Educação paralisada

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Ilustração: saladerecursos.com

 

Ao ser deixado de lado pelas classes médias e altas, o ensino público perdeu o principal nicho social que poderia, de alguma forma, fazer pressão pela melhoria do ensino junto às autoridades, reivindicando direitos e exigindo escolas de qualidade. Com isso, muitas escolas públicas que outrora eram reconhecidas como de excelência passaram a conhecer o outro lado da pista: a decadência.

Das poucas escolas que conseguiram sobreviver a esse esvaziamento social, oferecendo um ensino de relativa qualidade, todas, indistintamente, tinham, em seus quadros de direção e professores, pessoas abnegadas e incansáveis que passavam a maior parte do ano peregrinando pelos corredores dos ministérios em busca de auxílio e, muitas vezes, não se dobrando às humilhações impostas pela burocracia estatal e a sua indiferença com esse problema.

Alguns fatos ocorridos na dinâmica social e urbana brasileira, iriam, no final dos anos de 1970, provocar uma série de mudanças estruturais no tradicional modelo educacional do país, principalmente no ensino público, oferecido pelo Estado sob a direção do Ministério da Educação e Cultura (MEC), como era denominada, nessa época, a pasta que coordenava os assuntos ligados a essa área.

Entre essas mudanças sociais que acabaram por atingir em cheio a educação pública, sobretudo no quesito qualidade e eficiência, está a debandada em massa das classes média e alta dessas escolas rumo ao ensino privado, que começava a ganhar fôlego e a atrair os alunos cujas famílias tinham melhores condições econômicas oferecendo um currículo e uma grade e disciplinas mais elaborados, diversos e atrativos, aprofundados em matérias escolares que, lá no ensino público, eram vistas apenas de forma superficial.

Não demorou para esse alunado começar a se sobressair nos exames e vestibulares do país, demonstrando não só uma diferença de qualidade desses conteúdos programáticos, como uma nova maneira de ministrar aulas mais dinâmicas, tudo dentro de um espírito empresarial que reconhecia na educação de jovens um vasto campo a ser explorado economicamente.

Os melhores pedagogos e professores foram chamados também. As aulas consumiam uma carga horária maior. O material didático era diferenciado e mandado imprimir pelas próprias escolas, contendo textos explicativos e exercícios relativos ao assunto em cadernos ricamente diagramados.

Os ministros dessa pasta, que, antes, exibiam invejáveis currículos acadêmicos, foram substituídos por políticos pouco afeitos às necessidades da área. O mesmo passou a ocorrer, em âmbito estadual e municipal com os secretários de Educação, a grande maioria despreparada e avessa a esses problemas.

Deu no que deu. Nesse vácuo e nesse terreno baldio em que se transformaria o ensino público, ficaram alguns professores em fim de carreira, já cansados e desiludidos da luta pela melhoria do ensino, e alguns outros professores que, caso fossem submetidos a exames para medir o grau de conhecimento nas disciplinas que ministravam, seriam automaticamente reprovados.

Os baixos salários cuidaram para espantar os poucos profissionais de ensino com maior preparo. Os sindicatos, como braços avançados dos partidos, cuidaram de fazer sua parte, paralisando continuamente as aulas em busca de melhoria salarial.

Não surpreende que, hoje, o ensino público do país seja um dos mais mal avaliados nos certames internacionais, como o Pisa. Hoje, o ensino público é ofertado, na sua grande parte, para pessoas de baixa renda que não encontram outra opção. É isso ou nada.

A pandemia mostrou o fosso entre escola pública e privada, acentuando dramaticamente a desigualdade social. Alunos de escolas privadas continuavam tendo aulas via computador. Os alunos do ensino público só tinham o celular do pai ou da mãe para dividir com os irmãos.

 

A frase que foi pronunciada:
“Educar a mente sem educar o coração não é educação alguma”
Aristóteles

FOTO: CREATIVE COMMONS

 

Sul
Depois da tragédia do Rio Grande do Sul, vão aparecendo as partes práticas da burocracia. Aqueles que assinaram o contrato de seguro do carro optando por seguro total, inclusive contra desastres naturais, receberão um novo automóvel. O presidente do Sindicato dos Corretores de Seguros do Rio Grande do Sul, André Thozeski, afirmou, em entrevista ao portal Terra, que os imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação contam com um seguro que cobre danos físicos ao imóvel, não importando qual agente financeiro firmou o contrato: Caixa, BB, Bradesco, Itaú, Santander etc. Os passos são notificar o banco, informando que deseja usufruir dessa cobertura. É importante o registro de todas as provas sobre a situação do imóvel.

Cheia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul — Foto: Diego Vara/Reuters

 

História de Brasília
Devia estar pronto a 21 de abril um dos grandes monumentos da cidade. A Tôrre de Televisão. Mas a Siderurgica Nacional atrasou a entrega, não mandou até hoje ninguém assinar o contrato. E basta que se diga que a Novacap já pagou a maior parte do serviço que não foi entregue. (Publicada em 10/4/1962)

Educação em pacote

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Elisa, de 17 anos, optou pelo homeschooling em 2018. Foto: Acervo Familiar

 

          É preciso reconhecer que a desigualdade social e a ausência de serviços básicos e essenciais, ao atingir em cheio as famílias de baixa renda, provocam, como resultados mais nefastos e prolongados, a chamada pobreza infantil.

          É justamente ao atingir os membros mais frágeis desse grupo de pessoas que os efeitos da má distribuição de renda acabam gerando um conjunto enorme de consequências negativas que irão se refletir ao longo de toda a vida desses indivíduos, a começar pelos reflexos ruins no desempenho escolar, mesmo em estabelecimentos de ensino de baixa qualidade. Em outras palavras a desigualdade social e econômica está na base de todo o sofrível sistema de ensino público no país.

         Na verdade, as escolas públicas, em sua totalidade, refletem e perpetuam a má distribuição de renda do país, gerando, na sua grande maioria, cidadãos de segunda categoria, merecedores apenas de uma educação de baixa qualidade que os incapacita de prosseguirem adiante e progredirem na vida adulta. Com uma receita como essa, que ainda inclui saúde, transportes e moradias de segunda categoria, não surpreende que nosso sistema público de educação se encontre relegado eternamente nas últimas posições dos rankings mundiais de avaliação de ensino e aprendizagem.

         Diante da omissão histórica do Estado no setor da educação, é que muitos lares vêm adotando o chamando “Homeschooling”. Trata-se da educação empreendida em casa pela própria família. O crescimento no número de famílias que têm adotado esse regime caseiro de ensino não para de crescer e, por isso, tem chamado a atenção das autoridades. A questão de fundo irá colocar a atual realidade das escolas públicas, invadidas por ideologias de todo o tipo, estranhas ao meio, e mesmo o sucateamento dessas instituições e milhares de famílias que passaram a ver, nesses locais, um ambiente desestruturado técnica e moralmente.

         Não há como desvincular, ou mesmo realizar, uma educação de qualidade de outros fatores de ordem econômica e social. Nesse sentido, é impossível empreender uma educação pública típica de países desenvolvidos, com os atuais indicadores sociais, típicos de países do terceiro mundo. Esse é o dilema do país. Como existir escolas públicas de excelentes níveis de aprendizagem, quando se verifica que, em muitas delas, os alunos só vão porque encontram algum tipo de refeição diária?

         No Brasil profundo, perdido no tempo e no espaço, e em que os gestores políticos são os primeiros a não acreditar no poder transformador da educação, é comum a existência de escolas sem teto, sem cadeiras e onde os alunos assistem aulas de pés no chão, sem conforto ou qualquer tipo de perspectiva melhor. Se formos atrelar o ensino público atual às mudanças necessárias na melhoria de vida da nação, então será preciso esperar ainda um bom tempo para que o Brasil se integre como país de primeiro mundo.

          Pelo andar dos acontecimentos e em meio a uma crise política, econômica e social sem precedentes, é possível que o Brasil não consiga atingir, tão cedo, a almejada posição de liderança mundial.

         Não há remédios alternativos. Educação pública de alta qualidade, não se faz apenas com políticas educacionais, mas, sobretudo, com políticas sociais também de alta qualidade, o que equivale a dizer menor desigualdade na distribuição de renda, aliada a serviços básicos também de alta qualidade.

 

A frase que foi pronunciada:

“Esse privilégio de sentir-se em casa em qualquer lugar pertence apenas aos reis, às prostitutas e aos ladrões.”

Honoré de Balzac

Honoré de Balzac (Foto: Reprodução)

 

Estranho

Na 107 Sul, onde ficava o Batalhão de Trânsito, está instalado um escritório misterioso. Vidros reflexivos, carros entrando e saindo, nenhuma sinalização. Os moradores não escondem a preocupação.

 

Lei Molhada

Durante as eleições no Varjão, os bares vendiam bebidas livremente.

Foto: Tony Oliveira / Agência Brasília

 

Arte

Brasília recebe o Festival de Cinema Italiano com sessões híbridas, presenciais e online e totalmente gratuitas. Veja, no Blog do Ari Cunha, o passo a passo para ser espectador dessa arte. Acesse: https://festivalcinemaitaliano.com/.

 

Um átimo

Para quem reclama que a Câmara Legislativa do DF é devagar, basta acompanhar a votação de crédito adicional à lei orçamentária do DF. Outra iniciativa interessante é a discussão sobre a reparação de danos em calçadas e vias em geral causados por pessoas jurídicas. Realmente um absurdo. Caminhões transitando nas calçadas sem respeito algum.

Foto: Carlos Gandra/CLDF

 

História de Brasília

Ninguém explicou, nem ninguém sabe o que houve, mas o IAPB recebeu inscrições para financiamento no ano passado, e até hoje não deu solução. (Publicada em 13.03.1962)

Desafios da educação

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

          Qualquer indivíduo que venha se sentar na cadeira de ministro da Educação, por mais preparado que esteja para o cargo, encontrará, diante de si, ao examinar de perto essa missão, uma tarefa muito complexa e de proporções gigantescas. Sendo o quinto país em número de habitantes e em extensão territorial, o Brasil, por suas características continentais e diversidades regionais, apresenta desafios imensos para a implementação de quaisquer políticas públicas, sobretudo quando se trata de assunto tão melindroso como a gestão de políticas educacionais.

         Com 5.570 municípios, espalhados numa vasta área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, e com uma população de mais de 200 milhões de habitantes, qualquer política pública eficaz e justa tem, necessariamente, que lidar com essa realidade concreta, e ainda obedecer ao fato de que cada ente federativo é autônomo e com atribuições múltiplas e descentralizadas, conforme estabelecidas pela Constituição atual.

         Implementar serviços públicos de qualidade, num país tão complexo como o Brasil, onde existem diferenças fiscais de toda a ordem e onde variam também a capacidade de gestão de cada uma dessas unidades, não é, definitivamente, um trabalho para principiantes ou indivíduos sem o devido preparo e ânimo. Por mais complicada e difícil que seja a tarefa de implantar uma educação de qualidade e inclusiva no Brasil, todo o esforço se esvai se esse trabalho não se iniciar pela qualificação e melhoria nos planos de carreira daqueles que atuam nesse setor, melhorando salários, incentivando cursos de aperfeiçoamento, além, é claro, de construir e equipar as escolas com tudo que seja necessário para o pleno desenvolvimento do ensino e da aprendizagem.

         Nenhum esforço, por mais bem intencionado que seja, terá o poder de melhorar nossos índices educacionais, se não contar com a mobilização em massa da sociedade e, sobretudo, com o apoio e presença de pais de alunos e da comunidade no entorno de cada escola. Sem o envolvimento da população em peso, dificilmente uma tarefa dessas proporções terá êxito, ainda mais quando se sabe que, pela Constituição, a educação é posicionada como sendo um esforço de natureza nacional e com sistemas de ensino organizados em regime de colaboração.

         Essa união da sociedade em torno desse objetivo, apesar de extremamente necessária, não pode ser feita no período de um ou dois governos, mas terá que ser rigorosamente cumprido no longo prazo, durante gerações. Para tornar essa missão ainda mais complicada, é preciso ver que, dentro de cada questão relativa aos problemas da educação, existe ainda uma espécie de subproblemas que parecem embaralhar, ainda mais, essa tarefa.

         Dessa forma, de nada adianta universalizar o acesso à educação, se os alunos não forem mantidos nas escolas até a conclusão, ao menos, do ciclo básico. Por outro lado, torna-se inócuo manter os alunos nas escolas, se, ao final desse primeiro ciclo, eles não forem capazes de resolver as questões inerentes a essa etapa, como compreensão de textos e resoluções de operações simples matemáticas, entre outras habilidades próprias para a idade.

          Mas, para dar início a esse verdadeiro trabalho de Hércules, é preciso antes resolver o problema das profundas e persistentes desigualdades regionais, consideradas, por especialistas no assunto, como as maiores do planeta. Somos um país imenso territorialmente e imensamente desigual na distribuição e concentração de rendas. Nesse ponto, é próprio considerar que nossa desigualdade e concentração de renda são as principais raízes de nosso subdesenvolvimento prolongado e, enquanto esses problemas não forem solucionados, todos os outros também não o serão.

           Políticas públicas desenvolvidas sobre um país tão desigual estão fadadas ao fracasso ou a um sucesso pífio e momentâneo. Infelizmente, até aqui e diante desse quadro, o Brasil não tem sido capaz de desenvolver programas e modelos capazes de enfrentar e superar essa dura realidade histórica.

          É preciso atentar para o gigantismo da estrutura educacional pública do país. São quase 50 milhões de alunos matriculados na educação básica, principalmente na rede pública; quase 2 milhões e meio de professores, a maior categoria profissional do país, além de 178,4 mil estabelecimentos escolares; o que faz, do Brasil, um gigante mundial também no setor educacional. Trata-se, portanto, de um desafio imenso que precisa ser feito por milhões de brasileiros ao longo de muitas décadas e que precisa ser iniciado o quanto antes.

A frase que foi pronunciada:

“A educação é simplesmente a alma de uma sociedade a passar de uma geração para a outra.”

G. K. Chesterton

G.K. Chesterton

 

Atitude

Corre, pelas redes sociais, o vídeo do Adolfo Sachsida (Minas e Energia), comemorando a redução no preço da gasolina. No Noroeste, estava a R$5,99. O ministro aproveitou a oportunidade para registrar a nova fase dos combustíveis.

História de Brasília

Já está em pleno funcionamento, a pista do aeroporto de Brasília, e graças a Deus não houve nenhum desastre fatal. (Publicada em 02.03.1962)

Pendurados em penduricalhos e privilégios sem fim

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Charge do Denny

 

Em meio ao conhecido conjunto de parlamentares que voltou a ocupar o atual Congresso Nacional, e do qual a população, já ressabiada, aprendeu a nada esperar em matéria de ações de caráter ético, é possível encontrar, aqui e ali, uns poucos políticos com vocação e ânimo necessários para defender os desperdícios com o dinheiro público e combater os seculares e odiosos privilégios. Esse que deveria ser um padrão geral de comportamento dos políticos, já que, em tese, trabalham e são bem pagos para representar, junto ao Poder Legislativo, os reais e legítimos interesses da população, perdeu seu sentido e razão de ser ao longo do tempo, desviando-se radicalmente de sua função original.

Hoje, tornou-se comum a população assistir vexada o usufruto do cargo apenas para turbinar interesses pessoais, em acordos que, em última análise, oneram o próprio eleitor. É nesse pequeno grupo, alheio aos acordos personalistas, que tem se destacado políticos como o deputado Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), autor da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 147), também chamada de PEC dos Penduricalhos.

Pela proposta, que aguarda discussão e votação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), o parlamentar pede a alteração do Art.37 da CF, de modo a impedir o recebimento de acréscimos aos proventos de todos os agentes públicos que já percebam algo em torno de R$ 10 mil. Acabar com os privilégios no serviço público, nos altos escalões da República, onde até o impossível acontece, tem sido, até aqui, uma luta inglória e sem chances de vitória, já que interfere e acua todos os Poderes indistintamente, onde as mordomias e os apensos variados aos já altos salários engordam esses contracheques de maneira, no mínimo, afrontosa, em comparação ao grosso da população brasileira. São, de fato, penduricalhos como auxílio creche, auxílio para mudança, auxílio paletó, auxílio livro, auxílio saúde, jornais, alimentação e por aí segue, numa cascata a engordar os rendimentos das altas esferas da República.

Nem mesmo educadores, para aos quais caberiam o auxílio livro, para suas pesquisas, é dado tamanha franquia. O mesmo ocorre com centenas de milhares de mães que precisam trabalhar fora de casa e não têm direito a creches ou outro benefício do Estado. Bombeiros, médicos não têm o melhor plano de saúde nacional, e por aí segue a lista de desequilíbrios.

Nesse país, desigual por natureza, cabe aos despossuídos, tal qual ocorria durante a Idade Média, custear uma elite abastada e indiferente à realidade bruta que se desenrola do lado de fora das janelas envidraçadas dos gabinetes de luxo. Antevendo a possibilidade de sua proposta vir a morrer na praia, o deputado paraibano tem apelado para a pressão e o apoio da opinião pública em favor da PEC, uma vez que a elite do serviço público já vem mobilizando sua poderosa tropa contra a medida. “Em uma República, qualquer autoridade constituída tem a obrigação de se subordinar a realidade social do país ao qual se prontificou a servir. Isso não quer dizer que devemos achatar as carreiras de Estado. Entretanto, mergulhados na desigualdade social, a autoridade dever servir para combatê-la, e não para fazer parte dela”, considera Pedro Cunha Lima, ao ressaltar que, nesse momento de pandemia e de incertezas, atitudes abnegadas como essa podem, muito mais do que uma obrigação democrática, representar uma correção conceitual do que deve ser prioridade em uma nação que opta ser uma verdadeira República.

Trata-se aqui de um projeto que, pelo que se conhece acerca do protagonismo dos Poderes dessa República de poucos, tem poucas chances de vingar impávido, até mesmo pela preguiça cidadã. Nesse ponto, oxalá estejamos errados. Quando muito, essa proposta sofrerá, na etapa final em plenário, uma saraivada de emendas desfigurantes, que o tornará inócuo e sem alma, morto por inanição. Ainda assim, vale a luta de todos pela sua mais urgente aprovação.

 

A frase que foi pronunciada:

“Assim que alguém disser sobre os assuntos do Estado,” O que isso importa pa ra mim? “O Estado pode ser dado por perdido. ”

Jean-Jacques Rousseau, em Contrato Social

Jean-Jacques Rousseau. Imagem: wikipedia.org

 

Importante

Dia 12 de janeiro é dia de Audiência Pública na ADASA, às 9h. A solicitação para participar deve ser encaminhada para o e-mail ap_004_2020@adasa.df.gov.br. Nome completo e que instituição representa devem ser as informações prestadas pelo requerente. O convite é feito à comunidade pelo ouvidor da Adasa, Robinson Ferreira Cardoso.

Cartaz publicado no perfil oficial da Adasa no Instagram

 

Referência

Geralmente, as placas que indicam a proibição para se jogar lixo são acatadas pela comunidade para jogar o lixo. Veja a seguir uma das centenas de exemplos.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Para que não sujam os desmentidos como habitualmente ocorre em casos semelhantes, informamos que os altos funcionários citados acima recebem “dobradinhas” integral, e, para completar, aqui estão os endereços: Hamilton Beltrão Pontes, SQ. 304 – Bloco I – Apt. 503; Luiz Sousa Pinto, Superquadra 108 – Bloco 2 – apartamento 408; Luiz Dourado Magalhães, Superquadra 108 – Bloco 8 – apartamento 408 e Afonso Almiro, Superquadra 105 – Bloco 9 – Apartamento 106. (Publicado em 23/01/1962)

Desigualdade social e corrupção I

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Charge do Cazo

 

Dos muitos fatores que concorrem para facilitar e até mesmo incentivar a perpetuação da corrupção entre nós, mesmo depois dos gigantescos esforços feitos por operações exitosas como a Lava Jato, nenhum outro é tão importante e tão central quanto a questão da desigualdade social, item no qual o Brasil continua sendo um dos grandes campeões mundiais.

À primeira vista, pode até parecer que não exista ligação direta entre um fenômeno e outro, o que, por certo, explica a pouca atenção que estudiosos do problema têm dado a essa relação de causa e efeito. Apenas à guisa de introdução nesse assunto, é preciso observar que o fenômeno da corrupção, na máquina do Estado, diminui naqueles países onde a desigualdade social tende a ser menor, aumentando, no mesmo sentido, à medida em que crescem também os níveis de desigualdades sociais.

A explicação para o interligamento desses dois fatores pode ser encontrado no seio do próprio Estado. É nas flagrantes diferenças com que o Estado trata seus cidadãos, de acordo com o poder aquisitivo de cada um, que reside um dos múltiplos braços desse polvo imortal da corrupção. A começar pelos efeitos da carga tributária, que especialistas já comprovaram recair justamente sobre os cidadãos com as menores rendas.

Passa pelo sistema judiciário, onde o indivíduo flagrado furtando um pacote de manteiga, dentro do que seria entendido como um delito por razões famélicas, é condenado e encarcerado por quatro anos, mesmo tendo família para cuidar e dar sustento. Esse mesmo sistema de justiça, alojado no que seria o mais complexo e perdulário organograma de um Poder Judiciário de todo o planeta, encontra, em seus mecanismos Kafkianos, meios de impedir a condenação de poderosos que desviaram bilhões de reais dos cofres públicos, concedendo-lhes todas as facilidades e indulgências, inclusive perseguindo aqueles que ousaram acusar tão nobre casta.

Noutras instâncias, como no Legislativo, a blindagem de seus membros cuida para que os maestros dessa “cacofonia” desarmônica, que é o Brasil, fiquem ao abrigo de quaisquer penalidades, mesmo quando apanhados em crimes de morte.

Com a pandemia, essas disparidades surreais ficaram ainda mais evidentes, apenas observando-se a quantidade insuficiente de enfermeiros para cada médico. De médicos para cada paciente. De leitos para cada internado. De medicamentos para cada enfermo. Enquanto um único médico não encontra quem o auxilie na hora da emergência, um juiz, nas altas cortes, conta com centenas de auxiliares pagos a peso de ouro.

Esse mesmo servidor da saúde, quando adoecido, não encontra meios próprios para assegurar sua vida. Os planos de saúde, sustentados pela população de baixa renda, atendem apenas os pacientes do andar de cima. Por que razão um profissional bombeiro ou socorrista, que passa a vida salvando vidas, não possui os mesmos planos de saúde de primeira linha de um ocupante do alto escalão do Estado?

Questões como essas deixam pistas para entender como o processo intricado da desigualdade social acaba imbicando e se misturando ao fenômeno da corrupção, dando-lhe impulso e vitalidade para se prolongar incólume no tempo. Esse binômio perverso poderia muito bem ser rompido, por meio de um longo processo de educação da população, com o Estado garantido qualidade no ensino público. Mas isso não feito, talvez, por uma razão até singela e já pontada por educadores como Darcy Ribeiro, que certa vez notou: “a crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto.”

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.”

Immanuel Kant

Immanuel Kant. Imagem: reprodução / internet

 

Interessante

A seguir, um vídeo interessante divulgado nas redes sociais, com Luís Lacombe e Alessandro Loiola, sobre ditaduras socialistas, negociações com nações e aranhas.

 

Lavagem

Eric Lins, também em um vídeo que lembra o homem nu no MAM, onde uma criança era orientada a tocar naquele corpo exposto, mostra como nós, cidadãos brasileiros, somos passivos aos absurdos que nos são impostos de forma sorrateira e desavergonhada. Ou acordamos ou o pesadelo nos espera. Veja a seguir.

 

Galo canta

Por falar nisso, Toni Farah manda as três interrogações. Ninguém ficou pasmado com a disponibilidade de máscaras do país asiático para o mundo todo? Eles já estavam preparados até para exportar respiradores? Incrível observar o estrago feito na economia, principalmente da Europa e Américas. Como é possível que a economia deles não tenha sido abalada? Só mais uma: aquele mercado nojento, onde dizem que tudo começou, está com ofertas incríveis.

Foto: Wu Hong/Pool/Agência Lusa

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Recebemos uma carta de um leitor contando que foi procurado por três desses falsos mendigos, com receitas do Hospital Distrital, pedindo dinheiro para aviá-las. (Publicado em 18/01/1962)

Brasília: as asas que ninguém vê

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Reprodução globoplay.globo.com

 

Uma Brasília, convenientemente invisível, vem, há alguns anos, sendo erguida ao redor de grandes áreas em torno do Plano Piloto. O processo que, até um tempo atrás, vinha ocorrendo de modo lento e quase imperceptível para a maioria da população da capital ganhou, nesses últimos meses de pandemia, uma feição difícil de não ser notada.

Trata-se aqui da grande quantidade de famílias de catadores de recicláveis de todo o tipo, vivendo à beira das principais vias de ligação da cidade, em condições claramente sub-humanas. São milhares de crianças, adultos e idosos, abrigados sob lonas de plástico ou cobertores velhos, cercados de lixo, mosquitos e sujeira por todos os lados.

O contraste com a capital, que se acredita ser o lar dos mais ricos habitantes do país, é absoluto. A Secretaria de Desenvolvimento Social, nessa questão específica, enxuga gelo. O problema parece ter adquirido uma amplitude e uma complexidade muito acima do que pode oferecer uma simples secretaria. Pelo o que se pode verificar in loco, nesses vários acampamentos espalhados por toda a cidade, o Governo do Distrito Federal, apesar do empenho que se vê em propagandas institucionais, não está dando conta do problema.

Com a pandemia e com a proximidade do Natal, esse quadro desolador tende a aumentar, com famílias inteiras vindo de todas os arredores da capital em busca de auxílio. É certo que os índices de pobreza têm aumentado sensivelmente em todo o país, tanto por conta da quarentena, que forçou o fechamento de inúmeros estabelecimentos, quanto por conta da própria crise econômica que vinha se arrastando desde 2015. A associação de uma pandemia nunca vista antes, impondo uma recessão econômica que já havia sido instalada em nosso país, com dezenas de milhões de desempregados, resultou num número assustador de pessoas vivendo no limbo da pobreza.

Parte da população, quer famílias individuais, quer grupos e associações, fazem o que podem para minorar o problema, distribuindo alimentos, roupas e até remédios em vários desses acampamentos. Aquela outra Brasília, que se abriga e trabalha em palácios, mansões e em requintados e portentosos edifícios federais, não conhece essa realidade ou finge não conhecer.

Estivessem essas famílias de catadores assentadas na Praça dos Três Poderes ou na Península dos Ministros, exibindo toda sua miséria, que afinal é a mesma miséria vista em todo o país, quem sabe estariam menos invisíveis ou mais sujeitos ao amparo.

Para a conveniência de todos, os poucos turistas que para a capital vinham também passam longe desse cenário de escassez. Em toda a área do Plano Piloto, é difícil não andar e topar logo com pedintes em cada ponto. A essa altura, a população brasiliense já percebeu que a situação de miséria nas ruas já saiu do controle das autoridades.

Em todo o país, as cenas se repetem. São brasileiros como todos nós. Deveriam ser também portadores de uma cidadania que parece estar escrita apenas na Constituição, mas que na realidade nem sabem da existência de uma tal Carta Magna. E se soubessem, de que adiantaria?

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Tudo o que acontece no universo tem uma razão de ser; um objetivo. Nós como seres humanos, temos uma só lição na vida: seguir em frente e ter a certeza de que apesar de as vezes estar no escuro, o sol vai voltar a brilhar.”

Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, canonizada Irmã Dulce, o anjo bom da Bahia.

 

Superpreços

Quem tem o hábito de guardar notas fiscais de compras está horrorizado com os preços de produtos básicos antes e depois da pandemia. Não é à toa que o nome escolhido para o local de compras tenha sido supermercados. Agora faz sentido!

Foto: Procon-MS/Divulgação

 

Blockchain

Muito interessante o controle das mídias. São robôs contra a inteligência humana. Algoritmos contra a criatividade. Faz lembrar os tempos de guerra, nos quais a escrita era cifrada. Nada como a necessidade para o intelecto avançar.

Charge do Luiz Gê

 

Amor

Trabalho muito interessante das psicólogas Juliana Seidl e Vera Roesler. Elas convidam pessoas com mais de 50 anos de idade a discutir o amor. As profissionais vão mediar e instigar o debate com base nas ideias dos participantes e nas reflexões de pensadores clássicos e atuais que já trataram do assunto: o amor. Serão 5 encontros de 2h, com início na primeira semana de outubro. As vagas são limitadas e o link direto para a inscrição é: http://shorturl.at/mIJ34.

–> Para mais informações: https://aposentadoriaplena.com.br/grupo-online/

 

Valeu Alcidina!

Recebi, da amiga Alcidina Cunha Costa, um vídeo com imagens de um patriota solitário andando pelas ruas com uma caixa de som, no dia 7 de Setembro. Fazia seu desfile solitário. A verdade é que quem assiste sente o coração bater no ritmo da esperança por um Brasil melhor.

 

Honra ao mérito

Por falar em pátria, foi bom ler a referência elogiosa a Antônio Aparecido Pereira da Silva, emitida pela assessoria especial de planejamento do Ministério da Defesa, pelos 34 anos de serviços prestados à Marinha do Brasil, por ocasião da transferência para a reserva. É importante, socialmente, que todos os trabalhadores tenham esse reconhecimento dos superiores.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As bancas de jornais que foram construídas, não foram todas distribuídas entre os jornaleiros. O resultado é que as da Fundação estão servindo de mictório público. (Publicado em 16/01/1962)

Muito além do Bolsa Família

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Foto: agenciabrasil.ebc.com

 

Como não poderia deixar de ser, vem aí o novo Bolsa Família. Dessa vez com a cara e a digital do governo Bolsonaro. A fórmula repete a receita que vem sendo feita desde a criação desse tipo de programa social. A cada novo governo o programa ganha as matizes ideológicas juntamente com o conteúdo programático e político do novo ocupante do Executivo.

Apenas por essa faceta, é possível afirmar, entre outras coisas que, o programa social, concebido no governo Fernando Henrique como Bolsa Escola e que visava garantir, por meio de uma renda mínima que crianças e adolescentes não abandonassem os estudos e a escola, fosse sendo mudado, para atender a orientação ideológica de cada governante e não para atender a um problema específico que determinou sua criação.

No governo Lula, que assumiu o poder sem sequer um programa de governo, depois de várias tentativas erráticas no campo social, resolveu absorver o programa e amarrá-los à outros, criando o Bolsa Família, mais abrangente e por isso mesmo, mais interessante aos propósitos daquele governo. Esse foi, sem dúvida o grande “achado” do primeiro mandato de Lula e talvez seu passaporte para mais quatro anos, apesar do mega escândalo do Mensalão.   Do mesmo que fizeram com a CPMF, que inicialmente seria para socorrer, por tempo limitado, o caixa do Tesouro, a extensão desse programa, criticado por uns e louvado por outros, foi sendo reeditado para servir de tapa buraco dos cofres públicos. O mesmo parece vai acontecendo com o antigo Bolsa Escola. Chamado, em diversas ocasiões, de programa populista pelo próprio Lula, foi a tábua de salvação de seu governo e da sua sucessora.

Com Dilma instalada no Palácio do Planalto o Bolsa Família foi ampliado até as raias da irresponsabilidade, desde que rendesse dividendos políticos ao grupo no governo. Como ocorre com todo o programa federal, num país continental e onde a fiscalização e a probidade administrativa são sempre exceções às regras, o Bolsa Família se transformou num poço sem fundo, sorvedor de recursos dos pagadores de impostos e um exemplo acabado de irregularidades de todo o tipo, além de ser um cheque em branco entregue nas mãos de maus políticos, para eles arregimentem eleitores com base em critérios subjetivos e utilitaristas.

Em editorial passado foram listados alguns exemplos de mau uso desse programa em todo o país, inclusive apontando casos em que o dono da cachaçaria da esquina ficava, ele mesmo, com o cartão Bolsa Família de alguns de seus frequentes fregueses, como garantia contra calotes. É óbvio que em meio à inúmeras distorções, esse é ainda considerado um dos maiores programas sociais de distribuição de renda de todo o planeta e, por isso mesmo, não pode ser desprezado por nenhum político, principalmente por qualquer candidato e principalmente pelos presidentes da República.

De fato, qualquer político que ouse decretar o fim desse programa, terá que sofrer as consequências dessa decisão. A primeira e mais danosa seria justamente a sua não eleição e condenação política por parte de milhões de brasileiros que vivem sob o abrigo desse programa e não tem nem pressa, nem vontade própria de abandoná-lo tão cedo.

Com Bolsonaro o programa poderá mudar de nome, passando a ser chamado de Renda Brasil. Será, estrategicamente, ampliado também, com a inclusão de vários benefícios, como o décimo terceiro salário (já pago nesse ano) e outros avanços, como um aumento significativo no orçamento do programa. Dessa maneira Bolsonaro pretende atender a mais brasileiros, com vistas a criar também um marco social e próprio ao atual governo, atendendo e atingindo, ainda mais, as regiões mais pobres do país, como o Nordeste, onde o governo não possui ainda uma base política bem assentada e fiel.

Fica, dessa maneira, confirmada a tese de que esse é um programa que veio para ficar, não apenas por sua abrangência e necessidade social, mas sobretudo por sua importância estratégica e política para esse e qualquer outro governo que venha.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Começar a trabalhar para perder Bolsa Família? Jamais!”

Entrevistada não identificada na cidade de Buritirama, na Bahia.

Charge do Sizar

 

 

Mais empregos

Está prometido e a parceria assinada. Governador Ibaneis se empenha para trazer a CAB Motors, que fabricará o Jeep Stark no DF. A produção é 100% nacional. A Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) de um terreno de 70 mil metros quadrados no Polo JK, em Santa Maria, foi assinada ontem pelo governador em exercício, Paco Britto, e pelo presidente da Terracap, Izidio Santos, no Palácio do Buriti.

Foto: Renato Alves / Agência Brasília

 

 

Reconhecimento

Faz sucesso a ONG Casa Azul Felipe Augusto. Foi eleita, em 2018, como uma das 100 melhores ONGs do Brasil. Daise Lourenço, abatida pela tristeza da perda do filho, levantou da dor para transformar mais de 33 mil vidas que já passaram por ali desde 1989. Samambaia tem uma dívida de gratidão com dona Daise.

 

Mau gosto

Interessante o desvirtuamento da discussão sobre o mau gosto de transformar Jesus Cristo em gay. Quem condena essa iniciativa é taxado de homofóbico por não aceitar uma versão homossexual de um Deus. Diz a lei que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, garantida, na forma da lei, a proteção às suas liturgias”.  Quando a liberdade de expressão toca na alma de um povo, o “artista” pode até ser enxotado pela porta dos fundos.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A torre em frente ao Cine Brasília está se tornando uma “obra de igreja”. Nunca vi demorar tanto, e já desmancharam duas vezes. (Publicado em 13/12/1961)

 

Em educação, Brasil continua levando uma “Pisa” de outros países

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Resultados do Brasil no Pisa na última década indicam tendência de estagnação, diz OCDE — Foto: Aparecido Gonçalves/G1

 

Classificado entre os vinte piores países em educação para jovens, o Brasil, mais uma vez, teve um fraco desempenho no ranking mundial que avalia a performance dos estudantes na faixa de 15 anos, nas disciplinas de matemática, ciências e leitura. De acordo com dados fornecidos pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nosso país segue estagnado desde 2009 e com um desempenho abaixo do medíocre, se comparado a outros estudantes de 79 países que também realizaram essas mesmas provas.

O mais interessante em avaliações desse tipo é que, por mais que as nossas autoridades busquem relativizar esse certame, ou mesmo desconsiderá-lo como instrumento de aferição da qualidade de nossa educação, principalmente na área do ensino público, onde está a maior camada de brasileiros de baixa renda, não há como esconder ou minimizar o fato de que em matéria de educação e de ensino vamos seguindo aceleradamente ladeira abaixo, há pelo menos uma década.

Não é preciso, nesse caso particular, buscar os culpados diretos. Mais importante é aprender com seguidos erros e mudar as estratégias enquanto há tempo. Pelos resultados obtidos, ficamos sabendo que metade de nossos alunos que realizaram o teste não entendem o que leem, nem ao menos sabem fazer contas simples com números inteiros. Pior do que isso é saber que 4 em cada 10 estudantes brasileiros não aprendem nem o básico, não conseguem também identificar a ideia principal de um texto, ler gráficos, resolver problemas simples ou mesmo entender experimentos científicos simples.

Na verdade, saímos dos últimos lugares nesse ranking para posições insignificantes pouco acima, à frente de países como Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, que nas últimas décadas enfrentaram guerras devastadoras. Talvez o mais triste resultado dessa avaliação esteja na constatação de que o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais em educação, seguindo com isso a tradição de estar colocado também entre os campeões mundiais em desigualdade social e econômica, com uma das maiores concentrações de renda do planeta.

Por meio do Pisa, é possível constatar que, na última década, a diferença de performance entre alunos vem se aprofundando, impulsionada diretamente pela grande desigualdade socioeconômica. Para se ter uma ideia, em 2018 a diferença de pontuação entre alunos ricos e de baixa renda nas provas de leitura ficou em 97 pontos, quando a média internacional é 89 pontos. Para os especialistas nessa área, as condições socioeconômicas estão entre os fatores que mais influenciam o desempenho escolar.

Outro aspecto, pouco edificante é a constatação de que o Brasil é o país com uma das menores variantes de mobilidade social entre todos as nações avaliadas. Pelo levantamento que é feito paralelamente ao Pisa, tomamos conhecimento de que as chances de um aluno pobre estudar em uma escola de alto desempenho são de 13%, contra 20% em países como o Canadá ou Finlândia.

Essa desigualdade crônica em nosso país favorece também que os alunos pobres abandonem os estudos, descrentes da possibilidade de virem ingressar em uma faculdade. Há ainda a constatação de que os países com melhores desempenhos são justamente aqueles que mais investem em educação. Enquanto países como Macau, na China, investem US$ 150 mil ao ano per capta, o Brasil aparece com menos de US$ 30 mil ao ano.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Descobri que é fundamental buscar respostas quando o organismo não está agindo de forma correta. As pessoas precisam ir atrás de profissionais que realmente cuidem delas e que elas sintam que queiram ajudá-las.”

Michelle Munhoz, de 32 anos, que estava com um linfoma de Hodgkin durante a gravidez, diagnosticado no Instituto Nacional de Câncer.

Foto: Michelle Munhoz e esposo (istv.com)

 

 

Atenção

Muitas faixas de pedestres da cidade precisam de reforço na tinta. Seria muito bom a Secretaria de Obras e Infraestrutura reforçá-las nos fins de semana.

Foto: reprodução globoplay.globo.com

 

 

Solidariedade

Vai até o dia 6 de dezembro a adoção de cartinhas para o Papai Noel. No Senado, a parceria com os Correios foi um sucesso. Todas as cartinhas já foram adotadas pelos funcionários.

 

 

Receios

Desalojada pelo Festival de Cinema, a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro voltou para o teatro para os ensaios. Os Bombeiros deram a licença. Mas a cena de um spot despencando no meio do palco anos atrás ainda deixa os músicos apreensivos.

Foto: orquestrandobrasil.com

 

Adiamento

Depois do pedido de vistas de Paiva Martins, o processo entre Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal – SEDF e o Instituto Candango de Solidariedade – ICS foi adiado. O caso trata da apuração de possível dano causado ao erário em decorrência de irregularidades na execução de um contrato de assistência médica-odontológica e reforço escolar para alunos da rede oficial de ensino do DF ocorrido em 2001.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O Correio Braziliense e a TV-Brasília continuam sem telefones, quem tiver negócio conosco venha até aqui. Desculpas ao DTUI. (Publicado em 07/12/1961)

Desigualdade nos mantém na pobreza

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Que consequências acarretam para o desenvolvimento do Brasil o fato de estarmos entre os países com os maiores índices de desigualdade do planeta? Questões como essa há muito vêm intrigando os economistas e cientistas sociais. Mesmo alguns políticos, ao longo das últimas décadas, têm apresentado propostas para contornar esse que é um problema secular de nosso país. Sabe-se, à primeira vista, que enquanto não forem resolvidas as questões que influenciam diretamente os fatores da desigualdade social e econômica, o Brasil não conseguirá sair do ciclo fechado do subdesenvolvimento.

A recente depressão econômica experimentada pelo Brasil, a partir de 2014, serviu para intensificar esse problema. Segundo estudos da Organização não governamental Oxfam Brasil, elaborados ainda no ano passado, nosso país vem recuando no quesito desigualdade. Caímos da 10ª para a 9ª posição como o país mais desigual do planeta. A onda de desemprego fez aumentar ainda mais esse problema. O Relatório de Desenvolvimento Humano, que será apresentado ainda esse ano pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), irá focar justamente nessa questão, de forma que se possa compreender, mais profundamente, as dimensões das desigualdades e os fatores que a influenciam.

É preciso entender que a desigualdade social é, antes de tudo, um processo que diz respeito as relações dentro da sociedade e que, de certa forma, limita o status de um determinado grupo, restringindo seus direitos à saúde, educação, segurança, casa própria e outros direitos. Isso sem falar no acesso a serviços, outros de infraestrutura como água encanada e esgoto. Com isso, todo o processo de crescimento econômico fica seriamente comprometido.

Na desigualdade está ainda a concentração de renda nas mãos de menos de 10% da população, que seguidamente assistem a uma elevação em seus rendimentos e, ao contrário, uma retração sistemática nos ganhos das classes mais pobres. Com isso, a renda média da população com maiores ganhos chega a ser quase 10 vezes mais que a percebida pelas classes na base da pirâmide.

Há ainda fatores que têm contribuído de modo negativo para a solução desse problema tamanho família. Esse é o caso da retração de nossa economia. Passamos da 7ª para a 8ª posição no Ranking das economias mundiais, com sérios problemas de crescimento econômico. Os economistas mais modernos têm insistido no que chamam de crescimento econômico sustentável e inclusivo, ou seja, num modelo que englobe toda a população de forma horizontal e por um longo período

A desigualdade torna a sociedade mais vulnerável aos problemas de oscilação dos ciclos econômicos. Em entrevista concedida à revista Economist, Cristine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional, revelou a preocupação e a responsabilidade desse órgão num crescimento inclusivo: “A desigualdade enfraquece a ideia de uma sociedade meritocrata, em que uma pequena minoria ganha acesso aos muitos benefícios tangíveis e intangíveis, necessários para estar à frente, seja na educação, no enriquecimento cultural ou em boas conexões”.

Essa exclusão, pela qual a desigualdade de resultados se alimenta da desigualdade de oportunidades, fere a produtividade, porque priva a economia das habilidades e dos talentos daqueles que são excluídos”. O fato é que é preciso fazer com que todos no governo, nesse e nos que se sucederão, entendam que a ideia de que a desigualdade é o principal fator que nos mantém no patamar de país subdesenvolvido e está na raiz das principais mazelas sociais que flagelam o Brasil desde sempre.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“A Grécia tinha sete sábios; mas no Brasil, só sete é que não o são.”

Marquês De Maricá, formado em Filosofia e Matemática pela Universidade de Coimbra.

 

 

Desrespeito

São muitas as reclamações de quem precisa se afastar do trabalho recebendo pelo INSS. A demora do pagamento é tanta que há casos de gestantes em que a criança nasce e a mãe ainda tem dinheiro para receber.

Charge: seebbauru.org.br

 

 

Despedida

Cearense, Andrade Júnior, foi uma figura marcante em Brasília. Deixou muito de si na memória da cidade. Deixamos nosso abraço na família nesse momento de dor.

Foto: Larissa Batista/TV Globo

 

 

Celebração

Luiz Amorim e apreciadores da cultura comemoram a conquista. Inaugurado o espaço cultural T-Bone, que voltou com toda força a mostrar nossos talentos em música, teatro e poesia.

Luiz Amorim, foto: Arquivo pessoal/Divulgação (correiobraziliense.com.br)

 

 

Curiosidade

Até o dia 26 de maio, o Sesc do Gama apresenta a exposição com trabalhos de arqueólogos na Serra da Capivara. Serra da Capivara – Os mais antigos vestígios da povoação na América? O Sesc de Taguatinga e Ceilândia também receberão a mostra. A entrada é gratuita.

Foto: André Pessoa

 

 

Evento

Dr. William Buchta, presidente do American College of Occupational and Environmental Medicine (ACOEM); Dra. Lucia Rotenberg, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro; Dr. Casey Chosewood, pesquisador do National Institute for Occupational Safety and Health (Niosh-USA); Laís Abramo, diretora de Desenvolvimento Social da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) da Organização das Nações Unidas (ONU); e o geneticista Dr. Sergio Danilo Pena pesquisador do Projeto Genoma se reúnem para debater mudanças trazidas pelo e-Social e a Reforma Trabalhista. Será entre os dias 15 e 18 de maio, o maior evento de saúde e segurança do trabalho (SST) de todo o continente americano. Mais informações a seguir.

Faça sua inscrição em: 17º Congresso ANAMT

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A mais nova modalidade de contrabando foi descoberta em Santos. Havia, no porto, nove caixões com a inscrição de “objeto de uso pessoal” que foram abertos pela Alfândega. Dentro, estavam nove lindos automóveis, que irão, agora, a leilão. Os donos da proeza são Valter Vicente Sanavia, e Louis David. (Publicado em 19.11.1961)

Desigualdade e pobreza, os grandes desafios dos próximos governos

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Foto: Cristiano Mariz/VEJA

Dois indicadores sociais divulgados agora, um pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outro pelo Ministério da Fazenda, mostram que a questão da desigualdade no Brasil, um tema secular, vem piorando sensivelmente nos últimos anos. Com isso, vai ficando cada vez mais patente que esse é um problema estrutural que pode definir o sucesso ou o fracasso de qualquer governo, seja ele no âmbito federal ou local.

Sem atacar de frente essa questão, qualquer outra ação governamental perde o sentido e a eficácia. Tomando como exemplo a questão da reforma da Previdência, numa população que cresce e envelhece, seguindo, de perto, o padrão mundial, estimativas feitas pelo Ministério da Fazenda indicam que os 20% da camada mais rica do Brasil, chega a abocanhar 40% dos gastos feitos pela Previdência, ou seja, de cada R$ 100 em benefícios, R$ 40 ficam no andar de cima. Essa situação piora ainda mais quando se verifica que os 20% mais pobres ficam com apenas R$ 3 repassados por esse Instituto.

Diante de uma situação como essa, de flagrante desigualdade de tratamento, é que fica mais claro a urgência de uma reforma da Previdência que promova um verdadeiro equilíbrio fiscal de longa duração. Segundo o relatório apresentado pelos técnicos do Ministério da Fazenda, as reformas, ao poupar os mais pobres, poderão gerar melhores indicadores na distribuição de renda. Trata-se aqui de uma questão urgente, quando se sabe que os gastos com o regime geral da Previdência poderão alcançar esse ano a cifra de R$ 591 bilhões.

Ao lado desse problema de proporções gigantescas, tem também a questão do aumento da pobreza, verificado em todo o país. De acordo com estudos do IBGE, houve um sensível aumento da pobreza entre os anos 2016 e 2017. Por esses indicadores, a proporção de pessoas pobres no Brasil (com rendimentos até R$ 406 por mês) que era de 25,7% em 2016, subiu para 26,5% em 2017. Em números absolutos, essa população variou de 52,8 milhões para 54,8 milhões de pessoas nesse período ou mais de um quarto da população. Nesse universo, as crianças e adolescentes são as mais afetadas, o que acaba por comprometer o futuro de toda uma geração, com sérios prejuízos para o país.

A população situada na faixa da extrema pobreza (renda inferior a R$ 1,90 ao dia) também aumentou, passando de 6,6% em 2016, para 7,4% em 2017, ou seja, esse contingente aumentou de 13,5 milhões para 15,2 no mesmo período.

Em algumas regiões do país essa situação é ainda mais dramática. No Nordeste 44,8 da população estava em situação de pobreza ou 25,5 milhões de pessoas. Mesmo no Distrito Federal essa situação é grave e com um adendo: por aqui, segundo o Mapa das Desigualdades, elaborado pelo Movimento Nossa Brasília, pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e a Oxfam Brasil, existe um verdadeiro abismo social entre as diversas regiões da capital.

A partir desse estudo foi criado o chamado “desigualtômetro” que mostra as gritantes diferenças entre, por exemplo, o Plano Piloto (PP) e a Estrutural. Entre essas regiões, até próximas, o nível de desigualdade entre o PP e a Estrutural chega a ser 15 vezes superior. Enquanto no PP 84,4% da população possui plano de saúde, por exemplo, na Estrutural apenas 5,5% tem esse benefício.

Nesse sentido, o que os estudiosos do problema apontam como urgente é um combate, sem tréguas, contra a desigualdade social até para tornar a cidade mais humana e governável do ponto de vista político.

 

A frase que foi pronunciada:

“A pior forma de desigualdade é tentar fazer duas coisas diferentes iguais.”

Aristóteles

Charge do Duke

 

Começo

Ricardo Quadros Laughton se despediu da esposa Ângela Ramos, no hotel, e foi direto à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A reunião acabaria no final da tarde. O tempo passou e a esposa não conseguia o contato com o marido. Atenderam o telefone. “O senhor Ricardo esqueceu o telefone, vamos levá-lo onde a senhora estiver. ”

Foto: Reprodução/Sindicato Rural de Montes Claros

Meio

Como isso nunca havia acontecido, Ângela estranhou. Estranhou mais ainda quando viu a equipe que estava chegando com o celular. Mércia, um médico e uma psicóloga. Durante o encontro na CNA, Ricardo, presidente do Sindicato Rural de Montes Claros e vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, teve um mal súbito e, apesar de todo o pronto atendimento, não resistiu e faleceu.

 

Fim

Mércia de Andrade Silva, assessora executiva da Presidência da CNA-DF, Gilson Maia, superintendente da CNA DF e o diretor geral do sistema SENAR, Dr. Daniel Kluppel Carrara, foram incansáveis para resolver todos os problemas burocráticos dessa fatalidade. Mércia, a Dra. Rosane Curi Zaratini, diretora do SENAR, a psicóloga Maria Conceição Gutti e dona Maria Gomes Otsuki, gerente do hotel Aracoara, não mediram esforços para dar suporte à viúva.

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

As superquadras ainda não foram iluminadas internamente. Fizeram uma experiência no IAPC, que redundou em nada. Ninguém sabe os pareceres dos técnicos. (Publicado em 07.11.1961)