preparar o terreno para uma nova realidade que já bate à porta.

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres.”

Sêneca

Foto: reprodução da internet (tecnosenior.com)

 

Lamentável

Professora Emília Stenzil e o professor Galbinski criaram o curso de Arquitetura da UniCeub. Rompendo a diretriz educacional instaurada, parte do Núcleo Docente Estruturante, que desenhava os projetos educacionais há quase duas décadas para a universidade, foi dispensada. Perdem os alunos.

Foto: uniceub.br

 

Raridade

Senador Lasier Martins está bem de popularidade. Basta dizer que ele estava em um avião comercial dando uma entrevista para a JovemPan por um tempo considerável. Não foi abordado pela população com xingamentos ou desaforos. Fez o voo com absoluta tranquilidade.

Foto: senado.leg.br

 

Pioneiro

O professor Altair Sales Barbosa foi o primeiro a usar o termo racismo ambiental. Isso porque gente do agronegócio, que desconhece a importância do cerrado, não faz cerimônia em juntar dois tratores com correntes para colocar abaixo todas as árvores contorcidas.

Tirinha do cartunista Evandro Alves.

 

Exame de consciência

Na clínica Villas Boas, a televisão estava ligada e uma paciente comentou enquanto ouvia a notícia do desdobramento da operação Radioatividade: Por que será que eu sinto tanta vergonha quando vejo isso? E eu não fiz nada! Talvez algum psicanalista, psicólogo, jurista ou delegado possa responder.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As chuvas estão aí, e não se vê ninguém plantando um pé de grama. Está havendo uma inversão na ordem das coisas, desde que o sr. Jânio Quadros foi eleito presidente da República: na seca, planta-se grama; nas chuvas, faz-se asfalto… (Publicado em 15.11.1961)