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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
jornalistacircecunha@gmail.com
facebook.com/vistolidoeouvido
Deus, tenha piedade de nós! Livra-nos da vergonha. Principalmente em fóruns internacionais, onde as mídias sociais interligadas mostram, em tempo real para todo o mundo, que andamos ainda, desde o século XV, em círculos, em busca de uma identidade como nação.
Poupe-nos dos vexames e não deixais que nossas autoridades caiam na tentação de acharem que são mais espertas do que o resto do mundo. Livra-os também do vício da mentira. E não permita que cenas patéticas, de choro sem sentimentos crie, no imaginário do mundo, uma ideia errada do que somos como povo.
Orando dessa forma, quem sabe, Deus e o mundo possam nos redimir da falta de compromisso e seriedade com que nossos representantes encaram as mais urgentes agendas e promessas globais. Inflar dados e estatísticas, alterando os números superlativos sobre queimadas e derrubada de matas nativas, mesmo ignorando que o mundo assiste agora a capital do Amazonas, Manaus, afogada em densas nuvens de fumaça, resultante das maiores e mais dispersas queimadas dos últimos 25 anos é, no mínimo, uma ousadia desprovida de inteligência.
Pior é que para não ficar feio e deselegante, o mundo finge acreditar. No íntimo, o mundo presente na COP28 sabe que nossa floresta tropical, por sua imensidão territorial e mesmo pela falta de zelo histórico com que cuidamos desse patrimônio, pertence tanto ao Estado brasileiro como às centenas de ONGs que agem no local, como aos madeireiros financiados por indústrias internacionais, como aos garimpeiros, aos contrabandistas de espécies vegetais e minerais, como as mineradoras multinacionais, como as facções criminosas que operam naquela região e a muitos outros parasitas que por aquelas bandas vagueiam em busca de riqueza fácil.
A Amazônia já é do mundo. Caiu na vida. Afirmar que a atual gestão do país vai salvar a Amazônia e a reputação do Brasil sobre esse problema é uma mentira pueril. O fato, e os satélites mostram a destruição com precisão, quase um quinto da floresta amazônica já desapareceu e apresenta hoje uma realidade quase irreversível. Ainda assim, as motosserras não param de zunir dia após dia. O mundo sabe desse problema e o compara com que dizem nossas autoridades do alto das tribunas. O final não bate. Não coaduna. E não adianta colocar a culpa no fenômeno El Nino.
O discurso para a COP e para o mundo, com promessas de que a onda de desmatamento irá cessar em 2030, juntamente com a Agenda da ONU, não encontra respaldo interno pelas condições precárias da economia do país e tão pouco conta com o entusiasmo das autoridades, muitas delas pouco afeitas às questões ambientais e a desafios dessa natureza.
É preciso combinar antes com esses atores que lá estão dilapidando essas riquezas e com os políticos dessas regiões, que fingem nada saber. Mesmo diante de tantas promessas em favor de uma economia verde, bastou um convite, feito pelos xeques do petróleo no mundo, para que o Brasil, por meio da Petrobras, faça parte do grupo da Opep+, para que os olhos de nossas autoridades brilhassem como ouro faiscando e caíssem as fantasias.
Às favas, a preservação e as emissões de gases do efeito estufa provocados pela queima do produtos fósseis. Nossos representantes não conseguiram esconder o entusiasmo com o convite e até ensaiam criar uma Petrobras no Oriente Médio. A adesão àqueles que representam hoje os antípodas do combate ao efeito estufa veio da forma mais singela e marota: “Acho importante a gente participar, porque a gente precisa convencer os países que produzem petróleo que eles precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis”, disse o presidente do Brasil. “E se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram para fazer investimento… Porque se a gente não criar alternativa, a gente não vai poder dizer isso.”
A frase que foi pronunciada:
“A economia é clara: a mudança global para as energias renováveis é inevitável. A única questão é quanto aquecimento o nosso planeta suportará antes que isso aconteça.”
Secretário-Geral António Guterres em comentários na abertura da Cúpula Mundial de Ação Climática COP28
Erramos
Em carta, leitor nos corrigiu com propriedade na coluna intitulada Desabrigados pelo Marco Temporal. Dissemos, à certa altura, que o STF declarou ser constitucional o Marco Temporal quando é justamente o contrário.
Burocracia
Medical Center, edifício de atendimento clínico, resolveu cadastrar as pessoas que entram no prédio causando um transtorno enorme. Fila longa e pacientes sem poder comparecer no horário marcado.
Interesses
Continua o transtorno com a falta de comunicação entre instituições. Aposentados que precisam retirar o dinheiro do banco recebem orientações truncadas por todos os lados, dificultando o acesso ao direito que lhe cabe. INSS, bancos e empresas com ruídos na comunicação.
Compromisso
No dia 10, na Igreja do Perpétuo Socorro de Taguatinga, 19h, o coral do Senado cantará músicas natalinas e a Missa de Palmeri. Nada de surpresas que desagradem leigos ou a comunidade cristã.
História de Brasília
Os ônibus da TCB que servem à L-2 atrasam comumente seus horários, deixando os passageiros ao sol, esperando quase uma hora. (Publicada em 27.03.1962)
VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)
Hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade
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Não se sabe ao certo que propostas ou discursos o atual governo levará à Conferência de Mudanças Climáticas promovida pela Organização das Nações Unidas (COP 28), que ocorrerá em Dubai, entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro. Por certo, o mundo inteiro estará de olho nesse encontro, o que pode tornar essa Conferência uma excelente vitrine e uma oportunidade ímpar para que os outros países e o Brasil, inclusive, mostrem que projetos reais possuem e como têm feito para torná-los exequíveis.
Nessa COP 28, o Brasil, segundo todos os analistas acreditam, terá papel de destaque. Não propriamente por ações derivadas do governo, que, ao que se sabe, não possui canais abertos com esse importante setor de nossa economia, mas por causa, sobretudo, do papel desempenhado pelos pecuaristas e por toda a cadeia privada ligada ao agronegócio.
Ser considerado hoje como o maior produtor mundial de alimentos, confere ao Brasil uma posição sem precedentes nesse encontro e dá, ao país e à sua força de trabalho, um protagonismo dos mais nobres e elogiáveis.
Não é de hoje, por conta da força do lobby internacional ligado ao meio ambiente e aos mercados consumidores, cada vez mais ciosos também com a preservação do planeta, que o agronegócio brasileiro vem se precavendo e melhorando suas práticas em busca da preservação dos recursos naturais. A antiga imagem do produtor, alheio ao mundo moderno e suas necessidades ficou para trás. Quem visita hoje os homens de negócio ligados ao campo percebe estar na presença de gente sofisticada e plugada no mundo moderno. O maquinário e a tecnologia de ponta substituíram as enxadas e o arado. Mesmo a criação de animais experimenta o que de melhor existe hoje em tecnologia para a pecuária.
O mercado exige e os lucros são assentados justamente nesse tipo de demanda especial. Mesmo os aspectos sanitários dos animais são observados de perto, pois qualquer distração nessa área provoca prejuízos imensos e sujam a reputação em questão de segundos. Em negócios desse tipo, onde tudo é grande e delicado, não adianta fingir. Os protocolos internacionais precisam ser seguidos rigorosamente. Tudo é visível por especialistas que a toda hora vigiam o setor, quer por tecnologia de satélites, tudo vê em tempo real.
Segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), houve, entre 2021 e 2022, um crescimento da área plantada de grãos de mais de 81% e uma aumento de produção da ordem de 433%. São números fantásticos, ainda mais quando se verifica que o aumento na produção de grãos não provocou um aumento nas áreas de plantio. Isso significa mais produção sem necessidade de desmatar mais áreas nativas. O que importa, nessa Conferência, e talvez o governo não esteja atento a esse fato, é que o mundo sabe exatamente o que ocorre em nosso país, mesmo que por aqui se façam de desentendidos.
Portanto, de nada adianta ir para essa Conferência e apresentar dados otimizados e fora da realidade e, como é de praxe, usar a tribuna como se fosse um palanque político e eleitoral. Os satélites de última geração em tecnologia não mentem. Por isso, de nada adianta mentir sobre o alarmante incêndio que cobriu Manaus de fumaça por semanas ou as queimadas no Pantanal, que seguem ardendo como nunca.
Também em relação ao desmatamento do Cerrado é preciso dizer a verdade mostrando que as ações do atual governo estão ainda muito longe do que seria razoável e que a imensa região do Matopiba continua sendo devastada. De fato, o que o governo teria, de modo oficial e verdadeiro, a oferecer ao mundo, nessa COP28, baseia-se, em grande parte, no trabalho realizado pela iniciativa privada, que colhe agora seu momento de júbilo fora da influência e de ações do governo.
A frase que não foi pronunciada:
“Minha filha, lei não é poesia! A lei que dá margem à interpretação é inútil. É roteiro de novela.”
Dona Dita, pensando na Justiça de outros países
Muito boa
Casal com recém-nascido estava ouvindo as notícias na TV sobre a aprovação da PEC do Senado que limita decisões monocráticas do STF. O marido comenta: Parece que ele acordou. A esposa assustada pergunta: o neném? Não, Rodrigo Pacheco!
Grilagem
Grileiros arregaçam as mangas e recomeçam a agir na certeza da impunidade. Entre o Paranoá e o Setor de Mansões do Lago Norte, o desmatamento não é mais com fogo. O veneno vai matando o cerrado e escorrendo para o lago. Ou o governo age imediatamente, ou vamos assistir o Não Vale a Pena Ver De Novo.
História de Brasília
A razão para o que ocorre, é que o deputado, sendo cearense, trouxe, de sua terra, uma cozinheira que prepara excelentes tapioquinhas de côco, e a afluência de amigos não é devido a outra coisa, senão a uma demonstração pantagruélica, com variações para a mandioca. (Publicada em 27.03.1962)