Crise sistêmica e aguda

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: Oliveira
Charge: Oliveira

      Exemplos históricos, vindos de todos os tempos e lugares, ensinam que em épocas de crises as soluções requeridas por muitas civilizações sempre foram alcançadas com mais objetividade quando buscadas junto àqueles membros da sociedade mais vividos e, portanto, mais esclarecidos e experientes.

          Dos conselhos desses sábios, muita dor e aflição foram evitadas, poupando vidas e mesmo o desaparecimento de reinos inteiros. Sem esse recurso, presente até nos clãs mais primitivos, a cada crise os homens retornariam no tempo, na tentativa vã de reinventar a roda.

         No caso da crise que vem assolando o país, a mais longa e profunda de toda a sua história, a situação não é muito diferente. O que varia, em nosso caso, é que essa orientação, além de urgente e necessária, precisaria vir não apenas daqueles brasileiros mais experientes e esclarecidos, mas, sobretudo, partir daqueles indivíduos sobre os quais não pairam nenhuma mácula ética.

         Para uma República, cuja a elite dirigente foi contaminada, de cima a baixo por um festival de escândalos e crimes sem precedentes, recorrer ao aconselhamento das poucas reservas morais que ainda nos resta torna-se, hoje, caso de vida ou morte, para a República e para seus cidadãos de bem.

Charge: casadoadvogado.com.br
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          Dessas figuras de proa e que há muito vêm peregrinando numa cruzada solitária em favor de um Brasil mais ético e ajustado às vontades de seu povo, destaca-se a do jurista e ex-professor da Universidade de São Paulo, Modesto Carvalhosa.

            Com 86 anos, autor de vasta obra literária, publicou recentemente o livro “Da Cleptocracia para a Democracia em 2019” um projeto de Governo e de Estado. Na sua avaliação, a atual crise, iniciada com as manifestações de rua em 2013 e ainda em continuidade, além de ser a mais longa de todas na nossa história, com cinco anos de duração, carrega em si um elemento global por abranger os aspectos sociais, econômicos, morais, e mesmo o aspecto da estrutura do Estado. Soma-se a isso o fato dessa crise afetar ainda as relações sociais, opondo brasileiro contra brasileiro, dividindo o país agudamente e conduzindo-o a um mar de incertezas.

          Outro fatore negativo e grave, gerado por essa tormenta, e que parece atingir as democracias pelo mundo afora, é a crise de representação. Nesse sentido, as redes sociais geraram milhões de players que não aceitam mais o antigo sistema de representação Weberiano em que as pessoas delegavam suas vontades à uma elite letrada e com mais capacidade de argumentação.

       Dessa forma, não só o sistema de representação está obsoleto como também o papel dos próprios partidos políticos. A opinião da população em toda a parte não quer mais ser representada nos moldes antigos, mas atuar na forma dos plebiscitos periódicos, referendos, abaixo-assinados, inclusive subscrevendo leis e outras medidas de interesse popular.

          No Brasil, segundo dizem, onde não existe uma verdadeira democracia, já que todo o poder não emana do povo, e sim, dos partidos que ditam o Poder, a questão é mais profunda. Para o jurista Cavalhosa, os partidos que aí estão e os candidatos, em particular, não possuem a noção de que o mundo mudou e com ele a própria sociedade. Não se trata, como muitos devem supor, de uma democracia direta, como pregada pelo anarquismo romântico, mas uma democracia, que, ao seu ver, deve ser balizada dentro dos princípios de uma nova Constituição.

        Além disso, o jurista prega a necessidade de um recall para aqueles políticos que não correspondessem a vontade expressa de seus eleitores. Nesse caso, o melhor sistema, em sua avaliação, é o distrital puro, em que os candidatos estão ligados diretamente aos seus eleitores e a seu distrito.

         Para começar a mudança em todo o sistema, o jurista prega uma espécie de “voto faxina” para trazer à República novos políticos compromissados com o país. Não reeleger ninguém. O ponto alto do pensamento de Carvalhosa é o retorno das Câmaras de vereadores municipais, que passariam a ser ocupadas por legítimos representantes da sociedade. Sem remuneração, sem gastos para os cidadãos locais e sem vinculação partidária, independentes. Os municípios, em seu dizer, necessitam é de serviços, de água, esgoto, educação, creches, ambulatórios e não de disputas partidárias tolas.

A frase que foi pronunciada:

“Há três espécies de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatísticas.”

Benjamin Disraeli

Charge: Lute Cartunista
Charge: Lute Cartunista

Começou ontem o programa

Foi a Camila quem ligou para o telefone do trabalho da leitora para fazer propaganda de linha de crédito do Santander. Tratava-se de uma parceria com a American Airlines. O telefone mostrado no Identificador de chamadas era o (48)3031-9655.

Imagem: passageirodeprimeira.com
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Chega

Fica a dica: Para o celular, o aplicativo Truecaller é o inverso do telemarketing. Tem uma lista de todas as empresas que aborrecem os consumidores com ligações desagradáveis, já que a Anatel nada faz.

Imagem: thehackernews.com
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GP Santa Maria

Hugo Gutemberg, da Administração de Santa Maria, anuncia. Dia 12 de agosto, Dia dos Pais, no Quadradão Cultural do Setor Central, a partir das 10h da manhã, uma corrida de Kart será um super programa para pais e filhos. Os corredores são amadores. Quem tiver experiência pode se inscrever com o Guinho, organizador do evento pelo número 99211-2026.

Cartaz: facebook.com/SantamarianoticiasDf
Cartaz: facebook.com/SantamarianoticiasDf

Novos ares

Em cem anos, quase tudo mudou. A moda, os carros, a tecnologia. Infelizmente, as salas de aula continuam as mesmas. Quadro, mesas e cadeiras, professor expondo novo conteúdo. José Pacheco, da Escola da Ponte de Portugal, é referência mundial da nova pedagogia. O GDF encampou a ideia e a Escola Classe da 115 Norte é um começo.

Indecência

Por falar nisso, uma pesquisa interessante sobre docência no Brasil. O Ibope Inteligência e a rede Conhecimento Social compilaram os seguintes resultados das entrevistas: a escolha da profissão de professor foi feita por afinidade com o trabalho em 78% dos entrevistados. Dos 2.160 profissionais da educação básica da rede pública estadual e municipal, 33% responderam que estão totalmente insatisfeitos com a escolha e 21% completamente satisfeitos.

Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O dia de ontem foi de mau humor para o carioca. O calor esteve horrível, e chegou dos Estados Unidos o governador Carlos Lacerda. (Publicado em 26.10.1961)

Desamparo total

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

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com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: dukechargista.com.br
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       Da experiência traumática que ficou para a maioria dos brasileiros, depois de mais de uma década sob um governo politicamente vesgo, mas que ainda assim ousava a apontar o caminho da esquerda como a melhor trilha a ser seguida pelo país, restou, além da terra arrasada na economia e no prestígio da classe política e dirigente, a certeza de que o cidadão definitivamente já não alimenta ilusões sobre o futuro político do Brasil.

         Essa desilusão, de certa forma, endureceu a alma do brasileiro e fez dele um novo ser, arredio e hostil aos apelos da política, principalmente se ela vier carimbada com qualquer proposta de viés partidário. A aversão à política e aos políticos às vésperas das eleições complica, ainda mais, o quadro nacional e nos leva por veredas ainda mais incertas. A decepção da população com seus dirigentes fez renascer em muitos o sentimento de intransigência diante de opiniões divergentes, ao mesmo tempo em que insuflou, no espírito, uma espécie de sectarismo do tipo selvagem.

        Para muita gente, está fincada na política nacional a raiz e a razão de todas as crises que se abatem sobre a nação. Para alguns sociólogos, o ódio atual à classe política, como demonstrado de forma explícita em lugares públicos e nas redes sociais, restava latente no íntimo de muita gente, esperando apenas uma oportunidade para vir à tona. Percebe-se que não há amparo à população, principalmente nos momentos de crise. Postos de Montes Claros abasteciam gasolina misturada com água. Nas redes sociais um lembrete que traz à tona a participação desastrosa dos empresários. Diz a mensagem: “Japão – após o tsunami, a população comprava estritamente o necessário para não prejudicar o próximo. EUA – após o estrago do furacão Katrina, o comércio vendia bens a preço de custo para ajudar a população. França – depois dos atentados terroristas, os táxis faziam corridas grátis para a população. Brasil – Durante a greve dos caminhoneiros, comerciantes vendiam gasolina a R$9,99/l, a batata foi reajustada em 300% e supermercados cobravam R$7,00 por um pé de alface. O botijão de gás passou de R$ 65,00 para R$ 130,00.” O nosso problema não é apenas culpa dos políticos. Eles são o reflexo da nossa sociedade.

Charge: diariodepernambuco.com.br
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     As radicalizações em posições têm aumentado em parcela da população os apelos pela volta dos militares ao poder, mesmo que não saiba exatamente aonde isso possa levar. Também o crescimento de movimentos de direita, impulsionado pelo ódio aos políticos tradicionais, fez brotar, do nada, candidaturas, que, em condições normais de estabilidade emocional coletiva, jamais seriam sequer ventiladas.

         De fato, quem moveu todo esse volume de água para rodar os moinhos extremos da direita foram justamente os partidos e movimentos de esquerda. Com isso, a chegada desses novos inquilinos ao poder vai se consolidando como uma realidade. Mesmo elementos culturais simples, capazes de catalisar o desejo de união nacional, como a Seleção de Futebol, padecem hoje de uma indiferença e de um desdém por parte dos torcedores, colocados à margem dessas disputas pelo chamado padrão FIFA, que elitizou o futebol e fez de garotos bons de bola estrelas internacionais de uma galáxia distante.

         A poucos dias da Copa do Mundo, o silêncio total e constrangedor avisa que esses são outros tempos, de outras e mais profundas rivalidades.

A frase que foi pronunciada:
“O tempo ruim vai passar. É só uma fase.”
Frase de caminhão

Novidade

Começam os preparos para a realização do Circuito de Ciências de 2018, organizado pela Secretaria de Educação. A etapa é regional. Trata-se de uma rica oportunidade de os alunos das unidades públicas de ensino desenvolverem habilidades científicas e tecnológicas usando o conhecimento interdisciplinar.

Leitora

Reclama Ana Paula da falta de transporte público no ParkWay. Piratas circulam livremente por ali cobrando R$5 pela passagem. Além do risco que os passageiros correm, ficam no prejuízo com o valor injusto da corrida.

Absurdo

Sempre que se passa pela Barragem do Paranoá vem a mente a preservação das pontes e viadutos da cidade. Mal acabaram de consertar o alambrado derrubado por um carro veloz, outra parte do alambrado foi danificada. Está a meses dessa forma. A área perigosíssima é protegida com umas fitinhas amarelas, provavelmente compradas por algum funcionário bem-intencionado.

Deus me livre!

Essa pergunta chegou na missiva de Renato Prestes. Dá até medo de o GDF adotar, mandando os funcionários beberem água da torneira. Segue a questão:

“A água disponibilizada pela CAESB é avaliada pela Companhia como 100% saudável para consumo humano. Então, por que os órgãos do governo local e federal compram água mineral?”

Charge: chicosantanna.wordpress.com
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Inútil

O aplicativo +ônibus que é do GDF foi criado para mostrar as linhas e horários do transporte público. Não tem GPS nos ônibus, os horários são fictícios, enfim, farsa total. A resposta às inúmeras reclamações é padrão: “Suas observações já foram enviadas à nossa equipe de desenvolvimento.” Pode até ser verdade, mas nunca mudou.

Charge: g1.globo.com/df
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HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Com poucos meses de uso, um prédio apresentar os defeitos que vem apresentando aquele, é uma falta de garantia muito grande para quem habita os demais prédios construídos pela Capua e Capua. (Publicado em 21.10.1961)

Master chefe político

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ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: padretelmofigueiredo.blogspot.com.br
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         Para um país cuja parcela expressiva da população ainda ronda os limites do mapa da fome soa um tanto quanto surrealista que os diversos grupos que ora se engalfinham em disputas políticas recorram justamente aos nomes de alguns alimentos típicos para dirigir ofensas e impropérios uns aos outros. Na batalha que antepõe pretensos grupos de esquerda e de direita, como se isso contivesse algum sentido claro para esses grupos e para a maioria dos brasileiros, coxinhas e mortadelas se reúnem em seus exércitos distintos e, ao chamado de suas lideranças fantoches, dão início as batalhas campais pelo país afora.

         Nessas refregas sobra bordoada até para a bandeira nacional, tornada, não se sabe exatamente por que, um símbolo que demarca e identifica os pelotões dos coxinhas. Os mortadelas exibem estandartes rubros, bem condizentes com a iguaria feita de embutidos de carne de boi e de porco. Observando na segurança bem armada dos palanques, os generais que comandam esses motins a distância não escondem sua aversão a ambas iguarias, preferindo o canapés fino servido em lautos banquetes e restaurantes requintados.

         Nessa nossa revolução às avessas, os novos sans-culottes, à falta de brioches, vão de sanduíches de mortadela regado a tubaína. Curioso e sintomático também que essa guerra de baixa culinária tenha justamente como chamamento as panelas que retumbavam uníssonas nos centros urbanos sempre que Dilma, a “generala” que rendia saudações à mandioca, aparecia na televisão.

         Aliás, nesse nosso “master chefe” político, as predileções culinárias e etílicas sempre serviram como fronteiras a demarcar territórios e personagens, identificando cada comandante pelo gosto a um acepipe próprio. Mas não se iludam! O consumo de bebidas e guloseimas para esses marechais da política só se realizam diante das luzes das TVs e em meio ao grande público.

         Essa lição foi dada por Jânio Quadros numa época em que o marketing era ficção científica. Naquela ocasião, o candidato histriônico desfilava pelos palanques, carregando, vistosamente, um sanduíche no bolso do paletó, para mostrar sua identificação com o populacho. Engana-se também quem crê que Lula seja um consumidor de cachaça barata. Quem conviveu com o ex-presidente e conhece a variedade de sua polêmica adega sabe que os preços e as marcas de sua coleção etílica é coisa só para grã-fino.

          Enquanto a população perde a cabeça e o estômago numa batalha vã em favor de um e de outro desses glutões políticos, na retaguarda, outros representantes da nação não se acanham nem um pouco em desviar recursos públicos, duramente destinados pelos pagadores de impostos para a compra de merenda escolar. O mais extraordinário nessas pelejas de coxinhas contra mortadelas é que essas batalhas culinárias podem vir a ter um desfecho melancólico com a prisão, que vai se consumando, da maioria desses maestros ou maîtres do atraso.

         Mais curioso ainda é observar que no catre, onde muitos foram e vão parar, as quentinhas servidas aos presos foram também superfaturadas e, portanto, são de baixíssima qualidade. Lição aprendida.

A frase que foi pronunciada:

“Eleições 2018. Cardápio sem suculência.”

Dona Dita

Charge: correiobraziliense.com.br
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SOS

Está instituído o selo MOLA, pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. O Selo MOLA se apresenta como reconhecimento formal concedido às entidades sociais, empresas, entidades governamentais e outras instituições que atuarem em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo-DF no desenvolvimento de ações que agreguem forças à sua revitalização, impulsionando a melhoria da oferta de assistência em Saúde Mental do Distrito Federal.

Memória

Talvez ninguém lembre do PL transformado na Lei 8.985, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em fevereiro de 1995, concedendo anistia aos 16 parlamentares, candidatos às eleições gerais, condenados por terem usado a gráfica do Senado ilicitamente com fins eleitorais. Houve a anistia e o mais importante: o ressarcimento aos cofres públicos.

Vale a leitura

Sivirino Com “I” e o Deus da Pedra do Navio, da Editora Chiado. Novela do paraibano-brasiliense que põe o personagem principal discorrendo, nordestinamente, os ensinamentos de deuses, profetas e mestres. Mangar do nome estranho nunca baixou a auto estima. É a fortaleza comum do Nordeste.

Imagem: saraiva.com.br
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Intocáveis

Talvez seja o encontro do Mercosul, mas o fato é que carros pretos, com placas normais e alguns com luz circular no capô voam pela cidade sem respeitar qualquer pardal. Na quinta-feira, por volta das 18h40, foram vários correndo e cortando os outros carros na L4. Na sexta-feira, por volta das 11h55, outro descia a W3 em direção à Bragueto. A velocidade perto do pardal da parte inferior da ponte não foi respeitada. Veja a foto no blog do Ari Cunha.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Agora se sabe porque os moradores do IAPFESP (104 e 304) nunca terão suas superquadras urbanizadas. O Delegado dr. Aracaty foi quem autorizou a construção de casas de alvenaria no canteiro de obras. (Publicado em 20.10.1961)