Governar pelo exemplo

Publicado em Deixe um comentárioÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil

jornalistacircecunha@gmail.com

Facebook.com/vistolidoeouvido

Instagram.com/vistolidoeouvido

 

Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

 

Uma das primeiras e mais fidedignas fontes de informação que se tem notícia, foram as janelas das casas, por onde as pessoas espreitavam a movimentação e a vida mundana das ruas. Desse modelo veio o que costumeiramente se dizia: pelas frestas das janelas, olhos e ouvidos atentos estão sempre a vigiar o mundo. Nada escapava a essas repórteres naturais do passado que, protegidas pela escuridão, perscrutavam o vai e vem de pessoas, mesmo durante a madrugada. Ficaram tão especialistas nesse mister de anos, que mesmo sem enxergar direito as ruas mal iluminadas, identificavam os personagens apenas pelo som característico do caminhar de cada um. Era uma época em que o vagar lento das horas permitia esse interesse pelas pessoas e pelo o que acontecia à volta.

Hoje, esse espreitar o mundo se ampliou de tal forma nessa aldeia muito além da vizinhança imediata. Nessa vizinhança planetária, as pessoas sequer se conhecem uma as outras ou mesmo se cumprimentam, mas ainda não perderam o interesse pelo que acontece a cada um. É esse o mundo virtual que estamos imersos e que imaginamos vir a conhecer na sua totalidade, que esquadrinhamos agora pelas frestas da grande janela da Internet, protegidos por um anonimato que acreditamos ser seguro.

O que vemos lá fora não são mais pessoas que conhecíamos, mas multidões sem identidade e que chegamos a suspeitar que sequer existam na vida real. Essas lembranças do que acontecia no passado e que parecem acontecer hoje, também por outros meios, vêm a propósito dos recentes panelaços que voltaram a ocorrer por todo o país e que agora, em tempos de quarentena, parecem rugir com mais raiva ou amor contra e a favor do governo.

De modo até anacrônico esse bater em panelas, parece nos remeter a um ritual primitivo, de rufar de tambores, isso em plena era da tecnologia. Das mesmas janelas que antes espiavam silenciosas o mover da vida modorrenta nas cidades coloniais, hoje se voltam a protestar contra o atual governo. Se um chefe da nação faz troça do que ocorre a seu redor, faz pelo exemplo, com que a população acredite que tudo é fabricado pela mídia. Que se houver uma pesquisa minuciosa e diligente será descoberto que nenhum paciente faleceu unicamente por causa do coronavírus, na verdade faleceu pela vulnerabilidade da saúde, não importando a idade. Fará com que a população acredite que tudo não passa de uma guerra fria, testando o limite dos países, a queda da bolsa, os mercados caindo, petróleo, preços de commodities e principalmente as reações e iniciativas de seus líderes. Fará com que seus eleitores duvidem da seriedade da pandemia lembrando o H1N1 que veio e foi na mesma rapidez, atendendo interesses escusos em seu rastro. Ou mesmo que comunistas são mentirosos compulsivos por natureza.

É preciso que o presidente, nesse momento, comece a cuidar da performance de seu governo, não pondo em dúvida os cuidados com sua população.

Se a única forma de desacelerar o vírus é evitar multidão, transporte público, áreas de convívio social, então estimular essas iniciativas é primordial. O Covid-19 foi considerado Pandemia pela Organização Mundial da Saúde, não pelo resultado da doença, mesmo porque gente saudável não está no grupo de risco. Até que se descubra a vacina, o Covid-19 é pandemia pela forma rápida com que se espalha. Um espirro fora da dobra do braço, a mão num corrimão, numa maçaneta, numa caneta, o contato com outras pessoas, um prato ou talher mal lavado. Isso sim, causa a disseminação do vírus e chega aos de saúde frágil já que é um vírus assintomático.

Tudo isso demonstra, de forma inequívoca, que está claro que a ordem pelo excesso é mais indicada que a negligência. Se a culpa é dos chineses, que se use a criatividade para conduzir essa situação, não com piadas, provocações, mas com a inteligência e atitude.

Nesse período de quarentena, em que os brasileiros puderam dispor de mais tempo para observar de casa o que vai para além das janelas, milhões de olhos, ouvidos e panelas nas mãos estão a postos e focados no governo e nas autoridades. Todo o cuidado nessa hora é pouco.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Ao final das contas, quando a gripe sumir, vamos ver mais falidos que falecidos.”

Dona Dita, com os seus botões, procurando um shopping, um restaurante ou uma academia aberta.

Foto: Helio Montferre/Esp. CB/D.A Press

 

Urbanidade

Empresas de ônibus, nesse momento de crise, deveriam ser obrigadas a triplicar a frota sem aumentar o preço. Não é possível recolher os carros e deixar a população engalfinhada nos metrôs. Agora é a hora de abrir mão dos lucros, como todo comerciante está involuntariamente fazendo.

CMTC reduz frota de ônibus por diminuição da demanda por causa do coronavírus em Goiânia (Reprodução: g1.globo.com)

 

Proatividade

Desde maio de 2017 que o Senado Federal está preparado para o tele trabalho. A regulamentação que traz o Ato da Comissão Diretora 8/2017 e o Ato do Primeiro Secretário 2/2017. Pessoal da tecnologia está sempre disponível para atender a demanda. Essa é a razão da tranquilidade dos Senadores para votar fora do Congresso e ter a saúde resguardada.

Foto: Jane Araújo/Agência Senado

 

Vá de retro!

Caesb surpreende com a conta. Dessa vez nem é o valor. Mas o juízo de valores médicos. Veja a seguir. A conta traz a informação. “Tosse por mais de 3 semanas pode ser tuberculose”.

 

Verdade

Depois de sacudir a caixa de marimbondos, o filho do presidente resumiu uma das últimas publicações do médico que divulgou para o mundo o que acontecia na República Popular mais falada ultimamente. “Uma sociedade para ser saudável, não pode ter apenas uma só voz.”

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Os anúncios da vinda do sr. Jânio Quadros são desencontrados, porque os “viúvos” não têm informação, coisa nenhuma. Todos eles estão sacando. O “professor” vai chegar de surpresa, porque não quer testes. (Publicado em 04/01/1962)