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ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
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É dispensável a necessidade de ser um gênio da raça para descobrir que o atual sistema eleitoral do país concentra um tal número de incongruências, que seria natural considerar que o nosso modelo de eleições, conforme regulamenta a lei própria, tem trazido enormes prejuízos para a sociedade. A começar pelo fato de que o ano eleitoral, iniciado logo no primeiro mês, é transformado, do ponto de vista do Poder Executivo e do Legislativo, num tempo totalmente atípico, em que a maioria das ações empreendidas pelo governo e pelo Congresso ganham uma dinâmica própria, mais ajustada aos pleitos que se anunciam.
Os primeiros seis meses de um ano com eleições gerais e principalmente todo o segundo semestre, do ponto de vista da eficácia, na condução da máquina pública, são destinados apenas a movimentos que resultem em ganhos eleitorais. Nesse período, as imagens que mostram o plenário das duas Casas Legislativas vazios e a pouca movimentação dentro do Palácio do Planalto confirmam que as engrenagens do Estado estão no módulo desligado.
Mormente os altos custos para os cidadãos em manter e bancar esse imenso e dispendioso staff do Estado, o país está paralisado, pelo menos até o domingo do próximo dia 7 de outubro. Obviamente que passado esse período, o país não irá retomar o movimento com o pleno funcionamento do Executivo e Legislativo. Em caso de segundo turno, todas as atenções se voltam novamente para a disputa do pleito.
Nesse ínterim, o Brasil segue deitado em berço esplêndido. Para aqueles políticos que não se reelegeram para um novo mandato, voltar à Brasília já não faz sentido no apagar das luzes. Mesmo para aqueles que irão continuar no parlamento, o melhor é esperar o reinício da próxima legislatura a começar apenas depois das festas de Momo.
À semelhança do que ocorre nos Estados Unidos, também por aqui os políticos em fim de mandato acabam se transformando numa espécie de “patos mancos”, com o poder esvaziado, sem o antigo prestígio e sem tempo para atuar e produzir. A derrota nas urnas faz surgir uma legião de zumbis de gravatas que vagam pelos corredores do poder. Quem perde com esse processo cíclico de desertificação do poder é a população, principalmente a grande massa de trabalhadores desempregados e sem perspectivas que terão que aguardar pelo próximo ano.
Para os brasileiros em geral, fica o sentimento de que o ano de 2018 foi, do ponto de vista do desenvolvimento do país, mais um ano perdido que vem a se somar a outros, da mesma forma, sem proveito.
De fato, desde 2013, quando ocorreram as grandes manifestações de rua, toda a nação aguarda pacientemente que o Brasil volte a se movimentar e entrar nos eixos. Alguns dirão que esse é o preço a ser pago pela democracia. Para outros, o congelamento da máquina pública por um ano inteiro em decorrência de todo o processo de eleições serve apenas para adiar e empurrar com a barriga, sine die, os principais problemas do país.
A frase que foi pronunciada:
“A diferença entre um estadista e um demagogo é que este decide pensando nas próximas eleições, enquanto aquele decide pensando nas próximas gerações.”
Winston Churchill
Mestra
Valorosa contribuição social tem dado a professora Maria de Lourdes Teodoro, que concluiu o doutorado em Literatura Comparada, na Universidade de Paris III – Sorbonne Nouvelle –, defendendo tese sobre “Modernismo e Negritude”, em que analisa identidades culturais brasileira e antilhana.
Perda
Faleceu, nessa semana, a dona Iolanda Pereira Fiuza Lima, fundadora do Instituto Claude Debussy.
Mistério
De repente, celulares em toda a cidade desligaram. Algum bug está acontecendo.
Cultura
Inacreditável nenhuma menção ao Teatro Nacional. A cada dia sem atenção, aumenta o risco de o local se transformar em tapera.
Medicamentos
Foi elaborado no ano passado um relatório do Conselho Regional do Distrito Federal (CRF/DF). A esperança da Dra. Gilcilene Chaer era que as ações concretas surgissem dali. Até agora, muito pouco foi aplicado.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Uma das primeiras providências do dr. Laranja à frente da Novacap, foi o fechamento do contrato com a vencedora da concorrência para a duplicação do sistema de recalque d’água da barragem do Torto. (Publicado em 31.10.1961)