É o Estado!

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

jornalistacircecunha@gmail.com

facebook.com/vistolidoeouvido

instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do Duke

Não é de hoje que aqueles que entendem de finanças públicas pregam a necessidade de criação de um super órgão centralizado e responsável pela distribuição dos recursos resultantes de impostos pagos a cada ano. Na visão desses especialistas, esse novo órgão cuidaria de distribuir aos Poderes da União os recursos captados, sempre de acordo com um minucioso planejamento anual de gastos apresentados por esses poderes, acabando, assim, com o exorbitante orçamento próprio desses entes do Estado e a volúpia incontrolável com que eles gastam esses recursos.

Curioso notar que a autonomia financeira dos Três Poderes contrasta fortemente com a dependência, cada vez maior, de estados e municípios com relação à União. É lá na ponta que os recursos oriundos dos impostos e tributos tão necessários nunca chegam, e, por isso, fazem muita falta. Nesse novo arranjo, caberia ainda um novo modelo aos tribunais de contas, acabando, logo de saída, com interferências políticas no órgão e o levando para a esfera da Receita Federal, que centralizaria, também, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

A independência financeira dos poderes da União vem se tornando, a cada ano, motivo de escândalos, pois demonstra o grau de descolamento desses entes da realidade nacional. Os caminhos percorridos pelo dinheiro público, desde seu recolhimento na forma de impostos, taxas, tributos e outras cobranças, sofrem enormes e variados desvios e, lá na ponta, mal sobram recursos para as reais necessidades da população.

O desperdício do dinheiro público decorre dessa priorização ao Estado em detrimento da população. Não é por outro motivo que se diz que, no Brasil, o Estado é rico e a população, pobre. Obviamente que esse novo modelo de gestão dos recursos públicos caberia a um governo livre de ideologias políticas e totalmente focado em resultados concretos em benefício do cidadão. No modelo que temos, os estados e municípios simplesmente não existem para a União, que os trata como pedintes. A eles cabe apenas a boa vontade do governo. A situação chegou a um nível paradoxal, com alguns Poderes da União tendo um orçamento anual muito superior à maioria dos mais de 5 mil municípios do país.

Há hoje uma impossibilidade flagrante de crescimento para o que importa, que é o entorno e todos aqueles que estão à sua volta. Portanto, não se pode falar em desigualdade social e de renda sem falar primeiro nessa injustiça na distribuição dos recursos da União e num modelo de Estado que sorve as riquezas da nação.

O Brasil permanece sendo um dos países com maior desigualdade social e de renda do mundo, isso de acordo com estudos feitos, ainda em 2021, pelo economista Thomas Piketty, autor da obra O capital no século 21. Os extremos que marcam essa desigualdade são impulsionados por um Estado que não apenas não sabe administrar os recursos da União, como ainda gasta mais do que deveria em benefício de uma máquina gigantesca que favorece todos aqueles dotados e/ou ligados ao poder.

O patrimonialismo com fortes doses de corrupção ajuda a aumentar essas desigualdades, criando um sentimento geral de que não existem saídas para esses desníveis de renda sem uma reformulação total do Estado. E olhe que, nessas observações, não estão incluídas as estatais, outros sorvedouros dos recursos da população. Para se livrar da pecha de maior protagonista nesses índices de desigualdade de renda, o governo passa a culpa para população com maior renda, acusando-a daquilo que pratica sem o menor remorso.

Não é o cidadão milionário ou bilionário o culpado pela desigualdade social e de renda, é o Estado. É ele o grande ator dessa pantomima e grande gerador dessa mazela persistente. O que ocorre nesse caso de empurrar as responsabilidades para outrem é que muitos empresários, conhecedores dos desmazelos do governo pelos recursos da população, a ele se alinham para também explorar as minas de ouro, que são as finanças públicas.

É esse o grande problema nacional, que, obviamente, não interessa ser resolvido por aqueles que dele se beneficiam. É o Estado, Pedro Bó!

 

 

A frase que foi pronunciada:
“O verdadeiro e o falso são atributos da linguagem, não das coisas. E onde não há linguagem, não há verdade nem falsidade.”
Leviatã

A Destruição de Leviatã – gravura de Gustave Doré (1865)

 

História de Brasília
Depois de fazer a cidade mais moderna do mundo, o sr. Oscar Niemeyer construiu uma mansão em estilo colonial, onde está morando atualmente. (Publicada em 15/4/1962)

Tecido social rasgado

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: istoe.com.br

 

Aprender com as experiências e com os exemplos históricos de outros povos, em muitos casos, tem sido um bom remédio para países que assim evitaram o cometimento dos mesmos erros, induzidos pelas mesmas causas. São muitos os exemplos preciosos legados que tem servido para poupar esforços inúteis ou mesmo para evitar a perda de vidas e o colapso de muitas nações.

Lições vindas de tempos e lugares distintos, ensinam que a base e a manutenção de uma nação coesa, contra as adversidades e a desagregação estão tanto na sua riqueza imaterial, no caso a cultura comum, como em outros fatores, tal como o sentimento de pertencer e de ter sua origem e a de seus ancestrais num determinado lugar, onde principalmente possa ser aceito como “cidadão” de posse de direitos inalienáveis, garantidos em lei. É justamente esse conjunto de vínculos afetivos e culturais que formam a União. Mesmo num mundo globalizado, onde muitos países vão se fundido em blocos homogêneos, o sentido de raízes e ancestralidade não se perde com facilidade. Para uma nação, relativamente nova como a nossa, formada há pouco mais de cinco séculos, resultado da miscigenação entre três povos de três continentes distintos e que, para muitos estudiosos no assunto, ainda está em pleno processo de formação, custa a crer que, num espaço de tempo tão curto, já possa apresentar sinais preocupantes de desagregação de seu tecido social. Para muitos, trata-se de um fenômeno decorrente da enorme e histórica desigualdade social que, segundo pesquisas demonstram, vem se recrudescendo nas últimas décadas.

O Brasil hoje ocupa um dos primeiros lugares no ranking internacional de desigualdade, com 30% da renda nacional concentrada em mãos de apenas 1% da população.  Para outros, esse fenômeno precoce de esgarçamento do tecido social, onde os indicadores de violência oficiais registraram 64 mil homicídios em 2018, foi amplamente catalisado pela inoperância do Estado em lidar, de forma justa e efetiva, com principais problemas nacionais, como saúde, segurança, educação, entre outras providências necessárias.

Na avaliação de analistas, esse processo de secessão social vem sendo impulsionado ainda por fatores como os antagonismos políticos e a crença de que a superação desses problemas só se realizará com a destruição das forças oligarcas.

Também há os que creem que a interrupção desse processo de desagregação social só poderá ocorrer com o fim de todos os privilégios, o que corresponde também ao fim da corrupção, com o combate, sem tréguas, contra todas as formas de crimes, a começar pelo crime do colarinho branco, que desvia recursos preciosos que poderiam servir para, ao menos, remendar nosso tecido social.

 

A frase que foi pronunciada:

“Mas o tempo, o tempo caleja a sensibilidade.”

Machado de Assis, escritor brasileiro

Foto: escritas.org

 

 

Câmara

Para a oposição que acusava o governo de comprar votos para a reforma da Previdência, a assessoria do deputado Alexandre elencou todas as manchetes de jornais que estampavam compra de votos contra o impeachment da ex-presidenta do Brasil.

Foto: reprodução/IstoÉ

 

 

Nova palavra

A overdose de vaidade da deputada Joice Hasselmann não ofusca a sua coerência. Esse foi o resultado de uma conversa no café da Câmara sobre a amarelidade do vestido da parlamentar.

Foto: Marcos Corrêa/PR (Último Segundo – iG)

 

 

Fim de festa

Não convence mais nenhuma gota homeopática pingada pelo Intercept. Já está virando piada. Hora de colocar a viola no saco.

Foto: odivergente.com.br

 

 

Passado e futuro

Hoje começa a temporada do clássico Os Saltimbancos, com a direção de Hugo Rodas. De 5ª a domingo, sempre às 16h. Até 4 de agosto, no CCBB.

Cartaz: culturabancodobrasil.com

 

 

Elisa

Veja a seguir o trabalho da escultora mineira Elisa Pena.

 

 

Melhorias

Enfim, o guard rail em um dos lados da barragem do Paranoá.

Foto: der.df.gov.br

 

 

Curiosidade

Carlos Fernando de Moura Delphim, paisagista e arquiteto, tempos atrás, encaminhou ao então presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, um documento em que pedia o tombamento do céu de Brasília como Paisagem Cultural Brasileira.

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

O fato de se combater comunismo falando mal da União Soviética, ou botando Cecils Borés nos calcanhares dos outros, é fazer o que faz o almirante Pena Botto: estimular o desenvolvimento do comunismo. (Publicado em 24/11/1961)

Desigualdade nos mantém na pobreza

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Charge do arionaurocartuns.com

 

Que consequências acarretam para o desenvolvimento do Brasil o fato de estarmos entre os países com os maiores índices de desigualdade do planeta? Questões como essa há muito vêm intrigando os economistas e cientistas sociais. Mesmo alguns políticos, ao longo das últimas décadas, têm apresentado propostas para contornar esse que é um problema secular de nosso país. Sabe-se, à primeira vista, que enquanto não forem resolvidas as questões que influenciam diretamente os fatores da desigualdade social e econômica, o Brasil não conseguirá sair do ciclo fechado do subdesenvolvimento.

A recente depressão econômica experimentada pelo Brasil, a partir de 2014, serviu para intensificar esse problema. Segundo estudos da Organização não governamental Oxfam Brasil, elaborados ainda no ano passado, nosso país vem recuando no quesito desigualdade. Caímos da 10ª para a 9ª posição como o país mais desigual do planeta. A onda de desemprego fez aumentar ainda mais esse problema. O Relatório de Desenvolvimento Humano, que será apresentado ainda esse ano pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), irá focar justamente nessa questão, de forma que se possa compreender, mais profundamente, as dimensões das desigualdades e os fatores que a influenciam.

É preciso entender que a desigualdade social é, antes de tudo, um processo que diz respeito as relações dentro da sociedade e que, de certa forma, limita o status de um determinado grupo, restringindo seus direitos à saúde, educação, segurança, casa própria e outros direitos. Isso sem falar no acesso a serviços, outros de infraestrutura como água encanada e esgoto. Com isso, todo o processo de crescimento econômico fica seriamente comprometido.

Na desigualdade está ainda a concentração de renda nas mãos de menos de 10% da população, que seguidamente assistem a uma elevação em seus rendimentos e, ao contrário, uma retração sistemática nos ganhos das classes mais pobres. Com isso, a renda média da população com maiores ganhos chega a ser quase 10 vezes mais que a percebida pelas classes na base da pirâmide.

Há ainda fatores que têm contribuído de modo negativo para a solução desse problema tamanho família. Esse é o caso da retração de nossa economia. Passamos da 7ª para a 8ª posição no Ranking das economias mundiais, com sérios problemas de crescimento econômico. Os economistas mais modernos têm insistido no que chamam de crescimento econômico sustentável e inclusivo, ou seja, num modelo que englobe toda a população de forma horizontal e por um longo período

A desigualdade torna a sociedade mais vulnerável aos problemas de oscilação dos ciclos econômicos. Em entrevista concedida à revista Economist, Cristine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional, revelou a preocupação e a responsabilidade desse órgão num crescimento inclusivo: “A desigualdade enfraquece a ideia de uma sociedade meritocrata, em que uma pequena minoria ganha acesso aos muitos benefícios tangíveis e intangíveis, necessários para estar à frente, seja na educação, no enriquecimento cultural ou em boas conexões”.

Essa exclusão, pela qual a desigualdade de resultados se alimenta da desigualdade de oportunidades, fere a produtividade, porque priva a economia das habilidades e dos talentos daqueles que são excluídos”. O fato é que é preciso fazer com que todos no governo, nesse e nos que se sucederão, entendam que a ideia de que a desigualdade é o principal fator que nos mantém no patamar de país subdesenvolvido e está na raiz das principais mazelas sociais que flagelam o Brasil desde sempre.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:   

“A Grécia tinha sete sábios; mas no Brasil, só sete é que não o são.”

Marquês De Maricá, formado em Filosofia e Matemática pela Universidade de Coimbra.

 

 

Desrespeito

São muitas as reclamações de quem precisa se afastar do trabalho recebendo pelo INSS. A demora do pagamento é tanta que há casos de gestantes em que a criança nasce e a mãe ainda tem dinheiro para receber.

Charge: seebbauru.org.br

 

 

Despedida

Cearense, Andrade Júnior, foi uma figura marcante em Brasília. Deixou muito de si na memória da cidade. Deixamos nosso abraço na família nesse momento de dor.

Foto: Larissa Batista/TV Globo

 

 

Celebração

Luiz Amorim e apreciadores da cultura comemoram a conquista. Inaugurado o espaço cultural T-Bone, que voltou com toda força a mostrar nossos talentos em música, teatro e poesia.

Luiz Amorim, foto: Arquivo pessoal/Divulgação (correiobraziliense.com.br)

 

 

Curiosidade

Até o dia 26 de maio, o Sesc do Gama apresenta a exposição com trabalhos de arqueólogos na Serra da Capivara. Serra da Capivara – Os mais antigos vestígios da povoação na América? O Sesc de Taguatinga e Ceilândia também receberão a mostra. A entrada é gratuita.

Foto: André Pessoa

 

 

Evento

Dr. William Buchta, presidente do American College of Occupational and Environmental Medicine (ACOEM); Dra. Lucia Rotenberg, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rio de Janeiro; Dr. Casey Chosewood, pesquisador do National Institute for Occupational Safety and Health (Niosh-USA); Laís Abramo, diretora de Desenvolvimento Social da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) da Organização das Nações Unidas (ONU); e o geneticista Dr. Sergio Danilo Pena pesquisador do Projeto Genoma se reúnem para debater mudanças trazidas pelo e-Social e a Reforma Trabalhista. Será entre os dias 15 e 18 de maio, o maior evento de saúde e segurança do trabalho (SST) de todo o continente americano. Mais informações a seguir.

Faça sua inscrição em: 17º Congresso ANAMT

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A mais nova modalidade de contrabando foi descoberta em Santos. Havia, no porto, nove caixões com a inscrição de “objeto de uso pessoal” que foram abertos pela Alfândega. Dentro, estavam nove lindos automóveis, que irão, agora, a leilão. Os donos da proeza são Valter Vicente Sanavia, e Louis David. (Publicado em 19.11.1961)

Na festa da democracia, eleitores voltam à pé

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

Charge: fabianocartunista.com
Charge: fabianocartunista.com

          Faltando pouco mais de uma semana para as eleições, até o presente momento, é possível afirmar que nenhum cidadão possui ainda a menor ideia sobre o que pensam os candidatos à presidência da República e que projetos reais possuem para resolver uma das mais graves e antigas questões que vem afetando a vida de milhões de brasileiros há séculos.

         Trata-se de um problema estrutural de grandes proporções, que tem resultado em uma desigualdade extrema de renda aliada a uma concentração escandalosa de terras em mãos de uma pequena, mas poderosa, elite agrária. Olhado com mais acuidade, esse é, de fato, um problema histórico ainda longe de uma solução razoável e que, obviamente, não será resolvido, por meio dessa ou daquela ideologia ou vertente política, mas, tão somente, através de medidas racionais, justas e técnicas que garantam a cada brasileiro o direito à propriedade, conforme assegura a Constituição em seu artigo 5º, inciso XXII. Qualquer historiador, minimamente informado, sabe que o problema da desigualdade num país que ocupa uma das dez primeiras posições mundiais nesse ranking possui uma relação direta e particular com a concentração de terra. Sabe-se também que a perpetuação dessa injustiça só tem sido possível graças ao vínculo de séculos entre os proprietários de terras e o exercício do poder político.

         Desde sempre em nosso país, os grandes latifundiários mantiveram uma proximidade para lá de suspeita com as elites políticas dirigentes, formando, em várias ocasiões, um forte grupo que tem conseguido atender aos interesses particulares de cada um, extraindo dessa união proveitos e vantagens que obrigatoriamente são debitadas na conta dos pagadores de impostos.

        Mais do que vantagens econômicas obtidas por esse grupo, é preciso salientar que dessa união formada entre grandes latifundiários e a elite política, o que tem resultado é o êxodo rural com favelização dos centros urbanos, destruição do meio ambiente e dos recursos naturais e a manutenção de um Brasil colonial, centrado no latifúndio e na monocultura primária de exportação, exatamente como se fazia séculos atrás.

       Apesar dos argumentos de que o setor agrícola sustenta a economia do país, o fato é que cabe a agricultura familiar, formada por pequenos agricultores, a produção de 70% dos alimentos que vão para mesa dos brasileiros a cada dia. Dados do Censo Agropecuário de 2006 mostram que as grandes propriedades somam apenas 0,91% do total dos estabelecimentos rurais, mas concentram 45% de toda a área rural do país. Isso equivale a afirmar que quase metade da área rural do país está nas mãos de menos de 1% da população, o que demonstra que o grau de concentração de terras no Brasil é um dos maiores do mundo. Nenhum outro país, em qualquer outro tempo, logrou se desenvolver, com harmonia e equidade, diante de uma tal concentração de riqueza. Segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, 4.013 pessoas físicas e jurídicas proprietárias de terras devem algo como R$ 906 bilhões ou o PIB da maioria dos estados brasileiros somados.

         Segundo o próprio Incra, existe nesse grupo seleto cerca de 729 latifundiários que possuem 4.057 imóveis rurais, totalizando 6,5 milhões de hectares que, juntos, devem mais de R$ 200 bilhões ao erário. Mas como formam uma parceria muito proveitosa com a elite política, esses grandes proprietários não precisam esquentar a cabeça para pagar seus débitos.

         Para suavizar uma situação que em si já é desastrosa do ponto de vista ético, esses latifundiários com débitos com a União poderão liquidar suas dívidas com bônus entre 60% e 95%, graças a Medida Provisória nº 733, editada recentemente pelo presidente Temer para agradar o setor. Isso sem contar com as isenções de tributos destinadas a esse setor privilegiado. Somente com a isenção de ICMS dado aos produtos primários e semi industrializados destinados à exportação desse setor, o país deixa de arrecadar R$ 22 bilhões a cada ano. Há ainda isenções de quase 10% na cobrança do PIS Confins na venda de soja, o que gera um rombo nas contas públicas, também debitado aos contribuintes.

        Nenhum candidato tem falado sobre esse tema que permanece como um tema tabu, já que trata de pessoas poderosas e com muitos interesses em comum com esse e com qualquer outro governo que venha.

A frase que foi pronunciada:

“Brasileiro se acostumou a plantar o voto em roçado queimado.”

Anacleto, com o queixo na enxada

Charge: paduacampos.com.br
Charge: paduacampos.com.br

Fluir

Polícia e Bombeiros atenderam, em poucos minutos, um acidente ontem pela manhã na saída da Barragem do Paranoá. Faltam policiais para sinalizar o trânsito em casos inesperados, como chuvas e acidentes.

Gastos

No domingo os postes na W3 estavam acesos em plena luz do dia. Quando a concessionária erra, o consumidor ganha desconto?

Perigo

Quem vai para o Paranoá é passível de sustos no trânsito por falta de engenharia na criação do setor de galpões, na Mi 13. De repente o carro entra na contramão para o acesso ao setor. Não há recuo para manobras.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Anuncia-se que hoje será entregue ao Serviço de Limpeza, uma pipa de gasolina, porque os caminhões não saíam para a coleta de lixo por falta de combustíveis. Há, entretanto, a ver, que os operários não recebem há dois meses, e as dificuldades do serviço são enormes. (Publicado em 31.10.1961)

Baixa escolaridade e desigualdade de renda

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Charge: Nani Humor
Charge: Nani Humor

       Possuir competências exigidas na vida profissional, principalmente aquelas requeridas por um mercado de trabalho em constante mudança e onde a tecnologia é um fator cada vez mais presente. Essa é apenas uma das condições mínimas para se estabelecer hoje uma ponte segura entre o ensino e mercado de trabalho. O laço que une empresas e escolas tem sido, desde muito tempo, um dos elementos que explicam, em grande parte, o sucesso dos países desenvolvidos, tanto na qualidade do ensino como nos altos índices de emprego e absorção de mão de obra qualificada.

         A escola é, por sua origem, um espaço de integração plena do cidadão na vida econômica de um país. Daí a razão de os investimentos feitos corretamente em educação resultarem na melhoria dos índices econômicos de um país. Essa é uma das fórmulas mais conhecidas e testadas pelos países de primeiro mundo. Obviamente que não se trata aqui de preparar mão de obra apenas para girar a máquina do Estado e das empresas, transformando cidadãos em robôs sem autonomia, mas de garantir que o indivíduo possua as ferramentas intelectuais corretas para sobreviver de forma digna, seja ele empregado ou empresário, dono de suas vontades, senhor de seu próprio talento.

         Estudo elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 46 países, demonstra que mais da metade dos jovens brasileiros ou 52% da população entre 25 e 64 não concluíram o ensino médio. O estudo intitulado “Um Olhar sobre a Educação” ressalta que essa realidade está associada, de forma clara, com a maior desigualdade de renda, quesito no qual o Brasil aparece como segundo colocado, atrás apenas da Costa Rica.

         No Brasil o número de pessoas que não cursaram o ensino médio chega a ser mais do dobro da média da OCDE. É preciso destacar que o ensino médio é hoje o mínimo de escolaridade exigida para ascensão social e econômica na maioria das sociedades modernas. Especialistas no tema chamam a atenção para o fato de que os indivíduos sem essa graduação média, quando empregados, além de receberem os menores salários, demonstram menores competências cognitivas, como habilidade motora, atenção, memória e outras.

        O fator complicador desse caso é que o alto índice de repetência e a grande evasão escolar, aliados à falta de atratividade da escola, principalmente no ensino médio, contribuem para esse quadro desolador. Estudos recentes sobre esse mesmo tema revelam que apenas metade dos estudantes que ingressaram no ensino médio, conseguiram concluir essa etapa nos três anos exigidos.

          Para alguns pedagogos, o problema começa ainda no ensino básico que não consegue preparar adequadamente os alunos para a etapa seguinte, criando um gargalo de difícil transposição. Segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), de 2017, mostra que sete em cada dez alunos do 3º ano do ensino médio apresentam níveis insuficientes em português e matemática.

         No Distrito Federal, dos jovens que concluíram o ensino médio, apenas 33% chegam às universidades, contra apenas 8% no estado do Maranhão. Essa imensa desigualdade regional é também um fator a se levar em conta nos problemas relativos ao ensino médio. A medida em que ascendem os níveis de educação, mais os percentuais de jovens nas escolas decrescem. No Brasil apenas 17% dos jovens entre 24 e 34 anos chegam às universidades. Mesmo destinando 5% de seu PIB à educação, o Brasil continua na rabeira quando o assunto é ensino, do básico à universidade.

       O problema aqui passa a não ser exatamente uma questão de recursos, mas de correta aplicação, de gestão adequada, incluindo aí problemas antigos como a corrupção e a malversação desse dinheiro, perdidos entre os descaminhos burocráticos e a incompetência marota de nossos gestores.

A frase que foi pronunciada:

“No dia que a universidade me deu um diploma e uma ciência que estava longe de carregar no cérebro. Confesso que me senti ao mesmo tempo enganado e orgulhoso.”

Memórias póstumas de Brás Cubas

Charge: Ivan Cabral
Charge: Ivan Cabral

Honra e mérito

Mestre Woo continua na Praça da Harmonia como professor de Tai Chi Chuan. Aí está um estrangeiro que mudou a vida de muita gente na capital do Brasil, trazendo paz de espírito e mente mais evoluída.

Foto: divulgação/Arnaldo Brandão (correiobraziliense.com.br)
Foto: divulgação/Arnaldo Brandão (correiobraziliense.com.br)

Artesanato

A partir do dia 20 desse mês, uma oficina interessante para os brasilienses. Rose Mendes comandará as aulas de artesanato Flor do Cerrado e Juão de Fibra, em novembro, ministrará as aulas de trançado em fibras. Mais informações pelo email brasiliaflordocerrado@gmail.com.

Inscrições gratuitas em: https://goo.gl/forms/6gG8ZwGKAAz9eF5C2.

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Usando métodos próprios, o comissário conseguiu diminuir os crimes praticados. Não espanca, e quando aparece alguém que espancou a esposa, ele veste-lhe uma saia e blusa, decotada e extravagante e manda o valentão dar uma voltinha pela cidade. (Publicado em 29.10.1961)