Desinteresse geral

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: Bello
Charge: Bello

        Pesquisas feitas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pela ONG Todos pela Educação, em tempo e lugares diferentes, usando também métodos diferentes, chegaram ao mesmo resultado: apenas uma pequeníssima minoria dos professores, tanto das escolas da América Latina como das escolas brasileiras, recomendam a profissão para seus alunos ou filhos.

        O primeiro estudo, intitulado “Profissão Professor na América Latina – Por que a docência perdeu prestígio e como recuperá-lo?” mostrou ainda que apenas 5% dos indivíduos com menos de 15 anos desejariam seguir a carreira do magistério. Mesmo em países onde a educação da população é levada a sério esse índice não ultrapassa os 25%.

         Um dado comum às duas pesquisas indica que os baixos salários continuam sendo o principal motivo para esse desinteresse geral. No Brasil, como no restante do continente, os salários dos professores seguem praticamente no mesmo patamar há décadas e, não raro, não acompanham a média salarial de outras categorias com o mesmo nível de formação.

         São dados que apresentam um sério risco para todo e qualquer programa de educação, seja no Brasil ou mesmo na América Latina, e ameaçam seriamente o futuro de imensas legiões de jovens, se algo não for feito com urgência. Na maioria dos casos, a remuneração dos profissionais de ensino chega a ser menos da metade de outras categorias no mesmo nível.

Charge: Duke
Charge: Duke

         Quando se atinge uma situação onde os próprios mestres, juntamente com os novos alunos, chegam a conclusão que seguir em frente com essa carreira é um erro e uma perda de tempo, é porque a profissão do magistério parece já ter atingido o patamar de uma ocupação em fraco desaparecimento. No caso da pesquisa mostrada pela ONG Todos pela Educação, o índice de professores que não indicariam a profissão para seus alunos ou para seus filhos é de 49%. Esse índice se eleva à medida que os professores possuem mais anos atuando no magistério. Quanto mais se entregam ao magistério, mais os profissionais em educação reconhecem o tempo perdido com uma profissão que não é valorizada, nem pelo governo e pelas secretarias de educação, nem mesmo pelas famílias dos alunos. No ensino médio, onde estão os alunos na fase da adolescência e com maiores problemas de comportamento, trazidos de casa e do meio onde vivem, a maioria dos docentes confessa arrependimento com a escolha dessa profissão.

      Nessa etapa, contribui para o desinteresse os correntes casos de violência contra os professores. Nessa fase também é comum verificar casos de estresse e de doenças do sistema nervoso adquiridos por esses profissionais e onde estão os maiores casos também de pedidos de afastamento.

       A realidade obriga os professores, como orientadores que são, a dizer a verdade aos seus alunos. Nesse caso, recomendam a todos que não sigam com a ideia de vir a se tornarem professores, para que não tenham que enfrentar os mesmos problemas de seus mestres. Salários baixos, violência, descaso das autoridades e as péssimas condições da maioria das escolas, tanto no Brasil como no continente, parecem decretar o fim dessa profissão e o futuro da própria América Latina.

A frase que foi pronunciada:

“O objetivo da educação é substituir uma mente vazia por uma mente aberta.” (Malcolm Forbes)

Tirinha: Mafalda (Quino)
Tirinha: Quino

UnB

A Universidade de Brasília planejou para esse ano mais de 300 câmeras nos estacionamentos do campus. Os furtos a carros não estão controlados. A promessa também tratava de mais duzentos vigilantes de empresas privadas, outra centena do quadro efetivo e uma reorganização dos porteiros e pontos para a presença de segurança.  Drones também estão no orçamento e os estudantes desenvolveram um aplicativo que conta com a comunidade universitária para apontar locais vulneráveis a furtos, assaltos e estupros.

Foto: Emília Silberstein/ Agência UnB
Foto: Emília Silberstein/ Agência UnB

Alambrado da barragem

Reforçado o alambrado destruído na barragem do Paranoá. Ainda parece frágil para segurar carro desgovernado, mas está bem melhor que antes.

União

Brasília passa por uma transformação cíclica. No início da capital, todos os moradores se cumprimentavam, eram verdadeiros solidários. Depois, os brasilienses passaram a reclamar que nos elevadores ou na rua ninguém dá um simples bom dia. Graças à violência imposta à cidade, moradores de casas e apartamentos começam a se unir por aplicativos para trocar informações sobre gente suspeita na redondeza. Parece que a camaradagem está voltando.

Agradecimentos

Mais uma vez, agradecemos o carinho de todos os presentes no cemitério, as cartas, e-mails, telefonemas e manifestações sinceras sobre a convivência com o querido Ari Cunha. A gratidão da família Cunha a todos.

Charge:
Charge: Kleber.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Não repercutiu no Congresso nem na opinião pública a atitude de Nicolino Gozador do grupo (pequeno) comandado pelo sr. Adauto Lúcio Cardoso, mudando a capital cada seis meses para o Rio e para Brasília. (Publicado em 26.10.1961)

Crise sistêmica e aguda

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: Oliveira
Charge: Oliveira

      Exemplos históricos, vindos de todos os tempos e lugares, ensinam que em épocas de crises as soluções requeridas por muitas civilizações sempre foram alcançadas com mais objetividade quando buscadas junto àqueles membros da sociedade mais vividos e, portanto, mais esclarecidos e experientes.

          Dos conselhos desses sábios, muita dor e aflição foram evitadas, poupando vidas e mesmo o desaparecimento de reinos inteiros. Sem esse recurso, presente até nos clãs mais primitivos, a cada crise os homens retornariam no tempo, na tentativa vã de reinventar a roda.

         No caso da crise que vem assolando o país, a mais longa e profunda de toda a sua história, a situação não é muito diferente. O que varia, em nosso caso, é que essa orientação, além de urgente e necessária, precisaria vir não apenas daqueles brasileiros mais experientes e esclarecidos, mas, sobretudo, partir daqueles indivíduos sobre os quais não pairam nenhuma mácula ética.

         Para uma República, cuja a elite dirigente foi contaminada, de cima a baixo por um festival de escândalos e crimes sem precedentes, recorrer ao aconselhamento das poucas reservas morais que ainda nos resta torna-se, hoje, caso de vida ou morte, para a República e para seus cidadãos de bem.

Charge: casadoadvogado.com.br
Charge: casadoadvogado.com.br

          Dessas figuras de proa e que há muito vêm peregrinando numa cruzada solitária em favor de um Brasil mais ético e ajustado às vontades de seu povo, destaca-se a do jurista e ex-professor da Universidade de São Paulo, Modesto Carvalhosa.

            Com 86 anos, autor de vasta obra literária, publicou recentemente o livro “Da Cleptocracia para a Democracia em 2019” um projeto de Governo e de Estado. Na sua avaliação, a atual crise, iniciada com as manifestações de rua em 2013 e ainda em continuidade, além de ser a mais longa de todas na nossa história, com cinco anos de duração, carrega em si um elemento global por abranger os aspectos sociais, econômicos, morais, e mesmo o aspecto da estrutura do Estado. Soma-se a isso o fato dessa crise afetar ainda as relações sociais, opondo brasileiro contra brasileiro, dividindo o país agudamente e conduzindo-o a um mar de incertezas.

          Outro fatore negativo e grave, gerado por essa tormenta, e que parece atingir as democracias pelo mundo afora, é a crise de representação. Nesse sentido, as redes sociais geraram milhões de players que não aceitam mais o antigo sistema de representação Weberiano em que as pessoas delegavam suas vontades à uma elite letrada e com mais capacidade de argumentação.

       Dessa forma, não só o sistema de representação está obsoleto como também o papel dos próprios partidos políticos. A opinião da população em toda a parte não quer mais ser representada nos moldes antigos, mas atuar na forma dos plebiscitos periódicos, referendos, abaixo-assinados, inclusive subscrevendo leis e outras medidas de interesse popular.

          No Brasil, segundo dizem, onde não existe uma verdadeira democracia, já que todo o poder não emana do povo, e sim, dos partidos que ditam o Poder, a questão é mais profunda. Para o jurista Cavalhosa, os partidos que aí estão e os candidatos, em particular, não possuem a noção de que o mundo mudou e com ele a própria sociedade. Não se trata, como muitos devem supor, de uma democracia direta, como pregada pelo anarquismo romântico, mas uma democracia, que, ao seu ver, deve ser balizada dentro dos princípios de uma nova Constituição.

        Além disso, o jurista prega a necessidade de um recall para aqueles políticos que não correspondessem a vontade expressa de seus eleitores. Nesse caso, o melhor sistema, em sua avaliação, é o distrital puro, em que os candidatos estão ligados diretamente aos seus eleitores e a seu distrito.

         Para começar a mudança em todo o sistema, o jurista prega uma espécie de “voto faxina” para trazer à República novos políticos compromissados com o país. Não reeleger ninguém. O ponto alto do pensamento de Carvalhosa é o retorno das Câmaras de vereadores municipais, que passariam a ser ocupadas por legítimos representantes da sociedade. Sem remuneração, sem gastos para os cidadãos locais e sem vinculação partidária, independentes. Os municípios, em seu dizer, necessitam é de serviços, de água, esgoto, educação, creches, ambulatórios e não de disputas partidárias tolas.

A frase que foi pronunciada:

“Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas.”

Benjamin Disraeli

Charge: Lute Cartunista
Charge: Lute Cartunista

Começou ontem o programa

Foi a Camila quem ligou para o telefone do trabalho da leitora para fazer propaganda de linha de crédito do Santander. Tratava-se de uma parceria com a American Airlines. O telefone mostrado no Identificador de chamadas era o (48)3031-9655.

Imagem: passageirodeprimeira.com
Imagem: passageirodeprimeira.com

Chega

Fica a dica: Para o celular, o aplicativo Truecaller é o inverso do telemarketing. Tem uma lista de todas as empresas que aborrecem os consumidores com ligações desagradáveis, já que a Anatel nada faz.

Imagem: thehackernews.com
Imagem: thehackernews.com

GP Santa Maria

Hugo Gutemberg, da Administração de Santa Maria, anuncia. Dia 12 de agosto, Dia dos Pais, no Quadradão Cultural do Setor Central, a partir das 10h da manhã, uma corrida de Kart será um super programa para pais e filhos. Os corredores são amadores. Quem tiver experiência pode se inscrever com o Guinho, organizador do evento pelo número 99211-2026.

Cartaz: facebook.com/SantamarianoticiasDf
Cartaz: facebook.com/SantamarianoticiasDf

Novos ares

Em cem anos, quase tudo mudou. A moda, os carros, a tecnologia. Infelizmente, as salas de aula continuam as mesmas. Quadro, mesas e cadeiras, professor expondo novo conteúdo. José Pacheco, da Escola da Ponte de Portugal, é referência mundial da nova pedagogia. O GDF encampou a ideia e a Escola Classe da 115 Norte é um começo.

Indecência

Por falar nisso, uma pesquisa interessante sobre docência no Brasil. O Ibope Inteligência e a rede Conhecimento Social compilaram os seguintes resultados das entrevistas: a escolha da profissão de professor foi feita por afinidade com o trabalho em 78% dos entrevistados. Dos 2.160 profissionais da educação básica da rede pública estadual e municipal, 33% responderam que estão totalmente insatisfeitos com a escolha e 21% completamente satisfeitos.

Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O dia de ontem foi de mau humor para o carioca. O calor esteve horrível, e chegou dos Estados Unidos o governador Carlos Lacerda. (Publicado em 26.10.1961)