Voar é para quem possui couro grosso

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Geral

 

        São flagrantes as mudanças ocorridas nos aeroportos de todo o mundo depois dos atentados terroristas contra as Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova Iorque, ocorridas há mais de duas décadas. De lá para cá, os aeroportos, inclusive no Brasil, ganharam um novo modelo de vigilância e controle, passando a ser considerados como zonas de segurança máxima, vigiados 24 horas por dia, tanto por pessoal especializado como por um imenso conjunto de monitoramento eletrônico. Mesmo assim, até hoje, o roubo de 734 kg de ouro no aeroporto de Guarulhos, em julho de 2019, não teve nenhum grama recuperado e ninguém sabe ao certo para onde foi essa carga.

        Para falar em história da aviação aérea e, principalmente, dos aeroportos civis, é preciso antes separar em dois momentos distintos todo esse modelo aeroportuário de operação. Depois de uma série de atentados, perpetrados por extremistas, que deixaram um grande número de vítimas, uma razão maior teria, necessariamente, que provocar uma transformação radical no modo de viajar por aviões.

        O que é flagrante também é observar que toda essa mudança, feita em nome de uma segurança máxima, veio muito em desfavor do passageiro, que passou, até prova em contrário, a ser considerado como viajante e suspeito, sujeito a todo o tipo não só de molestação, como de admoestação por parte do pessoal do aeroporto. Portanto, não são raros os momentos de graves conflitos dentro dos aeroportos e também dentro das aeronaves.

        Praticamente todos os dias, a imprensa noticia problemas envolvendo passageiros contra o pessoal de terra e contra tripulantes. O que parece haver, à primeira vista, é um embate entre a perda irreversível de humanização no tratamento das pessoas, tanto nos aeroportos como no atendimento dentro dos aviões. Não seria exagero afirmar que viajar hoje de avião, principalmente, tanto em voos internos como para o exterior, com ou sem conexões, ao contrário do que acontecia no passado, passou a ser um exercício de grande frustração e de muito stress.

        Há até quem considere um perigo enfrentar essas jornadas. A perda de relações humanizadas, por conta da verdadeira paranoia que tomou conta dos aeroportos, é, sem dúvida alguma, o resultado mais nefasto herdado depois dos atentados de 2001. O mais incrível é que toda essa visível deterioração nas relações entre passageiros e o pessoal de terra e ar parece afetar apenas os primeiros, mantendo-se o pessoal dos aeroportos e das tripulações insensíveis e indiferentes ao que ocorre.

        Não se pode negar que há hoje uma animosidade crescente entre passageiros e os serviços prestados nos aeroportos e dentro dos aviões. A camaradagem e a admiração e o glamour que havia por parte da população em relação aos aeroportuários não mais existe, sendo substituído por uma desconfiança mútua e até um certo antagonismo.

        É preciso lembrar que os atentados atingiram muito mais os passageiros e a população civil do que o pessoal de terra e ar. Não se compreende, pois, que sendo as principais vítimas nos múltiplos atentados, os passageiros, aqui e em todo o mundo, continuam sendo maltratados nos aeroportos e dentro dos aviões, com serviços de qualidade duvidosa, ofertados por preços altíssimos.

        No nosso caso, particularmente, não causa espanto que as concessionárias nacionais que administram os aeroportos do país, e mesmo as empresas aéreas que operam no Brasil, representam hoje setores de nossa economia com os piores índices de aprovação por parte dos consumidores. Voar hoje deixou de ser um prazer para se constituir numa necessidade. A continuar por esse caminho torto, chegará o dia em que os passageiros serão obrigados a serem transportados dentro de malas, sem contato direto com os profissionais da aviação.

 

A frase que foi pronunciada:

No fundo do seu coração, o homem aspira a reencontrar a condição que tinha antes de possuir consciência. A história é meramente um desvio que ele toma para chegar lá.”

E.M.Cioran

 

E.M. Cioran. Foto: reprodução da internet

Desrespeito

Leitora possessa nos envia a foto provando a demora no atendimento para cancelar uma assinatura de revista. Mais de meia hora de espera e o atendente desliga. Já falamos dessa editora por aqui. É tudo bastante grave. Não há atendimento regular ao público e muitas assinaturas são feitas sem a permissão do consumidor. No reclame aqui, são inúmeros os depoimentos.

 

Preservação

Dia 20 de maio foi estabelecido pela Organização das Nações Unidas como o Dia das Abelhas. A importância da abelha para o ecossistema é a polinização. 73% das polinizações de plantas cultivadas são feitas por abelhas. No DF, com a ocupação do cerrado, abelhas têm aparecido em residências e são exterminadas com venenos. Fumaça (e não fumacê) é a melhor maneira de combatê-las. Elas não toleram e procuram outro lugar para viver.

Foto: Alamy (ecodebate.com)

História de Brasília

Nas reformas do recesso parlamentar faltou um detalhe: a pintura do Senado não foi refeita, e está descascando. (Publicada em 17.02.1962)