Autismo e as políticas públicas

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Imagem: reprodução da internet

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de uma em cada 100 crianças no mundo está no espectro do autismo, estimativa publicada em 2023 e tratada como base internacional para o planejamento de políticas de saúde. Repetição sistemática de narrativas não testáveis, mesmo diante de evidências robustas, produz um ambiente institucional, no qual famílias permanecem desorientadas, profissionais vêem-se presos entre sua formação técnica e as pressões de conselhos corporativos, e políticas públicas tornam-se opacas a ponto de negar, à população, o direito elementar de saber quais intervenções apresentam resultados verificáveis. Afirma o IBGE que 63% das famílias brasileiras, que buscam tratamento contínuo para transtornos do neurodesenvolvimento, dependem exclusivamente do SUS, segundo dado divulgado na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2022, o que evidencia a gravidade das escolhas políticas que rejeitam critérios científicos na formulação de diretrizes terapêuticas.

A Unesco apresentou, em relatórios de 2022, indicadores de crescimento global de episódios de censura ou intimidação de pesquisadores ligados a temas sensíveis, com aumento de 28% em uma década, o que ajuda a compreender que a crise não é isolada, mas parte de um fenômeno internacional de desconfiança ativa contra o conhecimento especializado. Reatualizam-se práticas autoritárias que deveriam ter sido superadas desde o Iluminismo, quando a crítica ao absolutismo inaugurou a percepção de que a verdade não nasce do poder, mas da verificação contínua.

Disputa contemporânea, em torno das terapias e diagnósticos, revela que o que está em jogo ultrapassa a legitimidade dessa ou daquela escola e alcança a própria integridade do método científico. Dependência de liberdade investigativa, replicabilidade e transparência transforma-se em alvo de ataques quando governos, universidades ou conselhos profissionais permitem que pressões corporativas reescrevam resultados, silenciem estudos e reduzam a confiança da sociedade nas instituições que deveriam protegê-la. Publicado em 2021, na revista Nature, estudo revela que 34% dos cientistas entrevistados relataram ter sofrido tentativas de interferência política ou institucional em suas pesquisas, índice que se tornou ainda mais preocupante em áreas que envolvem saúde pública.

A infiltração de interesses organizados em espaços decisórios enfraquece o processo científico e compromete a credibilidade das políticas estatais, especialmente quando essas políticas afetam populações vulneráveis que não têm meios próprios para avaliar disputas técnicas.

Também mensurada por relatórios do Conselho Nacional de Saúde, em 2023, a desinformação em saúde, que figura entre os 10 principais fatores que atrapalham a adesão a tratamentos baseados em evidências no Brasil, prejudicando, inclusive, programas de atenção ao neurodesenvolvimento na primeira infância.

Chegou o momento de se acender um alerta definitivo sobre a erosão da capacidade social de distinguir entre fato e interpretação. Se a verdade científica passa a ser definida por grupos de pressão, e não por dados, percorre-se o mesmo trajeto que levou regimes do passado a moldar artificialmente a realidade, segundo suas convicções, condenando gerações a erros evitáveis.

No relatório da Ciência e Sociedade da União Europeia, publicado em 2022, a confiança pública na ciência diminui cerca de 15% sempre que autoridades governamentais intervêm politicamente em resultados de pesquisa, queda que se reproduz em diferentes países e se aprofunda quando a interferência recai sobre temas sensíveis como saúde mental e educação especial. A história registra, repetidas vezes, que a substituição do escrutínio científico por agendas ideológicas inviabiliza políticas públicas eficazes e corrói a racionalidade coletiva.

Para a restauração do lugar da ciência em sociedades democráticas será necessária a defesa intransigente da liberdade investigativa e da recusa categórica de qualquer forma de censura. Países que mantêm estruturas de governança baseadas em protocolos transparentes de avaliação de evidências apresentam impactos positivos diretos no desempenho de políticas de saúde, educação e inclusão, com índices até 40% superiores aos de países que ignoram critérios técnicos, é o que diz o estudo do Fórum Global Científico da OCDE, publicado em 2021. A garantia de que políticas públicas de saúde mental sejam guiadas por dados, e não por simpatias partidárias, constitui a única forma de assegurar, às famílias que enfrentam desafios reais, como o autismo, condições adequadas para tomar decisões responsáveis e informadas sobre o cuidado de seus filhos. Negligência diante desse compromisso equivale a um retrocesso civilizatório que compromete o presente e o futuro.

A responsabilidade da imprensa, das universidades e dos gestores públicos, nesse cenário, inclui denunciar todo movimento que busque restringir pesquisas, pressionar especialistas ou manipular resultados. Segundo à Federação Mundial de Jornalistas de Ciência, relatórios de 2023 indicaram aumento de 19 por cento nos casos de assédio direcionado a comunicadores que divulgam estudos sensíveis, o que demonstra que o problema não se limita aos laboratórios, mas afeta todo o ecossistema de produção e circulação do conhecimento. A defesa da transparência absoluta e da autonomia científica constitui o único antídoto contra a regressão intelectual que ameaça converter o século 21 em um período marcado pela subordinação do conhecimento aos interesses de grupos organizados.

 

 

A frase que foi pronunciada:
“Nem tudo que importa pode ser contado, e nem tudo que pode ser contado importa.”
Einstein

Albert Einsten. Foto: Arthur Sasse/Nate D Sanders Auctions/Reprodução

História de Brasília
As deficiências no atendimento do público nem sempre são de origem administrativa. Veja-se que a cidade cresceu demais, há apenas um hospital, quando deveria haver mais de três, e leve-se em conta que gente de todos os municípios mineiros ou goianos busca o HDB como tábua de salvação. (Publicada em 12/5/1962)

Ciência versus ideologias

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Charge do Auth

 

Ao longo da história, ciência e religião travaram um duelo secular pela autoridade sobre a verdade, em disputas que se tornaram célebres e que, depois de séculos, parecem hoje relativamente pacificadas. Contudo, neste turbulento século XXI, quando se supunha que os avanços científicos teriam finalmente conquistado terreno seguro, emergiu um adversário ainda mais agressivo e capilarizado, disposto a impor sua narrativa mesmo ao custo de distorcer fatos e calar evidências. Esse antagonista atende pelo nome de ideologia política, hoje particularmente fortalecido por ventos que sopram das agendas identitárias, do wokismo e de uma visão globalista de viés marcadamente esquerdista, que se espalha por diversas instituições e tenta ditar não apenas costumes e comportamentos, mas também aquilo que deve ser oficialmente reconhecido como verdade científica.

País que há séculos ocupa o centro dos debates intelectuais ocidentais, a França foi berço da Revolução que derrubou o absolutismo e inaugurou uma nova estrutura estatal assentada sobre a razão e a liberdade, tornou-se recentemente uma vitrine inquietante desse conflito renovado. Ali, onde se esperava encontrar a defesa intransigente do racionalismo iluminista, instaurou-se um clima de enfrentamento no qual a ciência, antes tratada como referência soberana, passou a ser corroída por disputas ideológicas que pressionam instituições públicas e governos a se curvarem a lobbies bem articulados, dispostos a silenciar estudos sérios e a reescrever resultados sempre que estes contrariam interesses corporativos.

Foi exatamente esse o cenário que cercou o episódio envolvendo um estudo conduzido por órgãos oficiais como o Ministério da Saúde francês e o Instituto Isern, cujo objetivo era definir diretrizes, protocolos e políticas públicas para o tratamento de transtornos mentais, com a responsabilidade de apresentar ao público quais terapias apresentam evidências de eficácia e quais permanecem sustentadas sobretudo por tradição ou por discursos teóricos não comprovados. A conclusão, como reconhecem especialistas há décadas, apresentou dados claros: as terapias comportamentais, fundamentadas na observação empírica, na mensuração objetiva e em resultados verificáveis, mostraram-se consistentemente superiores para diversos diagnósticos, enquanto a psicanálise, embora ainda detentora de prestígio simbólico e uma longa tradição cultural, não revelou eficácia comprovada nos parâmetros contemporâneos de saúde pública. Entretanto, em vez de acolher o estudo como parte do debate científico, a comunidade psicanalítica francesa reagiu com indignação, lançando mão de estratégias políticas destinadas a impedir que a avaliação fosse divulgada ao público.

O lobby foi intenso e carregado de acusações tão extravagantes quanto falaciosas, incluindo a disseminação de fake news que rotulavam psicólogos comportamentalistas como torturadores ou que descreviam a terapia comportamental como uma espécie de adestramento desumanizante. A campanha, conduzida em tom de escândalo moral, acabou por surtir efeito: o governo, pressionado e temeroso da reação de grupos organizados, decidiu intervir e censurar a divulgação do estudo, privando a população do acesso a informações essenciais sobre tratamentos que afetam a vida de milhões de pessoas.

Aquele país, que historicamente se orgulhou de sua defesa da liberdade intelectual, viu-se, nesse episódio, refém de um ambiente em que dogmas ideológicos se sobrepõem ao rigor científico e em que a pressão política transforma fatos em tabu. O que ocorreu na França não é, contudo, um fenômeno isolado, uma vez que a infiltração ideológica no campo científico tornou-se uma tendência global e que também se expressa de modo contundente no Brasil. Aqui, onde a formação acadêmica em psicologia histórica e culturalmente foi fortemente influenciada pela psicanálise, observa-se a mesma resistência sistemática à incorporação de práticas baseadas em evidências, a resistência está intensificada por disputas políticas, burocráticas e por uma tendência de certos setores a submeterem critérios científicos a agendas ideológicas.

Talvez o debate mais emblemático dessa distorção seja em torno do tratamento do autismo, um vez que terapias comportamentais, como o método ABA, amplamente reconhecidas internacionalmente como eficazes e respaldadas por centenas de estudos revisados por pares, enfrentam, no país, obstáculos artificiais decorrentes de preconceitos acadêmicos, disputas corporativas e, cada vez mais, de posicionamentos políticos que tratam qualquer crítica ou questionamento à psicanálise como uma ofensa ideológica e não como parte do processo natural da ciência.

 

A frase que foi pronunciada:
“Não é a mesma coisa: café sem creme ou café sem leite. O que você não recebe faz parte da identidade do que você recebe.”
Slavoj Žižek

Slavoj Žižek. Foto: wikipedia.org

 

História de Brasília
Mas os meios utilizados para isto não são os mais recomendáveis, ainda mais quando se observa que o principal objetivo para conseguir a sua meta, está sendo a desunião da classe. Isto o incompatibiliza com qualquer função de chefia. (Publicada em 12.05.1962)

O cérebro como antena

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Ilustração do Lelis para o em.com.br

Entre todas as revoluções científicas que marcam o século XXI, talvez nenhuma seja mais surpreendente do que a que emerge no campo das neurociências. Durante muito tempo, acreditou-se que o cérebro era o centro produtor do pensamento e da consciência. Contudo, novas teorias apontam para uma hipótese radicalmente distinta: o cérebro não seria o criador da mente, mas um mediador entre frequências invisíveis e nossa experiência consciente. Essa visão sugere que o cérebro funcionaria como uma antena biológica. Assim como um rádio não produz a música, apenas a sintoniza, o cérebro não geraria ideias por si só, mas captaria vibrações de um campo maior de consciência universal.

O físico indiano Amit Goswami resume essa inversão de perspectiva ao afirmar: “A consciência não está no cérebro, o cérebro está na consciência”. Para o biólogo celular Bruce Lipton, somos receptores de um campo informacional e até o DNA funcionaria como antena capaz de captar sinais do ambiente. Gregg Braden, pesquisador que transita entre ciência e espiritualidade, acrescenta: “O cérebro é o hardware; o campo de consciência é o software”. Já Rupert Sheldrake, com sua teoria dos campos mórficos, sustenta que a memória não está armazenada no cérebro, mas ressoa em campos invisíveis que conectam todos os seres.

Essa nova abordagem começa a desafiar a neurociência clássica, tradicionalmente materialista, que procura localizar pensamentos apenas em redes neurais. Agora, a questão ganha contornos espirituais sem perder o diálogo com analogias científicas. O debate toca num ponto essencial: se o cérebro é apenas antena, onde estaria a fonte real da consciência? Nesse contexto, a glândula pineal ressurge como peça central. Conhecida, desde a Antiguidade, como o “terceiro olho” e descrita por Descartes como a “sede da alma”, sempre foi vista pelos Yogis como portal de acesso a estados ampliados de percepção.

Hoje, investigações a relacionam com ritmos biológicos, produção de melatonina e até experiências místicas. O neurocientista Rick Strassman chegou a propor que a pineal poderia estar ligada à produção de DMT, molécula que induz estados alterados de consciência. Assim, ciência e espiritualidade encontram um ponto de contato. Surge também a noção de metacognição, o pensar sobre o próprio pensar, e de meta-plasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de remodelar-se não apenas internamente, mas em sintonia com algo maior. A Psicologia e a Psicanálise são chamadas a refletir sobre essas descobertas. Freud via o inconsciente como um reservatório de pulsões reprimidas; Jung avançou ao falar do inconsciente coletivo, um campo simbólico partilhado por todos. A nova neurociência sugere que esse campo poderia ser literal, um oceano vibracional que conecta mentes em diferentes níveis. Esse deslocamento rompe com a visão cartesiana do ser humano como máquina biológica e devolve, ao conceito de “alma”, um estatuto renovado.

Amit Goswami insiste: “A consciência é a base de todo o ser; matéria e mente emergem dela”. A afirmação subverte o paradigma clássico: não é a mente que nasce do cérebro, mas o cérebro que opera como instrumento da mente maior. Naturalmente, essa hipótese enfrenta resistências. Muitos cientistas lembram que ainda faltam evidências experimentais sólidas. No entanto, é inegável que a consciência permanece como um dos maiores mistérios não resolvidos da ciência. Nenhuma teoria materialista conseguiu explicar plenamente sua origem. E quando as respostas não surgem, novas hipóteses tornam-se não apenas possíveis, mas necessárias.

A concepção do cérebro como antena pode não ser a explicação definitiva, mas tem o mérito de abrir horizontes e aproximar a neurociência de antigas tradições filosóficas e espirituais. Mais do que isso, convida-nos a refletir: somos autores de nossos pensamentos ou apenas receptores de uma transmissão maior? Se estivermos, de fato, sintonizando frequências universais, a responsabilidade pelo que captamos e manifestamos em nossas vidas se torna ainda maior. Talvez a neurociência do futuro seja também, inevitavelmente, uma ciência da alma. Nesse ponto, ciência e espiritualidade, antes vistas como opostas, podem enfim se reencontrar.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“O cérebro é mais vasto do que o céu.”

Emily Dickinson

Daguerreótipo da poetisa Emily Dickinson, tirado por volta de 1848. (O original está riscado.) Da Coleção de Imagens Todd-Bingham e Documentos de Família.

 

Pensando bem

Interessante que, enquanto eram gratuitas, as sacolas de mercado faziam mal para a natureza. Agora, ao cobrar pela embalagem, parece que alguém agradece… e não é o meio ambiente.

Foto: Reprodução/TV Globo)

 

História de Brasília

Observe-se que isto está acontecendo no setor residencial, onde não poderia haver tal tipo de negócio.(Publicada em 08.05.1962)

Orgulho nacional

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Foto: Divulgação

 

         Com o tempo, a Embrapa ganhou respeito no país e no exterior, sendo seu modelo copiado em diversos outros lugares pelo mundo. Alguns exemplos de inovações desenvolvidas pela Embrapa podem ser conferidas, como a soja tropical resistente a pragas. Ao longo de todo esse tempo, foram sendo introduzidas também, entre os produtores, a noção e a importância da sustentabilidade ambiental e social como modelos para tornar a produção de alimentos compatível com o meio ambiente.

         A Embrapa desenvolveu variedades de soja adaptadas ao clima tropical brasileiro e resistentes a pragas como a lagarta-da-soja, o que aumentou, significativamente, a produtividade e a sustentabilidade das lavouras de soja no país. Milho resistente a insetos: A Embrapa desenvolveu variedades de milho transgênico resistentes a insetos, como a lagarta-do-cartucho, o que reduziu a necessidade de aplicação de pesticidas e melhorou a produtividade das lavouras de milho. Feijão de alta produtividade: A Embrapa desenvolveu variedades de feijão mais produtivas e resistentes a doenças, o que possibilitou o aumento da produção e a melhoria da segurança alimentar em regiões de cultivo desse importante alimento na dieta brasileira. Cultivares de frutas: A Embrapa desenvolveu diversas cultivares de frutas, como a uva BRS Vitória e a maçã BRS Gala, que apresentam características melhoradas de sabor, aparência e resistência a doenças, contribuindo para a expansão e diversificação da fruticultura brasileira. Manejo integrado de pragas e doenças: A Embrapa desenvolveu técnicas de manejo integrado de pragas e doenças, que visam reduzir o uso de agrotóxicos e promover o controle biológico de pragas, tornando a produção agrícola mais sustentável e ambientalmente amigável. Sistemas agroflorestais: A Embrapa tem trabalhado na promoção de sistemas agroflorestais, que integram a produção agrícola com o cultivo de árvores, proporcionando benefícios econômicos, sociais e ambientais, como a conservação do solo, a proteção de recursos hídricos e a diversificação da produção. Biotecnologia aplicada à pecuária: A Embrapa desenvolveu técnicas de melhoramento genético para a pecuária, como a seleção de animais resistentes a doenças, aprimorando a produtividade e a qualidade dos rebanhos brasileiros.

          A despeito de todo esse sucesso e da importância estratégica que tem para o nosso país, a Embrapa vem, nesses últimos, anos atravessando um período de crise sem precedente, que vai desde o clientelismo político aos obstáculos para desenvolver suas atividades, e tem levado essa empresa e seus técnicos e pesquisadores a um estado de total frustração e desânimo.

         De fato, após esses mais de 50 anos de êxitos, a empresa vem perdendo sua capacidade de resposta diante dos novos cenários da agricultura nacional e mundial. A pressão política obrigou a Embrapa a criar dezenas de centros de pesquisas que passaram a atuar de forma não integrada, gerando sobreposição de pesquisas, criando infraestruturas ociosas e, consequentemente, um elevadíssimo custo de manutenção. A cada governo que chega, criam-se mais e mais programas, centros de pesquisas e outros aparatos que vão se acumulando e gerando despesas.

         É necessário, na visão daqueles que entendem o trabalho desse centro de pesquisa, implementar uma forte descentralização na estrutura de governança, desburocratização nos processos decisórios e atenção aos recursos humanos da empresa. Existe ainda uma crise financeira, com as polêmicas contratações que colocam a Embrapa numa posição de risco como líder em pesquisa agrícola tropical.

         Em 2024, a empresa encerrou o ano com um déficit superior a R$ 200 milhões, o que colocou em risco a capacidade da Embrapa conduzir pesquisas futuras. Também a falta de fundos para despesas gerais tem colocado, em xeque, o futuro da pesquisa agropecuária em nosso país. É preciso entender que as mudanças climáticas irão exigir ainda mais das pesquisas na área de produção de alimentos. Não se pode aceitar que uma empresa dessa importância vital passe agora por constrangimentos de não possuir em caixa dinheiro sequer para pagar contas de luz, água, telefone, internet, segurança e restaurante. Tudo isso sem falar em pesquisas, que levam anos de estudo e custam muito dinheiro.

 

A frase que foi pronunciada:

“Decidi ser cientista, estudar microbiologia, algo incomum para uma criança do sexo feminino nascida no final da década de 1950, na pequena cidade onde eu morava”.

Mariângela Hungria

 

História de Brasília

Hoje, os senhores  passarão a ser procurados  por uma comissao de pais dos alunos da escola classe da superquadra 108. Receba bem a comissão. Ela está incumbida de angariar fundos para a merenda escolar. (Publicada em 27.04.1962)

A ciência como futuro do planeta

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Foto: Nasa/Noaa/Goes/Project

 

Muitas décadas antes da virada do século, os estrategistas chamavam a atenção para a enorme importância econômica que a tecnologia iria adquirir para os países. Chegaram a afirmar que aquelas nações que resistissem em investir maciçamente em pesquisas variadas, ficariam para trás, correndo o risco de se tornarem dependentes de países que avançaram e investiram em ciências. Não deu outra.

Hoje, o que se observa é que vários países que não seguiram esses conselhos tornaram-se dependentes econômica e até politicamente de nações que buscaram na ciência novos referenciais e fontes de riquezas e prosperidade. Para os países que hoje se encontram no seleto e fechado grupo de nações desenvolvidas, as universidades e os laboratórios de pesquisa estatais e privados receberam grandes investimentos.

O recrutamento de cérebros, dentro e fora das fronteiras, passou a ser a norma. Altos salários e excelentes condições de trabalho foram oferecidos para pesquisadores e cientistas de todo o mundo, das mais diversas áreas. Nessa corrida em busca de uma nova espécie de ouro, o Brasil e outros países, que não fizeram esse tipo de planejamento, ficaram para trás, e hoje têm que se submeter às exigências e aos caprichos das nações cientificamente mais dotadas.

Em qualquer área da ciência que se vislumbre, é patente que o Brasil e outros países deste continente dependem de tecnologia, insumos e outros recursos materiais e humanos vindos do estrangeiro. Trata-se aqui de um atraso, que, pela persistência das precárias condições atuais, não será vencido ou equiparado nas próximas décadas.

No Vale do Silício, nos Estados Unidos, onde as tecnologias da informática avançaram como nunca e mesmo em regiões localizadas entre Harvard e o excelente Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), uma legião de cientistas pesquisa novos medicamentos e os avanços científicos acontecem em ritmo alucinante.

A cada dia, novas tecnologias e medicamentos são criados ou aperfeiçoados. Também, a cada descoberta e avanço, bilhões de dólares fluem para esses centros. Não seria exagero dizer que boa parte da humanidade depende desses centros científicos para vencer os desafios do futuro. Não é por outra razão que o governo americano e as mais ricas famílias do planeta estão investindo bilhões de dólares nesse novo nicho.

Aos cientistas, normalmente oriundos das mais prestigiosas universidades do mundo, são oferecidas cifras astronômicas, comparadas aos astros do esporte. Os investimentos privados nas áreas de pesquisa, sobretudo de medicamentos novos para a cura do câncer e mesmo de doenças cerebrais, são cada vez maiores.

O desenvolvimento de equipamentos de exames clínicos seguem o mesmo modelo. Ciência é economia. Basta, nesse caso específico, notar que, entre as maiores empresas ou indústria farmacêuticas do mundo, surgem empresas como a americana Johnson & Johnson, a suíça Novartis e Roche, a Pfizer ou Viatris; a francesa Sanofi; a Merkel, da Alemanha; a GlaxoSmithKline, da Inglaterra; a AstraZeneca, empresa anglo-sueca; a Bayer da Alemanha; a Gilead, americana, e outras criadas em países que investiram grandes recursos em pesquisas científicas.

 

A frase que foi pronunciada:
“Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima.”
Louis Pasteur

Louis Pasteur. Foto: Arquivos fotográficos, Paris

 

Akneton
Celso Pires Araújo, cantor e ator de longa data, que enriquece a cidade com sua criatividade, apareceu de Batman nas paredes externas do Teatro Nacional, para lembrar o que determina a Constituição, quando dá ao Estado a responsabilidade de garantir a cultura ao povo. Mais um ano, a arte da capital está sem o abrigo.

Teatro Nacional, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/Agência Brasil

 

Livro
Voltamos das férias, por isso não houve tempo hábil de divulgar o Caderno de Viagens de Miguel Gustavo de Paiva Torres. O livro foi lançado pelo editor Carlos Leal e a Francisco Alves Editora. Adquira a obra na Livraria da Travessa no Casa Park.

Miguel Gustavo de Paiva Torres. Foto: contextoalagoas.com

 

Solução
Imaginem um país onde a população unida paga as melhorias dos hospitais, escolas, transportes e segurança tendo desconto no imposto de renda pelo feito. Certifique-se: o antônimo de emenda é fé!

 

Boa ideia
Adotando a régua da Justiça para a contagem de tempo em dias úteis, o mesmo poderia ser estipulado na marcação das férias pelos trabalhadores regidos pela CLT. Trinta dias úteis de descanso.

Imagem: reprodução da internet

 

História de Brasília

Antes de uma semana, após falar na Câmara dos Deputados contra o número de viaturas da polícia, o deputado Bezerra Leite precisou de uma radiopatrulha na sua cerâmica, tendo sido atendido prontamente, graças ao equipamento contra o qual ele falara no Congresso.