De volta às cavernas

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Comércio fechado em São Paulo. Foto: Rovena Rosa/ABr

 

Uma das visões mais desalentadoras para todos aqueles que buscam retomarem à normalidade, depois de quase dois anos de quarentena, é verificar a quantidade enorme de estabelecimentos comerciais que simplesmente desapareceram no ar ao longo desse período.
Talvez isso explique, em parte, a afirmação de que a vida que conhecíamos antes da pandemia já não existe mais e jamais voltará a ser como era. Existe ao menos a esperança de que novos estabelecimentos comerciais surgirão nesse vazio e uma nova modalidade de mercado será implantada, inaugurando, assim, um novo padrão ou atividade de compra e venda. Não se sabe. Tudo ainda são incertezas.
De concreto, o que se vê nesse momento, com tantas lojas fechadas ou vazias, é que o fenômeno da falência generalizada dos pontos comerciais é um fato a empobrecer a economia das cidades e a gerar mais desemprego e incertezas com relação ao futuro. Cidade alguma pode almejar a prosperidade sem um conjunto de atividades comerciais pujantes.
Aliás, foi o comércio a atividade que fez surgir as primeiras cidades, situadas no entroncamento de rotas por onde transitavam mercadores indo e vindo de regiões produtoras. Também tem sido o comércio o grande atrativo para muitas cidades do mundo e sua principal fonte de renda. Sem esse dinamismo dos mercados, com pessoas negociando, não existe a possibilidade de enriquecimento, e isso pode acarretar, inclusive, a morte desses núcleos populacionais.
Na história, é comum observar o grande número de antigas cidades que simplesmente deixaram de existir tão logo houve o esvaziamento de seus mercados. Essa é uma lição histórica que precisa ser apreendida o mais rapidamente possível, caso haja interesse em salvar nossas cidades.
Por certo que o mercado virtual, o chamado e-commerce, mesmo com o crescimento assustador verificado nos últimos anos, não poderá substituir plenamente e de forma satisfatória a variedade do comércio e das lojas físicas espalhadas por toda a cidade sem colocar em sério risco a própria vida urbana.
É nas praças públicas (ágoras), cercadas por seus comerciantes diversos, que, desde a antiguidade grega, ocorriam as reuniões dos cidadãos e onde eram discutidos os assuntos ligados à vida urbana. É nesse acotovelar-se entre multidões que a vida urbana flui e ganha energias necessárias para impulsionar as cidades.
A pandemia, assim como nos períodos de guerra, recolheu as pessoas das ruas, deixando as cidades à sua própria sorte. O que sobreveio foi a decadência e a transformação das cidades em verdadeiros túmulos a abrigarem mortos-vivos. Nesse cenário desértico, que temos que superar com urgência, o que mais preocupa como sinal de que estamos prestes a sucumbir é quando nos deparamos com a morte da vida cultural da nossa cidade.
Teatros, galerias, livrarias e muitos espaços dedicados à cultura e às artes sumiram do horizonte. E isso parece ser um sinal de mau agouro. Sem essa ebulição das artes e da cultura, próprios de cidades a fervilhar vida, resta-nos um retorno à barbárie, onde permaneceremos presos às nossas cavernas a observar o movimento do mundo projetado como sombras que dançam pela parede como fantasmas.

A frase que foi pronunciada:
“Você sabe que está no caminho do sucesso se você fizer seu trabalho e não for pago por ele.”
Oprah Winfrey

Foto: Vera Anderson- Colaborador/ GettyImages

 

Reforma
Veja a seguir como as calçadas da W3 estão ficando bonitas. Agora é possível andar no comércio, inclusive empurrando uma cadeira de rodas. Calçada sem buracos dá boas-vindas à mobilidade.

 

Entre postes, lixeiras e placas
Por falar em calçadas, a foto foi enviada por Doralvino Sena para o grupo de moradores do Lago Norte, na verdade, não é uma sugestão. É uma fotografia da calçada ideal para a região. Infelizmente não é assim porque grande parte da vizinhança avançou a cerca sobre os 5 metros de área pública.

 

Excelente
As regras são bem definidas, o preço é justo. A Casa do Ceará oferece à comunidade o famoso curso de culinária da dona Isabel. Dos hábitos de higiene, passando pelo almoço caseiro até a sobremesa cativante. Veja no link Curso de Culinária da Casa do Ceará como se candidatar ou indicar sua ajudante.

 

Efetivamente
Tarcísio Gomes de Freitas. Esse é um bom nome para se acompanhar nas redes sociais. O que esse ministro está fazendo pelo país é impressionante. Desenvolvimento pela terra, pelo céu e pelo mar. Com todos os cuidados para que a corrupção não entre nas atividades, esse é um exemplo do que se deve fazer com o dinheiro do contribuinte.

 

História de Brasília
À custa de informações falsas, ninguém escreve nada que preste, e é por isto que o repórter disse que o “mato toma conta de Brasília”. O que ele apresenta na foto, como mato, é o canteiro de erva cidreira, que mantêm firme a rampa do Congresso, e que é uma das coisas bonitas de Brasília. (Publicada em 09/02/1962)

Oportunidades e oportunismo

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Foto: agenciabrasilia.df.gov

 

Dizem que, em tempos de crise, a criatividade e as oportunidades surgem como faíscas, tanto das demandas, como da escassez de bens e serviços. O mercado, esse ser desconhecido por muitos, mas que possui grande influência na vida de todos, facilitando e dificultando a obtenção de bens, conforme a relação do momento existente entre vendedores e compradores, parece ter sua existência notada apenas em tempos que adversidades surgem no horizonte.

No Brasil, onde tradicionalmente o governo faz de tudo para dificultar a livre iniciativa, sobrecarregando-a de uma infinidade de impostos, taxas e outras obrigações, os momentos de crise acabam se transformando em oportunidades únicas para os empresários descontarem, nas costas dos consumidores, todas as maldades que sofrem por parte do Estado. É a lei da selva, aplicada sobre às leis econômicas de forma descarada.

Exemplos negativos dados pelos empresários e até pelo governo em tempos de crises são abundantes e dariam para preencher várias enciclopédias com histórias fantásticas sobre a ganância e a esperteza malemolente nacional. Esse jeitinho de tirar proveito em tudo já compõe o caráter cultural de nossa gente. As longas filas que vão se formando agora nos supermercados, com gente afoita comprando o que vê pela frente, dá uma pequena mostra desse espírito selvagem que herdamos de nossos antepassados mais recentes.

O preço do álcool em gel, um item até há pouco tempo desprezado pelos consumidores, mas que agora parece ter virado ouro puro, dá uma mostra desse oportunismo malandro, cujos efeitos são falsamente imputados às leis do livre mercado. Esse e outros bens de consumo vão sendo, conforme o desespero sem causa dos consumidores, remarcados para cima sem limite e sem ética alguma. Tabelar e fiscalizar por amostragem, nada resolve. Sem solidariedade e ética, sociedade alguma poderá sobreviver em tempos de crise.

Aqueles mesmos empresários que remarcam abusivamente seus preços encontram, em outros mercados, quem faz o mesmo. Fornecedores são também fatalmente consumidores. Especuladores e aqueles que enxergam lucros onde há somente o caos estão à espreita em todo lugar, do mercadinho da esquina ao banco no final da rua. Infelizmente para o vírus da ganância, não há vacina conhecida.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Só saia de casa quando for realmente necessário. Quero meus coroas vivos.”

De internauta não identificado

 

Panorama

Criança toda empolada, ardendo em febre dá entrada no hospital do Paranoá, por volta da meia noite. A médica atende e encaminha para exames. Duas horas depois, com a papelada pronta, a mãe aguarda até 4 horas da manhã pelo retorno ao atendimento. Pergunta ao guarda por onde anda a doutora. Estava descansando. Finalmente chamam mãe e criança. Outro médico vê os exames e prescreve um medicamento sem carimbar a receita. Na farmácia a informação: a prescrição é de um colírio, antibiótico.

Foto: blogdoguilhermepontes.com.br

 

Vai ou não vai

Em vários pontos da cidade, placas com o limite de velocidade causam confusão. Não há coerência. Principalmente em áreas com obras. Perto de um redutor de velocidade da Ponte JK, que a velocidade é 60km/h, há uma placa indicando 40km/h.

Foto: Acácio Pinheiro / Agência Brasília

 

Sem resposta

Pergunta que não quer calar. Da cobra ao morcego, e a China? Vai sair ilesa de toda essa crise? Apenas comprando mais de todo o mundo em crise e pagando menos pela soja, petróleo? São 66,6 bilhões de produtos brasileiros importados! Por onde anda a Organização das Nações Unidas?

Foto: Issei Kato/Reuters

 

Sensatez

Luis Felipe Pondé fala sobre o Coronavírus. Vale ouvir. Veja a seguir.

 

NYC

Carnegie Hall, uma das salas de concertos mais importantes do mundo, cancelou toda a programação. Quem pagou com cartão de crédito terá o reembolso automático. Os que compraram ingressos com dinheiro, receberam um e-mail para enviar a foto do ticket e informações pessoais para o ressarcimento.

 

Em tempo

Se as escolas pararam em Brasília, só ontem as creches receberam ordem de fechar as portas graças à Justiça do Trabalho, por decisão da juíza Érica Angoti.

Foto: Arquivo Pessoal/Washington Luiz (correiobraziliense.com)

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Hoje não há pescaria. A chuva está prejudicial. De mais a mais, vamos ver quem ganha o molinete que correrá pela Loteria de Goiás, no dia 21, entre os reservistas que se apresentaram ao ministério da Guerra. (Publicado em 17/12/1961)

Black Friday ou Grey Day

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Foto: Arquivo/Agência Brasil

 

Copiar dos Estados Unidos datas festivas como o Halloween, comemorado em 31 de outubro, e o Black Friday, a grande data das promoções de venda, que entrará em cartaz nessa próxima sexta-feira dia 29, tem sido para os lojistas de todo o país uma solução a mais para driblar a crise que vem se abatendo de forma generalizada sobre a economia nacional desde 2015.

O pretexto para atrair compradores é sempre bom para movimentar o comércio, mantendo os empregos em toda a cadeia de produção até à venda final e ainda injetar dinheiro, em forma de impostos no Estado. Este, pelo menos, é o lado bom de atividades desse tipo. Como ocorre geralmente com todo o tipo de cópia, iniciativas como essa não têm ocorrido exatamente como nos países do Norte, onde essas promoções são realmente para valer, ajudando na rotação de mercadorias, abrindo espaço para a entrada de novos produtos que, no Natal, terão seu ponto alto de compras.

No Brasil, a Black Friday, propriamente dita, está mais para uma sexta cinzenta ou Grey Friday. Isso porque os preços de venda nessa ocasião, ressalvados alguns produtos e alguns comerciantes mais honestos, ficam exatamente no mesmo patamar ou milimetricamente abaixo por conta de malabarismos na precificação dos produtos. Muitos consumidores já detectaram o truque. Não espanta que nessa época aumentam as reclamações junto aos órgãos de fiscalização e nas redes sociais. É a chamada promoção de preço em que os produtos aparecem nas vitrines tabelados pela “metade do dobro”.

As artimanhas usadas para fisgar os consumidores são muitas, mas no geral os preços acabam ficando onde estavam. Obviamente que os órgãos de fiscalização dessas práticas pouco éticas também ficam a dever aos consumidores e, a não ser por uma notificação ou outra, feita ao acaso, tudo termina da mesma forma, ano após ano.

Não existe, por parte das autoridades, o cuidado de confeccionar cartilhas advertindo para essas práticas, nem impressas, nem nas redes sociais. As multas também são irrisórias e não surtem efeito. É preciso salientar que, durante esse evento, são movimentados mais de R$ 1,9 bilhão, ou 13 vezes a mais do que em dia normal de venda.

Para esse ano, está previsto um acréscimo de mais de 20% nas vendas, o que faz essa movimentação de dinheiro em todo o país saltar para mais R$ 2 bilhões em apenas um dia de vendas especiais.

Não bastasse essa tentativa de vender por um preço fora do anunciado, os consumidores ainda correm um sério risco por conta dos Hackers que nessa época ficam à espreita, à espera de compradores compulsivos que caem, aos milhares, em golpes praticados de diversas formas na rede mundial de computadores.

Nesses chamados phishings, os golpistas roubam dados e informações que serão usados em outros crimes. Também sobre esse problema, não há alertas específicos sobre essas práticas corriqueiras friamente elaboradas durante a Black Friday. Faltam dados fornecidos pelas autoridades sobre o número oficial desses golpes. É preciso, portanto, muita cautela e cabeça fria para não cair em ciladas, armadas dentro e fora das lojas.

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Se essa sexta-feira especial fosse boa mesmo teria um nome mais alegre, mais brasileiro. Black Friday não é coisa nossa.”

Dona Dita, pensando enquanto tricota.

Charge do Lederly

 

Pauta

Importante como proteção à população vulnerável socialmente, a SEDES, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, é fruto do desmembramento da antiga Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEDESTMIDH). Candidatos que passaram no último concurso para a instituição estão preocupados. Uma publicação no DODF mostra a pressa em contratar terceirizados, o que não é justo com quem estudou e se dedicou para ocupar uma vaga pública por competência. Hoje, às 15h, terá ato público na 515 Norte.

Cartaz postado na página “nomeiasedesdf” no Instagram

 

Civilidade

Com estacionamentos cheios em data que antecede o Natal, torna-se mais comum ver pessoas apressadas ocuparem vagas de idosos ou deficientes sem autorização. Ou mesmo aquelas que esquecem de identificar o direito de estacionar em vaga especial colocando a autorização em local visível. Vejam as fotos a seguir.

 

Petróleo

Leitor atento e cativo, Roldão Simas lembra que o petróleo pode ser substituído em diversos casos, mas ainda não há solução para caminhões, navios, aviões, lubrificantes e asfaltos.

Foto: agazeta.com

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

A população de Brasília está enfrentando um sério problema: os três jardins de infância não têm vaga suficiente. Dezenas e dezenas de crianças não poderão frequentar o jardim de infância, no próximo ano. (Publicado em 07/12/1961)