Tag: #CorrupçãoNaPolítica
VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil
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Após essa sequência de prisões sem fim de nossas principais lideranças políticas, um fato que vem ocorrendo com certa constância nessas últimas décadas, de certa forma, traz para o presente as mesmas razões que no passado recente desencadearam e justificaram a chamada revolução de 1964.
Já naquela época, guardadas as devidas proporções de tempo e espaço, estavam também centradas, exclusivamente na classe política nacional, as raízes de todas as crises institucionais que agitaram aquele período e que acabaram por catalisar a revolta dos quartéis, abrindo as portas do Estado para a chegada dos militares ao poder. Em outras palavras, foi o comportamento dissoluto de nossos políticos, o verdadeiro responsável pelas alterações bruscas ocorridas nos rumos da nossa democracia, e que, por sua vez, sacrificou o surgimento de verdadeiras lideranças futuras, o que, sem dúvida, trouxe grandes prejuízos para nosso pleno desenvolvimento como país democrático.
Já naqueles longínquos anos sessenta, haviam denúncias e alertas feitos nas casernas sobre a falta de compostura da classe dirigente, sua insensibilidade diante da realidade nacional. Denunciavam também, naqueles tempos, o egoísmo dessas elites dirigentes, mais entregues às facilidades do poder do que à boa gestão da coisa pública.
Pouco antes de eclodir o março de 64, era voz corrente, entre os militares, que a corrupção política tinha se entranhado na máquina do Estado a um tal ponto que seriam necessários muitos anos para os brasileiros readquirirem o caminho da prosperidade. Muitos daqueles militares, que participaram da chamada revolução de 1964, não escondiam sua desconfiança com relação aos civis que compunham a elite política nacional. Com honrosas exceções, nossa classe política foi a artífice principal de todas as crises políticas experimentadas pelos brasileiros entre a segunda metade do século XX e o começo deste século.
Hoje a situação é muito assemelhada, mas com a diferença de que os níveis de corrupção alcançados por esses operadores do Estado necessitam muito mais da ação das forças policiais e do Ministério Público do que precisamente das Forças Armadas. Mesmo assim, o que os brasileiros assistem hoje é a chegada dos militares ao controle do país por outros meios, de forma perfeitamente legal e até democrática.
Dessa forma, não parece surpresa que a eleição agora do novo presidente representa, em certo sentido, uma continuidade do março de 1964 ou seu prolongamento, feito agora pela via das eleições de outubro de 2018. A prisão de dois presidentes da República sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro e, não por razões políticas, como querem fazer crer seus acólitos, e mais o fato de que outros poderão vir a ter o mesmo destino, além de um fato inédito no mundo Ocidental, demonstra no presente as mesmas razões que no passado trouxeram os militares para restabelecer a “ordem na casa”. Coincidência ou a história como farsa, só o tempo irá dizer.
A frase que não foi pronunciada:
“Golpe, Revolução ou combate à corrupção?”
Frase versão 2019
Pura sabedoria
Moradores da Asa Sul reclamam do fumacê nas quadras. Para quem pergunta se é melhor a dengue, a natureza dá a resposta. Matam aranhas, cigarras, lagartixas, abelhas, morcegos e aí reclamam da dengue, reclamam que a polinização acabou, que as baratas não param de aparecer e por aí vai. Chefe Seatle já dizia em 1798: “A humanidade não teceu a teia da vida. Nós somos apenas um segmento dentro dela. Tudo o que fazemos para os seres vivos, fazemos para nós mesmos. Todas as coisas estão unidas. Todas as coisas se conectam.”
Pegou pesado
Mas foi verdade. O presidente Bolsonaro comentou as pesquisas do Ibope sobre a popularidade: “Eu não estou preocupado com pesquisas porque também não têm credibilidade, assim como pesquisas eleitorais”, declarou, citando que institutos de pesquisa haviam apontado, em 2018, que ele perderia para qualquer candidato que o enfrentasse no segundo turno.
Nova palavra
Por falar nisso, além da segurança da urna eletrônica, os institutos de pesquisa são uma forma velada de boca de urna. Nosso povo tem a ideia de votar em quem está ganhando, o que dá aos institutos de pesquisa um poder ‘superliminar’.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Anteontem de manhã, eu pedi uma ligação para o Hospital Felicio Rocho, de Belo Horizonte, onde está internada a família do nosso companheiro Renato Alencar, vítima de um desastre na Rio-Brasília. Pois bem. Até hoje não completaram a ligação, embora eu tenha dado o endereço à telefonista seis vezes nestes dois dias. E ainda querem tirar as antenas dos radioamadores! (Publicado em 15.11.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil;
colunadoaricunha@gmail.com;
Numa listagem de 180 nações, elaborada pela Transparência Internacional no início desse ano, o Brasil aparece no nada honroso 97º lugar, misturado entre os países mais corruptos do planeta. A cada ano, nosso país vem caindo de posição, descendo a perigosa escada onde estão as mais problemáticas nações do globo.
Diversas operações levadas a cabo pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, nesses últimos anos, têm tido o condão de mostrar, ao mesmo tempo, o quão profunda e entranhada é a corrupção no Estado brasileiro e o quanto temos ainda que avançar para deter essa praga que nos mantém presos a um passado de subdesenvolvimento eterno, caminhando na rabeira do mundo civilizado.
Mas afinal, o que isso tem de importância? Perguntariam os cínicos, depois de apontar que somos ainda uma das dez maiores economias do planeta. Talvez não custe enfatizar ainda que o fenômeno da corrupção é hoje a principal causa, entre nós, das desigualdades sociais e dos péssimos serviços públicos que são prestados à população, induzindo ainda a violência exacerbada que tomou conta de nossas principais cidades, deteriorando as economias locais, afastando investidores, degradando o meio ambiente, desempregando e levando à marginalidade populações inteiras, roubando, acima de tudo, o futuro dos brasileiros.
Se já não fossem poucos os malefícios gerados pela corrupção, o mais assustador é constatar que ela permeia praticamente todas as instituições e poderes do país e tem, na sua elite dirigente, os maiores exemplos negativos dessa prática, já tornada costumeira em todas as instâncias do governo.
Embora não exista uma fórmula ou metodologia para medir, com exatidão, a corrupção de um país, é fato que, sentido na pele pela população e confirmado pelas inúmeras investigações, comprova uma clara correlação entre esses atos ilícitos e a prática corrente de atividades criminosas de todo o tipo, dentro e fora do governo.
Mesmo se comparado a outros países desenvolvidos, no Brasil, o índice de corrupção aumenta ainda mais essa percepção geral de que o país caminha numa trajetória descendente; é justamente a falta de transparência. Nesse quesito, estamos na 80ª posição entre 137 nações, segundo o Fórum Econômico Mundial. No nosso caso específico, é patente que a corrupção tem arruinado, por séculos, qualquer chance de desenvolvimento econômico.
De fato, o que parece agravar nosso caso, é que a medida em que vamos retrocedendo e, por conseguinte, ficando mais pobres, vamos ficando também mais abertos à corrupção, num ciclo sem fim e cujo o resultado final acaba por contaminar a própria população que passa a aderir a esse jogo sujo com naturalidade.
Portanto, não seria demais salientar que a medida em que a corrupção vai corroendo a máquina do Estado por dentro, mais e mais essa ferrugem ética acaba por extrapolar, envolvendo toda a nação na mesma lama, tornando inviável o próprio Brasil.
A frase que foi pronunciada:
“Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam com a outra. Antes se negam, se repulsam mutuamente. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.”
Rui Barbosa
Dia especial
Muito carinho dos leitores, hoje, no aniversário do titular dessa coluna. Ari Cunha agradece, comovido, as manifestações dos amigos.
Vôlei de praia
Brasília está pronta para receber a 3ª etapa do Circuito Brasileiro Challenger. Medalhistas olímpicos e novos talentos abrilhantarão o evento gratuito à população. Até domingo, no Parque da Cidade.
Mercado de trabalho
Passados cinco meses com o índice de empregados no mercado formal caindo vertiginosamente. Menos 661 postos de emprego.
Babá
Por falar nisso, cumpridores das obrigações sociais dos empregados domésticos exigem mais qualidade e capacitação. Acrescente-se o desemprego e o resultado é: pedagogas, até com mestrado, procuram emprego de babá, recebendo muito mais do que paga uma escola, considerando uma classe com 20 crianças e uma casa com apenas 1 criança. Novos tempos.
Curso humanizado
Novamente, um policial agredindo gente trabalhadora. Nessa crise, não são os que lutam para sobreviver dignamente que merecem esse tipo de tratamento. O fato aconteceu novamente na Rodoviária do Entorno, no centro da capital. Com celulares, uma atitude dessa é imediatamente registrada por qualquer transeunte. Policiais estão com os nervos à flor da pele. Precisam de reciclagem!
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O primeiro passo para reestruturar, seria a unificação de todas as campanhas ligadas ao Ministério da Educação, para o combate ao analfabetismo, que dentro de cinco anos poderá ser reduzido ao mínimo, com a aplicação de recursos da ordem de 160 bilhões de cruzeiros. (Publicado em 26.10.1961)