E o resto joga com habilidade

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Sophia de Mello Breyner Andresen. Foto: Divulgação

 

         Em abril do próximo ano, Portugal estará comemorando meio século da Revolução dos Cravos. Trata-se de uma data da maior significância para aquele pequeno, mas laborioso, país do outro lado do oceano. A partir daquela data, terminava a longa ditadura de Salazar, que, desde 1926, mantivera Portugal apartado do resto da Europa, como um velho e esquecido país, naquela esquina do continente, deixado à própria sorte, desde o fim da Segunda Grande Guerra.

          Mais importante do que o fim de uma das últimas ditaduras ainda resistentes da Europa, a Revolução dos Cravos abriu caminho para a inserção lenta e definitiva de Portugal ao resto do continente. Isso durante a longa noite em que o regime salazarista controlou o país, que parecia mergulhado numa espécie de sono ou transe profundo, alheio ao que se passava ao redor do mundo e mesmo indiferente ao destino do continente, que sempre o havia empurrado e espremido contra o mar.

         Somente aqueles que lá viveram nesse período podiam sentir os tremores provocados por um vulcão que, a qualquer momento, ameaçava explodir com tudo. Havia, onde o pensamento trabalha, um surdo protesto que logo passou a ganhar fôlego entre artistas e os mais letrados. A música e poesia eram as artes que mais se engajavam num movimento que buscava sacudir a poeira antiga, acabando com as perseguições às oposições e a todos aqueles que discordavam do velho sistema.

         Impossível mencionar aqui todo ou mesmo parte do imenso e poderoso repertório artístico em música e poesia, produzidos naquele período, e que inspiravam a todos a buscarem uma saída para o longo fechamento político de Portugal e sua exclusão do mundo moderno. A censura do Estado Novo não se envergonhava de confiscar obras, livros e quaisquer trabalhos artísticos que contivessem críticas ao governo. Também não se fazia titubeante na hora de prender e mesmo calar os artistas.

         No fundo e mesmo inconscientemente, o governo antevia, como um mau augúrio, que seria por obra e graça às ações de poetas e músicos, e não das armas, que viriam as forças capazes de apear-lhe do poder. A força da palavra. Dentre os muitos artistas que combateram o bom combate contra a ditadura, merece destaque aqui, como representante dessa tropa lírica, a obra magnífica de Sophia de Mello Breyner Andersen (1919-2004). Como membro ativo da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos, Sophia, já nos anos quarenta, escreveria o poema “Com fúria e raiva”: “Com fúria e raiva acuso o demagogo / E o seu capitalismo das palavras / […] /Com fúria e raiva acuso o demagogo / Que se promove à sombra da palavra / E da palavra faz poder e jogo / E transforma as palavras em moeda / Como se faz com o trigo e com a terra.” No poema “O Velho Abutre”, a poetisa diz, sem meias palavras: “O velho abutre é sábio e alisa suas penas / A podridão lhe agrada e seus discursos / Têm o dom de tornar as almas mais pequena.”

         Também no poema “Data”, Sophia declara: “Tempo de covardia e tempo de ira / Tempo de mascarada e de mentira / Tempo que mata quem o denuncia / Tempo de escravidão / Tempo dos coniventes sem cadastro / Tempo de silêncio e de mordaça / Tempo onde o sangue não tem rastro, / Tempo de ameaça.”

         No poema “Pranto pelo dia de hoje”, Sophia denunciava o sumiço de pessoas, das mortes que deixavam rastros. “Nunca choraremos bastante quando vemos / Que quem ousa lutar é destruído / Por troças por insídias por venenos / E por outras maneiras que sabemos / Tão sábias tão subtis e tão peritas / Que nem podem sequer ser bem descritas.”

         Mesmo diante da torpeza daquela realidade e da dificuldade imensa em traduzir e conciliar a beleza lírica com os dias trevosos que assistia, a poetisa não se detinha. No poema “Nesta hora”, ela acusava: “Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda / Mesmo àquela hora que é impopular neste dia em que se invoca o povo / Pois é preciso que o povo regresse de seu exílio / E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade / Meia verdade é como habitar meio quarto / Ganhar meio salário / Como só ter dinheiro / A metade da vida / O demagogo diz da verdade a metade / E o resto joga com habilidade / Porque pensa que o povo só pensa metade / Porque pensa que o povo não percebe nem sabe / A verdade não é uma especialidade / Para especializados clérigos letrados /Não basta gritar povo é preciso expor.”

         São poemas de uma força a denunciar um tempo de aflição, mas que que serviam de alento para aqueles que lutavam por liberdade. A revolução dos Cravos de 1974 serviria ainda como um exemplo e uma lição a ser seguida, ajudando outros países a se libertarem do jugo ditatorial, como Espanha, em 1975, e o próprio Brasil, em 1985.

 

A frase que foi pronunciada:

“Os mais perigosos inimigos não são aqueles que te odiaram desde sempre. Quem mais deves temer são os que, durante um tempo, estiveram próximos e por ti se sentiram fascinados.”

Mia Couto

Mia Couto. Foto: AFP PHOTO/FRANCOIS GUILLOT

 

Musical

Já estão à venda, pelo Sympla, os ingressos para o Musical Os Miseráveis, que será apresentado na Escola de Música, nos dias 24 e 25 de junho, com sessões às 17h e 20h. A produção e direção artística é de Renata Dourado; preparador vocal, Gustavo Rocha; diretor de cena, Vittor Borges; assistente de produção, Érika Kallina; e regente, Rafael de Abreu Ribeiro. A apresentação é da Cia de Cantores Líricos de Brasília e Áquila Records.

Cartaz: Divulgação

 

História de Brasília

Está, assim, funcionando, o pombal da praça dos Três Podêres, que consistia na grande inspiração de d. Eloá Quadros. (Publicada em 18.03.1962)

Ao lado dos perdedores

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Lula e Ortega. Foto: Roosewelt Pinheiro/Agência Brasil

 

          Foi dito antes, aqui neste mesmo espaço, que a introdução, sem critérios e de forma amadora, de elementos políticos e ideológicos, nos assuntos de interesse do Estado, não resulta em ganhos para o país, como ainda reduz o espaço de manobra do Brasil no cenário internacional, atraindo, para nossa esfera de relações, problemas que não nos dizem respeito.

         Parece que a falta de profissionalismo e o retorno aos anos sessenta, da guerra fria, antepondo comunismo e capitalismo num estado beligerante permanente, estão de volta à diplomacia do Brasil. É uma pena! Com isso, seguimos encolhendo, ante o mundo civilizado, seguindo os mesmos passos que nos transformaram num anão político, birrento e ciclotímico, defendendo o indefensável e nos aliando a párias internacionais que as grandes democracias do mundo civilizado têm reiteradamente condenado. Engana-se quem pensa que esse revival anacrônico de um terceiro-mundismo tem a ver com questões econômicas ou algo do gênero. Essa associação e esse acolhimento tanto ao ditador da Nicarágua, como ao governo dos Aiatolás do Irã, inserem-se dentro de uma lógica que atende apenas a uma pequena parcela aguerrida dentro do partido do atual governo, que vê, nesses amigos de ocasião, uma forma de manter a velha e vazia aparência revolucionária.

          O silêncio do atual governo brasileiro no Conselho de Direitos Humanos da ONU, nesta última sexta-feira, abstendo-se em condenar o governo de Daniel Ortega da Nicarágua, por uma série infinda de crimes contra opositores políticos, estudantes, membros da igreja Católica e de outras religiões naquele país, envergonham sobremaneira os brasileiros de bem ao nos colocar no mesmo patamar daqueles que nada sentem diante das ações violentas que o governo nicaraguense vem promovendo contra seu próprio povo e contra todos que ousam questioná-lo. Desde que chegou ao poder Ortega vem mandando prender e até eliminar seus opositores. Tem mantido também uma perseguição aos religiosos e os acusa de irem contra os princípios revolucionários que prega.

          Nada menos do que 53 países, as maiores democracias do planeta, manifestaram, em documento, contra o verdadeiro massacre que Ortega comete em seu país. O governo brasileiro preferiu a companhia de Ortega e de seus sandinistas criminosos. No caso do navio de guerra iraniano atracado no porto do Rio de Janeiro, com as bençãos do atual governo, o que se vê, mais uma vez, é o reaproximação com os sanguinários Aiatolás, acusados pelos Estados Unidos e pela Europa de promoverem o terrorismo internacional nos quatro cantos do planeta e de seguidas violações dos Direitos Humanos naquele país, com execuções e prisões em massa.

          O atual governo brasileiro não só acolheu a embarcação suspeita como participou de solenidade reservada a bordo do navio. Com isso, compra uma desnecessária e prejudicial briga com os EUA, inserindo-se entre as nações suspeitas de abrigar terroristas e suas ações. Também essa reaproximação em nada contribui, de forma prática ou econômica para o Brasil, significando muito mais um ato de rebelião contra os EUA e um sinal claro para Israel, que mostra bem de que lado o Governo Brasileiro se posiciona no xadrez internacional. Ao lado dos perdedores de sempre.

A frase que foi pronunciada:

“A política externa do governo Lula é digna de um grêmio estudantil: só apoia ditaduras”

JRGuzzo, na Gazeta do Povo

J.R. Guzzo. Foto: Felipe Cotim/VEJA.com

 

Imagens

Um caso que nasceu da mentira e foi responsável pela morte de milhões de crianças inocentes. Roe vs Wade. Jane Roe, que não queria o filho, disse que foi estuprada. Pediu à Justiça que autorizasse o aborto. Conseguiu. Motivo torpe, egoísta de repercussão devastadora. Agora, em 2023, com a tecnologia disponível, é possível ver a luta do feto, expressão de dor, a cores e em três dimensões. Talvez por isso alguns estados reconheceram o crime.

Arte: institutoliberal.org

 

Treze

Nesta semana, a o moderníssimo governo da Califórnia avisa que não admite farmácias que não vendam pílulas abortivas. A narrativa de que é preciso proteger as mulheres esconde as mulheres e homens abortados. Se o aborto fosse mesmo seguro para a mulher, a ativista María del Valle González Lopes, de 23 anos, e outras tantas mulheres não teriam morrido após abortarem legalmente. Mas o que esperar de um país que pula o número 13 nos botões do elevador por achar que dá azar.

María del Valle Gonzáles. Foto: twitter.com/mdanielorozco/status

 

História de Brasília

Na impossibilidade, sugeriríamos à Novacap ceder o Pavilhão da Spevea, no caminho do Hotel, ou uma sala da LBA, um pouco mais adiante. Se há alunos, rejeitar esse trabalho especializado é que é inconveniente. (Publicada em 17.03.1962)

Retrovisor, espelho meu.

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Daniel Ortega. Foto: vermelho.org

 

          Não tomar as lições históricas como aprendizado tem seu preço. Por vezes, o preço dessa omissão é alto e passa a ser cobrado de todos indiscriminadamente. Um olhar atento pelo o que ocorre hoje em nosso continente pode fornecer algumas pistas e mesmo preciosas lições a serem aprendidas com urgência. Ou é isso, ou iremos repetir os mesmos erros e, sobretudo, adentrarmos por caminhos que certamente nos conduzirão ao mesmo vale desolado e desesperançoso em que muitos países da América Latina se encontram no momento.

         O que teriam em comum, países como Nicarágua, Cuba, Argentina, Venezuela e outros, que poderiam nos servir como aprendizado nesse momento em que o segundo turno das nossas eleições está prestes a acontecer? A resposta pode ser resumida com a lembrança de uma antiga propaganda de bebida. Essas nações podem estar vivenciando hoje, na pele e na alma, o que poderemos vir a ser amanhã. Enfeitiçados pelo canto das sereias vermelhas do oceano marxista, esses povos amargam agora as consequências da ditadura socialista, em que os prejuízos são socializados e os lucros apropriados pelos donos do poder e do partido, tudo em nome do povo, que nada vê.

         A Venezuela é a vitrine atual desse descalabro produzido por um modelo socialista em que população, ou aquela pequena parcela que permaneceu no país, foi reduzida à miséria e à fome, enquanto os membros do governo se enriqueceram com todo o tipo de manobra, inclusive com o narcotráfico. A decadência moral e econômica daquele país, outrora modelo para toda a América Latina, o fez refém de potências bélicas como a Rússia, que hoje ocupa e controla as suas Forças Armadas locais. Ouvir relatos dos milhões de fugitivos dessa hecatombe pode nos dar uma pequena ideia do inferno em que se transformou aquele país. Só que a realidade e a tragédia humana chegam a ser bem mais cruel do que os relatos feitos pelos deslocados. Nicarágua é outro exemplo desse tipo de ditadura socialista, que assolou o país.

         Depois de mais de 43 anos da chegada Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) naquele país e mais de vinte e seis anos no poder, Daniel Ortega é um tirano exemplar. Perseguiu e mandou prender e exilar o que restava de oposição e hoje governa com mão de ferro, ladeado por sua mulher. Nem mesmo a Igreja Católica, que, no passado, deu abrigo e refúgios aos sandinistas, tem escapado de sua tirania. Muitos bispos e padres estão presos e exilados. Organizações não-governamentais foram fechadas e mandadas para fora do país. O vazio de ética pública foi também ocupado por países aproveitadores como China, Rússia, Cuba, Venezuela e outros de igual pendor, controlando e fornecendo armas para essa ditadura.

          Governando desde 1984, Ortega é, para muitos, um exemplo de democrata e endeusado por aqueles que estão no poder naquele pequeno país. Obviamente que, para se manter no poder, Ortega tem recorrido a fraudes de todo o tipo, controlando o Judiciário e o Legislativo Nicaraguense. Não chega a ser coincidência que a Nicarágua e a Venezuela sejam hoje os países mais pobres do continente. O número de mortos e desaparecidos do regime aumenta a cada dia e, juntamente com os exilados, chega à casa dos milhares.

          Quem controla a temida Polícia Nacional é seu cunhado, que cuida de limpar a área de opositores. A militarização de todo o Estado alcançou, como na Venezuela, o poder absoluto. As mídias sociais e a imprensa estão sob severo controle do Estado. A censura é total. Não há nenhuma liberdade de opinião. Em comum com o Brasil, temos que a FSLN foi organizada ao mesmo tempo em que o PT em nosso país, contando para isso com a cobertura da Igreja Católica, que, na época, sofria grande pressão por parte de alas ligadas à Teologia da Libertação.

         Pensar em um Brasil parecido será como ter a certeza de que não aprendemos nada, não esquecemos nada também.

 

A frase que foi pronunciada:

“Nosso passado nos oferece uma escolha… viver nele ou viver dele.”

Brittany Burgunder

Brittany Burgunder. Foto: Divulgação

 

Suspeitas

Havia uma esperança de que o senador Álvaro Dias trouxesse à tona tudo o que sabe sobre loterias. Mas isso nunca aconteceu.

Charge: Nani Humor

 

Ver de novo

No Blog do Ari Cunha, as imagens da TV Senado, da Comissão de Constituição e Justiça de 21/02/2017, dia da sabatina de Alexandre de Moraes, indicado ao cargo de Ministro do STF. Muito interessante.

 

Os sem notícia

Por falar em ver de novo, às vezes a profissão de jornalista é ingrata. Os anos se passam e as notícias vão e voltam como bolas enjoadas no chão de um barco. Fim do foro privilegiado, decretação da prisão em segunda instância, medidas eficazes de transparência, fiscalização na administração pública são assuntos que colocam só a cabeça fora da gaveta.

Charge do Jaguar

 

História de Brasília

O Serviço de Trânsito treinará, nestes próximos dias, a primeira turma MT (Monitores de Trânsito). Serão alunos, com capacete e talabarte como distintivos, que orientarão os pedestres e os automóveis às saídas das escolas. (Publicada em 11.03.1962)

Parceiros e cúmplices

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Foto: Carlos Rosillo

 

Ditaduras, em todo o tempo e lugar, seja de matiz esquerdista ou de direita, sempre se alimentaram de carne humana. Não por outro motivo, seus exércitos se somam aos milhões. Um único tirano, com apenas uma boca, dois olhos e dois ouvidos, controla e submete dezenas de milhões de pessoas, apenas porque conta com a submissão de outros milhões de olhos, ouvidos e bocas para denunciar e informá-lo do que se passa.

Embora seja um indivíduo solitário e desconfiado, o ditador sobrevive graças aos aduladores à sua volta. Sem essa rede de intrigas, formada por um colosso de outros indivíduos sem escrúpulos, nada poderia fazer. Para uns tantos que não escapam com vida da brutalidade da repressão interna, restam as guerras açuladas além das fronteiras, contra tudo e contra todos, para onde enviam milhares de soldados na flor da idade, diretamente para a morte certa.

Campos de batalhas, assim como as prisões internas, cuidam diariamente de ceifar vidas, para o gáudio desses novos Césares. Com isso, a economia desses verdadeiros cárceres em forma de Estado possuem, na indústria de armamentos e na construção de uma máquina de guerra fabulosa, sem principal ativo, a empregar mão de obra semiescravizada na produção de bombas, canhões e outros artefatos bélicos.

Ditadores não vivem sem o cheiro de carne fresca e de sangue. Enquanto mobilizam toda a nação num esforço de guerra sem fim, que ele mesmo passa a inventar no dia a dia, talvez para pôr a prova sua virilidade paranoica, cuida ele mesmo de enriquecer, escondendo e camuflando os recursos públicos em paraísos fiscais, usando de empresários sem escrúpulos como laranjas para seus propósitos criminosos.

O mundo civilizado faz cara de paisagem para esses personagens, desde que ele cuide apenas de destruir e reduzir a cinzas países de menor importância. O problema aí é que, cedo ou tarde, a falência interna de suas economias forçam esses facínoras a buscar atritos em territórios de interesse estratégico e econômico para os países civilizados.

Somente nesse momento é que seus crimes passam a ser revelados, começando a ganhar manchetes e a chegar ao conhecimento do público. O mundo dito civilizado sempre foi indiferente aos crimes de guerra, quando cometidos contra populações e minorias sem expressão ou interesse econômico.

Notícias dando conta agora que o ditador russo Putin assinou decreto incorporando quase 150 mil homens e mulheres às Forças Armadas daquele país, dá uma mostra ao mundo do modus operandi desse déspota, que, em pleno século XXI e à vista do planeta, obriga sua nação jovem a ir morrer longe de casa, sem causa ou qualquer efeito para esse senhor da guerra. A biografia desse senhor mostra que, desde que chegou ao poder, há mais de duas décadas, não houve um dia sequer sem que o valoroso povo russo não fosse empurrado para conflitos externos. A lista de mortos debitadas a Putin vai assim caminhando a passos largos, para se equiparar a outros conhecidos facínoras do século XX, um dos quais, Stalin, seu mentor espiritual, que, por acaso, vem a ser também seu conterrâneo.

O que assusta é o silêncio do mundo e, sobretudo, dos países que integram o BRICS, principalmente o Brasil, por fazer parcerias econômicas justamente com aquele governo, que, um dia, terá que prestar contas de seus malfeitos. Aliados, mesmo que na economia, são em casos gravosos como esse mais do que parceiros de comércio, são cúmplices de crimes contra a humanidade.

 

A frase que foi pronunciada:

“A menor minoria é o indivíduo. Quem não respeita os direitos do indivíduo não pode pretender defender os direitos das minorias.”

Ayn Rand

Ayn Rand. Foto: wikipedia.org

 

Antes que seja tarde

Chama a atenção do país, o Dr. Rogério Reis Devisate, sobre o Projeto de Lei 2963/19, que que modifica a legislação brasileira sobre a venda de terras a estrangeiros. Segundo o advogado, o PL é inconstitucional e lesivo à segurança e, por reflexo, atentatório à soberania nacional.

–> Leia o artigo clicando aqui: PL 2963/2019 é inconstitucional e lesivo à segurança nacional.

 

Sensacional

Uma lista completa dos restaurantes de Brasília comandados por cearenses. Trata-se de uma pesquisa minuciosa elaborada pela Casa do Ceará, que traz nome do restaurante, nome dos cearenses, endereço, telefone e e-mail. Só o Coco Bambu não quis que os nomes fossem publicados, o que valeu o registro: “Excluído da relação por estúpida solicitação dos donos, em Brasília. Seja feita sua vontade.”

 

 

Sabedoria

Depois de ouvir a decisão do ministro Alexandre Moraes no radinho da parada de ônibus da Praça dos Três Poderes, seu Manoel saiu-se com essa: “Melhor manter o verde amarelo. Parece que esse pessoal está atrás de sangue!”

 

História de Brasília

Nós havíamos dado uma nota sôbre o conserto de carros particulares na garagem da Prefeitura. Realmente, a aragem fica no bloco 1 dos Ministérios, mas é da TCB, e ontem havia 7 caros, 2 bicicletas e 1 motocicleta aguardando conserto. (Publicada em 09.03.1962)

Venezuela tem futuro? E o Brasil?

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Foto:  Prensa Miraflores/EFE

 

Sejam quais forem os desdobramentos derradeiros que a crise na Venezuela venha a ter nesse momento tão crucial para o futuro de seu povo, um fato é indiscutível: permanecendo ou não o atual governo de Maduro, aquele país está visivelmente cindido, tanto pelas incontáveis vidas perdidas por conta da tirania, pelos milhões de refugiados que provocou, pela fome que obrigou os, outrora orgulhosos, venezuelanos a procurarem comida no lixo e água para beber em escoadouros de esgoto e tantas outras desgraças gestadas por um regime de exceção.

Aliada com regimes igualmente cruéis, restam, ao ditador Maduro, poucas opções. Ou acaba de matar a outra parte dos venezuelanos que se opõe ao regime, para seguir governando literalmente sobre cadáveres, ou bate em retirada levando consigo o que restou do botim e dos saques praticados por anos seguidos. De fato, segundo analistas, o regime de Maduro está, neste momento, apoiado apenas por parte das Forças Armadas daquele país, embora conte ainda com o apoio e a logística de guerra de países como Cuba, Rússia, China e Coreia do Norte, países sabidamente avessos à democracia e à transparência do Estado.

A um leitor normalmente distraído que questione que importância tem esses acontecimentos que ocorrem a milhares de quilômetros daqui em um país estrangeiro, é bom lembrar que muitos dos fatores que moldaram essa trajetória histórica malfadada foram diretamente legados pelos governos petistas, que por aqui também trataram de infelicitar a nação com sua pregação separatista odienta. Foram as dezenas de milhões de dólares, extraídos sorrateiramente dos nossos cofres, que financiaram aquela ditadura, favorecendo a compra de armamentos de guerra sofisticados, muitos dos quais operados por soldados famintos e que viram muitos de seus conterrâneos morrerem ou migrarem.

Com a iminente deposição daquele que governa aquele país, qualquer que seja o seu destino final, um outro fato também é inconteste e, com certeza, estará também nos livros de história do futuro: Maduro é, ao lado de Chaves, seu antecessor, parte da galeria dos amigos do ex-presidente Lula, agora um simples presidiário solto por questões ideológicas avessas à letra da lei, que vão, aos poucos, indo ao encontro do inexorável destino reservado aos tiranos e corruptos deste continente. Com tanto dinheiro não devolvido, acreditam manter-se eternamente no poder.

Poucas semanas antes, o mundo tomou conta também do suicídio do ex-presidente do Peru, Alan Garcia, outro político também contaminado pelo poderio corruptor de nossas empreiteiras e comparsa dessa mesma turma de malfeitores que infestaram o continente. Não bastassem as causas e consequências que levaram aquele país a esse desfecho sangrento, herdamos uma espécie de obrigação moral de continuar ajudando aqueles venezuelanos que acorrem às fronteiras em busca de abrigo, comida , remédios e outras necessidades humanas, principalmente em tempos de pandemia. Até porque a Venezuela hoje é um retrato acabado de um futuro que, por pouco, não nos coube também e que, por sorte do destino ou outro fator, escapamos na undécima hora.

A frase que não foi pronunciada:

Aqueles 734kg de ouro desaparecidos cinematograficamente do Brasil com destino incerto e não sabido até hoje, têm relação com que parte dos últimos eventos da nossa história?”

Dona Dita, com a memória mais fresca no que nunca.

 

Novidade

Entre Brasília e Goiânia, o Jerivá já é ponto de parada obrigatória. Pamonhas frescas e iguarias goianas de tirar o chapéu. A novidade é que o trecho Brasília-Goiânia recebe a primeira eletrovia do Centro-Oeste. Com pontos de recarga gratuita, quem viajar com carro elétrico até o Jerivá terá apoio logístico na localidade.

Foto: divulgação

Agenda super positiva

Vídeo do Ministério da Infraestrutura mostra o que acontece no país além do vírus. Veja a seguir.

Honra ao mérito

Com presença marcante no país, a Rádio Nacional está na memória de todos os brasileiros. Programas em regiões longínquas, como o Eu de Cá, Você de Lá, que aproximava familiares que não se viam há anos. A rádio participou do nascimento da nova capital do Brasil e tantos outros momentos importantes. A EBC, antiga Radiobrás, também sobrevive pelo talento e dedicação. Valorizar a competência de cada funcionário dessas rádios é um dever para os mais sensíveis.

 

Solução

Fecha igreja, abre igreja, fecha restaurante, abre restaurante, fecha escola, abre escola. Na parada do Planalto, a ideia do pessoal era realizar todos os eventos dentro dos ônibus da cidade. Boa percepção.

Moradores se aglomeram em parada de ônibus em Ceilândia, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

História de Brasília

Observem as autoridades, que premiar o invasor com um lote numa cidade-satélite é prejudicial e inconveniente. Estimula a apropriação indébita. (Publicada em 30.01.1962)

Aos nossos irmãos venezuelanos

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Foto: reprodução

 

Imagem que corre nas redes sociais, e que fala mais do que mil palavras, mostra um comerciante venezuelano fotografado atrás do balcão de seu estabelecimento em duas ocasiões diferentes. As fotos, colocadas lado a lado, chamam a atenção pela discrepância entre uma e outra. Na primeira foto, datada de 1998, o comerciante aparenta estar mais saudável. Atrás de si, veem-se algumas prateleiras de seu pequeno comércio, abarrotadas de uma grande variedade de produtos das mais variadas marcas, o que denota que esse pequeno empresário vivia um bom momento no seu negócio e, quem sabe, em sua vida pessoal.

Na segunda imagem, postada ao lado, e captada pelo mesmo ângulo, mas com a data de 2008, esse empreendedor já aparece bem mais magro e visivelmente abatido. Seus olhos já não miram a lente da câmera como antes, mas parecem perdidos muito além, como se ultrapassassem toda aquela cena, indo perder-se em algum lugar, longe de tudo. Nessa nova fotografia, chama a atenção o fato de que seu estabelecimento comercial exibe, agora, prateleiras completamente vazias, com a exceção do que parecem ser uns poucos saquinhos de sal.

O empobrecimento patente desse personagem anônimo retrata, de forma cruel, duas realidades distintas e discrepantes. Seria impossível acreditar que se trata de um mesmo personagem, num mesmo ambiente. Que espécie de tornado ou furacão havia flagelado tão brutalmente aquele local? Os estragos provocados na economia, na sociedade, na política e na vida pessoal de cada um desses nossos vizinhos, que permaneceram naquele país por falta de alternativas, chocam não só pela crueldade a que foram relegados, mas, sobretudo, pela indiferença de um governo nitidamente criminoso, apoiado pelas forças das armas e pela violência de grupos paramilitares.

Essa é uma realidade que está às nossas portas, bem debaixo de nosso nariz, mas que, por questões paralelas, fingimos não perceber. Esse esquecimento, favorecido pelos problemas que também enfrentamos nesse lado da fronteira, nesses tempos de pandemia, só é quebrado quando duas fotografias, navegando displicentes, surgem boiando no oceano sem fim das redes sociais. São imagens que cutucam as pessoas por dentro, lembrando que eles ainda estão do outro lado da fronteira, experimentando um tempo de trevas em sua história recente.

Fotografias como essas têm o poder de, silenciosamente, mostrar a realidade de um país inteiro ferido de morte, pelas mãos de ferro de uma camarilha comunista e corrupta. Dessas fotos, capazes de ilustrar qualquer livro de história sobre o assunto, fica ao menos o alerta de que passamos por um fio de sermos os próximos.

 

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Bom não é ser importante. O importante é ser bom..”

Max Weber, intelectual, jurista e economista alemão considerado um dos fundadores da Sociologia.

Max Weber. Foto: wikipedia.org

 

Vai entender

Acompanhar um paciente que precisa de receita para a retirada de medicamento de alto custo é bastante cansativo. Paciente idosa, com problema crônico de saúde, saiu de Sobradinho, colocando a vida em risco para buscar a receita. O hospital só atende às terças e os casos mais graves às quintas. Ao chegar no HRAN, foi barrada. Sem profissional para aviar a receita, a resposta do hospital foi a seguinte: Estamos sem água.

Foto: sindsaude.org.br

 

Ouvidoria
Mas quando se quer achar o lado bom das intempéries, basta ter olhos para ver. André Luis, da ouvidoria do HRAN, é um funcionário com paciência e extrema vontade de resolver os problemas.

 

Super elogiado

Por falar em HRAN, é preciso registrar o valioso trabalho do Dr. Francisco Aires Correa Lima. Querido por todos os pacientes, é o tipo de médico que todos oram para que sempre tenha saúde e nunca pare de clinicar.

 

Pela beirada

Perguntaram ao Einstein como seria a Terceira Guerra Mundial. Ele respondeu: A Terceira eu não sei, mas a Quarta, com certeza, seria com machados e pedras. Isso foi mais ou menos na mesma época em que o Sr. Xi Zhongxun estava sonhando em ter um filho que dominasse o mundo.

Xi Zhongxun. Foto: wikipedia.org

 

Hora de mudar

Das 247.232 manifestações registradas na Ouvidoria do GDF, apenas 3.650 cidadãos conseguiram atendimento. É um número vergonhoso para um órgão com uma folha funcional gigantesca e arrecadação monstruosa. Por esse pequeno exemplo, é possível observar que os impostos pagos não trazem a contrapartida em serviços devidos aos contribuintes. Veja no link: Ouvidoria em Números.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Alguns postos de Brasília continuam se negando a vender gasolina azul. Cabe aos usuários selecionar os postos de serviço, preferindo os que prestam, naturalmente, mais atenção ao cliente (Publicado em 11/01/1962)