Auxiliar a ser auxiliado

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

hoje, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Imagem: Kevin David/A7 Press/Estadão Conteúdo

 

              Em centenas de municípios, perdidos pelo interior do país, onde a pobreza e a fome são presenças constantes, no dia de pagamento do Auxílio Brasil, longas filas se formam, desde cedo, nas agências pagadoras desses benefícios. São mães aflitas, com crianças pequenas de colo, idosos e todo o tipo de gente simples, que tem, nesse programa do governo federal, sua única fonte de renda.
              Mas entre esses necessitados existe também uma legião de outros brasileiros que aguarda nessa fila, de cartão em punho, à espera de ser atendido para sacar o benefício em nome de outra pessoa. Para isso levam consigo o cartão, a senha e até a identidade do beneficiário. Esses formam os beneficiários indiretos do Auxílio Brasil, que entram nessa fila para sacar o dinheiro que os verdadeiros inscritos nesse Programa lhes devem. São donos da venda, do boteco, da farmácia, do mercadinho e de outros serviços que vendem fiado seus produtos e ficam com os cartões de benefícios como garantia de recebimento. Todo o mês a cena se repete em muitas partes do país. É o jeito que a população encontra para ter um financiamento improvisado, junto aos comerciantes locais.
             Em muitos lugares, o benefício do governo serve como uma espécie de moeda local, onde é possível ser trocado por qualquer material necessário no momento. Com esse cartão, compra-se gasolina, tijolo, cimento, areia, paga-se transporte, prestação de aparelho celular, e até diversão. Para aqueles que possuem outras rendas paralelas, o cartão de benefício é a garantia de assegurar todo um mês a cerveja e a cachaça no boteco mais próximo. Para isso, também o proprietário do bar fica em posse do cartão do freguês. Vai que a bebedeira passa e ele esquece de pagar a conta.
              Quem tiver a disposição que tinham alguns brasileiros como Mário de Andrade, Villa Lobos, Câmara Cascudo, Florestan Fernandes e outros, que andavam pelo país em busca de histórias, do folclore e das próprias contradições de nossa cultura, por certo, irá organizar uma verdadeira biblioteca com fatos que mostram a criatividade dos brasileiros, para driblar a pobreza, enganar as autoridades e sobreviver com engenho e arte nesses tempos atribulados.
              Alguns observadores chegam a afirmar que não há limites para esse tipo de imaginação popular. Como não há limites também quanto ao percentual repassado pelo governo para esse programa que sorve hoje mais de 1,5% do PIB nacional, atendendo mais de um quarto da população. A situação é paradoxal: quanto mais o governo amplia esse programa e aumenta o valor do benefício, mais e mais brasileiros acabam aderindo ao Auxílio Brasil. Trata-se de um programa que, por suas particularidades com componentes assistencialistas e até eleitoreiras, não possui uma estrutura pré concebida eficiente, capaz de fornecer ao governo quem deve ou não entrar nesse programa e, sobretudo, como fazer para que, num futuro previsível, os beneficiários consigam caminhar com os próprios pés, livrando-se da dependência de políticas assistencialistas que exploram esses brasileiros.
A frase que foi pronunciada:
“A enxurrada de dinheiro que jorra na política hoje é uma poluição da democracia.”
Teodoro Branco
Tempo
Neste ano, os mesários terão que baixar um aplicativo para responder todas as questões em relação às eleições. O aplicativo é amigável, as perguntas são pertinentes. A única reclamação é que é longo demais.
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Acessórios
Érica Kokay passeava no Conjunto Nacional, na terça-feira desta semana, despertando a atenção de duas mocinhas. Uma dizia para a outra: Adoro ver fotos dela na Internet. Os colares que ela usa são lindos!
Érica Kokay. Foto: camara.leg
Passeio
Com entrada franqueada ao público, a Exposição “200 Anos de Cidadania: o Povo e o Parlamento” estará aberta até o dia 30 de novembro, de 9h às 17h, no Salão Negro do Congresso Nacional. A entrada é franca.
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Novidade
Divulgada pela Agência Senado a proposta do senador Nelsinho Trad, que permite, tanto com observância à legislação quanto a conflitos de interesses, a possibilidade de servidores públicos terem o registro de microempreendedor individual. Ocupantes de cargos em comissão estão de fora.
Nelsinho Trad. Foto: Agência Senado
Concurso
Aulas gratuitas para o concurso do Detran. Segunda – Português e Informática, professores: Fabrício Dutra e Deodato Neto. Terça – Direito Administrativo, professor Kaique Balbuena. Quarta: Legislação de Trânsito, professor: Marcos Girão. Na próxima semana, de segunda a quarta, dias 19, 20 e 21 de setembro. Veja, no Blog do Ari Cunha, como fazer a inscrição.
Cartaz: cucabsb.com
História de Brasília
A escola nova está construída, mas antes de ser inaugurada, já sofreu a primeira pane. O telhado está ruindo, e o piso levantando em tôda a sua extensão. A firma construtora, convém dizer o nome, a MECOL, não se julga responsável, e por isto, a escola não mudará cedo. (Publicada em 10.03.1962)

Auxílio Brasil, às eleições

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil – Manoel de Andrade

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Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

 

Depois de dizimar a Lei de Improbidade Administrativa, tornando, os maus gestores e até os corruptos de carreira, impunes e aptos para disputar quantas eleições quiserem, a Câmara dos Deputados segue agora, a passos firmes, marchando em direção do que seria o último bastião de moralidade na gestão dos recursos públicos: o teto de gastos. A imagética pode até não ser boa, mas se considerarmos o país, como sendo um edifício de alvenaria, com toda a sua estrutura armada, partindo da fundação, passando pelos pilares, pelas vigas até chegar à laje da cobertura, o que temos aqui, em relação a esses desmanches das principais leis que possibilitaram o êxito do Plano Real e sua duração no tempo, é o que os arquitetos e engenheiros chamam de puxadinho do inferno, capaz de levar ao colapso toda a obra e todos que estiverem ao seu abrigo.

O que estamos assistindo agora, impassíveis e surpresos, é a demolição paulatina de toda a estrutura de sustentação, que um dia permitiu a superação de processo inflacionário que, por décadas, arruinou a nação. Ao condenar todo o edifício Brasil, em nome das próximas eleições, o que se está fazendo, sob a tutela do chamado centrão, é deixá-lo exposto, mais uma vez, às incursões incertas do destino, da estagflação e do retorno aos tempos sombrios anteriores ao surgimento do Real.

Nesse sentido, a saída dos principais secretários da equipe do ministro da economia, Paulo Guedes, poderia, mesmo num ambiente de razoabilidades, ser considerada sintomática. Mas, no momento atual, e tendo em vista a proximidade do calendário eleitoral, essa debandada de técnicos soa como sinal de alerta a todos que ainda tenham a capacidade de raciocinar que, a qualquer hora, o edifício pode ruir.

Abrir os cofres, já esvaziados, permitindo que o governo rompa com a regra do teto de gastos, ou seja, gastar além de sua capacidade de pagamento é não só uma volta ao passado, mas um passo certo rumo à inadimplência e ao calote, com prejuízos para todos. Quando, ao teto de gastos, os economistas lhe conferiram o grau de “âncora da política fiscal do país”, não estavam apenas destacando sua importância para todo o arcabouço das finanças públicas, mas emprestando a esse termo o mesmo significado que este instrumento tem na proteção e salvaguarda do transatlântico chamado Brasil e seus passageiros a bordo.

No nosso país, a mistura entre política e economia nunca deu muito certo, por que a primeira sempre foi construída a partir de voluntarismos subjetivos, voláteis e imediatistas, enquanto a economia se funda em regras fixas de acordo com os contratos elaborados no âmbito dos mercados. Falar, pois, em política econômica no Brasil é um paradoxo, quando não uma anomia.

O denominado “Auxílio Brasil”, uma renomeação do Bolsa Família costurado pelo governo, com a ajuda do Centrão, muito mais do que um programa de transferência de renda, com prazo para terminar ao fim de 2022, é um investimento claro para reforço da candidatura de Jair Bolsonaro e de seu grupo imediato, incluindo a própria bancada política que lhe dá apoio no Congresso.

A frase que foi pronunciada:

“Ninguém é obrigado a tomar parte na crise espiritual de uma sociedade; pelo contrário, cada um é obrigado a evitar essa loucura e viver sua vida em ordem.”

Eric Voegelin

Eric Voegelin. Foto: gazetadopovo.com

Sem segurança

É muito importante que as pessoas que fazem uso de vans escolares estejam atentas à qualidade e segurança do serviço. O objetivo de chegar ao destino não deve prevalecer essa atenção. Várias vans foram apreendidas pelo Detran. Veículo sem manutenção ou documentação incompleta.

Foto: Divulgação/Fazenda DF

Aviso da Embrapa

Capacitação em fruticultura tropical: banana é o tema da próxima edição. A palestra técnica será realizada na próxima terça-feira 26 e ficará a cargo do pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Edson Amorim. Ele vai tratar das cultivares, do sistema de produção e do mercado. A transmissão será pelo canal da Embrapa no Youtube, a partir das 9 h. Veja o link a seguir.

A Palavra

Dia 30 de outubro é dia de evangelização. Fiéis do Santuário São Francisco de Assis sairão nas quadras da área da igreja para conversar sobre Deus com moradores da região. Não será necessário abrir o portão.

História de Brasília

O assunto é Ilha do Bananal, onde passamos o fim de semana vendo os Carajás nas suas festas, nas suas dificuldades, no seu trabalho, na sua doença, nos seus males. (Publicada em 13/02/1962)