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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Projetado dois anos antes da inauguração de Brasília, pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o Teatro Nacional Claudio Santoro (TNCS) é, na avaliação daqueles que conhecem outras construções do gênero, espalhadas por outros países, o mais belo e arrojado palco para produções culturais de todo o planeta, comparável em estética apenas ao Teatro da Grécia Antiga.
Infelizmente, como tudo que diz respeito à cultura nesse país, o TNCS permanece fechado e abandonado há mais de meia década e sem perspectiva, por enquanto, de vir a ser reaberto num futuro próximo, apesar da promessa do governador Ibaneis Rocha de adiantar as obras para devolver o teatro à cidade no 60º Aniversário de Brasília. O lugar, pouco a pouco vai sendo consumido pelo descaso e abandono, sendo ocupado internamente como uma espécie de depósito para o material, móveis e todo o tipo de quinquilharia do GDF. Com isso, todo o equipamento técnico, que torna possível o funcionamento de um teatro desse porte, se encontra também deteriorado pelo tempo. Fiação elétrica, instalações hidráulicas e mecânicas que auxiliam a dinâmica de palco também se encontram em estado de danificação avançada.
O passar do tempo e a ausência de manutenções básicas e permanentes, que garantam a preservação dos equipamentos, cuidam para tornar praticamente inviável sua posterior utilização. Desde que foi fechado por recomendação dos bombeiros em 2014, por questões de segurança e de acessibilidade, o teatro foi deixado de lado. Com a localização, perto da Rodoviária do Plano Piloto, outro ponto da capital deixado à própria sorte, vem servindo como abrigo e esconderijo de marginais que perambulam por aquela região à noite.
O mais absurdo é que, durante esse longo período de abandono de nosso mais icônico ponto de cultura, bilhões de reais do contribuinte brasiliense foram desperdiçados em outras obras gigantescas e totalmente desnecessárias à cidade, como é o caso do Estádio Mané Garrincha e do novo Centro Administrativo do GDF em Taguatinga, conhecido como Buritinga. Trata-se aí de dois legítimos elefantes brancos que só têm gerado despesas e processos nos tribunais por conta de sobrepreços e outras ações classificadas pela justiça como atos indiscutíveis de corrupção e malversação de dinheiro público.
A permanência por tanto tempo dessa situação de abandono e descaso, não apenas com esse teatro, mas também com o Museu de Arte Moderna, depõe diretamente contra os administradores da cidade, tornando visível ainda o pouco reconhecimento dessas autoridades, no presente e no passado recente, da importância da cultura para a formação do caráter e da cidadania de um povo. A preferência dessas autoridades por construções chamativas como pontes e viadutos, em detrimento dos aparelhos de cultura, indica, antes de tudo, que não iremos a lugar nenhum, permaneceremos às voltas com nosso atraso.
A frase que foi pronunciada:
“Alguém tem alguma pergunta para minhas respostas?”
Henry Kissinger, diplomata norte americano
SNE
Quem não baixou o aplicativo SNE está no prejuízo. Com uma plataforma espetacular como são as coisas mais simples, o motorista recebe vantagens bem atrativas no ato do pagamento de multas do DER. Trata-se de uma raridade em favor do contribuinte.
Cuidados
Síndrome do pé, mão e boca é facilmente adquirida em brinquedotecas, parques e escolas onde haja criança infectada. Apesar de não ser uma doença grave é bastante sofrida. Noutros tempos, lavar as mãos era parte da primeira lição de higiene. Hoje, a famosa “teoria da sujeira” é o que dita o comportamento. Um artigo no Journal of Allergy and Clinical Immunology ressalta que o equilíbrio nos cuidados de higiene e liberdade é necessário.
Triscaidecafobia
Conversa no cafezinho da Câmara concluía que o partido 13 teve 13 anos para mostrar a que veio.
Viver
Com os olhos de águia, dona Conceição Velasco Barrozo, de 93 anos, se diverte soltando pipa. Famosa em Piratininga, onde mora dona Conceição, conquistou o coração dos brasileiros depois que a família postou o vídeo onde ela dizia que ia soltar pipa até cansar, e não ia fazer o almoço. Acompanhe a seguir.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Ninguém pode ter um filho, fazê-lo estudar a vida inteira, formar-se em medicina, para continuar às custas do pai, porque sua profissão é um sacerdócio. Está errado. Trabalho profissional tem que ser pago, e para ser valorizado, bem pago. E não é outra coisa, o que fazem os deputados. (Publicado em 25/11/1961)
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Uma das múltiplas consequências da corrupção, e talvez a mais deletéria, é que seus efeitos nocivos se prolongam por anos, causando mais estragos à medida em que as Cortes não conseguem, em tempo hábil, pôr um ponto final nesses processos, devido não apenas a morosidade da justiça e a possibilidade infinita de medidas recursais, mas, sobretudo, em razão do poder econômico que geralmente possuem os indivíduos e empresas envolvidos nesses casos.
Essa é a realidade da maioria dos casos envolvendo grandes somas de dinheiro, normalmente provenientes dos cofres públicos, ou seja: recursos dos cidadãos. Todos os brasileiros vêm acompanhando com atenção os enormes esforços feitos, por exemplo, pela força tarefa do Ministério Público de Curitiba, onde estão os volumosos processos da Operação lava Jato em processar e reaver essa fábula de dinheiro que foi roubada dos cofres da União e sua luta contra um exército dos mais caros advogados do país, contra a oposição política e contra a velha ordem que sempre controlou o Brasil, como uma propriedade particular. É graças à luta desses pequenos e solitários Dom Quixotes, que os moinhos da corrupção vêm sendo postos a baixo, para o gáudio da população que passou a enxergar, nesses cavaleiros, talvez a última esperança de reconstruir um país justo e igualitário.
Aqui mesmo em Brasília, em decorrência direta da chamada maioridade política, empresários e políticos locais uniram esforços para copiar esse modelo criminoso que grassava pelo país, introduzindo na capital o fenômeno da corrupção em larga escala. Exemplo material dessa sanha pode ser visualizado nas duas maiores obras erguidas na cidade: o Estádio Nacional Mané Garrincha e o Centro Administrativo – Centrad, em Taguatinga. O primeiro, orçado inicialmente em R$ 6,9 milhões, custaria aos contribuintes, quando concluso, R$ 1,9 bilhão, dos quais mais de R$ 600 milhões foram apontados como superfaturamento, pagamento de propina e outros desvios, sendo então o mais caro estádio da Copa de 2014 e um dos mais caros do planeta. De quebra, deixou uma despesa mensal de R$ 2,2 milhões mensais somente na conta de água, fora outras despesas como luz e conservação. Isso, numa cidade sem tradição ou times de ponta no futebol. Foi preciso implorar para que os empresários assumissem o comando do elefante branco de concreto armado. O mesmo se sucedeu com o Centrad, que custou mais de R$ 1 bilhão dos contribuintes e cujo o valor global da Parceria Público-Privada (PPP) foi estimado em R$ 6 bilhões, dividido em parcelas mensais de R$ 12,6 milhões ao longo de 22 anos.
Entregue em 2014, a obra mastodôntica ainda está vazia e necessita de diversos ajustamentos junto à justiça para ser entregue ao GDF. Também nessa obra gigantesca, espalhada por 180 metros quadrados, o Ministério Público detectou o pagamento de propinas e outras vantagens indevidas a políticos, empresários e a legendas partidárias locais tanto pela notória Odebrecht como através da Via Engenharia. Mesmo fechada, essa obra produz custos mensais não informados ao contribuinte, o que deve perdurar, já que está emaranhada em mais de 60 processos que correm na justiça em diversas instâncias.
Obviamente que os responsáveis diretos por essas duas obras esperam, com a ajuda da banca milionária de advogados e com a morosidade da justiça, que esses crimes prescrevam e que a conta seja paga em sua integralidade pelos brasilienses.
A frase que não foi pronunciada:
“Mas por que está todo mundo chorando? Não temos um estádio em Brasília agora?”
Mané Garrincha, pueril, sem tomar conhecimento das planilhas contábeis.
Reconhecimento
Comemoração na Secretaria de Educação, sob a batuta de Rafael Parente, que está perto de ter na nova escola da 912 Sul uma referência no ensino inclusivo. Voltada para surdos, as matrículas deverão atender pelo menos 1.000 alunos, que terão a oportunidade de despontar graças aos estímulos no esporte e na interação social.
Lá e cá
Elogiando Jô Soares, Alex, que era o garçom do programa, está no Chile ganhando a vida como guia turístico. Morando numa habitação bastante modesta, agradece ao ex-chefe por ter mostrado um outro lado da vida. Já o Jô tem enfrentado problemas de saúde.
Novidade
Nomes aprovados ontem por comissões do Senado: Sílvio Roberto Oliveira de Amorim Júnior, indicado pela Procuradoria Geral da República para o Conselho Nacional do Ministério Público; Fernanda Marinela de Sousa Santos, indicada pela OAB para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP); Sandra Krieger Gonçalves, indicada pela OAB para o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e Josué Alfredo Pellegrini para o cargo de diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI). Essa indicação ainda passará pelo Plenário.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O leite nos supermercados está custando 30 cruzeiros. Nos mercadinhos da W-4 estão cobrando 45. É roubo. (Publicado em 24/11/1961)
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Fôssemos somar os prejuízos causados aos contribuintes brasilienses pelas construções dos mastodônticos Estádio Mané Garrincha e pelo Centro Administrativo (Centrad), o resultado mostraria um número surpreendente, até mesmos para os padrões da capital.
Ao todo, o erguimento desses dois legítimos elefantes brancos consumiu perto de R$ 3 bilhões dos cofres públicos. Não admira que obras tão suntuosas e caras, construídas pelos mesmos consórcios que aparecem nos episódios da Lava Jato, tenham gerado por aqui também seus próprios escândalos, levando empresários e parte da elite política local as barras dos tribunais.
O Estádio Mané Garrincha, em razões desses dribles fantásticos que só nossos políticos são capazes de aplicar contra a ética e a coisa pública, passou a ser apontado como uma das mais caras arenas do planeta. Isso numa capital onde os times e os jogos da liga profissional em nada se diferem das equipes amadoras de várzea.
A dinheirama desperdiçada nessas duas empreitadas inúteis daria para construir e equipar uma boa quantidade não apenas de hospitais e postos de saúde, mas de escolas públicas e de creches e ainda sobrariam recursos para uma infinidade de obras de real interesse aos donos do dinheiro, a população. Para os cidadãos, o que fica como lição desses recentes e amargos prejuízos é a certeza de que a falta de planejamento, quando aliada a malversação dos recursos públicos só podem gerar rombos e escândalos, além de deixar, como herança, monstrengos que continuam a sugar o dinheiro do contribuinte para sua manutenção.
Visto de maneira clara, o simples enxugamento da máquina administrativa do Distrito Federal, com redução de secretarias, de pessoal, além da modernização nas formas de trabalho, com a adoção do teletrabalho, permitiria, tranquilamente, a acomodação de todo o pessoal nos espaços já existentes, sem a necessidade de alugar ou construir repartições extras.
Por outro lado, o advento dos computadores associados a rede mundial da Internet, ao instituir em todo o mundo o chamado “não lugar”, isso é, tornando desnecessário a presença física em determinado ponto geográfico para a execução de determinadas funções, deixou, bem clara a possibilidade do trabalho em qualquer outro espaço, inclusive na própria residência.
Com a racionalização na prestação dos serviços públicos, recursos preciosos seriam economizados para serem aplicados onde é mais necessário. Não é com a ocupação tardia do Centrad, numa área remota e distante do Plano Piloto e onde já se observam sérios problemas viários, que o governo local irá emprestar melhor qualidade às finanças públicas da capital. Ainda mais quando se sabe que essas mesmas instalações não possuem o mobiliário necessário e já reclamam por novas reformas.
Melhor faria o GDF, se transformasse essa obra numa universidade voltada para a formação de administradores públicos de excelência. Quem sabe assim, sairiam dessa faculdade técnicos capacitados a administrar corretamente os recursos da população, sem aventuras políticas e, sobretudo, com muito planejamento e estudos prévios. Afinal, o dinheiro do contribuinte é sagrado e escasso.
A frase que foi pronunciada:
“Uma coletânea de pensamentos é uma farmácia moral onde se encontram remédios para todos os males”.
Voltaire, o iluminista
Levantando a bola
Na terra da senadora Leila do vôlei, a campeã Paula Pequeno tem três escolinhas do esporte. No colégio JK, da 413 norte, no Rogacionista, do Guará II e no Colégio Projeção, de Taguatinga Norte.
Flamengo
Pela verba do Flamengo, não haveria necessidade de pechinchar indenização para as famílias dos garotos mortos pela negligência dos responsáveis pelo time. Não pagar para ver. Isso sim é que os brasileiros deveriam fazer para punir os responsáveis. Nada de jogo. Chega.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
E há mais: há granjas onde o repolho está sendo dado aos porcos, por falta de compradores. Enquanto isto, os preços são altíssimos. Estão criando a indústria do atravessador em Brasília, para dar ao nosso abastecimento, os mesmos vícios do Rio e São Paulo. (Publicado em 14.11.1961)
Onde estava o tribunal do público para esses desvios? Não vi.
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Chama a atenção a notícia dando conta de que o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) autorizou a continuidade do processo licitatório para a gestão privada do agora chamado Arenaplex, que inclui além do Estádio Nacional Mané Garrincha, do Ginásio Nilson Nelson e todo o Complexo Aquático Cláudio Coutinho. Quem toma conhecimento dessa notícia, de forma displicente ou pela primeira vez, pode não enxergar nessa medida maiores problemas, afinal trata-se de delegar, à iniciativa privada, a administração de grandes estruturas, sobretudo o Mané Garrincha, que há anos vem dando prejuízos ao contribuinte.
A questão aqui, e que passa desapercebida por muitos, é durante todo o tempo em que se deu a construção do gigantesco Estádio Mané Garrincha, para receber uns poucos jogos do mundial de futebol da FIFA de 2014, e que naquela ocasião foi considerado uma das mais caras arenas do planeta, em nenhum momento o referido Tribunal, cujo os “conselheiros” possuem cargo vitalício e, portanto, acompanharam todo o processo, estranharam os custos do erguimento de um tamanho elefante branco.
Com isso, permitiram aos diretamente envolvidos nesse escândalo, talvez o maior de toda a curta história da capital, prosseguir livremente nessa empreitada, apontada, aqui mesmo nesse espaço, como algo flagrantemente eivado de suspeitas. A condenação pela justiça dos envolvidos nessa mega construção provou que as suspeitas, desde o início, eram fundamentadas.
O que soa até como zombaria é que, no voto em que liberou a entrega desse monstrengo para o processo licitatório, Paulo Tadeu, indicado para o TCDF pelo petista Agnelo Queiroz, então governador do Distrito Federal, se diz “sensibilizado” com os altos custos de operação e manutenção do complexo esportivo Mané Garrincha.
“Acolho, diz no voto, a sugestão da própria Terracap no sentido de, por meio de ajustes periódicos e contínua fiscalização, viabilizar um modelo de gestão capaz de atender ao interesse público nessa difícil conjuntura econômica em que o país se encontra”. O que seria capaz de atender, de forma incontestável, o interesse público, seria o Tribunal de Contas ter impedido, naquela ocasião, a construção de uma arena desse porte, com estes custos feitos, hoje se sabe, exclusivamente, para desviar recursos públicos, durante o triste e sombrio período dos governos petistas.
A “difícil conjuntura econômica em que o país se encontra”, conforme consta no voto desse conselheiro, é o resultado da ação predatória e trágica de treze anos de antigos correligionários desse conselheiro no comando do país. Com isso, vai ficando mais do que evidente e necessário prosseguir com o movimento, iniciado em 2017, de reforma nos tribunais de contas. Não para acabar com essas cortes, mas para reformá-las, para que situações surreais como essas não voltem a acontecer, nunca mais. A questão central aqui, e para usar uma língua corrente nesse meio é: “Ubi erat atrium auditorum illis deviationibus competentia non vidistis.”
A frase que foi pronunciada:
“Cuidado com a fúria de um homem paciente.”
John Dryden, poeta, crítico literário e dramaturgo inglês (1631/1700)
Em 2015
Dar uma passeada por jornais antigos nos remete sempre ao caminho oposto numa esteira. Andamos por anos, mas não saímos do lugar. Foi o então senador Raimundo Lira quem garantiu. As próximas eleições teriam voto impresso. Saiu uma nano reforma política e as desculpas mais esfarrapadas do país para evitar o voto impresso: “Não há verba”, o “voto impresso atinge o sigilo do voto” e a pior de todas: “Não é livre para votar quem pode ser chamado a prestar contas do seu voto, e o cidadão não deve nada a ninguém, a não ser a sua própria consciência”. Há verba, ninguém vai levar o voto para casa e será impossível chamar o eleitor para explicar a escolha feita na urna. Absurdos que a população deixa passar.
Muito estranho
Falando em assédio moral, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados, Vicente Almeida, do Sinpaf (Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário) denunciou que, na Embrapa, o assédio é institucionalizado. Três assuntos não saem pela boca de funcionários da Empresa: agrotóxicos, transgênicos e Código Florestal.
Ainda
Mais participação das mulheres na política. Essa é a estampa. Na realidade, os homens até hoje ditam as regras.
Atual
Fayga Ostrower, artista com quadros em vários órgãos públicos no Brasil, dá uma lição de sabedoria dizendo: “Os acasos acontecem em estranhas coincidências. Eles nos acenam. E nós já sabemos do que se trata: uma nova compreensão de coisas que no fundo sempre existiram em nós.”
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Doutor Laranja, aqui está um caso para o seu Departamento de Agricultura: as granjas que estão produzindo, verduras, estão vendendo aos locatários dos mercadinhos da W-4, uma caixa de tomate por 120 ou 150 cruzeiros. (Publicado em 14.11.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
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Qualquer que seja o destino dado ao Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, uma coisa é certa: os contribuintes brasilienses permanecerão como os maiores prejudicados dessa aventura. Os prejuízos causados à população de Brasília na construção escandalosamente superfaturada desse Estádio, jamais serão devidamente reparados, assim como não haverá benefício algum para a sociedade de sua transferência, decidida agora de forma eleitoreira e rápida, para a iniciativa privada.
De fato, o que resultou desses recursos aplicados de forma acintosa foi a edificação de um verdadeiro elefante branco, transformado à vista de todos, no mais acabado exemplo de gestão criminosa dos recursos públicos, de toda a história da capital. Como uma espécie de pau que nasce torto, o Estádio foi concebido com um propósito específico de carrear lucros escusos e vultosos para a mesma turma de políticos locais que há décadas vêm flagelando a cidade. Espantoso que esse portento ao nada, tenha seu destino acertado muito antes da justiça se pronunciar sobre as consequências penais que poderão advir sobre os responsáveis por essa obra.
Em meio ao tumulto das eleições mais bizarras de todos os tempos, os deputados distritais foram atraídos de volta ao plenário da Câmara para votar a flexibilização da chamada ArenaPlex, pela primeira vez, desde o fim do recesso, graças a possibilidade aberta de mudanças de emendas parlamentares para destinação de recursos para outras áreas diferentes dos originais. Não fosse esse chamariz, seguramente não haveria quórum algum até finais de outubro.
Com a aprovação legislativa da flexibilização da chamada ArenaPlex, que engloba, além do Estádio, o Ginásio Nilson Nelson e o Complexo Aquático Cláudio Coutinho, mais de 700 mil metros quadrados de área, valiosíssima e encravada bem no centro da capital, serão repassadas a agentes da iniciativa privada, que poderão empreender alterações no parcelamento desses terrenos, inclusive com aumento do potencial construtivo. Com isso, uma área que originalmente era destinada ao esporte e ao lazer público será modificada para receber um complexo de entretenimento, com restaurantes, lojas, cinema e academias, exploradas de forma privada, onde a população de baixa renda, certamente será excluída.
Deputados do PT não perderam a oportunidade de condicionar a aprovação dessa flexibilização à concessão, não onerosa, do imenso estacionamento do local para servir de garagem para os ônibus interestaduais que ali aportam para descarregar manifestantes, os chamados mortadelas e outros mercenários e figurantes da pantomima política.
A frase que foi pronunciada:
“Se começássemos a dizer claramente que a democracia é uma piada, um engano, uma fachada, uma falácia e uma mentira, talvez pudéssemos nos entender melhor.”
José Saramago
Instalações
Ainda sobre o trágico incêndio ocorrido no Museu Nacional do Rio, vale destacar as falas do ministro da cultura, Sá leitão, e de outras autoridades, buscando justificativas incidentais para o triste ocorrido. Na avaliação de suas Exmas., um curto circuito
Outros tempos
Incrivelmente, vale destacar que durante aproximadamente 100 anos esse edifício foi iluminado por velas, candeeiros, lamparinas e outros apetrechos que utilizavam diretamente o fogo como elemento para debelar a escuridão. Além disso, a cozinha e alguns aposentos também utilizavam diretamente o fogo, na elaboração de alimentos e no aquecimento dos ambientes.
Manutenção
Para um edifício dessa magnitude, construído basicamente com madeira de lei em 1803, é de se admirar que durante quase um século nenhum incêndio tenha ocorrido naquele prédio, provocado pela falta de manutenção.
Abandono
A energia elétrica e o uso de lâmpadas só apareceriam por essas bandas nos fins do século XIX. Esse pequeno detalhe demonstra, na prática, que o incêndio foi obra sobretudo da negligência.
No mínimo
Espanta que um museu com tamanho acervo não possuísse uma simples equipe treinada e permanentemente de plantão para combate a incêndios e outros acidentes. Fosse num país sério, todo o pessoal ligado direta ou indiretamente a esse museu deveria pedir demissão, incluindo o próprio ministro.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O sr. Afrânio de Oliveira, falando na Câmara, em aparte, disse que o sr. Oscar Pedroso Horta foi o correio do sr. Jânio Quadros. (Publicado em 28.10.1961)