O crescimento horizontal da capital

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VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

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Vicente Pires – DF (enganadopelabrookfield.wordpress.com)

 

Um fenômeno observável hoje em lugares remotos como a África Subsaariana, Sul da Ásia, China e Índia, onde cidades inteiras vão crescendo exponencialmente no sentido horizontal, começa a se delinear também, de forma embrionária, aqui no Distrito Federal.

De início, é preciso deixar claro que a falta de uma política sensata para a questão fundiária da capital decorre, justamente, da ação nefasta de políticos que usam desse problema apenas para alavancar suas candidaturas, prometendo e incentivando a ocupação desordenada de terras públicas. Com isso, a exemplo do que vem ocorrendo em cidades como Lagos, na Nigéria, onde a cidade já se espraia por mais de 1.200 quilômetros quadrados e continua a crescer, a grande Brasília vai se espalhando para fora do quadrilátero, invadindo, aos poucos, o próprio estado de Goiás.

Já se sabe que, sem planejamento urbano detalhado, nenhuma cidade, dignamente habitável, pode existir por muito tempo. O crescimento desordenado e fora dos padrões, rigidamente estabelecidos pelas ciências urbanas, está na razão do colapso de muitas cidades.

O alargamento urbano horizontal, que no nosso caso vai sendo estabelecido a cada novo governo e com apoio da classe política local, se dá não apenas pela abertura de novos loteamentos ao redor da capital, mas ocorre também pelo estabelecimento de dezenas de novos condomínios que vão surgindo nos quatro cantos da cidade.

Dessa forma, não é de se estranhar que os serviços municipais, como abastecimento de água, luz, esgoto, asfalto, escolas, hospitais, delegacias e outros, vão se rareando à medida em que esses bairros se afastam do centro. O milagre da habitação, possibilitado de forma marota pela classe política, obviamente não é acompanhado pelos serviços de infraestrutura necessários a uma vida digna.

Fossem esses os únicos problemas trazidos pela falta de planejamento, a solução seria menos traumática para o poder público. Ocorre que o crescimento descontrolado na horizontal, conforme vai se configurando hoje na capital, acaba por pressionar, de forma irreversível, os recursos naturais.

A ocupação de terras agrícolas, o assoreamento de rios e córregos e a instalação de bairros inteiros sobre áreas sensíveis de preservação ambiental, ao reduzir os recursos naturais, acaba por aumentar, ainda mais, as desigualdades sociais. Não é por outro motivo que nos países desenvolvidos, predominam o crescimento vertical, por meio de edifícios mais altos e relativamente bem localizados e próximos aos centros urbanos.

A medida em que a grande Brasília vai se desdobrando no horizonte, em bairros sem infraestrutura alguma, aumentam ainda os problemas com os transportes, com os congestionamentos, submetendo populações inteiras as precaríssimas empresas de ônibus, com suas frotas sucateadas, perigosas e com altas tarifas.

O custo da irresponsabilidade política na questão fundiária é dado pela previsível inviabilidade a médio e longos prazos da capital. Mas aí, quando essa situação se mostrar no limite, os responsáveis por essa catástrofe já terão migrado para outras regiões, longe do caos, deixando apenas o rastro de destruição para a população que não soube contestar.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O mal é causador de uma constante miséria devido à incansável necessidade do ser humano de vingar-se, como forma de soltar o ódio”

Ralph Steadman, conhecido por suas caricaturas políticas e sociais

Foto: Splash News/ Corbis

 

Chega

Senador Lasier Martins quer fim de barragens iguais às de Brumadinho e Mariana, proibindo que acumulem rejeitos pelo método de alteamento a montante, onde o material armazenado é usado na contenção. “Constatamos que o que ocorreu em Mariana, em 2015, não serviu de lição. Não podemos mais aceitar ocorrências como essas, temos a obrigação moral de agir urgentemente na busca de soluções que impeçam a reincidência de fatos que nos envergonham e que sujeitam brasileiros a um profundo sofrimento”, justificativa o senador a base de seu projeto.

Foto: Editoria de Arte/G1

 

Poeira

Depois da misteriosa fuga, Jean Wyllys diz ter recusado asilo político da França. A Embaixada Francesa em Brasília não foi informada sobre o assunto. Resta saber se existe mesmo o assunto, nessa chuva de inverdades na bagagem do ex-parlamentar.

Foto: M. Damasceno/RFI

 

Lembrete

Só para lembrar que muito antes de Jean Wyllys ganhar o programa da Globo, Big Brother, Clodovil era deputado, gay assumido e muito querido e respeitado pelos brasileiros. Wyllys é repugnante não por ser gay, mas por ser ardiloso.

 

Articulação

Por falar nisso, impressiona a demora para as autoridades revelarem o que de fato aconteceu por trás da tentativa de homicídio contra o então candidato à Presidência da República, hoje já eleito, Jair Bolsonaro. Já são quase 6 meses passados. Se há uma mobilização para deixar os brasileiros mais seguros, o ponta pé inicial deveria ser a competência para desvendar e trazer a público toda a verdade sobre esse crime.

Foto: AFP/bbc.com

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Esta coluna estará fora de circulação por vários dias, para que o colunista faça repouso absoluto, por prescrição médica. Se a notícia lhe agrada, agradeça ao dr. João Batista Mendonça. Se lhe desagrada, reclame dele, também. (Publicado em 10.11.1961)