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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
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Aos poucos, aquilo que os brasileiros mais ciosos temiam vai acontecendo, num crescendo inquietante e perigoso para o país e que, seguramente, irá nos remeter de volta à eterna marcha em círculos e para trás. Depois de tentar criar um partido para chamar de seu, onde pudesse dar as cartas conforme o humor de cada dia, o presidente da República convocou seus antigos aliados de volta, chamando o Centrão para dentro do governo, na tentativa de criar uma base parlamentar artificial e argentária para afastar o fantasma de um possível impeachment.
Esse grupo informal, composto por aproximadamente metade da Câmara dos Deputados, é formado por variadas siglas, cuja a maior característica passa longe de qualquer viés ideológico, exibindo tão somente uma capacidade impressionante de, como hospedeiro parasita, unir-se a todo e qualquer governo e dele extrair o máximo de vantagens possíveis, muitas delas, para dizer o mínimo, pouco éticas.
É a volta, triunfal, daqueles que nunca foram embora e que só estavam deixados de lado para eventuais necessidades, como é o caso do momento. Pelo perfil desse grupo expressivo, dá para se certificar que será, no máximo, o mais do mesmo, só que a preços exorbitantes, dado o momento de agonia geral e de pouca atenção a fatos dessa natureza que se acreditava página do passado para ser esquecida.
Nesse “novo” acerto, caberá ao Executivo o de sempre: a distribuição de cargos dentro da máquina pública, principalmente naqueles nichos onde os recursos são vultosos e as chances de reedição de um passado já conhecido é certa. O que se diz em período eleitoral é, para a maioria dos políticos brasileiros, para ser deixado de lado, assim que a urnas asseguram um mandato. O que havia de pior na política nacional, no dizer do então candidato, é agora tábua de salvação em meio às dezenas de pedidos de impedimento, até agora engavetados no parlamento. Na verdade, a possibilidade real desse processo fez a cotação do atual presidente subir muito. O preço cobrado para dar apoio a um governo, que parece instável, é, seguramente, alto.
O mapa da mina são os órgãos de segundo escalão. Personagens conhecidas dos brasileiros, por denúncias diversas de malversação de dinheiro público, estão de volta à cena ou, mais precisamente, aos bastidores, de onde passaram a indicar seus afilhados, todos, obviamente, com uma missão precisa a ser cumprida. É o que se pode chamar de escândalos anunciados em armação.
Depois do Covidão, em que recursos públicos, destinados ao combate ao coronavírus, vão sendo desviados para outros fins, o que se anuncia agora e para depois da pandemia, com essa reaproximação inepta, é a repetição de muitos atos tristes do nosso passado recente, mas que integram a fórmula do que se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão, o que pode ser traduzido também por “é dando que se recebe”.
A lista de postos-chaves distribuída a esse grupo pantagruélico é extensa e vem aumentando a cada dia, à medida em que as pressões sobre o atual governo aumentam. É preciso reconhecer também que o preço cobrado, para pôr em funcionamento essa coalizão, aumenta cada vez que o próprio presidente abre a boca ou à medida em que a Polícia Federal avança nas muitas frentes de investigação contra o chefe do Executivo e sua família. Trata-se de uma reedição de uma novela já vista e que não agradou à população, justamente porque teve como desfecho a impunidade geral desses canastrões. De diferente nessa nova versão, tem-se que o militares, que estavam afastados da cena política desde a redemocratização, ver-se-ão necessariamente engalfinhados nesses escândalos vindouros.
A frase que foi pronunciada:
“Os fatos e as datas são o esqueleto da história; os costumes, as ideias e os interesses são a carne e a vida da mesma.”
G.M. Valtour, escritor francês do séc. XIX
Preocupante
Lago Norte, Guará e outras regiões enfrentam onda de dengue. Piscinas não tratadas, lotes abandonados… Falta de consciência ainda é a cultura. Os casos da doença aumentaram, chamando para uma intervenção definitiva. Fumacê é rejeitado.
Covid-19
Entre os dias 1º a 5 de junho, terá início a Testagem Itinerante em 17 áreas vulneráveis do Distrito Federal. Na Ceilândia, Paranoá, Sol Nascente, Brazlândia, Itapoã, São Sebastião, Estrutural, Recanto das Emas, Taguatinga e Arniqueiras. Algumas áreas da Zona Rural também serão atendidas. Veja o quadro completo a seguir.
Melhorias
Sol Nascente é uma região totalmente desprovida de urbanização. Crateras, lama ou poeira sempre foram dor de cabeça para os habitantes. Agora, a Região Administrativa começa a receber mais atenção das autoridades. Terraplanagem e pavimentação são prioridades naquela região.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Podia, isto sim, a Novacap utilizar o excedente de leite para fazer doces em sua fábrica ano Ipê. (Publicado em 08/01/1962)
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Ulysses Guimarães tratou de formular a Carta Magna, ao longo de 20 meses de trabalho. 559 parlamentares, com exceção dos trabalhos coletivos, trabalharam para entregar ao país um conjunto de leis modernas e possíveis, dentro do contexto e dos acontecimentos daquela época. Promulgada em 5 de outubro de 1988, a chamada Constituição Cidadã, 7ª versão, foi, como nenhuma outra anteriormente, testada a fogo e ferro, garantindo, em momentos conturbados, a manutenção e a normalidade das instituições, sobretudo da democracia, impedindo que o país caísse numa espécie de abismo institucional, com resultados gravíssimos. É preciso salientar que, por muito menos, outras Constituições pereceram por não suportarem abalos políticos.
De todos os solavancos sofridos pela Constituição de 88, nenhum se compara aos 13 anos de governo petista. Durante esse período e até com reconhecimento do próprio Lula, em 2013, o país seria ingovernável, caso o texto proposto pelas esquerdas fosse aprovado. As seguidas tentativas de transformar o Brasil num regime aos moldes cubanos, como pretendido a partir do Foro de São em 1990 ou com a criação da Unasul em 2004, e até mesmo através do pesadelo da Ursal de 2001, encontraram, na Carta de 88, um forte empecilho.
Aliás, foi graças à nova Carta que o país foi protegido de aventuras inconsequentes, cujo os desdobramentos poderiam, inclusive, resultar em confrontos fratricidas. Nesse ponto, vale destacar a estruturação do Ministério Público como órgão independente, o que inauguraria a possibilidade de uma nova época, com o surgimento do combate efetivo à corrupção. Com isso, as leis ganharam uma nova dimensão de respeito, sobretudo com a exigência de maior publicidade e transparência nos atos públicos, o que, por sua vez, ensejou os atributos da meritocracia. Foi graças a esses mecanismos legais trazidos pela Constituição que foi possível dar início ao combate à corrupção e à secular impunidade dos criminosos de colarinho branco, algo até então impensável.
Não resta dúvidas de que a Constituição de 1988 deixou um legado democrático e humanista justamente por resgatar os direitos fundamentais dos indivíduos e da sociedade, o que foi contemplado no capítulo referente ao Estado Democrático de Direito, baliza da cidadania e da justiça social. Sem essa importante Carta, é certo que o Brasil não atingiria a maioridade política que pudesse igualá-lo aos países mais desenvolvidos do Ocidente.
Se, como dizia Thomas Jefferson, a Constituição é para os vivos e não para os mortos, há uma oportunidade, para cada geração, de adequar, à realidade de seu tempo, a nossa Carta, que seguramente ainda não pôde ser testada em toda a sua amplitude e profundidade aos novos ventos, que em nosso país sopram como tempestades. Há ainda um longo caminho a percorrer sob a égide desse conjunto de leis revolucionárias, embora não se desprezem, de todo, algumas emendas necessárias para aperfeiçoá-las, conforme avançamos democracia adentro.
Nesses anos que nos separam daquele distante 5 de outubro de 1988, quando a Constituição foi finalmente promulgada com o que de mais avançado havia em termos de ordenamento jurídico, o país, seguramente, viveu momentos de graves crises institucionais e, em todos esses acontecimentos, o escudo propiciado pela Constituição soube conduzir o transatlântico Brasil a águas tranquilas. Esse talvez foi o mais valioso legado herdado pelos brasileiros nas últimas décadas e sem dúvida o mais vital. Logicamente, como toda obra humana, a nossa Constituição, vista no presente, tem necessitado de pequenos reparos para continuar atualizada e útil. Talvez, um dos pecados que podem ser identificados em sua origem é que a Assembleia Constituinte não tenha sido instalada exclusivamente para a elaboração dessa Carta e logo após dissolvida. Os políticos que tomaram posse naquele ano de 1987 sabiam que teriam que conciliar os trabalhos normais do Legislativo com a elaboração da Carta e que continuariam no Congresso após o término dessa missão. Com isso, o chamado Centro Democrático, um conjunto de parlamentares da velha política, atuou, como pôde, para a preservação de certos pontos vantajosos e do antigo status quo.
Naquela época, como lembrou o relator da Constituição, deputado Bernardo Cabral, “os corredores do Senado e da Câmara dos Deputados fervilhavam de pessoas. Eram milhares de brasileiros, de todos os setores do país, levando e trazendo propostas e abaixo-assinados para serem incluídos na nova Carta. Após muita discussão e embates, e depois de tramitar nas Comissões especiais, o projeto final foi submetido a discussões em nada menos do que 119 sessões no plenário. As brigas e desentendimentos acalorados eram contidos pela experiência e serenidade de Ulysses Guimarães.
Para alguns analistas, o fato de a Constituição ser redigida pelos políticos que seguiam em seus mandatos fez com que a Nova Carta favorecesse, em demasia, os sistemas partidários e sua fragmentação em um número grande de legendas em lastro popular ou conteúdo programático coerente. Dessa forma, parte do poder acabou sendo capturado por grupos de pressão, dando origem às atuais bancadas, muitas das quais com atuação totalmente contrárias à vontade popular, fechadas em seus nichos de interesse.
Essa atuação em causa própria fez com que os constituintes optassem por um modelo que levou a República a se render a um presidencialismo do tipo coalizão, onde o Executivo ficaria, doravante, a reboque dos interesses de grupos dentro do Legislativo. Tal modelo favoreceu a política do toma lá, dá cá, que durante os últimos governos petistas foi elevada ao paradoxo surreal do mensalão, com a compra pura e simples de grande número de parlamentares dentro do Congresso.
Alguns outros aspectos, como a vinculação obrigatória de qualquer candidato a um partido político, conferiram um certo monopólio da democracia a apenas essas legendas, impedindo a participação política de brasileiros na vida pública e nos destinos do país. Passados todos esses anos, alguns reflexos negativos ainda são observados no ordenamento político do país como provam as recentes minirreformas partidárias, conferindo bilhões de reais às legendas nas rubricas dos fundos partidário e eleitoral, além do corporativismo acentuado, das deformações operadas na Lei de Abuso de Autoridade, nas medidas de combate à corrupção e na manutenção de infindos privilégios de toda a ordem.
De certa forma, a democracia foi capturada pela classe política, criando uma hipertrofia desse Poder em relação aos demais. Com isso, abriu brechas para um constante desequilíbrio entre os poderes, favorecidos alternadamente, em contraposição à vontade popular, obrigando milhões de brasileiros a irem seguidamente para as ruas em manifestações ora contra um Poder, ora contra outro.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Um homem feliz, ontem, em Brasília, era o sr. Darci Ribeiro, idealizador da Universidade de Brasília, na posse do Conselho Universitário. (Publicado em 06/01/1962)
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Ditado antigo já recomendava: “junte-te aos bons e serás tão bom quanto eles. Junte-te aos maus e serás pior que eles.” Esse conselho valia no passado e vale também no presente, principalmente para aqueles indivíduos que escolheram, como ofício profissional, trabalhar em prol da sociedade e tendo a vida pública como baliza e norte em suas tarefas cotidianas.
Para aqueles que optaram por funções eletivas, esse conselho é não só apenas fundamental, como também capaz de indicar se o homem público terá ou não futuro nessa missão, cuja a visibilidade, inclusive de sua vida íntima, passa a ser total. Para esses escolhidos pela sociedade, com o cargo de representantes diretos, todo o poder é repassado por meio do voto. Da mesma forma como foi dado, cada voto será cobrado em dobro, o que obriga os eleitos, dotados de ética, a carregar sobre os ombros uma responsabilidade imensa e uma inquietude constante em atender aos anseios de todos.
Uma vez alçados ao posto de representantes, outra tarefa será escolher, dentre seus pares, aqueles que podem somar forças para o alcance de objetivos comuns, sempre guiados pelos mais altos valores éticos. E é aí que mora o problema. Num mundo ideal, essas parcerias seriam possíveis, não só entre os pares como entre os apoiadores. Ocorre que, na vida real, o que se tem é o que aí está. É pegar ou largar. E de nada adianta pretender ser uma freira dentro de um lupanar ou se recolher à solidão do mandato como um ser pudico. O jeito é integrar-se aos demais e deixar fluir. É quando ocorre das pretensões castas transformarem-se em êxitos possíveis, segundo a fórmula que reza que: o que se tem é o que está em mãos, nada mais. Em meio à multidão de representantes, a ética passa a ser apenas o exercício do possível. Do mesmo modo como ocorria na juventude e contrariamente ao que diziam os pais, as companhias mais divertidas e venturosas eram justamente as menos recomendáveis.
Na função de representante, serão essas mesmas más companhias que irão prometer mais ganhos e mais vitórias imediatas, não importando por que caminhos. Portanto, é preciso se integrar e colher o que se acredita ser vantagens para si e, quem sabe, para seus eleitores. Às favas, a ética e os velhos conselhos. Por esse caminho, os ganhos materiais para o eleitorado são certos, sendo que os custos embutidos vão passando desapercebido. Com isso, fica acertado também a continuação no cargo, garantido pela reeleição. Os exemplos vindos de companheiros vitoriosos, ricos e festejados pelo eleitorado, reforçam a tese e a certeza de que esse deve ser o único caminho. Mas é quando um pequeno deslize acontece, desses sem importância, mas que logo se transforma em escândalo, fazendo toda a vida desfilar diante dos olhos numa velocidade estonteante, que vem à lembrança os sermões do passado. Agora, o relógio suíço substituído pela pulseira de aço das algemas diz que estarás entre iguais, mesmo sendo o pior de todos.
A frase que foi pronunciada:
“A verdade na vida em sociedade é como a estricnina no organismo de um indivíduo: terapêutica em pequenas doses e condições especiais, mas de outro modo, e no geral, um veneno letal.”
Frank Knight, economista americano
Beleza
Veja a seguir a defesa de Fábio Hiro, fundamentando argumentos para que os salões de beleza voltem a trabalhar. Luvas, máscaras, materiais esterilizados, agendamentos para não haver tumulto. Com mais de 20 mil seguidores no Instagram, Hiro descreve o caos econômico em uma classe onde o grupo divide o que recebe. Vale acompanhar o vídeo no link Por que salões se mantêm fechados?.
Imagem e comunicação
Simples assim. O coach do presidente Bolsonaro está fraco. Ele pode lutar contra tudo e contra todos. Mas sem melhorar a imagem e a comunicação, a tarefa é vã.
Educação
Em Alagoas já está decidido. Escolas particulares que optaram pelas aulas online só podem cobrar o valor da mensalidade com desconto de 30% ou mais. Depende da sensatez da diretoria.
Emergência
Sem sangue no estoque, a Hemoclínica do DF pede socorro! Veja todos os detalhes de como ajudar no link Atenção: estoque crítico na Hemoclínica DF.
Aporte
DF recebe verbas para o combate do coronavírus, compensação de dívidas, segurança pública e saúde autorizadas a receber aporte no salário, entre outras iniciativas. Total R$ 1.381 bilhão. A seguir, o senador Izalci Lucas explica a distribuição.
Discursos
Miguel Nicolelis, super criticado pela opinião sobre o coronavírus. Autoridades brasileiras propõem o lockdown, enquanto passeiam para todos os lados.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Contrariando decisões em vigor, o Banco da Lavoura instalou uma agência volante na Cidade Livre. (Publicado em 11/01/1962)
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Sexta-feira, dia 24 de abril de 2020, em pleno processo de pandemia e paralisação total do país e de boa parte do mundo, ficará marcado, também, como o primeiro dia do fim do governo do presidente Jair Bolsonaro. Tudo isso faltando ainda quase três anos de mandato, segundo o calendário oficial. Não se trata aqui de uma previsão mística, que tem como premissa a posição dos astros na abóbada celeste, nem de análise política feita pelos arautos do caos político, que como urubus, têm, na morte da presa, seu sustento e ânimo. Sobre esse assunto deveras, desalentador, o dramaturgo William Shakespeare (1526-1616) já se referia no seu tempo, quando observava ser uma infelicidade terrível toda a época em que os idiotas passam a guiar os cegos.
No nosso caso a situação alcança ainda níveis mais dramáticos quando se percebe que temos hoje na presidência da república, alguém que parece guiado por uma espécie de instinto sem racionalidade e que tem nos filhos histriônicos seus conselheiros para assuntos de Estado. Com a saída agora do ministro da Justiça , Sérgio Moro, por motivos graves e que ficaram mais do que esclarecidos ,na coletiva que concedeu, o presidente perdeu, não apenas mais um membro da equipe de ministros, como foi no caso da exoneração intempestiva de Henrique Mandetta da Saúde, mas o principal esteio do próprio governo, um personagem a quem o então candidato atraiu para sua campanha vitoriosa, seguindo a receita das cartilhas de marketing político, um verdadeiro herói nacional, um juiz que mudou os paradigmas da história política do país ao levar as barras dos tribunais membros de uma elite secularmente tida como intocável.
Com esse canto de sereia atraiu para seu grupo, uma personalidade ímpar, que numa outra situação normal de temperatura e pressão e sem o lulismo no horizonte próximo, seria inconcebível, para não dizer impossível. Sem Moro, o atual chefe do Executivo, a quem as pesquisas já apontam em franco e precoce decaimento, perde uma parte para lá de substancial de seu governo, justamente a parte que cuidava da ética no trato da coisa pública, além, é óbvio, de manietar a credibilidade no combate à corrupção.
Para a surpresa de todos, inclusive do próprio presidente, a saída de Sérgio Moro do governo, mesmo com toda a elegância e comedimento que são características da personalidade do antigo juiz, provocou, por sua explanação clara e sucinta dos acontecimentos que levaram ao seu pedido de demissão, um estrago profundo e possivelmente irreversível na imagem já desgastada do governo. Os desdobramentos desse acontecimento são imprevisíveis e, por certo, ditarão o futuro desse governo, se é que ainda lhes resta algum.
A frase que foi pronunciada:
“Os filhos convertem-se para os pais, consoante a educação que recebem, numa recompensa ou num castigo.”
Petit-Senn, poeta suíço
Ainda
Desde 1960 que essa coluna publica notícia de carros oficiais passeando pela cidade. Dessa vez, numa padaria da Asa Sul, um motorista, uma acompanhante e um segurador de guarda-chuva chamavam a atenção no local.
Concurso
Prêmio “Contos da Quarentena” da Livraria Lello, portuguesa. As inscrições vão até dia 31 de maio, 23h59, hora de Portugal. Veja os detalhes da inscrição no link PRÉMIO CONTOS DA QUARENTENA LIVRARIA LELLO.
Patrimônio da Humanidade
Chega até nós uma foto de um letreiro que invade as redondezas do MCTIC e MINFRA desrespeitando as regras da cidade. Parece montagem. Impossível acreditar nisso.
Sem fiscalização
Fica difícil compreender a razão do asfalto ser tão ordinário. Se o dinheiro do contribuinte é usado para o seu conforto, que se faça a obra do tamanho da cobrança. O que não dá é para empresas receberem muito e aplicarem pouco no serviço. Uma vergonha.
NUVAL
Durante a quarentena, o Núcleo de Vigilância Ambiental tem visitado casas do Lago Norte, mas muitos moradores impediram a entrada por falta de crachá. Os funcionários não tinham máscaras para entrar nas residências. É preciso um comunicado sério das autoridades sobre essas visitas, inclusive com número de telefone fixo para confirmação.
Piscinão
Bares do piscinão estão fechados, mas, nos dias de sol, uma fila de muitos metros de carros ao longo da pista mostra que a quarentena está servindo de férias e alegria para muita gente.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O ministro da Guerra deferiu o pedido do sr. José Rômulo Ribeiro, que solicitou isenção do serviço militar, por ser membro da comunidade religiosa “Testemunhas de Jeová”. (Publicado em 05/01/1962)
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Em meio a um conjunto imenso de problemas, disseminados nas mais diversas instâncias do Estado por conta da pandemia do Covid-19, um em especial, tão grave quanto a questão da saúde dos brasileiros, diz respeito ao modo como irão se processar o acompanhamento e a fiscalização dessa verdadeira montanha de recursos públicos, que, oficialmente, está sendo liberada ou mesmo prometida a todo o instante.
Essa questão obviamente diz respeito à saúde econômica do próprio país e que, todos devem saber, tem ligações estreitas com a saúde dos cidadãos. De fato, esse é um ponto, que, dada a sofreguidão do momento, tem passado despercebido e até sido deixado de lado. Trata-se aqui de uma discussão que pouco interessa àqueles que não perdem oportunidades, nem nas horas de maior aflição, para extrair vantagens de todo o tipo.
Por outro lado, esse passa a ser um problema ainda mais angustiante quando se conhece a tradicional inoperância e mesmo pouca dedicação que os Tribunais de Contas dão aos gastos públicos, seja por falta de pessoal técnico suficiente para vistoriar, seja pelo nefasto aparelhamento político desse órgão e suas ligações, digamos, frágeis, com o Poder Legislativo. Apenas à guisa de exemplo dessa miopia proposital com o dinheiro do contribuinte, basta recordar um fato um tanto prosaico: durante quase duas décadas do início desse século, esse Tribunal especializado não foi capaz, em momento algum, de acender a luz vermelha de suspeição e dúvidas, quando bilhões de reais, silenciosamente, escorreram dos cofres da nação para o ralo sem fundo da corrupção.
Foi necessário, nesse caso, o trabalho solitário de um juiz de primeira instância do Paraná para estancar essa sangria. A mesma displicência vale para a Receita Federal e para o sistema financeiro do país, sempre cegos a grandes movimentações de fundo político, mas atinadíssimos quando se trata de fiscalizar centavos dos mortais contribuintes que suam para ter o pão de cada dia honestamente.
Toda essa preocupação toma ainda uma feição mais pavorosa e preocupante quando chega a informação de que a Câmara dos Deputados, via Centrão, tem devotado um esforço, até fora do comum, para aprovar, em meio à crise e por votação à distância, um amplo pacote denominado Plano Mansueto, para socorrer especificamente estados costumeiramente inadimplentes, permitindo, entre outras medidas, prorrogar a capacidade de pagamento das dívidas, de modo a enquadrarem esses entes da federação dentro do Regime de Recuperação Fiscal.
Tudo, obviamente, na sequência da pandemia, quando as atenções da nação estão focadas na questão da saúde. Trata-se aqui do famoso jabuti, com roupagem da grife da Covid-19. Sem o estabelecimento de um modelo extraordinário de fiscalização e acompanhamento desses recursos que vão sair dos cofres públicos, por conta do momento de emergência e ainda mais em ano eleitoral, quando a classe política está ouriçada com as campanhas, todo o cuidado é pouco, tanto por parte dos cidadãos que vão votar em urnas inauditáveis como por parte do governo, que lá na frente poderá ser acusado de crime contra a ordem econômica ou coisa que o valha.
A frase que foi pronunciada:
“O coronavírus encheu os hospitais do DF de médicos, leitos, material cuidados, desinfecção, planejamentos, solidariedade. E o melhor. Sem pacientes até agora.”
Enfermeira de plantão
Relaxe
Fernando Fernandes, de 27 anos de idade, é o autor da plataforma Good News Coronavírus, com mais de um milhão de acessos, trazendo só notícias boas sobre o assunto. Confira em Conheça o Good News Coronavírus.
Atitude
Eu estou aqui e você também. Trata-se de uma iniciativa do instituto tocar em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social do DF, para promover apoio aos moradores de rua que estão reunidos no autódromo. Precisam de doações! Vejam mais detalhes para as doações no grupo do WhatsApp. Eles buscam tudo para você.
Cultura
Coisas boas que apareceram com o coronavírus. Uma lista com centenas de cursos online, alguns gratuitos, e programação do maestro Barenboim, ao piano, celebrando os duzentos e cinquenta anos de Beethoven. Barenboim é o maestro ovacionado por construir uma orquestra com jovens palestinos e judeus. Veja a lista na página: Listamos 1156 cursos em português com certificado gratuito, para você aprender em casa.
Ruído
Não bate a notícia de que o embaixador Georg Witschel, da Alemanha, está convocando os cidadãos que se encontram no Brasil em viagem para voltar imediatamente para a Alemanha. O que diz no portal da embaixada em Brasília é para permanecerem onde estão. Veja no link IMPORTANTE: Está imediatamente proibida a entrada na Alemanha, a princípio, pelos próximos 30 dias!.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Estão em São Paulo, os representantes do Movimento do Rearmamento Moral. Gostaram do Brasil, os meninos. Há um índio, que faz o papel de um trabalhador fichado em São Paulo, para ser o representante dos trabalhadores no Partido Socialista. Tinha casa e comida para não fazer nada, e, nas sessões, sentar-se à mesa como representante classista. (Publicado em 04/01/1962)
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Na atual situação de confronto político vivido entre aqueles que apoiam as medidas do governo e as demais oposições, os maiores vencedores são justamente aqueles que se unem ao chamado Centrão, um conjunto formado por políticos oportunistas e utilitaristas, que aproveitam o momento de contendas acirradas para extrair vantagens, quase sempre de interesses próprios e imediatistas. O grupo formado por todos aqueles que saem perdendo é composto pela maioria da população, que se vê como cega, em meio ao tiroteio generalizado.
Diria o filósofo de Mondubim parafraseando um ditado antigo e muito conhecido: “a oportunidade faz o Centrão”. É desse verdadeiro e imenso buraco negro que saem as mais nefastas propostas. É por esse ralo de luz que são sorvidas as vantagens políticas mais antiéticas e contrárias aos anseios populares. As deformidades impostas aos projetos anticrime oriundos do ministério da justiça, as propostas para o aumento no fundo eleitoral, as tentativas de reintrodução do imposto sindical, os projetos para blindar os políticos das ações de juízes de primeira instância, a demora na votação de uma lei reestabelecendo a prisão após segunda instância, a obrigatoriedade das emendas parlamentares ficarem longe dos holofotes dos órgãos de controle e uma série de outras ideias e propostas visivelmente antipopulares e transgressoras da boa conduta brotam quase que diariamente desse aglomerado de espertalhões.
Desse comportamento totalmente errático, brota apenas uma certeza: é preciso urgentemente uma reforma política que não apenas enxugue o número exagerado de partidos, mas, e sobretudo, que acabe com os famigerados fundos eleitorais e partidários, obrigando as legendas a buscarem sobrevida junto aos seus eleitores. O dinheiro fácil, retirado à fórceps dos contribuintes, acostuma muito mal os partidos e seus dirigentes, retirando-lhes a capacidade de ligação umbilical com as bases. Cria uma espécie de representatividade às avessas, na qual as legendas, abarrotadas de recursos públicos, passaram a prescindir justamente dos eleitores.
Para um intento dessa natureza, bastou apenas reunir um grupo político com o mesmo apetite para aprovar medidas que beneficiam unicamente esse grupo, não importando as repercussões. Curioso é que o mesmo farto e fácil dinheiro, que falsamente parece ter comprado a independência dos partidos em relação aos eleitores, criando uma democracia de caciques, onde os chamados líderes decidem tudo em torno de centrões e outros grupos ardilosos, pode, pela vontade da população, se transformar numa maldição e numa praga.
Metamorfoseados em Midas modernos, esses grupos políticos poderão até possuir muito ouro em mãos, mas poderão perder o essencial que é o poder da verdadeira representação popular. Essa é dada apenas para aqueles que a merecem por sua integridade moral e ética.
A frase que foi pronunciada:
“O poder sem moral converte-se em tirania.”
Balmes, filósofo e teólogo espanhol.
Capacitação
Um dos objetivos do secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, é disponibilizar nas delegacias pessoas capacitadas para o atendimento aos cidadãos. Principalmente no tocante a recepção de denúncias feitas por mulheres. É preciso sensibilidade para que as vítimas não desistam da denúncia.
Sem gerência
Hospitais da capital da República ainda não conseguiram estabelecer uma rotina de segurança para proteger recém-nascidos. Sequestradores saem do hospital com a criança numa bolsa ou vestem uniformes de médicos para evitar a abordagem. São estratégias simples que burlam a ineficiente preocupação gerencial.
Ponto final
“Não sou mais parlamentar. Não me perguntem nada sobre Congresso Nacional ou STF. Os poderes são independentes e não estou aqui para causar conflitos.” É assim que o presidente Bolsonaro responde os jornalistas que tentam arrancar qualquer opinião sobre votações.
Na balança
DPVAT está longe de ter caráter social. As milhares de famílias que ficarão sem indenização, com o fim desse famigerado seguro, pesarão na balança contra os milhões de brasileiros que pagam um valor criado para fins não vivenciados.
Reunião
A seguir, a foto do encontro das desembargadoras aposentadas e diretoras de aposentados das Amatras Mato Grosso, Maria Berenice Carvalho Castro Souza, Bahia; Marama dos Santos Carneiro, Campinas – São Paulo; e, da 10ª Região (DF/TO), Heloísa Pinto Marques e Terezinha Célia Kineipp Oliveira.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Esse rearmamento moral não nos está cheirando muito bem. Ninguém paga nada, os governos não colaboram, e a gente precisa saber de onde saem as verbas para as viagens de tanta gente. (Publicado em 12/12/1961)
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Já no século XVI, o poeta épico português Camões dizia, com muita propriedade, que “leis em favor dos reis se estabelecem e as em favor do povo só perecem”. Após a adoção da tripartição dos poderes políticos, que caracterizaria o Estado Moderno, estabelecendo a divisão entre Executivo, Legislativo e Judiciário, o que se pretendia era justamente limitar os poderes absolutos dos monarcas e propiciar um equilíbrio entre os anseios da população e aqueles oriundos das altas esferas do governo.
Entre nós, essa concepção de centro do poder, principalmente a partir do advento da República, tem oscilado de forma anormal, ora emprestando maior relevo ao Executivo, ora ao Legislativo, sendo que atualmente já se nota também certo predomínio do centro de poder dentro do próprio Judiciário. Quando uma situação dessa natureza passa a ocorrer da forma em que os poderes não mais se entendem, quem sofre as consequências com essas oscilações é justamente a população.
Apartada do Estado e descrente das decisões que emanam do governo, a população a tudo assiste com um misto de medo e desdém, certa de que seja de onde vierem as decisões, elas irão, como sempre, se estabelecer em favor dos poderosos. Depois de ter de engolir a aprovação de um fundo eleitoral desproporcional e injusto em benefício exclusivo da classe política e de ter que se conformar com o adiamento na votação de prisão em segundo instância, que era e é um desejo de 9 em cada 10 brasileiros de bem, a população teve que aceitar ainda, nessa legislatura que se encerra, a não votação do pacote anticrime do ministro Sérgio Moro, que podia impor um certo limite na ousadia dos criminosos, sejam eles pé de chinelo ou do colarinho branco.
Em compensação, os legisladores parecem ter encontrado tempo na apertada agenda parlamentar para costurar e articular nos bastidores a votação de medidas que impeçam o que chamam de ativismo jurídico, ou seja, um pacote de leis criando uma blindagem especial para deputados, senadores, governadores e prefeitos, de modo a que nenhum deles possam vir a sofrer medidas, estabelecendo uma espécie de salvo-conduto para todos eles. A intenção é impedir que esses próceres da República fiquem a salvo de medidas como prisão, confisco de bens, quebra de sigilo, além de buscas e apreensões determinadas por todo e qualquer juiz de primeira instância. Para esses e outros políticos, reunidos em torno do chamado Centrão, essa seria uma estratégia para evitar o que tem sido chamado de ativismo jurídico nas investigações e vem das experiências amargas, experimentadas por alguns desses mesmos artífices quando tiveram que sentar em frente ao juiz que comandava a Operação Lava Jato.
Depois da decisão da justiça estabelecendo o fim do foro privilegiado para os políticos, essa foi a maneira encontrada para restabelecer esse mesmo foro, contornando o muro da lei e voltando ao passado, quando esses personagens eram vistos como intocáveis, apesar dos desatinos e da vida de delitos.
A frase que não foi pronunciada:
“Audita-me ou te devoro!”
Urna eletrônica dando a dica para eleições verdadeiramente democráticas.
Velhos tempos
Mudança drástica no jornalismo brasileiro. Até pouco tempo, havia um jornal próprio para registrar a violência. Era a famosa imprensa marrom. Muitos a evitavam. Na televisão, pediam para retirar as crianças da sala ou advertiam o telespectador que as imagens eram fortes. Nunca se via o assassinato claramente. As imagens apareciam manchadas.
Novos tempos
Hoje, comendo arroz, feijão e nada de carne no almoço, com a criançada ao redor, as famílias assistem aos jornais televisivos que aproveitam o horário para divulgar brigas e tiros. Mostraram um rapaz sendo assassinado no prédio que iria visitar uma amiga. Ele tentava se proteger mas perdeu a vida ali. A família via as cenas enquanto mastigava. Aos poucos, assistir a morte alheia passa a ser um hábito.
Atestado
A campanha contra a baixaria na TV foi assassinada em 2003. Infelizmente.
Ontem e hoje
Trabalho de graduação de João Manuel Andrade, aprovado pela banca do professor doutor Luís Roberto Cardoso de Oliveira, tratava de um assunto bastante atual: “O consumo de maconha na UnB e USP e a passividade dos órgãos responsáveis”. Seis anos se passaram e parece que nada mudou. Veja a pesquisa na íntegra.
Na prática
Fabiana Costa elogiou o trabalho dos alunos do Celan que criaram o Super Moralino, herói contra a corrupção. Eles limparam a cidade envolvendo a comunidade. Plantaram árvores. Uma nova consciência para os jovens que não devem admitir desvios de condutas em nenhuma esfera. NaMoral é o projeto de iniciativa do Ministério Público do DF e Territórios que estimula as escolas a participarem com prêmios para a escola e bolsas de pós-graduação para os professores. A diretora do Celan, Ana Paula de Oliveira, começa a colher o carinho e o trabalho que plantou durante esses anos.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Mas, doutor Tancredo, se o senhor não estiver fora de Brasília, ouça esta: não diga os nomes dos tubarões, não, porque senão o negócio rebenta em cima do senhor. De mais a mais, todo o mundo sabe quem são esses tubarões. Eles querem ouvir de viva voz, para tirar carta de seguro. (Publicado em 12/12/1961)
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É inegável que exista hoje, não só no Brasil, mas em todo mundo Ocidental, uma séria crise sobre o modelo de democracia representativa adotada tradicionalmente nesse lado do planeta, desde o fim dos conflitos da segunda Grande Guerra.
De lá para cá muita coisa mudou. Alguns partidos deixaram de existir, novas forças entraram no ringue das disputas políticas, como é o caso das grandes corporações, que passaram a agir nos bastidores tanto do poder Legislativo, como no Executivo, impondo suas vontades, inclusive na confecção de leis, feitas sob medida, para obter vantagens de todo o tipo. Em nosso país, o alto nível de degradação moral e ética dos poderes, revelados a partir das sucessivas operações investigativas do Ministério Público e da Polícia Federal, mais do que surpreender os brasileiros, deixaram como consequência, uma profunda e duradoura decepção com os rumos tomados por nossa democracia, desde o fim do regime militar.
A perda de confiança e descrédito nos representantes da população, veio num crescendo tal, que hoje já é possível identificar uma certa repulsa dos brasileiros a tudo que diz respeito à administração do Estado. De fato, ficou mais do que comprovado que o atual modelo de representação política parece estar vivendo o que pode ser os últimos de seus dias. É nesse limbo de rejeição ao modelo atual de fazer política que estamos caminhando.
Para complicar, o fluxo contínuo e massivo de notícias veiculadas pelas mídias sociais parece também ter criado uma espécie de cidadão onipresente e permanentemente informado sobre os bastidores da política. O certo é que a população não está gostando do que vê. E com razão. Diante do que têm observado, os brasileiros vão se movendo entre o ativismo midiático, postando e comentado cada fato, ou simplesmente adotando uma profunda apatia por tudo que o que se relaciona ao governo e à política.
No resto do mundo, a mesma decepção com relação aos políticos e seus respectivos partidos também tem sido uma constante. Em toda parte, aumentam, a cada eleição, a quantidade de votos nulos e brancos ou mesmo o comparecimento às urnas, naqueles países onde esse ritual é facultativo.
Durante palestra que proferiu na Câmara Legislativa local no ano passado, a então presidente do Supremo Tribunal Federal, Carmem Lúcia, não se fez de rogada ao afirmar, com todas as letras e do alto da sua autoridade, que era chegada a hora de o país criar partidos políticos programáticos e não pragmáticos, como são atualmente a maioria dessas legendas. Segundo disse, apesar da quantidade de partidos – mais de 30 – os brasileiros não se sentem devidamente representados por nenhum.
É preciso destacar ainda que a grande maioria das leis, tentando disciplinar a vida política do país, dando maior transparência a essa atividade, como é o caso da Lei Nº 9.504/97, lei das eleições e a chamada lei da Ficha Limpa – Lei Complementar 135, foram feitas, exclusivamente, por iniciativa popular, cansada de ser ludibriada por partidos e políticos espertalhões.
No atual confronto, opondo Executivo e Legislativo para a votação das reformas necessárias para que o país não vá direto para o abismo econômico e social, mais uma vez, a população é obrigada inclusive a sair às ruas, para tentar frear as ambições desmedidas dos políticos que ensaiam boicotar as mudanças caso não sejam atendidos em seus pleitos materiais e pessoais.
Para aqueles que acompanham o assunto de perto, existe hoje uma crise na democracia e não uma crise da democracia, decorrente da forma de como o poder público vem sendo exercido.
Não se trata, como alguns apressadinhos tentam fazer crer, de a população desiludida acabar flertando com a extrema direita ou com a volta da ditadura, mas o fato concreto é que os brasileiros já perceberam que a corrupção sistêmica é responsável pelo grande desemprego, pelo mal funcionamento dos serviços públicos e por grande parte das mazelas que afligem hoje a população do país.
A frase que foi pronunciada:
“Nada é tão maravilhoso que a arte de ser livre, mas nada é mais difícil de aprender a usar do que a liberdade.”
Alexis de Tocqueville, pensador político, historiador e escritor francês
Suspeito
O rapaz detido por policiais afirmou que não se tratava de uso de arma branca. Ele só usava várias facas para descascar mangas. O fruto só estará nas árvores daqui a 6 meses.
Como colegiais
É impressionante que representantes da população de Brasília precisem ser monitorados. Não trabalham, não aparecem nas sessões da Câmara Legislativa, mas mesmo assim assinam presença e recebem polpudo salário. O vício passa a ser rotineiro e os próprios parlamentares acham que a prática é a coisa mais natural do mundo. Julgam um absurdo ter a presença controlada por painel ou registro eletrônico de ponto.
Hora de mudar
Por falar nisso, grande parte da deficiência na Saúde da capital é responsabilidade do corporativismo do sindicato da classe. A criação da entidade veio com a necessidade de defender o servidor público da saúde do DF e o Sistema Único de Saúde (SUS), 100% público. Se estivesse cumprindo a finalidade, não haveria gente doente aguardando atendimento em hospitais públicos por um dia inteiro.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Estão se assustando à toa, os funcionários do Executivo, em torno da “dobradinha”. O presidente já sabe, que há muita injustiça, como a do contínuo que ganha oitenta contos, e a do médico, que ganha 44 mil cruzeiros. Mas saibam, que ele não derrubará a “dobradinha”. Fará, isto sim, o médico chegar ao contínuo, e isto já terá sido uma boa medida. (Publicado em 21.11.1961)
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Hoje o que se pode afirmar, no mínimo, é que as relações entre o governo Bolsonaro e o Legislativo vão seguindo como num jogo de xadrez, com recuos e avanços, mas com uma ligeira vantagem para os políticos, que dia a dia vão tomando ciência da capacidade de obstruir e esvaziar os planos do governo, levando o Executivo para uma situação de xeque-mate. Não é por outro motivo que já se ouvem nos corredores do Congresso o retorno do tema parlamentarismo.
A formação, sempre oportunista, de um chamado Centrão, composto, entre outros, por políticos desgarrados dentro do Legislativo, políticos com pendências junto à justiça, velhas lideranças, magoadas com a perda de prestígio e outros indivíduos sem compromisso com o país, é um sintoma claro do prenúncio de mais uma crise institucional.
Reuniões se sucedem até madrugada adentro. Acordos, conchavos e alianças vão se sucedendo com os políticos, cada vez mais ávidos com a possibilidade de vir a comandar os destinos do país. Para reforçar essa turma, que joga pesado, a oposição, por total falta de alternativa, juntou suas forças ao Centrão, criando um supergrupo que pressiona e até ameaça o atual governo com a instauração de um parlamentarismo branco. Na tentativa de ganhar protagonismo, o Congresso vem ocupando espaços até fora de seu âmbito de ação constitucional, trabalhando com uma agenda própria e fazendo valer sua força nessa queda de braço. Incrível que com sua experiência no parlamento, tanto o presidente Bolsonaro, como seu chefe de gabinete, Onyx Lorenzoni, parecem atordoados com a hipertrofia do Legislativo e sua sede de poder.
Pelo o que se tem visto até aqui, o parlamento tem colocado o Executivo contra a parede, fazendo-o ver que, sem o apoio dos congressistas, o governo Bolsonaro não irá muito longe. A interferência do Legislativo nos domínios do Executivo já foi inclusive levada ao limite, com os deputados e senadores determinando até a formação e atuação de cada um dos ministérios do atual governo. O caso do Coaf é emblemático. No parlamentarismo branco que, parece, vai ganhando configuração a cada dia, o Legislativo não assumiria de forma institucional e formal o poder, mas agiria, como de fato vem fazendo, para impor, par i passo a agenda para o governo.
Com uma reflexão mais acurada, a essa altura, o Palácio do Planalto percebe a falta que faz o apoio dos atuais presidentes da Câmara e do Senado. O que se sabe, e o governo já se inteirou disso, é que as reformas tributária, política e a própria reforma da previdência irão ser alinhavadas, costuradas e entregues ao país, diretamente pelas mãos dos políticos, os representantes do povo.
É claro que essas mudanças virão exatamente com a digital dos atuais políticos, o que pode decepcionar ainda mais a sociedade que não aposta grandes expectativas com a legislatura do momento, apesar de tê-la instalado no Congresso.
Um exemplo dessa deformação das propostas do Executivo dentro do parlamento, que pode ser conferida e que remete ao passado e à velha política, são as criações de antigos ministérios para alojar correligionários, a possível volta do imposto sindical e outros retrocessos como o orçamento impositivo. Visto apenas sob o ângulo constitucional da divisão tripartite do Estado, Artigo 2º da CF de 1988.
Parece natural que a continuar nessa interpenetração de funções dos poderes da República, os atropelos jurídicos virão com certeza. Nesse ponto, a persistir a queda de braço entre Legislativo e Executivo, o Supremo seria chamado a se pronunciar, em meio a paralisação do governo. Com isso um terceiro poder entraria nessa contenda, conferindo maior confusão a um cenário, a essa altura, já bastante caótico.
A chamada politização da justiça ou a judicialização da política voltaria aos debates engrossando, ainda mais, o caldo republicano e com consequências, nesses tempos de extremismos, imprevisíveis. Correndo paralelo a essa crise que se anuncia, a população quer mesmo é ver resolvido a questão do desemprego, pelo menos.
Mas pode também voltar às ruas, em grandes massas, para resolver, ao seu modo, uma crise que todos já sabem que não nos levará a nada de bom e útil. De certo, é que essas disputas não interessam nem um pouco aos cidadãos, o que pode ser provado em qualquer pesquisa de opinião pública, onde os três poderes parecem na rabeira tanto de prestígio junto à população quanto em confiança.
A frase que foi pronunciada:
“Todos os nossos problemas procedem da injustiça. O privilégio foi o estigma deixado pelas circunstâncias do povoamento e da colonização, e de sua perversidade não nos livraremos, sem a mobilização da consciência nacional.”
Ulisses Guimarães, ex-deputado federal
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
A medida do sr. Alcindo Pacheco, chefe do Serviço de Administração da Soib, suspendendo as marmitas que a cantina do Ipase fornecia, pode ter sido um gesto de vingança, mas prejudicou muitas famílias que usam àquela cantina em todas as refeições. (Publicado em 21.11.1961)
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Tradicionalmente, em nosso sistema de presidencialismo, o poder de governar, de fato, sempre esteve centrado no Executivo, com o presidente e sua equipe pautando inclusive a agenda e os trabalhos do Legislativo. Esse modelo de superposição de um poder sobre o outro sempre mereceu críticas por parte de alguns parlamentares que não aceitavam ser comandados de fora para dentro, falando em perda de prerrogativas.
Com ou sem reclamações, esse foi o modelo que sempre vigorou, obviamente com sua balança de pesos e contrapesos com o governo, ou prestigiando os políticos com cargos na administração pública ou simplesmente ignorando-os, como faziam os presidentes militares entre os anos de 1964 e 1985. Essa foi a tradição que mereceu, inclusive, o apoio da população que rejeitou, por meio de plebiscito, a ideia da adoção do parlamentarismo em 1993.
Dos 67 milhões de brasileiros que votaram naquela ocasião, 37,1 milhões escolheram o presidencialismo como sistema de governo para o Brasil, confirmando um modelo ao gosto da população e já conhecido e testado por décadas. Em nossa história republicana, o parlamentarismo só foi usado como medida de caráter urgente para sanar crises institucionais, como no caso da renúncia de Jânio Quadros em 1961, quando se instituiu esse sistema para tornar palatável, aos militares e aos setores conservadores, a posse de Jango Goulart, considerado um político por eles de esquerda e nacionalista. De crise em crise, prosseguimos sempre sob o predomínio do presidencialismo. Ainda bem, já que, graças a figura do vice-presidente, o Brasil, em diversas ocasiões, foi salvo de crises que poderiam, inclusive, levar a uma conflagração civil de proporções imprevisíveis.
De fato, o que se pode observar é que sempre que o ocupante do Executivo, por qualquer razão, demonstra pouca aptidão em comandar o país com determinação e autoridade, o legislativo passa a ocupar esses espaços e se tornar dono da situação, quer pressionando o governo a adotar medidas ao gosto dos políticos, quer, simplesmente, boicotando o próprio governo, não votando matérias de interesse do Executivo, desfigurando outras e até ameaçando o mandatário com a possibilidade de impeachment, caso venha a perder sua base política de sustentação dentro do Congresso. Tem sido assim desde a proclamação da República em 1889.
Não restam dúvidas de que o Congresso, ao longo de nossa história, tem sido, há um só tempo, a causa e a solução de nossas crises institucionais. Com o atual governo que assumiu esse ano, a história não tem sido diferente. Eleito na onda do descontentamento geral com os petistas, Bolsonaro, como uma espécie de anticandidato, chegou ao poder quase que de maneira improvisada, sem um projeto acabado de governo e com uma equipe montada às pressas e sem expertise comprovada em administração pública.
A essas deficiências, vieram se somar as declarações, corretas, feitas pelo presidente eleito de que a velha política, do toma lá, dá cá, não teria espaço em seu governo. Acostumados justamente ao jogo imposto pelo chamado presidencialismo de coalizão, no qual ninguém governa se não estiver em alta sintonia com o Congresso, os políticos passaram a sentir na pele os efeitos do novo modelo de governo e, obviamente, não gostaram do que viram.
A partir daí, uma série ininterrupta de acontecimentos vem abalando as relações entre o Palácio do Planalto e o Congresso. As seguidas derrotas sofridas na Câmara e no Senado das propostas do governo e, principalmente, a possibilidade de a reforma da previdência vir a ser desfigurada pela atual legislatura acendeu a luz vermelha no Executivo.
Os vacilos de lideranças políticas e a falta de coesão do próprio partido do presidente, o PSL, ajudaram a pôr mais lenha nessa fervura.
A frase que foi pronunciada:
“A voz do povo é a voz de Deus. Com Deus e com o povo venceremos, a serviço da Pátria, e o nome político da Pátria será uma Constituição que perpetue a unidade de sua Geografia, com a substância de sua História, a esperança de seu futuro e que exorcize a maldição da injustiça social.”
Ulisses Guimarães, ex-deputado federal
“Siesta”
Sair com um cadeirante não é tarefa simples. Na Internet estava a informação de que o Centro de Saúde UBS nº 1 da QI 21 do Lago Sul fecha às 12h e reabre às 13h. Na realidade, antes das 12h, uma senhora de 75 anos, cadeirante, com recomendação médica de repouso, foi, acompanhada da filha, ao local, mas não houve atendimento. Veja como tudo aconteceu a seguir. O vídeo foi gravado por Dib Franciss. Cidadão sempre atento às injustiças cotidianas.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O Supermercado precisa receber, também, a produção dos granjeiros de Brasília. Dentro de 15 dias, Várzea Bonita poderá abarrotar a cidade de verdura e as providências de distribuição estão sendo tomadas, faltando, apenas, a colaboração do supermercado. (Publicado em 19.11.1961)